sexta-feira, 13 de abril de 2012

By Your Side - Capítulo 2 - Essa minha sorte

Acho que foi a minha sorte, aquela que sempre esteve muito por baixo. Nesse momento, eu desejei mil vezes estar no Brasil, onde se eu caía alguém iria rir de mim, e não ficar em silêncio.
Então antes de eu alcançar o chão, alguém me segurou pelas costas com uma mão em minha cintura e a outra em meu ombro. Rapidamente me puxou para trás e me soltou depois que se certificou de que eu estava em pé.
Eu observei a sala que agora estava em silencio me observando. Meu coração saltou algumas vezes. Bill Kaulitz estava sentado com uma lata de coca-cola nas mãos, do outro lado da sala com uma roupa exagerada com sempre.
Eu tive imensa vontade de tocar em seus fios de cabelo, que não eram mais a tela do meu computador. Eu podia sentir mesmo de longe a textura de seu cabelo só de o ver como um leãozinho. Obviamente, ele devia ter acabado de sair de algum lugar importante.
E tinha o Georg com uma lata de uma bebida alcoólica que eu desconhecia, sentado ao lado de Gustav. Ele estava incrível, como sempre. Os cabelos lisos, a roupa colada no corpo deixando seus músculos á mostra e o jeans escuro, com um sorriso cômico estampado no rosto.
Se ali estava Bill, Georg e Gustav…
Eu me virei e me surpreendi com Tom, que mantinha uma expressão assustada e confusa no rosto, como se nunca tivesse visto uma brasileira que usa salto alto e samba, tropeçando com os próprios pés como eu. Era cômica, e eu quase sorri, mas aí me lembrei que ele era Tom Kaulitz, e mentalizei em manter minha respiração baixa.
O Kaulitz me salvou de um lindo tombo. O Kaulitz me salvou… O Tom Kaulitz.
O guitarrista voltou a sua expressão séria como eu sempre via em fotos – então não era marketing - e olhou nos meus olhos. Um arrepio percorreu minha espinha. Era ele, estava bem ali, não em milhas de distancia, apenas em passos. Estávamos tão próximos.
Eu não tive tempo nem de respirar, e ele se virou e passou por mim andando, e eu – com aquela cara de boba – acompanhei seus movimentos observando sua altura e tentando relacionar com os números que eu vi na internet. Não, ele tinha muito mais que 1,88, ou eu devo ter me dado conta de que sou muito baixinha.
Tom vestia como sempre uma camisola – não exatamente. Uma grande blusa azul marinho, calças jeans largas e um tênis muito parecido com o meu. Eu já devia ter visto aquele boné branco em alguma foto e seus dreads pareciam mais reais do que nunca.
– Jus.
Eu me despertei de um transe e olhei para Gustav, ainda o único que me chamava assim.
– Huh?
– Bill, Georg e… – Gustav foi rápido apontando levemente para os meninos, e eu tentei sorrir sem parecer muito exagerado, enquanto os garotos sorriam de volta para mim. –… Tom. Não se aproxime dele. – Ele terminou a frase sem sorrir.
Então eu ri da brincadeira, mas ninguém estava rindo, além do Tom, de uma forma bem pervertida por sinal. Ele inclinou a lata de coca na minha direção como uma espécie de cumprimento.
– Oi… Meninos. – Hesitei um pouco antes de caminhar em passos muito rápidos até a cozinha.
– Gustav – Tom começou – Eu acho que a garota do Brasil já sabe quem somos.
Eu já estava começando a ficar corada quando Gustav perguntou o motivo e Tom respondeu sobre a ligação em que eu perguntei se ele era o Bill.
A cozinha tinha um grande buraco para a sala, como nos bares e algumas cadeiras um pouco mais altas do outro lado. Eu abri a geladeira tentando me distrair, não olhar muito para os garotos na sala, tentando disfarçar a euforia de estar ali com os garotos do meu wallpaper do notebook.
A geladeira de astros do rock é bem assim: vazia. Você pode encontrar latas vazia de bebidas com nomes estranhos, porque na sua aula de alemão você não aprendeu bebidas alcoólicas, pode encontrar também creamcheese, ketchup, resto de pizza que antes se encontrava na sala e eu tenho certeza de que eles não vão comer depois. Ou seja, nada que te interesse.
A campainha tocou alarmante e eu me assustei. Com o tempo me acostumo.
– Deve ser o cara da pizza – Tom disse da sala.
– O cara da pizza não tem autorização para subir – Bill retrucou já desfilando para a porta, ele abriu a porta. – David!
Eu prestei atenção na hora que Georg, Gustav e Tom levantaram as cabeças para olhar a porta, onde David, o gerente se encontrava. Ele segurava três caixas de pizza em uma das mãos.
– Oi garotos. Trouxe a pizza. – David passou com a pizza por cima do leãozinho do Bill e colocou na bancada, me encarou estranhamente.
– David, nós acabamos de nos encontrar no estúdio. – Bill disse.
– Sim, mas você esqueceu umas folhas lá. Eu gostei bastante dessa aqui. – David se virou e mostrou algumas folhas brancas que tinha pegado do bolso.
– Minhas musicas! Mas essa é do Tom.
– Qual o nome? – David perguntou.
– Ainda não pensei… – Tom se levantou e pegou um pedaço de pizza – Sabe, eu gosto dessa musica. Canta um pouco, Bill. Eu mostrei ontem para você o ritmo.
Bill sorriu, pegou a folha e começou a cantar.
“Hallo, du stehst in meiner Tür (Olá, fica na minha porta) Es ist sonst niemand hier (Ninguém mais está aqui) Außer dir und mir (exceto você e eu) Ok, komm doch erstmal rein (Ok, primeiro a chegar limpo,) Der Rest geht von allein (o resto é por si só) In Zimmer vier, acht, drei” (No quarto quatro, oito, três)

