sábado, 21 de abril de 2012

By Your Side - Capítulo 35 - Vá buscar um termômetro.

Tom Kaulitz
– Tom! Eu acabei de repetir isso cinco vezes! – Bill levou as mãos para o alto batendo na cabeça de Gustav que passava para se sentar em sua cadeira de praia. – Me desculpe, Gus. Acho que o sol está fritando a cabeça do Tom.
– Acho que tem outra coisa fritando a cabeça do Tom. – Gus disse pervertidamente e eu balancei o dedo médio para ele, que riu.
Eu voltei a olhar para a piscina, onde Julia agora tentava afogar Chelsea, mas foi nocauteada por Anne, que empurrou a cabeça da pequena para a água. Julia se levantou de peito estufado com os olhos vermelhos e os fios de cabelo grudando ao rosto e se atirou em Anne, tentando afogar a outra. Ri sem querer e os meninos me repreenderam novamente por não prestar atenção.
Eu já sentia minha cabeça queimando e perdi a conta de quantos minutos Julia brincava na água. Céus! Essa menina fica mais que peixe dentro d’água, ela e Chelsea.
– Deve ser coisa de brasileira. – Eu pensei alto.
– Huh? – Os meninos perguntaram todos juntos.
– Nada não!
Anne de vez em quando saía e vinha ficar ao lado de Georg, mas as duas não saíram nem uma vez.
E eu também não havia me molhado nem uma vez. Levantei–me, despertando a atenção dos meninos.
– Onde vai?
– Na água. O Bill tem razão, o sol está fritando minha cabeça. – Eu disse.
– Eu vou também. – Georg e Bill disseram ao mesmo tempo, se levantando.
Eles entraram pela frente da piscina e eu observei pegarem suas namoradas no colo e colocarem as meninas sentadas em seus pescoços. Elas riam histericamente e tentavam bater uma na outra no ar. Ao contrário de Julia que fechou os olhos e começou a boiar.
Para a surpresa da pequena, eu afundei na água e nadei até ela, colocando as duas mãos em sua cintura nua e puxando–a para baixo d’água. Afundando Julia na água e esquecendo–me totalmente de que os outros não sabiam que já estávamos conversando melhor. Julia afundou e eu passei meus braços instintivamente pela sua barriga, puxando–a para mim.
Contorcia–se quando eu fiz isso, então me lembrei de que a peguei de surpresa e talvez não tivesse tido tempo de puxar o ar para ficar debaixo d’água. Desesperado, soltei Julia e voltei à superfície. Ela tossiu, enxugou os olhos enquanto eu sorria para seu rosto surpreso e depois começou a me bater.
– KAULITZ!
– Ai! – Já comentei que seu tapa doía? E doía ainda mais quando eu não estava usando camisa!
– Você estava a fim de me matar, Kaulitz?
Pelo que pareceu, foi uma pergunta retórica, logo em seguida ela se virou de costas para mim e saiu nadando em direção às amigas. Eu me afundei na água e nadei um pouco mais rápido para debaixo delas, colocando–a sentada em meu pescoço e já podia ouvir debaixo d’água seus gritos histéricos na superfície.
– KAULITZ! ME PÕE NO CHÃO!
– Na água? – Eu gargalhei, mas logo depois ela começou a puxar minhas tranças – EPA, EPA, JULIA, MINHAS TRANÇAS NÃO!
Ela continuava puxando as tranças e eu me desequilibrei com a dor, caindo na água com ela atrás de mim, que logo nadou para longe do meu corpo, mas puxei–a pela perna, Julia gritava e eu ria, mas pensei melhor e fiz uma cara séria quando consegui colocá–la parada na minha frente.
Ela ficou um tempo me olhando fazer cara feia.
– D–desculpe–me. – Disse um pouco vermelha e eu comecei a rir, então ela se deu conta de que eu estava brincando e bateu com a palma na mão na água, jogando água em mim. – Babaca!
– E você é uma linda. – Eu disse rapidamente, mas Julia ouviu e ficou em silêncio absorvendo as informações, enquanto eu sorria. Queria confirmar que o “você é uma linda” havia saído da minha boca.
Julia afundou na água e eu só consegui ver seus cabelos negros se afastando rapidamente enquanto nadava, e... Mein Gott!, vi seu corpo retorcido debaixo d’água, as curvas da sua cintura e as pernas perfeitas nadando para longe. Queria puxá–la de volta. Não o fiz.
