quarta-feira, 18 de abril de 2012

By Your Side - Capítulo 23 - Apague as luzes

– Benjamin, é sério que você vai ir embora sem se despedir de mim?
Eu ouvi aquela voz irritantemente conhecidíssima. Então me dei conta de que o menino bem alto que passou por mim, eu já conhecia. Me virei com o queixo caído. Tom não estava irreconhecível, na verdade, nem parecia se preocupar com suas roupas “normais”.
O canto da sua boca se ergueu em um sorriso convencido, ele encurtou o espaço entre nós e me abraçou, inclinando um pouco. Eu estava chocada demais com o casal de estrangeiros ao seu lado, e não o abracei.
– Julia, abrace seu amigo, foi ele quem nos recebeu. – Alexandra disse, sorrindo para mim. Nota: Estou extremamente desacostumada com o português carioca, talvez nem soubesse falar se não fosse Henry.
Eu não conseguia entender por que raios minha mãe e meu pai estavam ali! E justamente com Tom Kaulitz ao lado! Que?
– Mãe! Pai! – Eu os abracei fortemente, ainda chocada – Mas... O que vocês estão fazendo aqui? Na Alemanha!
– É uma curta história que eu não estou a fim de contar – Alexandra disse -, pede para seu amigo Tom. Mas eu bem que gostaria de ouvir muito sobre esse seu piercing.
Alexandra Benjamin e Wulf Schäfer, eu apresento meus pais. Eu e mamãe somos muito parecidas, baixinhas de cabelos negros e olhos castanhos. Já meu pai, Wulf, tem os fios loiros como toda a família de Gustav, é alto e corpulento.
Eu corei quando ela falou do piercing. Levei minhas mãos ao rosto e caí na real. Meus pais estão na Alemanha. Isso significa que eu não volto hoje ao Brasil ou que eles vieram me buscar?
– Eu já falei que você parece muito besta falando português? – Tom sussurrou no meu ouvido e eu ri – É o seguinte, Julia: Sabe hoje de manhã quando eu estava no seu quarto? Então, você deixou o celular na sala ontem á noite, e ele tocou hoje, eu atendi. Seus pais disseram que você não precisava mais viajar e era para eu te avisar, mas eu ofereci carona. Deixei seu celular no quarto bem na hora que o xampu caiu na sua cabeça.
Ele colocou a mão em algum ponto na minha testa que deve ter ficado um hematoma.
– E vim buscá-los. Acontece que Bill ligou e disse que eu tinha perdido sua despedida, ficamos esperando no portão do vôo e aqui está você.
– Isso significa que...? – Perguntei para os meus pais.
– Outra curta história, mas deixa que eu conto – Mamãe disse – Seu pai recebeu uma oportunidade de emprego de volta na Alemanha, e nós aproveitamos para nos mudar de volta, já que você já estava aqui.
Meu queixo caiu novamente. Eu ouvi direito? Mudar de volta?
– Vamos morar aqui? – Eu perguntei e meus pais acenaram ‘sim’ com a cabeça – Céus!
Eu pulei e os abracei novamente, rindo.
Mas logo depois as perguntas invadiram minha cabeça, e eu resolvi afundá-las e perguntar depois, quando Tom não estivesse com uma cara de babaca fingindo que não tentava entender o que estávamos falando.
Saímos do aeroporto e alguns fotógrafos nos cercaram. Eu fiquei assustada de início, mas observei Tom sorrindo. Ele me abraçou e esperou até que alguns fotógrafos tirassem as fotos, e depois continuamos andando até seu carro.
Como tinha oferecido carona, entramos em seu carro e eles no levou até um endereço que mamãe tinha passado.
– Estamos indo para a nova casa? – Eu perguntei – Mamãe, eu não tenho nem móveis. Espera, eles estão no Brasil! Mãe, meus pôsteres da minha banda!
– Ah, calma, Julia. Você nunca foi tão estressada. – Mamãe riu – É quase impossível trazer os móveis de um país do outro lado do Oceano Atlântico. Então vendemos a casa com os móveis e compramos outra mobilhada. Sem você saber, Wulf veio antes de mim e procurou a casa, já até compramos. É linda, você vai amar.
– Mãe, meu problema nem é com os móveis: E os meus pôsteres?