Eu sorri escondida ao ouvir bem de pertinho Bill cantando uma musica nova. Sua voz fora dos microfones era tão mais vibrante e já podia sentir que a musica era suja só de ouvir o início.
Eu deixei escapar uma risada e Tom me ouviu. Sem expressão alguma, ele rodou a bancada e me encarou antes de abrir a geladeira e pegar uma lata de coca. Mas que infernos ele tinha?
Bill cantou mais algumas partes, ás vezes alternando e voltando ao mesmo lugar para alterar o tom de voz, ele fazia caretas quando a voz saía de forma estranha, eu segurei o riso. Assisti pacientemente como os outros Bill cantar. Foi lindo.
Depois de tudo isso, David se levantou do sofá onde ele e os garotos conversavam e veio até a bancada pegar outro pedaço de pizza. Eu já tinha comido a minha.
– Oi. – David sorriu gentilmente – Você é a namorada do Tom?
Eu engasguei. Espera, o Tom tem namorada?
– Com o que você quer dizer com namorada? – Perguntei de volta.
– Hm, você sabe… Uma noite, erm…
Eu senti vontade de gargalhar.
– Não, David. Sou apenas-
– A brasileira. Prima do Gustav que veio passar um tempo com a gente – Eu fui interrompida pelo Tom que ia até a geladeira para pegar mais um refrigerante.
Ele passava enquanto me olhava daquela forma estranha. A forma que ele me chamou, “brasileira”, “prima do Gustav”, “Garota do Brasil”. Parecia que tinha medo do meu nome.

