quarta-feira, 6 de julho de 2011

Angel In Disguise - Capítulo 2

Mais um dia tinha acabado na lanchonete, estava tudo limpinho, fechei as portas, me despedi de Lourdes, a minha baixinha mexicana com corpinho de botijão de gás e fui andando para meu apertamento, como sempre.
Era aproximadamente umas 20h, e hoje eu entraria na boate as 23, ou seja, 3 horas para o segundo turno. Caminhava pela calçada ouvindo meu Ipod, e tive aquela sensação horrível de estar sendo seguida. Olhei para traz e pausei a música, mas não havia ninguém atrás de mim, não naquele beco deserto pelo qual estava passando. Na avenida principal, milhares de pessoas passavam sem parar e o trânsito estava infernal como o de São Paulo. Botei  o fone no ouvido novamente e voltei a caminhar, mas agora senti algo pelos telhados e olhei para cima, voltei a olhar para trás e nada, um frio percorreu minha espinha e sabia que era o sinal para que eu corresse. Corri como louca até chegar ao meu prédio, abri a porta principal rapidamente e subi correndo. Ao chegar respirei fundo e fui direito pro banheiro. Fiquei as três horas na banheira e percebi que estava atrasada para a boate. Me arrumei rapidamente. Um micro short preto, um top decotado também preto, muitas correntes no pescoço, brincos de argola, maquiagem preta nos olhos, cabelos soltos e propositalmente bagunçados. Estava toda rockeira, toda...

-         Punk. -  falei olhando-me no espelho e na hora lembrando da cena bizarra na lanchonete. -  Acho que aquilo foi um sonho, acho que foi durante um cochilo, só pode.
                                      

Chegando à boate levei uma bronca do Damon, o dono, mas como sempre eram broncas leves, já que ele sabia que poderia recompensá-lo “daquela forma” pelo atraso.
A noite foi agitada, muita bebida, muita gente jovem e alegre, muito beijo na boca e até sexo nos cantinhos da boate e mais uma madrugada de muita agitação havia acabado. E eu também estava acabada de cansaço. Me despedi das meninas e iria sozinha pra casa, estava cansada demais para uma after party.
Saí pelos fundos, naqueles becos escuros que diziam “passe por aqui e seja assassinada”, ascendi um cigarro, e peguei uma mini garrafa de vodka que estava na minha bolsa e fui andando, pensando no meu dia até que no final daquele beco surgiram 3 homens, que me deixaram passar mas ficaram mexendo, eu apenas ignorei, sendo xingada por eles, eu já estava meio drogada e apenas fingi que não era comigo, não consegui sequer sentir medo. Mas após atravessar a rua e ver aqueles homens de novo, mas com bastões de ferro vindo em minha direção, me xingando, meu coração acelerou e queria correr, mas meus pés não saiam do chão.

-         Nos ignora e agora quer correr boneca. Vem aqui vem? -  Disse um dos homens, completamente bêbado.
-         É, a loirinha é gostosa e se acha, e uma vadia como todas as outras que trabalham naquele puteiro. -  O outro disse soltando uma risada em seguida, puxando minha bolsa e me fazendo cair no chão.
-         Me solta, eu não te fiz nada seu idiota.
-         Olhaaa, ainda é birrenta.
-         Vai se foder, seu gordo tarado, não consegue mulher por isso quer forçar né? Seu broxa!! -  gritei com a voz embriagada e arrumando a blusa que estava com um alça caída no ombro.
-         Ahh é, eu vou te mostrar o broxa sua vadia. -  Gritou arrancando minha blusa e me dando um soco, me fazendo virar a cabeça e segurar meu rosto, já sentindo o gosto do sangue na boca.

O outro pegou o bastão e bateu em minha barriga enquanto tentava levantar e o outro puxava minhas pernas enquanto eu me debatia freneticamente gritando como louca. Quando um dos nojentos estava quase tirando minha roupa completamente, um dos homens gritou.

-         Um carro da polícia, vamos!!
-         Isso é para você aprender a não falar o que não deve vaca! -  terminou me batendo no rosto com o bastão e o outro me chutando novamente e roubando minha carteira.


Estava vendo uma luz, uma luz de lanterna. Minha vista estava embaçada e mal conseguia ver alguma forma, somente uma luz forte que estava ajudando a minha dor de cabeça piorar. Abri os olhos totalmente, mas ainda vendo tudo turvo vi uma mancha negra em minha frente e tudo muito claro ao redor.

-         Sara? – Uma voz calma e doce me chamou.
-         Já morri? -  Disse fechando e abrindo os olhos para ver se minha vista melhorava esperando para ver se já tinha chegado no céu... bom, no meu caso seria o inferno.
-         Não. – Eu reconheci aquela voz, eu já tinha escutado antes, era suave e  gostosa.
-         P...PUNK!? -  Perguntei me levantando rápido, gemendo de dor por todo o corpo. -  Você me seguiu? -  Eu estava espantada. – Isso é um sonho, ta acontecendo de novo, onde eu estou?!- Estava confusa e minha cabeça doía, olhei em volta e vi o que parecia um quarto de hospital, e não estava com minhas roupas, coloquei minhas mãos no rosto, sentindo feridas nele e gemendo de dor ao sentir minha mão tocá-las e apertei meus olhos, na esperança de quando eu abrisse de novo, aquele pesadelo tivesse acabado e eu estivesse em casa. Mas não, abri os olhos e aquela figura assustadora estava na minha frente.- N... não... não é possível.
-         Calma, não é o que você está pensando, eu não estou te seguindo, acontece que ontem eu estava em um clube próximo e voltando de táxi eu vi uns caras correndo do carro da polícia e um deles deixou a sua carteira cair, eu peguei e quando vi sua identidade corri e te vi lá desmaiada, e aqui estamos nós. – O rapaz me explicou calmo e preocupado.
-         Legal da sua parte Punk, mas eu não engulo essa. Eu conheço todo mundo que freqüenta aquelas boates, e nunca vi você lá.
-         Eu sou novo na cidade.
-         Percebi, você tem sotaque, de onde você é? E o que você quer comigo? De onde você me conhece para saber meu nome?- O  enchi de perguntas e antes que ele pudesse me responder, coisa que eu sabia que ele não faria,  me assustei com o barulho da porta, era uma das enfermeiras que entrou no quarto séria, sorrindo ao me ver de olhos abertos.
-         Olá querida, você se sente melhor?- Perguntou sincera.
-         Não, não ficarei enquanto esse...- e calei ao apontar para a cadeira onde estava o punk.- Ué! Cadê ele?-  Perguntei olhando para a cadeira vazia e a porta aberta.
-         Ele quem? – Perguntou a enfermeira me olhando estranho.
-         O punk... um cara alto de preto e cabelo moicano? Você o viu?- Perguntei implorando para que ela dissesse que sim e confirmasse que eu não estava ficando louca.
-         Não, não vi.- Respondeu olhando para uma ficha e voltando para me perguntar sobre o que tinha ocorrido.

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