– Ah, esses? – Ela pegou da sua bolsa uma pasta amarela bem cheia com todas as minhas imagens do Tokio Hotel.
Meus olhos brilharam, eu peguei a pasta e revirei para contar se estavam todos ali. Perfeitamente dobrados, meus vinte e cinco pôsteres dos meninos.
– Mas me conte aquele ali é o guitarrista, não é? – Mamãe arqueou a sobrancelha. Eu gargalhei.
– Sim, sim. É o Kaulitz. – Eu respondi.
– Foi em algum show deles?
– Ah, mãe! Foi tão incrível! Um dia eu ainda te levo para vê-los. A Jamie iria adorar ter sua companhia.
– Ah, sobre a Jamie, você já foi ao hospital?
– Aham – Eu abaixei a cabeça – Não quero falar mais disso.
– Tudo bem, minha querida.
Mamãe se inclinou e me abraçou forte. Eu contive as lágrimas.
Em pouco tempo, chegamos à casa. Não era muito pequena, tinha dois andares, as paredes eram de um azul verão que me lembravam muito o Rio De Janeiro, e o telhado tinha aquela inclinação típica de casas alemãs. Ficava em um bairro não muito longe do centro. Tom estacionou o carro na garagem ao ar livre do jardim.
– Tom, por que não entra para dar uma olhada na casa? – Wulf perguntou.
– Tudo bem, se não for muito incômodo, Sr. Schäfer – Tom respondeu mais educado do que o necessário.
Entramos na casa, grande e espaçosa. A sala já estava mobilhada da forma que mamãe costumava decorar, na verdade, todos os cômodos estavam certinhos. Tinha uma escada em caracol até o andar de cima, eu, Tom e Alexandra subimos direto até meu quarto.
As paredes eram brancas – por pouco tempo -, depois da porta de entrada tinha um pequeno corredor recoberto de madeira, de um lado tinha uma porta para um closet não muito grande com espelhos e do outro, para o banheiro de azulejo branco. E logo em frente, o corredor de madeira terminava, o quarto se estendia até uma sacada de vidro. Já tinha uma estante para computador, estante de livros, uma cama king size de solteiro e um criado-mudo. Não era nada sem graça, era um quarto perfeito.
Eu sorri e deixei minha mala cair no chão, fui até a sacada. Tinha vista para o quintal e o jardim.
– Gostou? – Mamãe perguntou.
– Uau, é incrível.
– Vou ajudar seu pai a fazer o café, depois vocês dois descem – Alexandra disse e depois se afastou, fechando a porta atrás de si.

Ela havia me deixado sozinha com Tom. Não sei se está tão tenso para ele quanto está para mim, mas sua expressão não mudou nada. Ele se virou para mim e sorriu.
– Agora você vai morar aqui, não é? – Ele riu sem emoção – Não vai mais ficar lá na nossa casa...
– Você está triste? Vou sim, Kaulitz. De vez em quando eu apareço lá.
– Todo dia? – Ele sorriu divertido.
– Não posso prometer nada – Eu sorri da mesma forma.
– E se eu vier te buscar? – Tom se aproximou, colocando uma das mãos do meu lado no corrimão da varanda.
– Não precisa perder seu tempo por mim – Eu não quis dizer ‘por mim’, mas saiu sem querer e eu corei – Quero dizer, não precisa vir.
– Eu venho, todo dia à tarde e te trago de volta também, prometa.
Eu me virei, e ele acompanhou meus movimentos, passando a outra mão para meu outro lado como se me deixasse cercada. Eu não conseguia fitar nada além da sua boca, e garanto que ele percebeu isso ao começar a passar a língua pelo piercing. Inconscientemente, eu fiz a mesma coisa.
– Me desculpe por ter ditos aquelas... coisas. – Ele disse bem baixinho.
– Coisas? – Eu o desafiei.
Já notei que Tom odeia ter que repetir momentos “fofos”, para ele, o quanto mais rápido for, melhor.
– Porr, Julia – Ele estava constrangido, viu? – Porque eu disse que eu não queria mais te ver.
Eu sorri de forma vencedora, ele revirou os olhos.
– Está tudo bem.
– Você também me deve desculpas, baixinha.
– Pelo que? – Eu perguntei.
– Por fugir – Tom usou uma das mãos para segurar meu braço com força, e depois se aproximou ainda mais. Agora eu tinha seu queixo pertinho da minha testa – Eu fiquei preocupado. Não queria que você fosse embora.
