sexta-feira, 13 de abril de 2012

By Your Side - Capítulo 9 - Não Combinado

James estacionou o carro atrás do estádio onde começaria agora o show. Pegou dois crachás no banco do acompanhante e nos entregou.
– As senhoritas vão precisar disso para entrar. Já podem ir, divirtam-se.
Saímos do carro, Chel despediu-se de James, seu novo amigo “tchau, Jay”
– Você leu seu crachá? – ela perguntou
Olhei meu cartão. Nele estava escrito “Júlia B. Schäfer, VIP, Camarote especial” e logo abaixo uma assinatura estranha, mas que eu logo reconheci depois que comparei o cartão de Chel com o meu.
– Por que essa cara de quem viu um fantasma?
– Ta vendo? Conviver contigo não é fácil. – respondi brincando.
– Muito engraçado. O que foi? O que tem seu crachá?
– Essa assinatura – apontei para o cartão com meu nome – é do Tom. Eu conheço, já vi um autografo dele. E a sua é do Bill.
Ela corou, mas eu não conseguia assimilar alguma coisa que explicasse o porquê de Tom ter assinado meu crachá VIP. Estava escrito Schäfer, era mais comum que meu primo assinasse, não?
Passamos por dois seguranças barrando uma entrada estreita e metálica atrás do estádio. Eles conferiram nossos cartões e lançaram sorrisos maldosos para mim e Chelsea. Logo que entramos, nos deparamos com um corredor cheio de eco, escuro e frio. Atravessamos até chegar a uma sala mil vezes mais iluminada, com um perfume estranho no ar... Perfume dos Kaulitz.
E do outro lado da sala, Gustav e Georg estavam sentados olhando para o nada. Estavam arrumados para o show, Gustav com suas baquetas tocando uma bateria imaginária e Georg com seu baixo soltando algumas notas. Eu acenei.
– Vocês chegaram! – disse Georg parecendo mais entusiasmado do que o normal.
Eu me aproximei para abraçar Gustav, e mesmo sem a intenção, Georg me puxou para um abraço, eu tenho certeza de que fiquei vermelha.
– Então... Cadê os outros dois? – Chel perguntou tentado não dar uma de descarada.
– Eles entraram primeiro. Tom faz um solo agudo no escuro, e aí aparece um holofote iluminando-o e depois aparece Bill. Aí nós dois entramos. – Gustav não parecia estar decepcionado, isso parecia ser normal.
– Por ali – Georg apontou uma porta no fundo da sala – vocês entram no camarote. Vão logo ou vão perder o solo inteiro.
Eu puxei Chelsea e corremos para o camarote. Assim que abri a porta, pude ouvir o solo alto de guitarra que eu reconhecia, perfeitamente bem tocado pelo meu Tom, quero dizer, pelo meu guitarrista favorito, me forcei a pensar.

Fiquei em pé parada em frente ao vidro quase o show inteiro. Chel também não estava tão diferente, estava eufórica para dizer a verdade, colando o rosto no vidro como se tentasse alcançar o vocalista, Bill, que cantava emanando muito sentimento.
Estão todos ali, eu pensei, meu primeiro show! Eu nunca, nunca imaginei algo igual.
As músicas passavam e eu sabia cantar, evidentemente, e não parava para respirar até que Bill fizesse o mesmo. Lágrimas escorriam pelos meus olhos.
– Das ist der letzte Tag?, ist das der letzte Regen bei dir oben auf dem Dach, Ist das der letzte Segen?, Und unsere letzte Nacht.
(Este é o último dia? É esta a última chuva com você no telhado, é esta a última bênção?, e a nossa última noite)
Chel cutucou meu braço e essa foi a primeira e única vez nesse show que eu deixei de cantar um pedaço da letra. Culpa da minha melhor amiga.
– Você não acha que é perigoso cantar, caso um deles veja você cantando aqui do camarote? – Ela gritou para deixar sua voz acima das caixas de som.
– Eles não podem me ver aqui – ou pelo menos isso eu esperava.