Encostei–me na borda, mirando Julia com os olhos.
Ela, pela primeira vez desde que chegamos na piscina leste, se dirigiu ao raso e continuou andando até acabar a água em seus pés. Rebolava. Puta que pariu! Não, coitada da dona Alexandra, não é puta, mas tem uma filha divina.
Antes era só uma baixinha brasileira coberta por panos e mais panos para se acostumar com a temperatura da Alemanha no inverno. Agora... Usava um piercing que se chocava com o meu quando eu a beijava, cabelos repicados, maquiagem forte, franja, um corpo incrível! Eu amo o verão!
Pois é, Julia rebolava enquanto anda. A água escorrendo pelas curvas, ela se esticando enquanto prendia o cabelo em um coque e depois se curvando na cadeira da barraca para colocar a blusinha furada que havia trago... Tudo isso me deixava louco. E excitado.
– Puta que pariu, brasileirinha perfeita. – Eu murmurei sozinho.
– Dá vontade de xingá–la de tão incrível que é, eu sei.
Virei–me, assustado. Gustav estava apoiado na borda ao meu lado e como eu não havia visto–o ali? Gus sorriu e eu tentei esboçar um sorriso também.
– Você estava aí?
– Estava – Respondeu. E ficamos em silêncio por minutos até que ele voltou a se pronunciar – Quantas vezes eu te avisei para ficar longe dela?
Era uma pergunta ameaçadora, mas Gus havia feito–a de forma tão leve que nem parecia me desafiar. Eu estremeci mesmo assim me lembrando de cada vez que o desafiei, consegui Julia para mim, a decepcionei e ela se afastou.
– Sete vezes? – Eu arqueei a sobrancelha me lembrando de todas elas.
– É, por aí. – Concordou Gustav – Tom, Julia gosta de você! – Aumentou a voz para incredulidade. – E, você é um idiota, sabia? Você está babando nela, e me diga, o que te impede de ficar só com ela, sem porra nenhuma interferindo como aquele mês todo que vocês ficaram juntos?
– Nada! Mas aquele mês não estava certo. O... Aquele menino brasileiro! Ele voltou e parece que eu falei alguma coisa errada e no dia seguinte, chega Jost com a Hilary...
– Foda–se a Hilary, Tom!
– Diga isso para a Julia! – Eu reclamei.
– Vocês são dois cabeças–duras, sabia disso? E ela, por mais que isso pareça impossível, é mais que você!
– Aham. – Eu parei um segundo para me dar conta de que ele me chamou de cabeça–dura quase impossível de superar e fiz uma careta.
– Eu não vou mais impedir porra nenhuma, que vocês se virem. Jus já está grande e se ela quiser se machucar com você, que se machuque. Eu a amo, mas é a vida dela e a sua. – Gus falou lentamente. – Cuida dela, cara, e proteja–a.
Fiquei em silêncio. O primo da Benjamin estava mesmo me dizendo para eu correr atrás?
– Correr atrás? – Eu repeti meu pensamento em voz alta e Gus acenou afirmativamente. – Eu não corro atrás de ninguém, por que eu deveria fazer isso?
– Porque ela não vai fazer isso, e não adianta tentar ensiná–la a correr atrás, porque se ela achar uma chance de te esquecer, ela fará. Mas a escolha é sua, você sabe.
Mergulhei algumas vezes enquanto ficávamos em silêncio. Eu pensava em tê–la de volta. Não sei o que Gustav pensava, mas ele ficava olhando para a água sem nenhuma expressão.
– Eu vou pegar sua prima, Gus, eu juro que vou. – Falei lentamente e a frase fez Gustav rir. Diga–me como alguém pode rir quando um cara como eu diz que vai pegar a prima?
– GUSTIE!
Ergui a cabeça juntamente com Gustav, pois Julia o chamava de longe, acenando.
– Vamos almoçar – Explicou Gustav – no bar da piscina. Venha também.
E saiu nadando na direção do bar, que era do outro lado quase chegando à piscina sul. Eu me ergui na borda e Julia passou por mim, fui atrás dela sem nenhuma maldade, mas a vi olhando para o chão onde minha sombra batia e sorri internamente.