Isso foi uma das coisas mais bonitas que Tom já tinha dito para mim. Eu tenho certeza. Meu sorriso se estendeu involuntariamente, bem natural.
– Me desculpa?
– Não – Tom gargalhou.
– Ah, cala a boca.
– Estou fazendo isso – E encurtou ao mínimo o espaço entre os rostos.
Inclinou sua cabeça, as respirações se chocavam. Meus olhos iam dos seus lábios até seus olhos, como se eu pedisse por uma afirmação de que eu estava prestes a beijá-lo. Novamente.
Neguei. Virei a cabeça com o rosto contorcido de dor, por não estar me permitindo beijar o garoto que eu gosto, só porque o rosto fino de Hilary pousava no ar, me lembrando que ela estava com ele agora. Eu quero que Hilary exploda, mas se eu me colocasse no lugar dela agora, não gostaria que Tom estivesse beijando outras por aí.
Ele entendeu que aquilo não iria acontecer, soltou meu braço e se virou.
– Quer que eu venha te buscar que horas? – Ele perguntou com a voz rouca.
– Hoje não – Eu respondi.
– Ok.
E então foi embora com os passos largos, deixou a porta aberta atrás de si, o que me irritou profundamente. Eu me apoiei na varanda e respirei fundo, sentindo o pouco vento frio espalhar meus fios finos de cabelo.
Eu recusei um beijo do Tom Kaulitz. Eu posso ganhar um prêmio por isso? Ri de mim mesma.
Voltei minha atenção para as paredes brancas do meu quarto, e me lembrei de uma vez ler em alguma fanfic sobre a personagem que pintava as paredes. Desci as escadas com meu notebook nas mãos e me sentei à mesa da cozinha, onde meus pais colocavam o café.
– Querida, o Tom já foi? – Mamãe perguntou.
– Ele teve uns compromissos.
– Conte-nos sobre seus dias com seu primo – Wulf disse enquanto colocava os talheres na mesa.
– Nas primeiras semanas, foi bem lento, nós ficamos em casa e saíamos algumas vezes, mas depois eles entraram em turnê e eu os acompanhei. Vi o primeiro show, nos divertimos no hotel... Chelsea veio comigo, e agora ela está com Bill. Henry passou por aqui, mas acabou de voltar ao Brasil.
Eu pulei as partes que a maior parte do tempo eu passei com Tom, ou pensando nele, ou até mesmo planejando ficar com ele.
– Eu estava pensando... Posso pintar as paredes do meu quarto? – Perguntei – Tipo, comprar alguns baldes de tinta e chamar meus amigos para pintar comigo?
– Claro. – Eles responderam juntos. Mamãe deu um selinho no pai, passando a mão pelo queixo dele.
– Peguei sua sorte – Eles riram.
– Você precisa tocar em alguma cor verde – Wulf retrucou com seu péssimo português.
– Sua camisa é verde. – Alexandra se sentou ao meu lado, abaixou a tela do meu notebook e começou a se servir – E agora nos conte sobre seu novo piercing e esse novo corte de cabelo.
– Ah é! Bem, em um desses hotéis tinha um estúdio de tatuagens e piercing, também tinha salão de beleza. Aí eles foram ao show e eu pedi para Georg assinar como se fosse Gustav. Então eu fiz uma repaginada. Cortei o cabelo com franja e depois fiz o piercing. Não é nenhum problema, não é?
– Tudo bem, desde que não cause nenhum problema para você – Papai disse – Você que escolheu a argola preta?
– Aham. Combina mais comigo.
– Também acho.
Tomamos café juntos e eles me contaram sobre a nova escola, que tinham consultado os pais de Chelsea e me colocaram na mesma escola que ela. As aulas voltariam na segunda-feira, e amanhã sairíamos para fazer a compra dos materiais.
Voltei ao meu quarto, coloquei o notebook na estante e em poucos minutos Chelsea me chamou no MSN.
Jus diz:
Mädchen, sabe onde eu estou agora?
Chel diz:
Deutschland! BATE AQUI O/ Tom chegou pulando e fazendo sons altos como um bêbado dizendo que você estava aqui e seus pais vieram morar na Alemanha.
