sexta-feira, 13 de abril de 2012

By Your Side - Capítulo 7 - Estonteante

"Os últimos dias foram cheios. Ficar com os garotos realmente não é uma tarefa fácil. Todos os dias se tem algo para fazer, mas nesses últimos dias eu venho ficado com Chel aqui no apartamento mesmo ou na casa dela. Eu e Tom não parávamos de brigar, até aquele dia quando Jost chegou com aquela notícia"...
Eu estava escrevendo no meu fichário quando alguém bateu na porta. Abaixei a tela do meu notebook e mandei entrar. Gustav abriu um pouco a porta.
– Jus, eu sei que é difícil, e você não sabe como é para mim. Eu disse para seus pais que iria tomar conta de você, mas isso foi imprevisível. Pensávamos que o álbum chegaria antes disso e eu não quero que você volte para o Brasil tão cedo.
Eu sorri sem vontade. Chel passou a mão pelo meu cabelo delicadamente.
– Não tenho opções não é? Os shows vão começar e eu não vou conseguir acompanhar a turnê de vocês.
Pois é, a turnê estava chegando antes de o álbum ser lançado. E com a turnê, vem viagem que parece ser interminável, tortura com um ônibus de apenas um banheiro, festas e mais festas, paparazzis e tudo mais. Eu deveria voltar para o Brasil já, e esperar o álbum chegar até as lojas, e talvez nunca ter a chance de assistir a um show.
– Na verdade, tem sim. - Gustav e Chel disseram juntos e depois caíram na gargalhada.
– Você pode ficar... - Começou Gustie.
– Comigo! - Chel terminou.
Eu sorri, mas Chel sabia bem que a minha questão não era ficar na Alemanha ou não. Eu a encarei, e ela entendeu.
– Erm... Gust, você pode nos dar licença? Eu tenho um assunto para conversar com a Julia e...
– Tudo bem, tudo bem. Estou saindo. - Gustav fechou a porta rapidamente rindo.
Chel foi atrás da porta e fechou com chave e depois começou a falar em português comigo.
– Eu sei que você quer ficar com ele...
– Eles - Eu a corrigi.
– Tanto faz. Mas veja só, se ficar comigo, daqui a um tempo eles vão voltar, e se fizerem um show em Magdeburgo você poderá assistir.
Mas eu não queria que fosse assim, eu, obviamente, queria algo mais impossível de acontecer.
– Eu não poderia ir à turnê com eles? - Ela fez uma careta - Eu já sei impossível.
– Só se você acreditar que é. - Ela piscou um olho abrindo a porta e gritando: - BILL!
– Que diabos você vai fazer?
– Dá licença, eu gosto muito dele, ué. – E saiu.
Abri o fichário e o notebook novamente. Comecei a escrever.
”... os meninos iriam começar amanhã a turnê do novo álbum chamado zimmer 483. Eu tenho duas opções, ficar com Chel ou voltar ao Brasil. Seria até uma boa, lembrando que eu só vim para cá para estar com Chelsea, mas eu me apeguei demais aos garotos. Acho que não vivo mais sem eles.”
Eu fechei o fichário sem mais vontade de escrever. A cama de Chel já estava arrumada, ela poderia ir dormir quando bem entendesse. Coloquei o notebook de lado, e me cobri para dormir. O bom foi que a inconsciência chegou rápido, mas eu estava mesmo dormindo?
Talvez eu não estivesse dormindo, porque sentia os minutos se arrastando e Chel ainda não estava deitada. A porta se abriu e eu esperei que ela começasse a falar sem se preocupar que eu estivesse ou não dormindo. Mas isso não aconteceu.
Ouvi aqueles passos largos e abri lentamente os olhos. Eu não tinha a melhor visão sem lentes de contato, já disse isso. Eu podia ver borrões, e o quarto escuro dificultava mais ainda.
– Eu sei que estou sendo estúpido por isso. Se você estiver acordada, provavelmente vai me matar amanhã, mas eu simplesmente não conseguiria fazer isso... Se você não estivesse inconsciente. Então é melhor que esteja.
Ao ouvir aquela voz, senti um arrepio percorrer minha espinha. Eu não precisava mais tentar enxergar para saber quem era. Fechei os olhos e apenas avaliei a situação com meus ouvidos. Ouvi o som dos pés batendo na madeira quando se aproximava, e depois o estalo dos joelhos dele quando se abaixou, e depois o som da sua respiração perto do meu rosto...
– Eu só posso ter problemas como ela mesma disse... Ela é muito...!
Ele não completou a frase, mas logo em seguida tocou a ponta dos dedos em minha bochecha. Eu iria começar a sorrir e precisei levar a coberta acima do meu nariz para que ele não percebesse isso, e com certeza achou que era um gesto inconsciente meu.
– Que merda eu estou fazendo? – Disse o Kaulitz mais velho para si mesmo – Se ela acorda e me pega no quarto dela... – Eu ouvi sua risada baixa e pervertida e repetiu: - Me pega no quarto dela... Caramba, eu preciso parar de ter esses pensamentos para cima dela.
Ele falava sozinho, e parecia não notar estar fazendo carinho no meu cabelo despenteado. Eu acho que vou dormir, ele faz carinho tão bem.
Eu pensei em arriscar e falar com ele. Não parei para pensar duas vezes.
– Tom...? – Se liga na técnica, eu disse “Tom” e não “Kaulitz”.
Não vi sua reação, mas ele demorou para responder.
– Shiu, dorme de novo, ok? – E ele riu – Espera, você está sonhando.
– O que você está fazendo aqui? – Perguntei fazendo voz de sono.
– Eu vim te ver, porque amanhã eu vou embora – Novamente riu – Cara, como eu sou cara-de-pau.
– Mas eu pensei que você não gostasse muito de mim – Arrisquei tirar minhas duvidas fingindo estar sonhando. Com certeza, iria rir disso no futuro. Que o Kaulitz nunca, NUNCA, saiba disso.
– Você se tornou parte da minha família, querendo ou não, estou tendo essas reações contrárias por você.

