sábado, 21 de abril de 2012

By Your Side - Capítulo 32 - Veronika

Tom Kaulitz
Assim que Jamie cutucou Julia, a menina fez um típico gesto feminino que deixa os homens muito curiosos: Julia ficou na ponta dos pés para que a outra Schäfer falasse em seu ouvido e as duas riram disfarçadamente depois. Se viraram depois para dar atenção a alguém que as chamava, e então eu quase fui à loucura.
Sabe quando você sente que não dá mais para agüentar a pressão e quase explode? Chega até a se levantar da cadeira ou soltar uma exclamação alta, mas aí se lembra de que não pode fazer isso, e volta a se sentar, admirando a provocação.
Foi assim.
Bastou Julia se virar para eu me dar contar rapidamente de que aquele vestido caía perfeitamente bem... Ou talvez o corpo dela fosse angustiantemente perfeito para o vestido. Eu vidrei em suas coxas certinhas, que se mostravam a metade, pois o resto, infelizmente o vestido cobria. Mas o vestido era colado ao seu corpo – delineava seu bumbum, afinando em sua cintura e seus ombros... Se eu pudesse agarrá–los agora mesmo e cravar meus dentes neles. Já estava pensando merda.
Deixando a angustia de lado, levantei–me da mesa. O pior era que a única quem eu tinha tanta intimidade para abraçar era Júlia, e era a única que eu não iria fazer isso. Coloquei a mão na cintura de Jamie sem que Gustav começasse a achar que eu estava tendo uma “relação suspeita” com sua irmã. Trocamos palavras de saudades e abracei Jamie educadamente, passando para cumprimentar as outras meninas.
De repente, uma idéia pareceu brilhar mais que as outras. Por que não ser educado com Julia? Coloquei a mão na cintura de Julia que estava de costas para mim, ela se virou lentamente, mas quase paralisou quando me viu próximo, eu imaginei. Quem resiste a mim? Inclinei–me e a abracei simples assim. Demoradamente, para a Schäfer provar o gosto do Kaulitz.
Sorri de lado enquanto me afastava.
Pouco depois, todos já estavam indo se sentar em seus lugares. Voltei ao meu, na beirada da mesa. Em minha frente se sentou Jamie, e ao seu lado, Julia. Do meu lado, em frente a Julia, sentou–se Georg, com a namorada Anne também ao seu lado. Seguiram–se Agnes e Chelsea na mesma fileira e em frente as duas, respectivamente, Gustav e Bill, de modo que meu gêmeo ficasse do outro lado da mesa e todos os três componentes da família Schäfer de um só lado.