Eu sorri, imaginando a cena. Tom fazia sons altos quando estava feliz, para ele era meio impossível esconder. Ele estaria mesmo feliz por eu estar aqui?
Jus diz:
Nah, e a Hilary?
Chel diz:
Ah, ela ficou meio vermelha e rabugenta, e depois os dois se trancaram no quarto.
Jus diz:
O que? Você ainda está na casa deles? CHEEEEEEEEL!
Chel diz:
Sim, sim. Ainda estou aqui.
Jus diz:
Te pago cinco reais se você for lá ver se eles estão fazendo algo suspeito. Não, te pago dois euros.
Chel diz:
Proposta tentadora q / mas não, prefiro ficar aqui do ladinho do Bill. Pensando melhor, vou desligar, baby. Depois a gente se fala.
Chel acaba de ficar offline.
Jus diz:
Sexo com Bill Kaulitz, que lindo QQQN
Eu gargalhei, fechando a tela do notebook.
Me joguei na cama e senti imediatamente falta de dormir na casa de Gustav. De ter certeza que na porta da frente estaria dormindo Tom, com a face relaxada como um anjo, e que se eu quisesse – e tivesse coragem – poderia ir até lá ficar ao lado dele. Como eu sempre quis.
Com pensamentos assim, eu acabei dormindo com as luzes acessas. Alexandra me chamou um tempo depois para o jantar; eu tomei banho e voltei a dormir, até o dia seguinte que foi bem tumultuado.
Teve as compras da escola e também recebi um telefonema de Gustav, em que todos os meninos falaram que estavam me esperando “voltar para casa”. Recusei mais uma vez no segundo dia em visitá-los.
De noite, eu estava exausta e me deitei para ler um livro, meu telefone tocou com a música de Chelsea.
– Fala, princesa.
Você está no computador?
– Não, não. Por quê?
Entra no MSN e depois no link que eu acabei de te mandar. Preciso desligar, amanhã a gente se fala na escola. Beijos.
E foi isso, ela desligou. Eu fiz o que Chelsea tinha dito, entrei com a mensagem offline e cliquei no link, que era uma noticia do fã clube do Tokio Hotel de Magdeburgo.
A notícia se iniciava com uma foto mal tirada em frente ao aeroporto de Magdeburgo no dia anterior. Meus pais também estavam na foto, mas a máquina centralizou Tom Kaulitz, obviamente. Na fotografia, Tom estava me abraçando na saída do aeroporto. Eu me lembro bem quando ele fez aquilo, só me assustei com a forma que meu corpo parecia de costas. E em baixo, o texto:
“Olá garotas, saudades? Lembram-se que eu tinha prometido notícias, então vamos lá: Eu aposto euros que Tom não está oficialmente com nenhuma das duas. Primeiro que ele vem alternando da castanha dessa foto [link] para a Julia, prima do Gustav nessa foto acima, se lembram dela? Agora, eu acho, particularmente, que se fosse para Tom Kaulitz escolher uma, que escolhesse a castanha – algumas fontes anônimas confirmaram o boato de que ela se chama Hilary, irmã mais nova do Andreas, o melhor amigo dos Kaulitz. Até porque, tokitas, acho a Julia muito nova para o Tom, além de ser muito típica – baixinha de cabelos pretos –, nosso Kaulitz escolheria uma menina mais bonitinha, não acham? A foto acima foi tirada ontem de tarde no aeroporto de Magdeburgo e tudo indica que Tom já sabia dos fotógrafos. O que acham? Bem, eu acho que ele só estava fingindo abraçando a Julia. Até as próximas notícias! By: T.W”
Eu soltei o ar e me dei conta que de estava o prendendo por tempo demais, e quando fui ver, as lágrimas também já estavam escorrendo.
Então é isso? Se eu me envolver, nem que seja apenas amizade, eles vão me atacar pela internet? Elas, que um dia foram parte de mim. Em pensar que eu já fui uma delas, só me sinto mais envergonhada. Que lindo, eu acabei de ser julgada mundialmente pelas fãs do Tokio Hotel. Eu juro que se algum dia encontrar essa tal de T.W, eu vou meter a mão na cara dela.
Jogaram como se fossemos objetos, e elas preferem que Tom escolha Hilary, bem, então que escolha. Se fosse realmente verdade de que ele estava alternando entre mim e ela, além do fato de saber que tinham paparazzis do lado de fora do aeroporto, eu também estava com muita raiva dele. De Hilary, dessa T.W e de todo o mundo. E seria possível que estivesse fingindo enquanto me abraçava? Seria.