Julia pediu em um inglês perfeito os combinados que chegaram rapidamente na borda pelos garçons. Observei que Julia não sabia usar um hashi e se enrolava toda para conseguir pegar alguma peça. Segurei sua mão da forma correta e coloquei o hashi para que ela pudesse segurar.
Mesmo com a mão segurando a dela, a temperatura aquecendo–a e o contato, principalmente o contato, eu tentei fazer com que saísse natural e não forçado – forçado por ter começado agora a tentar eliminar a droga do ódio colorido que havíamos inventado, uma barreira invisível que nos separava sem nenhum motivo.
Ela pegou a peça do sushi e colocou em seu prato facilmente depois disso e sinto que havia agradecido baixinho, mas não respondi, porque talvez ela houvesse mudado de idéia e não quisesse que eu escutasse, imaginei.
Ergui o semblante para mirar Gustav com um sorriso torto e ele me retribuiu como se aprovasse o que eu tinha feito.
Terminamos os três de almoçar. Voltamos pela entradinha estreita caminhando pela beira de volta á nossa mesa em frente a piscina leste. No caminho, avistamos os outros. As duas meninas acenaram para Julia, gritando seu nome e vieram e sua direção correndo.
Antes que chegassem muito perto, eu levei minha mão para o ombro de Julia e a empurrei para a água, ela gritou e todos nós rimos.
– KAAAAULITZ! – Gritou meu nome, irritadinha.
Virei–me para Gus, ele estava rindo, mas balançou a cabeça negativamente.
– Foi só uma brincadeira! – Eu me desculpei.
– Mas não é isso que vai fazê–la voltar, Tom.
– Você quer que eu pule na piscina e a “salve” também? – Eu falei um pouco alto demais e os outros notaram que eu falava de Julia para Gustav.
– Não, mas daria uma ajudinha! – Foi a própria Julia que respondeu, nadando para a borda.
Eu me inclinei e estendi a mão para puxá–la mesmo correndo o risco de ela me puxar, ou alguém ali atrás me empurrar. Felizmente, trouxe–a com um puxão forte para cima sem que ninguém me jogasse.
– Você quase deslocou meu braço. – Disse ela.
– Ingrata. Eu te tirei da água.
– Você também me jogou na mesma!
Eu estava discutindo com ela, mas se seguisse meu impulso, poderia agarrá–la agora mesmo.

Mais tarde, quando já estava escuro, sugeri a opção de darmos uma passadinha na balada do primeiro andar, mas ninguém quis hoje, preferiam passear no ar geladinho da noite pelo hotel, e na manhã seguinte, sair e fazer alguma coisa, mas alguma coisa relaxante.
Por sorte, ninguém havia visto Hilary o dia inteirinho. E ela também não estava me procurando, era melhor ainda. Eu tive o dia todo para ficar atrás de Julia, e ela, às vezes, atrás de mim.
Eu só estava esperando que ela viesse até a mim. Sozinha.
Precisei dar uma passadinha no salão do hotel para refazer as trancinhas e agora vestia outra bermuda de nadar e uma camiseta não muito grande. Georg, Gustav, Bill e eu estávamos passeando enquanto as meninas desapareceram, nos sentamos em alguns sofás numa sala de música que achamos em um andar. Gustav foi logo se sentar na bateria transparente que achou, ele batia as baquetas em um ritmo contagiante.
– Falei com Tom sobre a Jus, e com a Jus sobre o Tom. – Estava dizendo Gustav para os meninos.
– O que?
– Que são dois cabeças–duras, que se um deles não correr atrás, não vai ser o outro que vai fazer.
– Especialmente isso para quem? Porque NENHUM deles vai correr atrás com essa informação. – Bill revirou os olhos.
– Para nenhum! Eu me sento e observo o que eles vão fazer com isso. Se quiserem se esquecer para sempre, eu deixo também. – E depois disso, Georg e Bill riram.
Eu, sem querer, deixei a guitarra bater no chão, horrorizado com a idéia de que ela não venha atrás de mim e eu também não faça nada, que joguemos fora tudo o que tínhamos e percamos o que resta. Os garotos me olharam pelo barulho.
Isso que vai acontecer. A razão informou. Você não vai fazer nada! Meu ego gritou de volta. Okay, dane–se.