Julia Benjamin
A situação estava toda linda. Ao meu lado, estava Jamie de frente para Tom, que brincava incansavelmente com o guardanapo sem me olhar uma única vez depois que se sentou naquela mesa. Aquilo me irritava profundamente de uma forma que não devia, pois eu estava aqui novamente para me mostrar melhor, mostrar que havia o superado e que ele não me alterava.
O que era mentira, mas o que custa mentir?
Mas eu queria que ele prestasse atenção em mim!
A conversa na mesa seguiu–se para o novo visual dos gêmeos e Tom não comentou muito. Apenas acenava positivamente com o que Bill falava.
– Ele usava dreads desde pequeno e eu vivia reclamando que aquilo parecia um ninho de cobras – Bill disse, Tom acenou – Sugeri que pintasse de preto e fizesse um visual mais moderno. Ele fez, tranças. Continua sendo nojento e grudando sujeira, e ele terá que ir ao salão várias vezes para refazer as tranças, mas ficou bom.
E Tom acenou.
– Tom só concorda. – Jamie disse rindo e os outros brincaram também.
– O Tom também acha que tranças são bem melhores para serem puxadas quando ele está na cama com alguma mulher e elas chegam ao orgasmo. – Georg disse brincando e Tom começou a concordar, mas logo disse:
– Mas Georg acha que quando as mulheres puxam seu cabelo natural ajuda a chegar ao ápice mais rápido, porque ele tem impotência sexual.
– Que coisa meiga para se falar na frente da minha namorada.
Georg ficou com uma cara de tacho e fazer o que, as piadas do Kaulitz são as melhores. Todos riram do castanho.
O garçom chegou para servir vinho e todos os meninos tomaram, apesar de Bill e Tom serem menores de idade, eles pareciam mais velhos. Me surpreendi quando me ofereceu também, e eu aceitei. Levei a taça de vinho aos lábios e quando a abaixei, notei que Tom me observava a tomar vinho e teve a cara de continuar me fitando mesmo que eu tivesse visto seu olhar. O vinho tingiu meus lábios e eu limpei–os com a língua, também com a intenção de provocar.
– Você é nova para tomar vinho, Schäfer. – Tom disse.
Não vou nem comentar que Jamie, quem não estava acostumada com esse apelido carinhoso que Tom havia me dado, virou o rosto ao ouvir o nome Schäfer.
– Eu? – Ficou em dúvida minha prima.
Tom apontou para mim com o dedo indicador e ela soltou uma exclamação.
– Esse negócio de idade, deixa quieto, ok? Você não é tão mais velho assim, idiota. – Eu disse entredentes, sem enfatizar muito no ‘idiota’, pois não era minha praia xingar levemente Tom assim.
Tom riu e eu apenas brinquei com o canto da minha boca em um meio sorriso.
Aqueles pãezinhos e várias pastas foram servidos e a conversa na mesa era constante, mesmo que algumas vezes ficasse um silêncio tenso.
– As meninas já estão de férias? – Bill perguntou, mais para Chelsea do que para mim. E foi a mesma quem respondeu – Ótimo, pois nesse verão, David prometeu nos recompensar com ótimas férias.
– Pedimos para ir ao Brasil – Gustav brincou.
– David vai nos hospedar em um hotel de luxo em Saint–Tropez, na França e vamos passar a maior parte das férias lá. – Bill disse com um sorriso incrível no rosto – Querem ir? Esse convite se estende para todas.
Chelsea foi a primeira a aceitar. Namorada do Bill Kaulitz, têm seus privilégios, apesar de Chelsea abusar muito deles.
Georg virou o rosto para Anne e perguntou baixinho para ela, o mesmo convite. Eu imaginei que fosse isso, pois ela aceitou corada e eles se beijaram na mesa, o que era meio nojento.
– Concordo com a Jus que Chel abusa dos privilégios – Jamie iniciou – E eu também vou abusar dos meus sendo irmã do Gus, mas obrigada pelo convite meninos, não poderei ir.
– Por que, Jamie? – Gus, Ge e Bill e as meninas perguntaram ao mesmo tempo.
– Você não ouviu bem? Vamos à França! Você quem queria ir à França... – Gus disse logo em seguida.
– Eu acabei de acordar, se é que vocês me entendem. – Jamie disse – Quero ficar um pouco com os pés no chão. Além do mais, as férias são suas.
Todos reclamaram, queríamos que Jamie viesse. Ela recusou definitivamente.
– E você, Jus? – Georg virou o rosto para mim, e de repente todos estavam esperando minha resposta.
– Ahn, acho que vou ficar fazendo companhia para Jamie – Eu sorri para aliviar a muralha da China, mas os meninos ficaram incrédulos.
– É moda recusar o convite do Tokio Hotel? – Bill perguntou com cara de tacho. – Julia, você não!
O pior, ou melhor, o mais engraçado foi a cara absurdamente incrédula de Tom, de olhos arregalados e a boca formava um círculo perfeito.
– Você precisa ir! – Georg disse.
– Não terá graça sem você! – Gus disse – Jus, a nossa vida mudou demais depois que você chegou. Precisamos de você.
– Éramos um bando de abutres sedentários mofando no sofá da sala e comendo pizza todo santo dia. – Disse Bill e adicionou baixinho quando Chelsea virou o rosto: – E comendo garotas depois dos shows, mas isso é discutível...
– Aí você chegou e nos fez entrar na academia? – Tom arqueou a sobrancelha e os outros riram – Você é divertida. Por favor, vai.
Depois daquela última frase, a mesa ficou em silêncio total. Claro que os outros – talvez Jamie não – esperavam ansiosos a minha resposta com suas carinhas inocentes. Eu, Tom e Jamie pensavam outra coisa.
Balancei a cabeça, dizendo que iria pensar, e aquele clima se quebrou, voltando à alegria e animação natural dos garotos do Tokio Hotel, conversando animadamente enquanto tomavam vinho e apreciavam os pãezinhos. Jamie me olhou como se quisesse falar alguma coisa e sussurrou no meu ouvido:
– Viu o que ele disse?
– Imagina. – Revirei os olhos.
– Eu disse para você, vocês são um do...
– Cala a boca, Jamie. – Sorri educadamente para ela.
Vocês são um do outro, era a frase que ela havia me dito antes no ouvido. E eu imaginei que fosse repetir por um bom tempo.
Mais tarde, três garçons e mais uma mulher alta e muito atraente vieram trazendo o prato principal que cada um escolheu o seu. A mulher tinha cabelos soltos e castanhos que batiam à cintura, olhos grandes e verdes, as feições finas e italianas. Não era alemã de certo.
– Seus pratos foram cuidadosamente escolhidos por Veronika. – Um dos garçons, apontou para a mulher italiana ao lado, que sorriu. – No fundo de cada, vão encontrar uma mensagem, é uma tradição.
Veronika, a italiana, ordenou a cada garçom que levasse o prato à pessoa certa e não era em ordem. Ela parecia saber de quem era cada prato. Ela e os garçons se retiraram e começaram todos a comer. Eu havia pedido um risoto funghi, sabe aquele molho de cogumelos? Eu adorava. Bill e Tom também haviam pedido risotos, pois estavam ignorando a carne, ou molho de carne que vinham em outros pratos de massas.
Anne foi a primeira quem terminou de comer, e leu sua frase no fundo do prato:
– “Polisipo, em grego, significa “pausa da dor”. Têm sido, estes dias, polisipos; Caio Fernando Abreu” – Leu a menina. Nós rimos com a piada interna e no segundo seguinte, Chelsea me olhou de forma interrogativa.
– Sim, Chel, Caio Fernando Abreu é um pensador brasileiro. – Eu afirmei, respondendo sua pergunta mental. Isso fez todos na mesa refletirem e depois sorrirem.
– Tem mais uma coisa embaixo – Disse Anne – “Esse é o prato 8. Procure o dono do prato 4.”
Todos ficaram em silêncio, segundos depois Georg soltou uma exclamação alta.
– Veja: “Esse é o prato 4. Procure o dono do prato 8.” – Disse o castanho e finalmente todos entenderam a brincadeira dos pratos que o restaurante italiano Veronika fazia.
Agora estavam todos terminando seus pratos mais rápidos. Foram lendo suas frases, mas os outros não tinham a brincadeira de procurar o dono de outro prato. Tom terminou o dele, e disse alto:
– “Talvez no início, você estranhe o fato de que não existe mais música durante a noite; entretanto, sempre que a lua aparecer, haverá alguém disposto a tocar sonatas, principalmente num sanatório; ‘Veronika Decide Morrer’, Paulo Coelho” – Leu Tom em seu prato. – Ironia aparecer isso num prato de alguém músico como eu.
– É uma tradição, você precisa entender o significado da frase, Tom. – Disse Bill.
– Tom é insensível. – Georg comentou.
– É como se dissesse “haverá sempre alguém ao seu lado”. – Eu disse lentamente, olhando nos olhos de Tom, mesmo que trocava olhares comigo.
– Exatamente! Bill concordou sorrindo.
– Ainda tem uma coisinha aqui – Continuou Tom, ignorando–me: – “Esse é o prato 2. Encontre o dono do prato 1.”
Todos ficaram surpresos em que o prato de Tom fosse ‘premiado’ com a brincadeira de procurar outro prato. E o assunto não foi mais tocado, ignorando o prato ainda não descoberto.
Eu terminei o risoto e li baixinho:
“Ou toca, ou não toca. É uma questão de sentir; ‘O Romance do Pirata’”
Meus olhos brilharam, pois eu não sabia explicar, mas tocar em alguém era a coisa mais importante para mim. Sentir o calor humano de outra pessoa e trocar carícias, o que há de melhor? E ainda abaixo “Esse é o prato 1. Encontre o dono do prato 2.”
Claro que eu não falei isso para ninguém.