E com essa sensação terrível de que eu estava sendo profundamente enganada e havia uma conspiração contra mim lá fora, eu adormeci e só acordei no outro dia me sentindo uma plantação cactos.

(...)

– Me disseram que as praias são de um azul incrível no Brasil, é verdade? – Um garoto que eu tinha conhecido durante a aula disse.
Estávamos conversando enquanto eu arrumava minha mochila. Parecia um dia normal de escola, como se minha vida não estivesse alterada e envolvida com uma banda de rock tudo por causa do meu sobrenome.
– É sim, bem, dependendo do lugar. Algumas cidades não tem praias, é sempre melhor ficar no litoral se você quer pegar uma corzinha, mas eu já viajei para o interior, também é legal.
– Ah, Jus! Te achei.
Chel agarrou meu braço e saiu me puxando para fora da sala.
– Espera, Chel! Ei! Depois a gente se fala, Derek. – Eu gritei para o garoto que ficou plantado como uma bananeira no mesmo lugar que segundos antes eu estava – Chel, o que deu em você?
– Não sei não, mas tem uma multidão de adolescentes histéricas no estacionamento da escola em volta de um Cadillac com um garoto de 1,88cm distribuindo autógrafos.
– Bill? Ah, que legal. Ele deve ter vindo te buscar – Eu sorri.
– Bill Kaulitz tem 1,90cm. O irmão gêmeo dele tem 1,88cm, Julia.
– Tom?!
– Exatamente.
Eu parei na porta do estacionamento, e a cena era exatamente o que Chel havia descrito, mas pior. Tom ergueu o olhar para onde eu e Chel estávamos, então ele tirou os óculos escuros, acenou e esboçou um sorriso de arrasar.
Eu sibilei alguma coisa parecida com “vou morrer se ele fizer isso de novo”, Chel me puxou. Droga, Chelsea, pára de me puxar.
Ela me fez entrar no meio das fãs, Tom segurou minha mão e eu usei a outra no ouvido para abafar os gritos. Tom abriu a porta do carro e eu entrei, Chelsea se sentou atrás de mim. Minutos depois estávamos longe da escola.
Tom soltou uma gargalhada.
– Isso foi divertido! Tinha me esquecido como era ficar no meio de tanta garota sem seguranças.
– Não faça isso novamente, Kaulitz. – Eu o repreendi, olhei pelo retrovisor e o vi piscando fofamente os olhos.
– Tudo bem, Benjamin?
– Acho que estaria melhor se você não tivesse me pego de surpresa e meus ouvidos não estivessem latejando.
– O que vocês querem fazer hoje? Estou disposto a te levar de volta para a nossa casa, ok? – Tom perguntou.
Eu pensei por um momento e expliquei para Chelsea e Tom o que estava a fim de fazer nas paredes do meu quarto. Eles concordaram, Tom combinou de comprar as tintas e deixou Chelsea na casa dela para ela se arrumar, enquanto me deixou na porta da casa dos meninos para chamá-los também.
Subi de elevador sozinha e toquei a campainha do apartamento. A porta demorou para se abrir, mas quem a abriu foi Hilary. O que ela ainda estava fazendo ali?
Hilary mudou sua expressão para uma careta quando me viu.
– Oi Hilary! – Eu tentei sorrir – Os meninos estão em casa?
– Estão sim. Por quê?
Eu estranhei a forma rude que ela falou.
– Bem, eu gostaria de entrar primeiro.
– Julia, aqui não é mais sua casa – Hilary soltou uma gargalhada sínica – Era para você ir embora de uma vez e não atrapalhar mais nada. Onde está meu Tom? Ele foi te buscar na escola, não é, criancinha?
– Eu tenho um quarto aqui! Meu primo mora aqui e eu tenho direito de entrar quando quiser – Eu retruquei – Tom foi comprar umas coisas para mim e sim, ele foi me buscar na escola.
– Em pouco tempo seu quarto vai virar alguma coisa útil para a banda, e aqui só vai entrar quem estiver envolvido com os garotos do Tokio Hotel, como eu, namorada oficial do Tom Kaulitz. Eu espero que você fique longe do meu Tom, e longe daqui.