Eu sorri embaixo do edredom e Tom não pode ver.
– Volta a dormir, Julia – Meu sorriso se alargou quando ele disse meu nome.
– Uhum – murmurei.
Eu estava esperando que ele fosse embora, mas levei um pequeno susto, e sem querer abri os olhos, mas ele não viu. Tom encostou os lábios nos meus e fez força como se realmente quisesse me beijar. Eu fechei os olhos antes que ele abrisse os dele. Depois eu ouvi a porta bater, e Tom tinha ido embora. Eu dormi sem esperar que Chel voltasse, sentindo o carinho no meu cabelo como se ele ainda estivesse lá.

–/-

Naquela manhã, eu abri os olhos um pouco eufórica. A noite anterior martelava até em meus sonhos. Será que foi real? Eu pensava.
Mas, espera... Ele tinha dito que iria embora logo pela manhã!
Eu me levantei pulando da cama sem nem me preocupar com cabelo e pijama. Abri a porta fazendo barulho e atravessei correndo o corredor vazio. Eu só esperava que não fosse tarde demais.
Sim, é claro que alguém tinha que entrar no meu caminho e como eu sou a senhora equilíbrio, caí em cima desse ser humano, mas me seguraram antes de chegar ao chão, porque minha sorte né...
Eu nem me preocupei em saber quem tinha me segurado. Desde que fosse realmente Bill na minha frente, ninguém iria embora sem o cantor.
– BILL! Você ainda está aqui! – Eu tentei esticar meus braços para tocá-lo, mas me dei conta de que estavam presos, e também de que Georg me segurava antes de chegar ao chão. Ele me colocou em pé e checou meu equilíbrio. – Estou bem, cara.
– Eu espero – Georg disse baixo e a voz de Bill passou por cima dele.
– Sim, estou, Jus. Todos estamos, ou parte de todos.
Eu fechei a cara.
– Parte? – Bill na minha frente, Georg do meu lado e Gustav no sofá, sim, ele não estava lá.
– O Tom já foi para o estúdio do David resolver algumas coisas da turnê. Acho que foi checar alguma brecha para a próxima semana quando você e Chel voltarem para Magdeburgo para você voltar ao Brasil. – Respondeu rápido Bill.
Só mais uma semana com eles... Com eles? Epa! Eles vão entrar em turnê... Eu perdi segundo pensando.
– Bill... – Eu comecei, mas sabe como é ele não pára de falar.
– Julia! Você pensou que iríamos embora sem te falar que...
– É, pensei Bill. Eu acordei desesperada para vir me despedir. – Eu disse.
– Despedir? – Georg disse alto e depois soltou uma curta gargalhada – Julia, você vai com a gente.
Eu olhei para os garotos na sala. Todos sorriam esperando minha reação.
– Tipo, num ônibus, indo de hotel em hotel pela Alemanha com quatro garotos? – Eu perguntei.
– E uma garota, né Jus. – Eu me surpreendi com as mãos geladas de Chel nas minhas costas. Ela passou por trás de mim e ficou ao lado do Bill – Eu também vou.
– Jus, eu disse para seus pais que iria ficar com você, então você vem comigo e os garotos – Gustav disse.
– Mas Chel...?
– Ah vai! Eu precisava me divertir um pouco, e então Bill veio me convidar. É claro que eu aceitei. Vai ser legal. – Chel disse.
– Sim, vai. – Eu sorri confiante. – Vou me arrumar me esperem. Ah – Eu me apoiei nos ombros de Georg – Obrigada, Gê, por não me deixar cair. – Beijei seu rosto.
Voltei correndo para meu quarto, seguida por Chelsea e me imaginei como naqueles filmes, duas meninas sorrindo e correndo. Eu ri do meu próprio pensamento.
– Chel, admite que a culpa disso seja sua! – Eu disse em português porque minhas conversas são secretas e os garotos são bisbilhoteiros.
– Eu juro Jus. Não tenho nada haver. Fui ontem ao quarto de Bill se lembra? Estávamos deitados conversando quando ele perguntou se eu gostaria de começar a turnê com eles, mas claro, ele disse que voltaríamos nós duas na semana que vem, porque você vai voltar ao Brasil e eu perguntei de volta se você iria e ele disse que era obvio porque você é a estrela principal nisso tudo, mas tudo bem para mim...
