sexta-feira, 13 de abril de 2012

By Your Side - Capítulo 4 - O Backing Vocal

Eu fiquei no meu quarto pelo resto do dia, e não duvido que Tom também esteja trancado no quarto dele. Mesmo quando os garotos chegaram, eu não saí de lá.
Alguém bateu na porta.
– Jus? – Era Gustav. Eu olhei no relógio de cabeceira, era tarde. – O Ge queria dar uma volta e acabamos parando em um bar, mas o Bill me contou que você ficou a tarde toda no quarto.
Silencio. Eu não respondi, não havia o que responder.
– Aconteceu alguma coisa? – Segundos depois ele bate com o punho na porta – O Tom fez alguma coisa?
Agora eu poderia mentir de duas formas, ficando quieta e dizendo que não aconteceu nada. Mas eu fui lenta demais.
– Eu vou falar com ele.
Levantei-me rapidamente da cama e abri um pouco a porta, a tempo de puxar o punho de Gustav antes que ele batesse na porta da frente.
– Gustie, não aconteceu nada. – Eu tentei sorrir – O hambúrguer me fez um pouco mal e eu quis ficar no quarto.
Em geral, é fácil mentir para Gustav.
– Tudo bem, mas quando acontecer algo você me conta, certo? – Ele falou como se esperasse que algo fosse acontecer.
Antes que eu pudesse responder, a porta da frente se abriu, mas não foi Tom quem saiu, foi Bill. Ele fechou a porta e passou por trás do Gustav me encarando como se soubesse de algo, depois entrou em seu quarto.
– Certo – eu respondi e sem deixar que ele falasse mais alguma coisa, fechei a porta do quarto.

Eu não ouvia mais barulhos fora do quarto, pareciam que todos estavam dormindo. Tomei um banho e coloquei meu pijama, mas não estava mais com tanto sono, porque fiquei a tarde toda dormindo e acordando.
Revirei-me várias vezes no escuro do meu quarto, mas o sono não queria vir! Eu me sentei na cama bufando, então ouvi um barulho do lado de fora do quarto e depois um eco de violão como se alguém tivesse batido um violão na parede. Eu me levantei da cama e fui até a porta do quarto bem a tempo de ouvir a pessoa xingando.
Depois de alguns segundos, os passos no corredor acusaram que a pessoa estava se afastando para o corredor. Eu abri a porta lentamente, porque minha curiosidade é incrível.
O corredor estava escuro para variar, mas depois a luz do abajur da sala se acendeu e eu segui o garoto até a porta da sala. Eu pude ver apenas sua silhueta, porque a luz não era suficiente e ele estava de costas, mas com um cabelo cheio de dreadlocks como aquela, só podia ser o primeiro Kaulitz.
Já estava voltando ao meu quarto quando ele começou a tocar o violão. Um ritmo forte, e muito aconchegante, mas eu não posso começar a citar as notas, até porque eu nem sei tocar violão. E então começou a cantar, com a voz um pouco rouca que ele tem, mas era de certa forma, sexy.
Keiner weiß wie's dir geht (Ninguém sabe como você está) Keiner da der dich versteht (Ninguém lá entende você) Der Tag war dunkel und allein (O dia estava escuro e solitário) Du schreibst Hilfe mit deinem Blut (Você escreve socorro com seu sangue) Obwohl es immer wieder wehtut (Embora isso sempre lhe machuque de novo) Du machst die Augen auf und alles bleibt gleich (Você abre seus olhos e tudo permanece igual)
Eu resolvi me sentar no chão do corredor e ouvir Tom tocando seu violão perfeitamente bem, e ainda cantando. Quantas fãs estariam rindo descontroladamente ouvindo Tom imitar o Bill.
Ich will nicht stör'n und ich will auch nicht (Eu não quero incomodar e eu também não quero) Zu lange bleiben (Ficar por muito tempo) Ich bin nur hier um dir zu sagen (Eu só estou aqui para te dizer)
Prestei atenção na letra, era nova, eu nunca tinha ouvido, mas era linda, quero dizer, tinha muito o estilo do Bill. E quando ele parou de tocar, eu pensei que tinha ouvido o som da minha respiração, mas então continuou, e aquele devia ser o refrão.
Ich bin da, wenn du willst (Eu estou lá, quando você quiser) Schau dich um dann siehst du mich (Olhe em volta, então você me verá) Ganz egal wo du bist (Não importa onde você está) Wenn du nach mir greifst dann halt ich dich (Se você me alcançar então segurarei você)
Eu já sabia o nome dessa musica. Era An Deiner Seite. Bill precisou voltar à gravadora hoje de manhã para regravá-la, e ali estava Tom cantando-a não exatamente para mim, mas eu estava ouvindo.
Ich will nicht stör'n und ich will auch nicht (Eu não quero incomodar e eu também não quero) Zu lange bleiben (Ficar por muito tempo) Ich bin nur hier um dir zu sagen (Eu só estou aqui para te dizer) Du bist nicht alleine (Você não está sozinho) Ich bin an deiner Seite (Eu estou ao seu lado)
Para meu azar, eu apoiei meu braço no joelho sem desviar os olhos de Tom, e acabei batendo com o braço no chão de madeira, fazendo barulho e chamando a atenção de Tom para mim. Ele fez uma careta.
– Julia.
Eu agradeci mentalmente por estar escuro e ele não poder me ver corando. O que eu respondo?
– Oi – olhei para os lados em busca de alguma coisa que servisse de desculpa por eu estar aqui – Oi Tom.
– Você estava me espionando. – Ele disse isso como se tivesse certeza, eu já iria protestar desesperadamente, mas ele falou primeiro – Não basta se derreter por um abraço, ficar paradinha esperando pelo beijo, ainda precisa vir me espionar durante a noite.
Eu fiquei roxa, não só vermelha, eu fiquei roxa.
– Você é idiota? – Falei alto demais e ele me olhou sério – Não sei de onde tirou esse negocio do abraço, e foi você quem me deu um selinho! Eu estava deitada sem sono e ouvi um barulho, então vim até aqui e vi você cantando sei lá o que.
Agora foi a vez de o Kaulitz baixar a guarda e ficar sem resposta. Eu tive vontade de rir, é uma das poucas coisas que eu sei guardar a vontade.
– E agora você fica caladinho porque sabe que eu estou certa, não é, Kaulitz?
– Agora que você viu quem era, já pode voltar para seu quarto. – Ele disse, e se virou de costas novamente, sem tocar nada no violão.
Eu continuei parada, como se esperasse que ele me dissesse algo mais, ou pedisse desculpas, mas não há o que se esperar do Tom. Na internet parece que ele é previsível demais, mas conviver com ele é mais complicado, você não sabe o que esperar.
– Eu ainda não ouvi seus passos.
Eu me senti expulsa, mas voltei ao quarto sem chorar. Tranquei a porta com chave e me deitei na cama. O sono finalmente tinha voltado, mas eu permaneci vegetando entre o sono e a sanidade por mais tempo, até ouvir alguém tentando abrir minha porta, mas não foi motivo para que eu me levantasse, pois estava trancada. Desistiram de tentar abrir e eu adormeci finalmente.

