sexta-feira, 13 de abril de 2012

By Your Side - Capítulo 1 - Até onde vai meu equilíbrio

Alterei a musica do meu mp3 enquanto observava o aeroporto cheio de Magdeburgo, já estava ficando sem paciência.
Nem sinal dele. Onde diabos ele tinha se enfiado?
O negocio é que eu sempre fui muito invisível. De modo que não foi grande surpresa quando eu saí do avião e esqueceram-se de entregar a minha mala. E como se não bastasse, não havia ninguém me esperando no aeroporto para me levar para casa.
Uma pausa. Preciso explicar quem eu sou e o que estou fazendo.
Chamo-me Julia Benjamin Schäfer. Reconhece esse nome? Pois bem, sou uma prima esquecida do Gustav, moro no Brasil, estudo em uma escola alemã no Rio de Janeiro, mas como brasileira, falo fluentemente o português e o alemão.
Lá na escola, há alguns anos eu fiz uma amiga alemã, a Chelsea, mas depois de um tempo ela precisou voltar para a Alemanha e me deixou sozinha. Por sorte, convenci meus pais de vir para a Alemanha passar as férias junto com a Chel, mas eles não concordaram em incomodá-la e me fizeram o imenso favor de me deixar com meu primo, o Gustav.
Eu tenho uma enorme paixão por ele, pois além de ser meu primo, é o baterista do Tokio Hotel, minha banda favorita. Pois é, um pouco estranho eu gostar demais da banda do meu primo e eu nunca fui a um show deles no Brasil, nem mesmo conheci os outros integrantes. Por isso é um grande favor.
Eu disquei pela milésima vez o numero do celular dele. Demorou um tempo até alguém atender
E com certeza, não era meu primo. Eu conhecia aquela voz.
– Alô?
– Alô. – A voz respondeu igualmente.
– Quem fala?
– Quem fala? – A voz me respondeu com a mesma pergunta.
– Quem é você? – Perguntei irritada.
– Você que está ligando, você quem deve se identificar. – Eu pude ouvir melhor a voz, e com certeza, não era o Georg também.
– Certo, eu quero falar com o Gustav!
– Ele saiu.
– Para onde?
– Eu não posso dizer. Quem é você?
– Olha só, eu preciso saber que horas ele pensa que precisa vir me buscar no aeroporto.
– Ah! – A voz pareceu surpresa e eu ouvi alguém falar de longe – Então é a prima brasileira do Gustav? Ele já saiu, já foi te buscar.
– Que ótimo, e você quem é? Bill Kaulitz? – Eu quase chorei ao dizer esse nome em voz alta.
– Não, não. Só o irmão dele. Até mais, garota do Brasil. – E depois disso, ele desligou o telefone.
Claro que não, Jus, é o Homer Simpson.
Eu precisei respirar fundo para entender que estava ao telefone com o meu integrante favorito da minha banda favorita. Respirei fundo algumas vezes e troquei novamente a musica do meu mp3.
Já estava na metade da musica quando vi de longe meu primo com um tipo de roupa de ginástica preta, com óculos e touca. Ele parecia realmente cansado e também estava suando absurdamente.
Desliguei rapidamente o mp3 e sorrindo, disse:
– Vejamos, você se lembrou de mim!
– Desculpa, estávamos entretidos em uma reunião discutindo sobre a próxima turnê pela Alemanha, mas você não quer mesmo saber disso, né?
Eu adoraria obrigá-lo a continuar, pois seria a primeira a saber de uma turnê próxima do Tokio Hotel, mas infelizmente, Gustav não sabia da minha louca paixão pela banda.
– Não mesmo. – Menti fingindo mexer no celular.
– Willkommen, Jus. Vem cá, me dê um abraço.
Eu me aproximei sorrindo de lado. Por mais que implicasse com ele, amava demais meu ursinho.

Eu estava exausta, e sem muita conversa, o forcei a dirigir rápido para chegar logo na casa e tomar um banho. Gustav já tem 18 anos, e também um apartamento próprio. Claro que era gigante com alguns quartos extras para os outros garotos.
Eu pude aprofundar meus conhecimentos sobre a banda enquanto era levada para o apartamento.
– E tem o Bill, talvez você não o conheça, mas ele é parecidíssimo com você, Jus. Quando você o conhecer, vai adorá-lo.
Jura, Gus? Eu acho que vou desmaiar.
– Tínhamos um quarto menor sobrando, mas nos últimos dias Bill fez o favor de redecorar só para você.
– Que bom, Gustav.
– E preciso te dizer uma coisa antes de chegar. Olha, tem um amigo meu que gosta de levar mulheres para o apartamento toda noite, então quando ouvir barulhinhos, não precisa se desesperar, ele gosta de fazer barulho mesmo.
– Meu quarto é tão perto do quarto do T… Desse seu amigo?
– Na verdade, é bem em frente.
Eu sorri de lado, de forma que Gustav não pode ver.