–Tá, tá. Já entendi. Meu Deus, garota! Você não pára de falar igual ao Bill!
– JUS!
– QUE FOI? – Não, ela me gritou como se tivesse visto um fantasma.
– Você – Chelsea fez uma cara safada do tipo quando você está pensando besteira – vai ficar coladinha com o Tom!
Eu quase bati naquele demônio branco e loiro da minha melhor amiga. Evidentemente, não pude evitar sorrir de lado, só de pensar em estar com o Tom, brigando ou não, eu sorria que nem boba.
Eu amava a forma que ele dizia Schäfer gritando, ou até mesmo Benjamin quando Gustav estava por perto. Tem alguma coisa nos seus lábios que se posicionam para dizer meu nome, isso me deixa eufórica e nem posso pensar no piercing...
– Ju, Jus, Julia... JULIA! – Chel me tirou do transe.
E eu estive esse tempo todo parada na frente da porta do meu quarto sem fazer nada, é, foi realmente estranho.
– Você estava pensando no Tom, que eu sei. – A loira abriu a porta do meu quarto e me puxou para dentro, porque já tinha começado a falar em alemão novamente.
– Chel, você só pensa nisso? Já passou pela sua cabeça que eu possa estar pensando nos meus pais no Brasil sozinhos sem mim, ou talvez como será minha viagem na semana que vem?
– É já pensei, mas quando você pensa no Tom é diferente, dá para perceber.
– Hallo?
– Minha pequena Jus... Quando você está pensando no Tom você não tem foco no olhar, deixa a boca um pouco aberta – eu levei a mão até a boca – Sim, ela fica entreaberta, e não posso esquecer-me de citar que você fica vermelha.
– Ok,eu já entendi. É eu estava pensando no Tom.
Chel continuou falando alguma coisa, mas eu parei de prestar atenção e comecei a me concentrar em arrumar a mala. Tirei algumas coisas sem necessidades e deixei a camisa do Tokio Hotel, porque eu sou Jus e gosto de chegar perto do limite e me safar, dependendo da minha sorte. Acho que lá no fundo eu estava com vontade de contar, só não podia porque eu sabia da conseqüência.
Todos os garotos e Chel já estavam prontos na sala, estavam apenas me esperando. Descemos todos juntos e como no dia do estúdio, um carro preto nos esperava na garagem no apartamento. Entramos todos no carro.
– Agora vamos para um aeroporto pegar o próximo vôo para Berlim, capital da Alemanha, onde começará nossa turnê. – Disse Bill.
– E nós temos um taxista que nos leva para todos os lugares. É só ligar e ele fica lá em baixo no hotel te esperando – disse Georg
– Eu gosto do James – Gustav falou pela primeira vez que entramos no carro.
– Ai que medo – E uma coisa dessas, só a Chel poderia ter dito – O nome do taxista é de mordomo assassino dos filmes de terror.
– E o James Bond? – Bill perguntou.
– Aí é outra história. – disse Chel ficando vermelha e todos riram.
Os dias com os meninos me fez descobrir mil e uma coisa sobre eles, que eu não imaginava. Georg não é tão calmo quanto parece. Uma vez ele estava jogando guitar hero com o Tom e eu peguei por engano seu refrigerante na mesa. Eu ainda me lembro de dormir com dor de ouvido.
“- PÁRA O JOGO. PÁRA! JULIAAAAAAA MEU REFRIGERANTE, CARAMBA. TIRE AS PATAS SUA COISINHA MINÚSCULA, ESSE É MEU, MEU MEEEEU.”
Georg deu um chilique. É claro que depois veio pedir desculpas, mas foi engraçado ver o Listing se descabelando por uma lata de refrigerante próxima a minha boca. Depois disso ele perdeu no jogo, é claro.
A cada dia eu me impressionava mais, e meu amor pela banda não diminuía. Só aumentava a esperança de ver um show, ganhar um autógrafo e tirar uma foto. Essas coisas que uma fã normal faria não uma fã que dorme na mesma casa desses extraterrestres, que não anda de salto alto, tropeça com os próprios pés, tem uma disputa cerrada com Georg e seus refrigerantes e arruma uma terceira guerra mundial em plena Alemanha com seu guitarrista favorito.