– Parem de falar se mim como se eu não estivesse aqui.
– Você não está aqui.
Georg disse.
Eu dedilhei a guitarra sentando–me no sofá. Saiu um som legal, e continuei repetindo­–o mais um pouco, quando Bill se deu conta do que eu estava fazendo.
Schwarze augen. – Cantarolou no ritmo – Schwarze lippen. Du stehst vor mir. (Olhos negros, lábios negros. Você está diante de mim)
Eu parei de tocar ao respirar aquelas palavras.
– Você está brincando comigo, Bill? – Eu arqueei a sobrancelha.
– Continua tocando! Eu tenho letra na minha cabeça!
– E quem mais tem olhos negros?
– Lábios negros? – Bill sorriu – Não estou falando da Julia.
Repeti novamente as notas, e Bill voltou a cantar.
Lass die Zukunft noch mal kippen. Lass uns weg von hier. (Deixe o futuro derramar outra vez, vamos para longe daqui.)
Aumentei o ritmo, tocando a guitarra com agilidade, Bill gostou e se empolgou a cantar, cantando mais alto.
Wie haben uns, wie haben Angst, wir kommen nirgendwo an (Nós nos temos, nós temos medo, chegamos a lugar nenhum) – E completou a primeira parte do refrão – WIR SIND TRÄUMER. (Somos sonhadores)
Bill saltou do sofá ao lado e procurou pela sala qualquer vestígio de papel e caneta, dizendo desesperadamente que precisava anotar aquilo. Depois ficou ao meu lado, escrevendo e escrevendo.
– Ah, droga. Fiquei preso aqui. Eu preciso completar esse verso... Nós demos tudo? Nós tomamos tudo? Nós perdemos tudo? Para enviar até aqui, não nos acorde...
Cantarolou Bill.
Wenn der Morgen kommt sind wir allein (Quando a manhã vier, estaremos sozinhos) Wir wollen lieber Träumer sein (Preferimos ser apenas sonhadores) – Eu o mandei anotar enquanto completava a música. Bill sorriu, bateu no meu ombro com um soco leve e terminou a canção.
– Essa música entra para as faixas bônus como Attention. – Disse Bill.
– Por que?
– Porque são as duas músicas que você fez, e eu, relacionadas à Julia. – Falou Bill, simplesmente. – Sabe que as faixas bônus nós poderíamos chamar de “Benjamin Bônus”.
Eu corei e coloquei a guitarra de lado.
– Na Benjamin? Não fiz música nenhuma pensando nela!
– Ah não?
– Talvez Attention. – Eu murmurei.
– Certo, vamos rever: quando a manhã vier, estaremos sozinhos, preferimos ser sonhadores.
Eu revirei os olhos.
– O que isso tem haver? – Perguntei.
– O que estávamos falando. – Foi Gus quem respondeu – Vocês são dois cabeças–duras! Preferem esquecer, preferem qualquer coisa, menos ir atrás... do sonho que você realmente quer realizar.
– Falando em sonho, vocês gostam disso? É muito bom, no Brasil tem uns sonhos, eu e a Jus saíamos da escola e íamos para nossa “hora doce”, nós comíamos sonhos toda tarde.
Nesse momento, Chelsea invadia a sala, saltitante, tagarelando como sempre em direção à Bill. Eu nem sabia o que era sonho, esse de comer. Anne adentrou atrás dela com sua máquina fotográfica, tirando fotos de nós a cada respiração. E logo atrás de Anne, uma pequena estranha criatura, com a pele totalmente diferente do que era hoje de manhã.
A Benjamin, antigamente super branca, ainda estava meio branca, mas suas bochechas formavam um perfeito círculo vermelho, o nariz também estava um pouquinho vermelho e a pele parecia sensível. Ela também estava andando diferente. Respirando arduamente. Ela havia tomando um banho, pois seu cabelo estava molhado e escorrido, formando ondinhas molhadas, e usava um vestido de verão bem fino, azul escuro, com sandálias. Estava linda. Simples. Linda.
Virei o rosto para Georg e Gustav. Para o teto, o chão, as paredes, o sofá e as minhas mãos. Eu olharia para tudo, menos ela.
– O que aconteceu, Jus? – Gus perguntou.