As luzes já tinham sido apagadas ás quatro horas da manhã. Eu já estava no meu quarto depois de trocar de roupa para um pijama de frio, calça de moletom e uma blusa preta e colada no corpo de alcinha porque o quarto tinha aquecedor.
Fiquei sentada na cama com meu notebook aberto no MSN enquanto escrevia no meu fichário. Chelsea estava falando bobagens em português na página.
“Chel diz:
Juuuuus, como anda aí com seus garotos? Hihu :3
Jus diz:
Lol, sua tarada. Caaaaara, foi tão lindo hoje. Eu ouvi o Bill cantando uma musica que nunca tinha ouvido antes, acho que eles vão gravar-la, e tipo, o TOM! Foi hilário para mim, quando eu caí e ele me segurou, Chel.
Chel diz:
Sua tonta, saí por aí caindo e se oferecendo.
Jus diz:
Nein. É só… sei lá, ICH HASSE TOM! Eu odeio tanto ele por ele me fazer gostar tanto dele.
Chel diz:
Faço uma aposta, em duas semanas você se cansa deles.
Jus diz:
Apostado. Se eu continuar gostando, você passa minha última semana aqui em casa.”
Não tinha terminado de escrever minha próxima frase quando a alguém bate na porta de leve e a abre. Eu me surpreendi ao ver que era Tom.
– Que susto, Tom! – Inclinei meu notebook e me virei para a porta, Tom riu um pouco.
– Não fiz por mal.
– Sem problemas. O que foi?
– Eu gostei do quarto, de como Bill o decorou. Antes Gustav não tinha me deixado entrar, mas agora ele não está aqui e eu vim ver. Também gostei de você.
– Que?! – Por um instante, meu coração parou de bater e eu senti a falta do batimento.
– Erm, você não é tão estranha como eu imagina, não é histérica nem fala como uma criança da sua idade. – Tom Já mexia na porta como se quisesse ir embora.
– Obrigada… Eu acho.
– Por que “Eu acho”?
– Você tem alguma coisa contra a minha idade. Ei, eu não sou uma criança. Você tinha minha idade há dois anos.
Eu tinha me esquecido completamente de que não devia saber sobre a idade dele! Eu tinha que fazer algo rápido para disfarçar e não deixá-lo pensar nas últimas palavras.
– Ahn! Algo caiu no meu olho. – Menti descaradamente.
Tom entrou totalmente no quarto e se aproximou com a mão estendida murmurando algo inteligível em alemão, ou eu não prestei atenção suficiente para traduzir.
– Já volto!
Entrei na porta ao lado da minha cama, no banheiro e me olhei no espelho. Eu estava sem sutiã! Era o fim! Tom bem ali no meu quarto e eu toda descabelada sem sutiã com uma blusa colada no corpo, e repara: sem maquiagem.
Ajeitei o cabelo prendendo-o no rabo de cavalo mal feito que me deixava com um estilo um pouco mais a vontade e lavei o rosto para melhorar a farça. Voltei ao quarto e Tom estava próximo a cama parecendo um pouco tenso.
– Tudo bem? – Perguntei desconfiada.
– Aham, só estava olhando um arranhão aqui no notebook. – Ele demorou para responder, e isso significava que era mentira. – Hm, o que tinha no seu olho?
– Devia ser algum cisco. – Tom foi andando para a porta – Tudo bem mesmo? – Eu insisti.
– Ja, erm… Vou dormir. Gute nacht, garota do Brasil.
– Sim… Gute nacht. – Respondi, mas ele já tinha ido embora.
Arrumei o fichário ao lado da cama e olhei o notebook que agora a tela se encontrava um pouco mais aberta. Será que…? Mesmo que ele tivesse mexido, não iria entender minha conversa em português.
– Ele também não é muito normal – resmunguei em português.
Chelsea saiu do MSN então desliguei o notebook e me deitei. A cama era enorme a muito macia e eu me senti um pouco desconfortável, mas com o tempo a inconsciência foi chegando. Eu repassava a conversa com Chelsea em mente, em um ultimo momento, eu me lembrei de um parágrafo em alemão que bem podia chamar atenção do Tom. Uma frase que uma pessoa que não lê em português poderia muito bem ficar chateada…
“ICH HASSE TOM!”
  
Postado por: Grasiele

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