Mas eu me vi em dúvida comigo mesma quando na música Wo Sind Eure Hände – a única que eu podia ouvir claramente a voz do Tom – eu me dei conta de que durante os três minutos e bolinhas da música, o guitarrista esteve olhando diretamente para o camarote onde eu e Chel nos encontrávamos como se procurasse algo.
Era a minha música favorita exatamente pelo fato de eu poder ouvir a voz do Tom perfeitamente no refrão cantando “wo sind eure hände”.
E eu ignorei esse detalhe, obviamente, fora mera coincidência. Ele devia ter acabado de se dar conta de que aquele canto tinha um camarote escondido e estava posando para as fotos das supostas fãs dentro dele, mesmo que não existissem supostas fãs, apenas eu e Chel e mais uma ou duas meninas que cantavam desesperadamente.
Resumindo, o show foi maravilhoso. Eu tive que conter o choro nas últimas palavras de Bill ao microfone, e logo depois ele entrou, obviamente indo de volta ao camarim ao lado desse camarote.
Olhei para Chel e disse:
– Parece que chorei uma hora e meia seguida? – perguntei.
– Hmm – Ela riu – parece que você chorou por causa de alguma morte. Você está terrível. Deixa-me ajeitar.
Chel abriu sua bolsinha onde guardava mini-maquiagens para casos desesperados. Enquanto eu estava sendo produzida pela Barbie fantasma, ouvi vozes vindo do camarim dos meninos e prestei atenção:
– O show foi irado! – Ouvi a voz suavemente sexy do Georg.
– Eu estou acabado, mas concordo – Eu sorri ao ouvir a voz cansada e rouca do Tom, Chel me deu um leve tapa na cara e eu voltei a ficar séria.
– Alguém está todo feliz porque uma nanica veio ao show – Novamente era o Georg e sua voz tinha tons diferentes como se ele estivesse caminhando eufórico.
– É mesmo, olha o sorriso! – Irreconhecível voz de Bill após um show, ele estava meio rouco, mas isso passa na manhã seguinte.
– Ah, calem a boca – Tom ficou irritado – Eu nem sabia que a segunda Schäfer estava aí.
– Alguém falou o nome da Júlia aqui? – Eu não acredito. Era a voz do Gustav! Ele também estava na brincadeira. Ouvi a resposta dos outros dois integrantes murmurando um longo “não”.
– Nosso menino está crescendo, Georg! – Disse Bill – Ficou todo nervosinho por que está apaix...
– Vão ao inferno vocês três! Bill, sem querer ofender suas músicas, mas amor é jogada de marketing. Eu não sou do tipo que me... Arg, apaixonar! Isso soa tão ridículo.
Todos riram, e a maquiagem estava pronta. Hora de interromper a conversinha.
Nós abrimos a porta e eu tive tempo o suficiente para reparar na reação de cada um. Gustav sorriu sem olhar para nós duas, ele prestava atenção em duas baquetas em suas mãos. Georg era muito cool para abrir um sorriso grande, então ele sorriu de lado, seu cabelo estava despenteado e isso era sexy, ou seja, combina com sua voz. Tom ficou vermelho. Bill sorriu e acenou para mim, mas segundos depois Chel estava grudada nele, e os dois iniciaram uma empolgante conversa.
Eu me aproximei de Georg que tinha se tornado um grande amigo.
– Como foi o show do camarote? – ele perguntou.
– Alto – nós rimos – muito alto.
– Somos barulhentos mesmo – e não paramos de rir.
– Georg, me diz uma coisa... – eu comecei – esse seu cabelo não se desfaz durante o show?
– Não está vendo o ninho que fica depois de uma hora sem pentear? – Meu Deus! Eu não consegui conversar com ele sem rir.
– Eu acho que sim...
E nesse momento, a garota que esteve o show no mesmo camarim que eu e Chel, se aproximou. Ela era alta, cabelos muito longos e castanhos claros, tinha olhos cor de mel, mas era difícil de ver, pois usava muita maquiagem em volta deles.