O carro preto chegou ao apartamento onde estava localizado o estúdio de David Jost. Ele e Tom esperavam na portaria e Tom estava irreconhecível debaixo de touca, óculos e camisolas pretas. Os dois entraram no carro cumprimentando o pessoal.
– Hey, garotos! Chelsea; pequena-criatura-do-pântano. – Disse Tom se sentando do meu lado.
– Oi Kauli- Espera, ele me chamou de criatura do pântano – Ah, cala a boca, sua anta duplamente maior.
– Qual é! É o melhor apelido que eu já inventei.
– Kaulitz, se você quer me dar um apelido, pára em um só. Já contou quantos apelidos você me deu?
– Ei suas crianças – Georg chamou atenção – Já vão começar? Dá para esperar até o avião?
– O- O que? – Eu perguntei.
– Não sabia? Meu número é 27 e o seu é 28 – Tom riu sarcástico.
Eu retribuí com um sorriso seco e me calei para o resto do trajeto até o aeroporto.
Então seria assim? Um Tom Kaulitz calminho durante a noite e irônico durante o dia? Eu senti raiva de mim mesma por acreditar nas palavras daquela anta. Mas, por mais que eu pense assim algum momento, o sorriso angelical nada anjo dele sempre volta a aparecer na minha mente. Arg, como eu sinto ódio do Tom Kaulitz às vezes! Ele é tão... Errado, cheio de defeitos, chato. Muito chato.
Chegamos ao aeroporto em cima da hora do vôo. Eu e Chel precisamos nos distanciar dos meninos por causa dos paparazzis e fomos buscar cafés na StarBucks. Em um lugar longe dos paparazzis, os meninos esperavam na escada do avião para pegarem seus copos. Subimos juntos e ficou assim: Georg e Chelsea nos bancos 31 e 32, Bill e Gustav nos bancos 33 e 34.
– Parece que todos ficaram lá para frente e a gente aqui atrás. – Tom comentou fazendo o favor de carregar minha bagagem, porque eu nunca deixo que eles coloquem lá embaixo.
Normalmente (ou pelo menos nos vídeos que eu assisti) Tom e Bill se sentam juntos. Eu não sabia explicar o porquê de nos últimos dias, Tom tem ficado tão perto de mim por coincidência... Ou talvez nem seja tanta.
Olhei para os dois bancos que pareciam ser super-confortáveis da primeira classe com controle de televisão e fones de ouvido. Eu segui o olhar do Tom, e ele estava se corroendo de vontade de se sentar na janela. Acontece que tivemos a mesma idéia, na mesma hora. Rolou confusão.
Eu e Tom nos atiramos para o banco perto da janela. Mas eu fiz isso primeiro, ou seja, a anta do Kaulitz caiu em cima de mim! Meu Deus, como ele pesa! Eu respirei fundo antes de gritar com a voz abafada e precisei respirar o perfume estonteante do garoto. Nossa como eu adoro cair agora.
– KAULITZ SAI DE CIMA DE MIM AGORA!
Ele apoiou o braço no banco ainda em cima de mim e eu senti seus músculos se contraindo contra o meu corpo, que situação tensa. Ele afastou o rosto para ficar com ele bem de frente para o meu. Encarou-me sem reação por um instante e respondeu:
– Eu quero o banco da janela. Arrasta seu corpo para longe do meu banco.
Seu hálito contra meu rosto me deixou tonta. Eu já estava fechando os olhos quando me dei conta de que não podia reagir, não ainda.
– Bem que eu queria, mas você está em cima de mim. – respondi.
O rosto dele se aproximou, ele fechou os olhos com a proximidade como se fosse me beijar. Eu empurrei a barriga dele de alguma forma, porque segundos atrás minhas mãos estavam presas embaixo da minha mala que ele tinha deixado cair em cima de mim, também. O Kaulitz mais velho caiu entre o espaço do nosso banco e o banco da frente. Ele xingou baixinho e eu sorri, vencendo a pequena guerra dos bancos.

Postado por: Grasiele

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