sábado, 21 de abril de 2012

By Your Side - Capítulo 43 - E-mail recebido

A porta daquele quarto de hospital foi, bem cedo pela manhã, aberta pela enfermeira, que antes mesmo de entrar, afirmou que a paciente estaria dormindo de qualquer forma. Monika insistiu em entrar com sua grande caixa que se movimentava em seus braços. Logo que a enfermeira se retirou, Monika se dirigiu ao sofá, onde pôs a caixa. A porta do banheiro se abriu, e Jost estava com uma cara de cansaço e grandes olheiras em volta dos olhos.
– Tom mandou-me trazer um presente para Hilary, quando soube da notícia de que ela foi demitida por causar confusão demais.
Monika riu alegremente. Era uma pessoa muito amigável e fácil de se socializar. Ela simplificava tudo. As piores coisas conseguiam se tornar alegria.
– O Tom mandou um presente por isso?
– Por ela ser a irmã mais nova do melhor amigo dele.
– Ah.
Hilary acordou. A caixa foi aberta e ela tirou com um sorriso de orelha à orelha, de dentro da caixa, um filhote muito pequeno de buldogue, da mesma raça que o buldogue Gregory, mas este era uma fêmea linda que usava um lacinho preto. Os buldogues eram filhos da mesma cadela, e como só haviam dois, Tom deu um para Julia, sua namorada, e outro para Hilary, que ele sabia que iria necessitar muito apoio emocional quando se distanciasse para sempre dele. Isso não modificava o fato de ele ainda não gostar da Hilary.
O troco por Hilary ter causado tantos problemas estava feito. O nome da buldogue fora dado por Monika, fã do Tokio Hotel. A buldogue de Hilary tinha menos de duas semanas de vida, e só atendia pelo nome Julia Schäfer.

Julia

Se passou um ano inteirinho. Eu estava namorando Tom até que ele precisou se mudar para Hamburgo, para onde a equipe técnica do Tokio e o estúdio de gravações se mudaram. Então eu me mudei também! Mudar para a casa dos meninos só foi fácil, porque eu estaria com Gustav, meu primo. Havia terminado a escola em outro colégio, mais privado, depois que o namoro foi divulgado oficialmente por Tom em uma das entrevistas malucas com apresentadores carecas que ele e os meninos tinham e eu necessitava de mais privacidade, pois minha cara já estava em todas as revistas de fofoca – isso foi duro.
Nessa mudança, o álbum Humanoid fora lançado. Chelsea e Bill terminaram depois de algum tempo, mas Georg e Anne continuavam. Ah sim, Anne foi contratada como fotógrafa particular do Tokio Hotel depois que terminou seu curso de fotografia. Georg lhe deu uma máquina profissional e seu hobbie virou fotografar os dois juntos e principalmente eu e Tom nos momentos um pouco mais íntimos. Filha da mãe! Ela tirou boas fotos de Bill se maquiando e Gustav dormindo sem camisa. Ele tinha uma tatuagem de asas nas costas! Eram tão lindas.
Foi um ano conturbado. Muitas brigas inevitáveis (ou não, mas era impossível não brigar), muitos shows ao vivo em casa, porque eu obrigava Bill a cantar de vez em quando, quando eu sentia falta de ouvir a música em acústico, muitas novas páginas do meu fichário de pensamentos. Mais cachorros para fazer companhia ao Gregory – que não gostava do Tom e só respeitava à mim, e muito tempo. Muito tempo para aproveitar tudo isso.
Nada passou tão rápido.
Acho que eu pude aproveitar tudo.
A única coisa que eu senti mais falta quando tudo aquilo acabou, foi de acordar de manhã e ouvir as queixas de cada integrante do Tokio Hotel, expondo sua personalidade real ao reclamar do cabelo, se auto-elogiar em como estava bonito mesmo sem ter dormido muito (indireta do grande ego do Tom), reclamar por falta de doce ou apenas ficar calado enquanto apreciava as pontas duplas do próprio cabelo. Era tudo muito engraçado. E conturbado.
E eu acabei me tornando parte deles!
Uma das últimas notas do meu fichário de pensamentos, foi assim.
O que antes era para ser apenas uns dias na casa do meu primo, se tornou um ano e meio de conturbação, contradição e Tom Kaulitz.
Porque “Tom Kaulitz” é uma coisa. Uma coisa para ser levada em conta. Um estúpido garoto de grande ego, famoso, que marcava qualquer um. Ele parecia até ter um carimbo especial para isso.
Uma vez, eu me despedi de todos. Tom completou a minha camisa do Tokio Hotel com sua assinatura que faltava. Eu abracei todos e demorei um tempo especial no Kaulitz, então eu peguei o táxi e fui embora. Para o aeroporto. E do aeroporto para o Brasil. Estava tudo acabado, aquele sonho que eu tive.
Diz Gustav que não teve menor vontade de espancar Tom por me deixar ir embora. Diz ele. Georg e Bill já me relataram outra coisa.
Eu fui fazer faculdade de relações internacionais, com um apartamento próprio no Rio de Janeiro. Alexandra e Wulf continuaram na Alemanha. Parei um dia inteiro só para ler todas as páginas do me fichário e com a ajuda de Chelsea (que misteriosamente apareceu no Rio de volta), traduzir todas para alemão. Salvei em um documento e mandei para o e-mail de Gustav com a seguinte mensagem:
BY YOUR SIDE – O FICHÁRIO.
Aqui está tudo que aconteceu. Tudo que eu anotei sobre. Está metade da minha vida que durou só um ano e meio. Está você, Bill, Georg, David e principalmente Tom. Tom está em todo lugar. Eu passei um dia convertendo isso para alemão, então faça favor de ler com todo mundo junto ou eu vou aí te espancar com todas as forças do meu esôfago. Eu comprei o novo álbum do Tokio Hotel. Minha música favorita deixou de ser By Your Side para Träumer. “Olhos negros, lábios negros”. Igual à mim.
Deixou de ser “ao seu lado” para “sonhadores”.
Enviei meu fichário de pensamentos. Fechei a tela do computador e preparei um chocolate quente para Chelsea e para mim. Não que estivesse frio. Aqui no Brasil nunca estava frio de verdade. Era mais ou menos uma sauna e eu não vivia sem um short e uma blusa de alça.
Depois de dois anos morando no Brasil (em um apartamento na beira de Copacabana), nós ainda falávamos alemão juntas. E português em grupo. Chelsea deixou de ser rosa para ser adulta. Eu ainda era a mesma merda e rockeira de sempre. Mas agora eu possuía características bem mais velhas.
Em uma bela noite, às três horas manhã, meu celular tocou.
– Mas que merda. – Grunhi.
Atendi o celular rapidamente.
– Quem quer morrer? – Perguntei.
Hallo?
Do outro lado da linha, um cara chamado Schäfer estava tagarelando em alemão e recebeu uns dois “fala devagar” em português, porque a lesada aqui se desacostumou totalmente e não estava entendendo nada.

Postado por: Grasiele

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