– Ge! O show foi incrível! – Sua voz era fina e isso me irritava. Ela passou por mim como se eu não existisse, envolveu o mais velho com os braços e o beijou. Eu fiquei surpresa.
– Já podemos ir ou você vai esperar os outros meninos? – Ela disse depois de limpar a boca.
– Acho que eles podem ir sem mim. Ahn, tchau Jus.
Eu acenei e os dois saíram pelo corredor assombrado. E lá se foi meu quarto, minhas coisas, minha mala com uma suposta namorada de voz finíssima.
Sozinha, eu voltei ao camarote ao lado e me sentei em uma cadeira com meu nome, olhei o estádio se esvaziar.
– E aí, Schäfer, gostou do show? – Me surpreendi ao ver Tom se aproximando.
– Uhum, claro. Foi legal – eu respondi sem deixar de olhar para o vidro, tentando esconder o entusiasmo.
– Que empolgação. Estava tão ruim assim?
– É sério – eu me virei e encarei seus olhos castanhos, e ao fazer isso, senti borboletas no estômago – Foi incrível.
– Ta, por essa eu não esperava. Está dizendo a verdade olhando nos meus olhos! Inédito.
– Grande Kaulitz, isso, me deixa sem graça – voltei a olhar para o vidro.
– Schäfer, não sei se você já percebeu, mas Bill é mais alto que eu – ele já notou que eu não estou para brincadeiras? – Tudo bem, foi mal.
As cenas do show passavam pela minha cabeça, mas os olhos curiosos de Tom procurando por algo no camarote não se desgrudavam da minha mente. Eu sei, em algum lugar aqui dentro, que ele não podia me ver. Isso me intrigava. O que ele estava pensando?
Eu ouvi a respiração pesada do Tom. Ele ia começar a falar em três, dois...
– O que foi? Você está falando devagar, não está me encarando nem brigando comigo.
– Nada importante.
– Se está te deixando estranhamente desanimada é importante. Quer falar alguma coisa?
– Espero que não soe ofensivo, mas você não se importa então para que você quer saber?
– Quem disse que eu não me importo? – Tom se sentou na cadeira ao meu lado.
– Quer parar de responder perguntas com mais perguntas?
– Eu me importaria porque querendo ou não – Tom bufou rindo de si mesmo – você está dentro da minha vida agora, e todos os outros estão sorrindo, porque você não? É um tipo de problema.
Ao ouvir uma frase dessas vindo de Tom Kaulitz, alguém se desespera? Porque meus olhos se encheram de lágrimas e minha voz ficou falha.
– Você está chorando! – Ele notou que eu fiquei vermelha – Fiz de novo.
– N-não, eu estou bem.
Tom era bruto e não iria deixar de ser assim de uma noite para o dia. Ele puxou meu braço e automaticamente, meu corpo foi junto. Ele passou os braços pela minha cintura e meu rosto se encontrava na curva de seu pescoço. Eu fiquei tonta.
– Por que está fazendo isso? – perguntei.
– As pessoas gostam de abraços, não é?
Eu ri.
– Não o abraço. Sendo dessa forma... Comigo.
Tom passou a mão como se medisse a curva das minhas costas, e continuou fazendo isso até se tornar um carinho. Eu respirei fortemente perto de seu pescoço e ele me apertou contra seu corpo.
– Eu... Realmente não sei – ele admitiu.
Fechei os olhos e esperei que as lágrimas secassem. Eu poderia adormecer no colo de Tom, mas isso traria uma estranha imagem para Gustav.
– Julia – eu sorri ao ouvi-lo falando meu nome ao invés de Schäfer – Não fica assim de novo. Eu gosto de te ver irritadinha.
Eu gargalhei rente ao seu pescoço e isso fez os dois corpos se mexerem. Então me afastei levemente.
– Obrigada – sussurrei.
Tom inclinou suavemente o rosto e dessa forma eu podia sentir toquezinhos nos lábios e eu me arrepiei após sentir o gélido piercing tocar meus lábios.
Ai, como eu amava aquele piercing – eu não conseguia reagir e poderia citar mil motivos para isso, mas só um importava realmente: Tom não estava sendo ele mesmo, pelo menos não o Tom que eu conheço.