Logo chegamos no tão esperado apartamento. Era no centro de Magdeburgo e parecia tão desprotegido de fãs histéricas que nem parecia o apartamento do Tokio Hotel. Eu sorri ao olhar para o grande prédio.
Tudo dentro era muito automático. Pensando melhor, parecia mesmo o prédio de um astro do rock alemão. Encostei na parede do elevador e precisei ser acordada pelo Gus quando o ultimo andar tinha chegado.
O apartamento estava vazio, mas sobras de pizza e coca-cola jaziam na mesa da sala e o sofá tinha marcas de bota. Eu peguei um ultimo pedaço frio e acompanhei Gustav até meu quarto.
Senti vontade de chorar depois que o vi. Era simplesmente perfeito para mim. Desde que comecei a ouvir Tokio Hotel, minha vida tinha mudado completamente para algo mais obscuro, e como foi Bill quem fez meu quarto, ele estava dentro do meu padrão.
Três das paredes eram brancas, e apenas uma era completamente preta. Onde tinha minha cama, para minha surpresa, de casal com uma roupa de cama preta e branca. Guarda roupa, escrivaninha, suíte. Era o meu sonho. Até ele se realizar com bônus.
Esperei Gustav terminar de falar sobre a casa, e suas regras patéticas que eu mentalizei várias vezes para depois que fechar a porta, escrevê-las no meu diário, que era mais um fichário com recordações, recortes, textos e imagens.
Estar na mesma casa que Gustav não era muita novidade para mim, mas eu só não conseguia acreditar que em alguns minutos estaria no mesmo lugar que o Tom, Bill e Georg. Era inacreditável, era só mais um fim de semana com meu primo.
As regras? Eu ainda vou usá-las, e desvendando-as de acordo com o tempo.
Entrei na banheira de porcelana com água morna e tomei um banho rápido, porém, relaxante. Depois do banho, deixei minha mala em cima da cama e tirei algumas roupas.
Seria a primeira vez que eu encontraria com todo o Tokio Hotel, e mais, eu não seria apenas uma fã, eu seria “de casa”. Em primeiro lugar, nunca eu deixaria um deles saber que eu sou fã da banda, em nenhuma circunstancia.
Blusa saía e entrava na mala. Por um momento, observei minha antiga camisa da banda. Eu tinha várias, mas essa era especialmente minha favorita. Era cinza surrada com o logo e o nome da banda em preto na frente.
De repente, alguém bate na porta e obviamente eu levei um grande susto enfiando a blusa dentro da mala e fechando a mesma. Tinha mais um detalhe, eu estava nua.
– Ja? – Me re-conectei ao alemão.
– Jus, os garotos chegaram. – Era a voz de Gustav, e por um momento isso me deixou aliviada, mas depois daquela noticia, minha respiração ficou alterada. – Vamos pedir algumas pizzas, você prefere algum tipo?
Por um momento eu me perguntei quantas pizzas Gustav se referia, sorri decidida a anotar esse detalhe no meu fichário.
– Eu gosto de queijo, muito queijo.
Eu ouvi a risada baixa e delicada do Gustav e ouvi ele se afastar. No mesmo momento, passos largos passaram pelo corredor e aqueles passos não pertenciam a Gustav. Meus batimentos se descontrolaram e eu podia senti-los por cima da toalha. Era incrível.
Apressei-me em vestir uma roupa qualquer. Uma blusa branca, um short jeans um pouco rasgado, colete jeans com tachinhas douradas e um tênis dumk do que eu simplesmente copiava do meu guitarrista favorito, que bem nessa hora, estava sob o mesmo teto que eu.
Abri a porta do quarto, um pouco assustada ainda com o coração batendo forte. Olhei para os lados e nada de Tokio Hotel. Eles deviam estar na sala, como garotos normais fazem. Com passos pequenos e silenciosos, atravessei o corredor ouvindo vozes altas e gargalhadas da sala. No fim do corredor eu prendi a respiração e por falta do que fazer fechei os olhos e entrei na sala.
No mesmo instante que tomei coragem e abri os olhos, tropecei no meu próprio pé, e tentando localizar o chão e desembaralhar os pés ao mesmo tempo, eu caí.
Ou assim eu esperava.

Postado por: Grasiele

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