– Você está falando das manchinhas vermelhas? Ah, Gus, até parece que não conhece a leite azedo da sua prima, olha só, ela fica no sol e acontece isso, e principalmente porque não passou protetor, essa criatura idiota, foi pro sol sabendo que tem esse probleminha...
– Cala a boca, Chel! – Jus gritou, ela deve ter ficado corada. – Quando eu fico no sol, eu fico corada.
– Eu não sabia – Gus disse lentamente e com cara de tacho – Na Alemanha quase não tem sol, como ela poderia se queimar.
– Resolvendo um problema em uma frase: Chelsea é a única que não consegue. – Bill gargalhou.
– Mas você está extremamente vermelha! – Georg comentou.
– Eu sei disso, obrigada por notar! – Julia falou meio brava, cruzou os braços e saiu andando pela sala até o sofá na minha frente, onde se jogou, logo depois gemendo. – Ahhh, isso é tão gelado!
– A pele dela está sensível. Sempre fica assim. – Chel começou, mas Bill (Abençoado seja Bill) tapou a boca dela antes que ela continuasse tagarelando.
– Além disso, eu estou morrendo de dor de cabeça!
– Eu trouxe um remédio para essas coisas, Jus. – Anne afirmou – Está no nosso quarto, aqui está a chave, sobe lá e pega.
– Não! – Georg negou no mesmo segundo e todos ficamos olhando para ele – Ér, o quarto está meio bagunçado.
– Aquela bagunça que nós fizemos de tarde? Eu dei um jeito. – Anne falou rapidamente, mas Georg estava corado.
Todos ficaram e silêncio por segundos e nos desatamos a rir da cara de Georg.
– Você também tem alguma prancha de alisamento? – Chelsea perguntou – Ah, óbvio que tem! É que eu estou precisando!
– O Georg empresta. Eu deixo pegar. – Anne sorriu.
– Até eu te espancar! – Georg disse rapidamente.
Anne se virou para o baixista e fez uma careta com as mãos na cintura.
– Você vai me bater?
– Vou te bater! – Georg gritou.
– Por que vai me bater?
– Para você aprender!
– Vai me bater aonde? – Nesse momento, Anne já estava prendendo a gargalhada, e Georg via isso, e começou a rir também, mas respondeu.
– Na cama, droga!
Georg saltou do sofá e avançou para Anne, que soltou um gritinho agudo e começou a rir quando ele a pegou no colo pelas coxas, fazendo com que ela ficasse maior em seu colo e eles se beijaram.
– Pervertidamente para as crianças presentes na sala, Georg. – Eu comentei.
– Você se refere a você? – Julia me encarou.
– Me refiro a você.
– Não sou criança!
– Você é minúscula.
– Cala a boca, Kaulitz!
Bill tapou a minha boca antes que eu pudesse revidar para Julia, e ela agradeceu com um sorriso ao meu irmão.
– Veja só, Ge, estamos iguais aos Schäferlitz. – Anne comentou baixinho para Georg, o mesmo riu.
Schäfer e Kaulitz. Eu ouvi uma mistura desses nomes?
– Que? – Eu e Gustav exclamamos juntos.
– É! – Sorriu radiante Anne – É a junção de Schäfer e Kaulitz.
– Sabe, você e Julia. – Georg completou colocando Anne no chão.
– Por que vocês falam essas coisas quando eu estou aqui? – Eu quase gritei fazendo uma careta. Nesse momento, Julia escondia seu rosto em alguma almofada como se não quisesse me encarar com o rosto tipo “eu realmente deixei minha amiga inventar isso”.
– Eu e Bill também temos um apelido? – Chelsea perguntou sorrindo.
– Não. São só para casais fodas como eu e Georg, Jus e Tom. – Anne soltou essa e eu abri a boca em círculo.
– Casal? Eu e a Schäfer? – Eu exclamei.
Eles me ignoraram. Julia foi a única que levantou a mãozinha concordando comigo.
– Ser a namorada de mim, Bill Kaulitz, não é ser um casal foda? Eu sou o cantor! – Bill brigou.
– Senhor narcisista – Eu comecei olhando para meu irmão – Eu sou seu irmão! E o guitarrista!
Me ignoraram novamente. Benjamin gargalhou da minha cara.
– Eu posso inventar um, mas vai ficar estranho. – Anne disse – Vamos ver... Seu nome é Hölt. Pode ser Höltz.