Por um segundo, pensei que ele tinha voltado ao tomar certa atitude. Ele parou com aquele “roçar” e forçou mais os lábios nos meus como um selinho – eu senti sua respiração quente rente ao meu rosto, isso foi bom – encaixou nossos lábios e depois se afastou, aparentemente, para respirar melhor.
Eu já não estava na minha cadeira, estava sentada no colo do Kaulitz – um risco que eu corria, mas tudo bem. Isso facilitou para que ele subisse sua mão que até agora se encontrava na minha cintura, e a levou até minha nuca. Eu senti arrepios se formarem.
Ele me puxou para perto novamente, em um selinho como se pedisse permissão para um beijo. Sua outra mão agora do outro lado da minha cintura me apertava para um pouco mais perto até meu corpo ficar totalmente colado no dele.
E sem parar para pensar, começamos um beijo calmo. Era, na verdade, tímido. Como se eu pudesse entender o motivo de todo esse tempo Tom estivesse sendo menos “mulherengo” comigo. Minha imagem dele na minha cabeça era que ele já chegava agarrando a vítima. O que não estava completamente errado, ele era assim.
É claro que eu não podia esperar que ele passasse a mão pelo meu rosto de forma carinhosa como se estivesse me acariciando. Não iria acontecer. Era absurdo imaginá-lo fazendo isso.
O Kaulitz não deixava de ser expert em nenhuma circunstancia. Sua língua hábil explorava calmamente minha boca, como se estivesse muito confortável. Só era estranho o fato de não ter aparecido ninguém ainda no camarote para atrapalhar.
Eu coloquei minhas mãos em volta do seu pescoço e senti que ele estava muito quente, e molhado. Automaticamente, tirei seu boné com uma das minhas mãos, passando levemente pelos dreads e deixei cair no chão, ops. Escorreguei sua faixa preta até que ela caísse também. Eu imagino que ele deve estar pensando que eu vou tirar a roupa dele toda. Eu ri com esse pensamento o que me fez bater meus dentes contra os dele.
Nós rimos juntos e nos separamos ao mesmo tempo. Até eu olhar nos seus olhos. Eu estava beijando meu ídolo. Que tipo de maluca eu sou? Eu não gostava mais dele como uma fã ama um ídolo, o que seria certo. Eu estava gostando de outra forma.
Ouvimos um barulho vindo do lado de fora do camarote, e nos afastamos rapidamente – eu voltei a minha cadeira e ele catou suas coisas no chão. Bill, Chel e Gustav entraram para nos chamar.
– Bill você foi bem pior! – Chel disse com a voz aguda – Jus, o Bill deu uma de você e levou o maior tombo!
– Tadinho. – disse Gustav um pouco mais baixo
– Viemos chamar vocês, James já chegou... O que estavam fazendo? – No final da frase, Bill usou um tom acusador como se nós dois estivéssemos fazendo sexo!
– Que cara de choro é essa, Jus? – Chel perguntou.
Tom fez uma careta, ele iria começar a mentir, mas eu minto melhor e atropelei suas palavras.
– Nós discutimos, foi isso. E eu tive uma crise de espirros porque ele passou um perfume muito gay.
– Mas o perfume era meu! – Bill me olhou feio.
– Um perfume muito forte, eu quis dizer. – Eu bufei de raiva – Vamos embora, galera?
Eles concordaram de uma forma estranha. Foram na frente, eu e Tom ficamos para trás.
Eu dei alguns passos, mas ele não. Quando olhei para trás, Tom segurou meu rosto com uma das mãos e encostou o dele no meu, mas foi rápido. Escorregou sua mão pelo meu braço até encontrar a minha e a segurou delicadamente. Estranhamente, ninguém notou nossa mudança repentina de humor. Gustav estava sempre distraído, Bill e Chel não olhavam para nada a não ser eles mesmos, ninguém teve tempo de reparar que estávamos de mãos dadas até o táxi.

Postado por: Grasiele

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