Hoje eu fui acordada. Meu celular tocava alto embaixo do meu travesseiro, era o som da Chelsea.
– Alô? – Eu murmurei.
Chelsea começou a falar desesperadamente em alemão, e eu não entendia uma única palavra.
– Começa de novo, por favor. – Eu tinha toda a paciência com Chelsea.
Julia! Pode fazer o favor de autorizar minha entrada no prédio? Esse porteiro não quer me deixar entrar, dizendo que eu sou uma fã maluca, e disse que se eu colocasse o pé dentro ele chamaria a polícia.
– Chel, que prédio?
DOS SEUS AMOREZINHOS, ORA!
– Espera… Você está aqui embaixo? – Eu me levantei passando a mão no cabelo.
É, eu estou. Também estou te esperando abrir a porta! – E ela desligou na minha cara.
Prendi o cabelo em um coque mal feito enquanto corria pelo corredor ainda de pijama. Quando cheguei à porta, percebi que todos já estavam acordados, e olhando para mim. Gustav estava vermelho.
– Bom dia! Espero que não se importem, mas uma amiga está lá embaixo e pediu para eu autorizar a entrada. – Falei abrindo a porta do apartamento.
– Espero que não se importe, mas você não vai descer com esse pijama curto! – Gustav falou no seu tom de voz normal, mas severo.
Regra nº 1 – Não use roupas curtas.
Eu sorri de forma sarcástica para Gustav.
– Que pena, mas eu não posso demorar, senão Chelsea me frita viva, priminho. – Eu saí correndo pelo apartamento, mas tive tempo de ouvir a voz de Georg um pouco mais alta que o normal.
“Tom, para onde você vai?” E segundos antes de entrar no elevador eu vejo um Tom Kaulitz sem camisa na porta. Ele jogou a camisa gigante para mim e a porta do elevador fechou antes que eu pudesse agradecer.
Os Kaulitz já eram muito grandes, e Tom usava camisas várias vezes maiores do que ele, logo aquela camisa vestiu como uma camisola em mim. Uma camisola do meu pai.
Passei pelos seguranças e vi o porteiro discutindo com Chelsea com um telefone nas mãos como se fosse ligar para a polícia.
– Hey! – Acenei para Chelsea. Ela acenou de voltar e o porteiro ficou em duvida profunda. – Ela está comigo.
– De onde você veio? – O porteiro me perguntou.
– Eu sou prima do Gustav, cheguei anteontem. – O porteiro pareceu se lembrar de mim. – Pode deixar ela passar.
Chelsea entrou correndo e me abraçou. Tanto tempo que nãos nos víamos, ela estava simplesmente linda. Sempre foi muito parecida com uma legitima alemã, mas também era filha de brasileiro. Olhos claros, cabelos loiros e pele pálida.
– Nossa, Julia! Você quase não cresceu! – Eu dei um tapa na cabeça dela.
– Cresci sim, mas você cresceu mais, Chel. Vamos, eu acabei de acordar com o seu toque irritante, e essa camisa nem é minha.
Chel avaliou a camisa e me olhou desconfiada.
– De qual deles pertence?
– Ao Tom… – Ela me deu um leve soco no braço e eu fiquei vermelha. – Garota você precisa parar de ter pensamentos pervertidos assim.
Eu convenci Chelsea de ir de escada para informar o que ela iria encontrar dentro do apartamento.
– Você conhece o Gustie. Nesses dois últimos dias ele está bem diferente comigo, mas mandão, sei lá. Deve ser por causa dos garotos. E tem o Georg. Até agora minha conversa com ele não passou de “Oi, bom dia”, mas ele é legal. O Bill tem o meu estilo, não pára de falar, ele que escreve as músicas…
– Ah, falar em musica, eu ouvi algumas dos garotos antes de vir. – Ela sorriu - Ouvi Schrei, Durch Den Monsun e Beichte.