Hilary ameaçou fechar a porta, eu dei um tapa na cara dela antes que ela completasse o ato.
– Maluca! – Ela gritou e voou em cima com as mãos no meu cabelo.
Empurrei Hilary contra a parede e me afastei, ela voltou com as mãos fechadas.
– Fique longe você do Tom! – Eu gritei – Ele não merece nenhuma estúpida como você!
– Nem uma pintora de rodapé igual a você! Ninguém te quer nessa casa! Quem iria querer uma brasileira fedendo a água do mar trotando pela casa puxando saco dos meninos ainda mais sendo fã deles?
Isso me deixou imóvel por um momento. Realmente, quem iria me querer ali? Foi a chance que Hilary teve para acertar meu braço, eu me desequilibrei e caí no chão. Coloquei-me de pé em instantes.
– E você não sabe das melhores partes: Tom me disse que esteve todo esse tempo fingindo gostar de você, mas que no final, queria realmente estar comigo.
– Isso pode ser mentira – Eu retruquei.
– Mas por que seria? Você sabe bem no fundo que ele nunca iria te escolher, não é?
Eu me virei para a escada e de repente recebi um empurrão nas costas. Fechei os olhos para agüentar a queda, que não veio. Como em todas as outras vezes, alguém me segura.
Respirei fundo o perfume incrível e exótico do Tom Kaulitz, ele me apertou contra seu corpo.
– Meu amor! Até que enfim você chegou! A Julia... Ela me bateu!
Eu me soltei do abraço de Tom e vi as latas de tinta colocadas no chão ao lado dele, eu poderia sorrir se não tivesse acabado de tropeçar na escada, além de receber tapas, socos e puxões de cabelo da vadia da Hilary.
– O que? – Tom arregalou os olhos, trocando o olhar de Hilary para mim. – O que aconteceu aqui? Hilary!
– Isso, pergunta para sua namorada aí, eu preciso ir embora.
Desci o resto da escadas enquanto ouvia Tom gritando meu nome, eu pisava com força no chão, acabei torcendo o pé e caindo no chão. Tom me alcançou. Passou um braço pela minha cintura e me colocou de pé.
– Solte-me, Kaulitz! - Eu gritei.
Ele passou a mão pelo meu rosto e eu virei, recusando qualquer toque vindo dele.
– Você está machucada! Calma, e as tintas?
– Eu só quero ficar longe de você! – Eu tentei me soltar, mas Tom fez força. - Eu quero ficar longe de você e o todo o resto da sua vida!
– Você não pode ficar longe de você mesma – Ele gargalhou.
Por um momento eu achei que ele queria dizer que eu fazia parte da vida dele, mas ignorei e me soltei do abraço dele. Desci o resto da escada e parei em frente ao portão, chamando algum táxi.
– Benjamin, volta aqui! Eu não posso ficar aí na rua, vou chamar atenção.
– Dane-se, eu não quero você aqui.
Um táxi parou e eu ameacei a entrar, Tom disse:
– Julia – Sua voz saiu arrastada – Só promete que vai pra algum lugar onde eu possa te achar.
– Tchau, Kaulitz. – Eu disse por fim, entrei no carro e fechei a porta.
As últimas palavras do Tom eu não pude ouvir, o vidro abafou sua voz. Dei meu endereço e o táxi me deixou em casa.
Liguei para Chelsea e cancelei a tarde na minha casa sem muitas explicações, desliguei o telefone, apaguei as luzes e me deitei na cama apertando o rosto contra a capa do travesseiro.
– Droga, droga, droga. Mil vezes droga. – Eu resmunguei.
Hilary estava certa. T.W seja lá quem quer que fosse também estava certa. Eu nunca me encaixaria entre os meninos do Tokio Hotel. Seria sempre eles e os empresários, ocasionalmente com suas respectivas namoradas. O que eu poderia fazer lá? Nada.
Que ótimo, Julia Benjamin. Você merece sufocar, explodir e morrer. Quem mandou se apaixonar por um astro do rock? Se pelo menos eu nunca pudesse o conhecer, as chance imaginárias de ficar com ele seriam zero.

Você me faz querer morrer. Eu nunca vou ser boa o suficiente, você me faz querer morrer e tudo que você ama – The Pretty Reckless

Postado por: Grasiele

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