– Não está estranho! – Chelsea e Bill disseram ao mesmo tempo.
– É que pode ser tanto Bill quanto Tom com o sobrenome Kaulitz. E quando é Schäferlitz, não tem como pensar no Bill e na Jus, porque ela é do Tom.
Eu olhei com a cara de tacho para Anne. Bom saber que a Benjamin é minha.
– Eu sei quem é o meu par, Anne. – Eu disse.
Então me dei conta do que tinha dito, todos estavam olhando para mim, inclusive Julia, com os olhos esbugalhados.
– Eu... E–Eu quis dizer que sei que a Chelsea é do Bill também! – Falei rapidamente, mas esqueci de tirar o “também” da frase. – Não tenho par! Sou um cara sem compromissos!
– Kaulitz, existem horas que tentar se explicar piora! – Julia grunhiu.
Os meninos riram baixinho.
– Afinal, Jus, você vai pegar ou não os comprimidos e a prancha? – Georg perguntou, rangendo os dentes quando disse o nome da sua preciosa.
– Estou indo. Dor de cabeça me dá preguiça.
Julia levantou um pouquinho tonta e Gus segurou seu braço antes que ela caísse. Ela agradeceu timidamente.
– Tom, você não está fazendo porra nenhuma, fica de olho na Jus. – Disse Gustav.
– Que? – Exclamamos juntos – Não! Por quê?
– Porque você está quase desmaiando. – Gustav respondeu.
– Vem você, Gustie! – Julia pediu fofamente.
– Estou ocupado.
– Fazendo o que?
– Respirando!
– Ah que vontade de falar em português agora, não é Chelsea? – Ela começou e depois falou umas coisas incompreensíveis por mim, que fizeram Chelsea rir até ficar vermelha e sentir dor no estômago. – %#%&*¨%$#!!!!
É pecado xingar o primo, mas quem liga pra pecado?
Julia saiu arrastando os pés murmurando algo sobre “Já entendi que Gustav não quer vir comigo”. Eu joguei a guitarra para o lado e me arrastei atrás dela, em silêncio enquanto a sala voltava a conversar alegremente.
Eu olhava com cara de tacho para todos os lados para não notar o movimento das pernas nuas de Julia, ou até mesmo como seu cabelo balançava.
A Benjamin encostava–se no elevador, parecia muito cansada, mas estava tão linda com aquelas bochechas coradas. Entramos no quarto de Anne e Georg e ela pegou as coisas necessárias, parecendo um pouco preguiçosa ou até mesmo fraca ao se esticar e pegar os comprimidos.
Voltamos com a mesma lerdeza, eu coloquei as mãos no bolso indo atrás dela. Julia parou na porta do elevador quando ele se abriu e eu entrei, esperando que ela entrasse. Ela olhou para o chão e respirou pesadamente, eu inclinei o rosto.
– Você está bem? – Perguntei.
Mas ela não me respondeu, soltou os comprimidos e suas pernas ficaram bambas, que ela caiu sentada no chão e levou as mãos imediatamente para a cabeça. Eu saltei do elevador e me abaixei, e sem nem mesmo avisar, (ela estava consciente, estava de olhos abertos) a peguei no colo. Ela fechou os olhos quando entramos no elevador. Meu coração batia acelerado com ela no meu colo.
Notei que sua temperatura estava muito mais alta, encostando minha testa na sua e sentindo sua respiração perto da minha, mas agora não era hora de pensar besteira.
– É normal ficar quente assim mesmo depois da reação alérgica ao sol? – Eu arqueei a sobrancelha.
– Não, seu cachorro estúpido... – Ela disse fracamente – Eu estou com febre!
– Ah certo.
Eu corri quando as portas do elevador se abriram, de olho na forma cansada que Julia fechava os olhos.
Não desmaia. Não desmaia, minha pequena...
Gustav foi o primeiro a notar que algo estava errado quando eu entrei na sala com Julia no colo. O resto foi uma completa confusão, todos falavam juntos e tentavam pegar Julia do meu colo. Eu grunhi, fazendo todos eles calarem suas bocas e a coloquei no sofá, passando a mão pela sua testa.
– Alguém, por favor, vá buscar um termômetro. – Disse.

Postado por: Grasiele

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