– E você gostou? – Ela acenou positivamente. - Então, tem o Tom, que eu já falei bastante para você. Cínico, chato, infantil e o mais importante, implicante. Mas acima de tudo isso, lindo e perfeito.
Chelsea riu.
– Eu ainda acho que você vai se cansar deles, Jus. E eu não disse o que queria se eu ganhasse. Se eu ganhar, você passa a ultima semana lá em casa.
Eu sorri, não era muito complicado e ficar longe dos garotos poderia me fazer bem, mas é claro que eu vou ganhar, e ela vai passar minha ultima semana se arrastando pela casa dos garotos junto comigo.
Já estávamos na porta do apartamento quando eu me lembrei do único detalhe que não poderia falhar.
– Chel… Eles não sabem que eu sou fã do Tokio Hotel.
– E quando você vai contar? – Eu a encarei, como se estivesse estampado na minha cara “nunca!” – Ah, entendi… Por quê?
– Porque Gustie é meu primo, e ele iria começar a me tratar de forma estranha se soubesse não como prima, mas como fã. E todos iriam se afastar de mim e desejar para que eu fosse embora mais rápido.
Entramos no apartamento, e os garotos ainda estavam na sala. Agora Georg e Tom estavam jogando Guitar Hero, Bill e Gustav sentados no sofá olhando para a tela.
– Garotos, essa é Chelsea. – Eu sabia que eles não estavam me ouvindo – Chel, Tom e Georg no Guitar Hero, Gustav você já conhece e Bill no sofá.
O jogo foi pausado por Tom que não estava mais sem blusa. Era estranho ver Tom, o guitarrista e Georg, o baixista na guitarra tentando acertar as notas do jogo. O jogo estava empatado. Uma nota errada e o outro ganhava, porque os dois eram incríveis.
– Não vai querer sua blusa de volta? – perguntei.
– Só depois que a maquina tirar seu cheiro dela – Ele respondeu ironicamente.
– Ah é, meu perfume não se mistura com seu fedor do pântano, Kaulitz.
– Muito engraçado, Schäfer.
Eu empurrei Chelsea pelos ombros para o corredor e quando o som do Guitar Hero invadiu o corredor silencioso, Chel comentou em português:
– Cara, eu não posso acreditar nisso! Como uma fã pode ficar na mesma casa que o ídolo e não fazer nada?! Isso é inacreditável! Você não demonstra NADA quando está com ele. E aquela conversinha lá na sala… Os outros poderiam achar que vocês são irmãos, namorados, qualquer coisa menos ídolo e fã!
– Eu posso ser atriz, não é?
– Concordo.
Novamente o jogo foi pausado, mas o telefone estava tocando. Eu ouvi Bill atender e cutuquei Chel para que ela prestasse atenção na conversa.
– O que? Eu esqueci completamente! Ok, eu vou avisar aos garotos e descemos em quinze minutos. Tchau, Jost. - Alguns segundos de silencio e Bill voltou a falar. – Alguém nesse apartamento sabia que hoje nós vamos gravar em meia-hora a última musica do álbum?
– Mas não foi ontem? – Era a voz de Tom.
– Eu re-gravei An Deiner Seite ontem. Hoje é a vez da musica pervertida do Tom e aí fechamos o álbum.
– Reden? Ela nem é tão pervertida. – Tom comentou.
Eu não ouvi o resto da conversa. Olhei para Chelsea e ela começou a balançar a cabeça negativamente.
– Ah, sim. – Eu disse.
– Não mesmo. Eu vim para ficar aqui e não ir a um estúdio de gravação.
Chelzinha, minha princesa você vai nem que eu tenha que te arrastar junto. – Eu sorri malvadamente.

Postado por: Grasiele

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