– Você foi atropelada porque gostou de um buldogue... – Tom repetiu com incredulidade a frase. – Que idiotice, Benjamin.
– Era um buldogue fofo, ok? – Eu me defendi.
– Gus quase teve um ataque quando Tom gritou do celular com David, dizendo que o nosso produtor atropelou você. – Bill comentou.
– Imagina se você parava no hospital em coma para me fazer uma visitinha – Jamie brincou.
– Maninha, se você repetir isso, eu arranco sua língua fora. – Gustav falou e os outros riram de leve.
– Enfim, eu acho que isso é uma indireta. – Chelsea falou. Todos olharam para ela. – O que? Acho que a Jus tá pedindo pra ganhar um buldogue.
– Meus pais não deixam, Chel. – Eu disse – Mas adoraria ganhar, que sirva de aviso pra vocês.
Eu pisquei fofamente e eles riram.
Todos já estavam se preparando para irem. Eu fui a primeira a me levantar, indo até a varanda do Veronika. Olhando para o andar inferior, vi a multidão de paparazzis que nos esperavam.
O vento soprou e os fios soltos da franja esvoaçaram, caindo despenteadamente no meu rosto.
Antes eu pensava que as milhares de mentiras que me fizeram mais fria não iriam me deixar olhar da mesma forma para Tom. Ao contrário do que eu pensava, quase nada tinha mudado. Mas iria mudar.
Despertei–me quando tocaram minha cintura, me virei. Era um ponto forte, mas dependendo da pessoa que me chama, um ponto fraco em ser baixinha. Ele já estava perto demais quando me virei, então precisei levantar a cabeça para conseguir olhar em seus olhos, ou pelo menos em seu rosto.
– O–o que...? – E perdi o resto da frase em mente, quando ele passou para o meu lado , se afastando de mim.
E ficou um silencio tenso. Eu olhava para seu rosto fitando o nada e sabia que ele sentia o meu olhar em cima dele. E depois sorriu.
– Eu gosto do verão. Você vai à França com a gente?
– Não quero um verão complicado para cima de mim. – Eu respondi lentamente.
– Não vai acontecer nada.
E ele estava respondendo uma pergunta mental minha, que quase perguntava “vai rolar algo entre a gente? Não? Ok.”
Então Chelsea e Jamie bateram palmas, me chamando para que eu corresse junto com elas para o carro de Anne. Saíram andando na frente e eu fui atrás, me virando no último segundo para acenar um tchau para Tom. Infelizmente, meu tchau foi em vão, pois ele estava de costas para mim e não se deu o trabalho de se virar para isso.
– Qual era a frase em seu prato, Jus? – Perguntaram no carro.
Eu balancei a cabeça, tentando esquecer.
Ou toca, ou não toca. É uma questão de sentir.

Postado por: Grasiele

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