quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Coração de Porcelana - Capítulo 1


— Despertador maldito! – Grito depois de dar um tapa naquele treco que estava fazendo um escândalo avisando que era hora de ir para a escola. Levantei na maior preguiça já sentida por um ser humano até hoje e fui para o banheiro. Enfiei a cara debaixo do chuveiro na tentativa de acordar. Vesti minha roupa e desci para tomar café.
— E aí mãe. – Disse pegando um pedaço de bolo.

Eu amo o bolo de chocolate da minha mãe

— Isso é jeito de dar bom dia, Thammy? – Cruzou os braços sobre o peito.
— Bom dia mãe. – Falei com a boca cheia.
— Não fale de boca cheia, menina. Onde está seu irmão? –
— Sei lá, deve 'tá dormindo. – Dei ombros.
— Vá acorda-lo, vocês tem aula. –
— Me deixa comer mãe, o Tom acorda sozinho. –
Eu sabia que ele não acordava sozinho, mas eu não diria isso, já que queria ficar aqui numa boa saboreando meu bolo.
— Você sabe que ele não acorda. Vá chamá-lo. –

Bufei. Era sempre assim, Tom nunca acordava com o despertador, no máximo dava tapas involuntários nele e dormia denovo.
Subi as escadas indo pro quarto do meu gêmeo vagabundo.
Eu chamei isso de quarto? Tá mais pra chiqueiro. Roupas jogadas pelo chão, restos de comidas e pacotes de camisinhas. Sim, camisinhas. Tom era o típico 'comedor'.
Ele dormia só com uma calça de malha larga. Estava todo jogado de bruços na cama com a boca aberta.
Abri as cortinas tendo uma melhor visão do chiqueiro que o Tom chama de quarto.
— Acorda seu vadio. – Dei um tapa na cabeça dele. Com carinho ele não acorda, então tem que agredir.
— AI GAROTA, TÁ LOCA? – Se sentou na cama em um pulo e começou a massagear aonde eu bati.
— Vá se arrumar, se você não estiver pronto até eu acabar de tomar meu nutritivo café da manhã, irei sem você. –
Assim que acabei de falar, Tom se levantou e foi para o banheiro.
Ele não gosta que eu ande sozinha, seja pra onde for. Ele é super protetor e isso as vezes irrita.
Fui para o meu quarto, peguei minha mochila e voltei para a cozinha.
— Acordou ele? – Minha mãe perguntou.

Fiz um barulho assentindo, já que eu estava com a boca cheia de bolo, denovo.
— Eu já vou. – Disse assim que acabei de mastigar.
— Não vai esperar o Tom? Você sabe que ele não gosta que você vá sem ele. –
— Tom é neorótico. – Dei um beijo na sua bochecha. — Até mais. –
Antes de bater a porta, pude ouvir Tom me gritando histéricamente, ignorei e bati a porta. Coloquei meus fones de ouvido e Three Days Grace começou a tocar. Embalada pelo som da música eu fui andando pelas ruas parcialmentes desertas da Alemanha. Eu me mexia no ritmo da música e ria depois. Quem me visse acharia que eu estava drogada, mas a culpa não é minha se eu não tenho talento pra dançar.
Eu cantava debilmente quando sinto puxarem minha mochila me fazendo ir para trás.
— Me larga Tom. – Tirei um fone de ouvido. — Droga, me solta Tom! – Dei um arranco pro lado e a mão dele saiu da minha mochila. — Cortou meu barato, idiota. –
Emburrei e apertei o passo, mas logo ele já estava me alcançando com seus passos de pinguim.
— Você ia sem mim? – Perguntou.
— Ia. – Respondi seca. –
— Você sabe que eu não gosto. – Seu tom de voz era mais firme.
— Você é pirado. Se acordasse na hora sairia junto comigo, já que faz tanta questão da minha companhia. – Disse sarcástica.

Tom me cansava com suas mania superprotetoras. Qual é o problema de ir sozinha? Tenho 17 anos igual à ele e não 5. Não é só porque eu sou mulher que não sei me cuidar.
— Tudo bem, vou acordar na hora amanhã. – Disse confiante.
— Duvido. – O desafiei e coloquei o outro fone ignorando Tom.

~x~
Depois disso não falei mais com Tom durante todo o percurso.
Chegando na escola fui recebida pela minha melhor amiga, Alice.

— Thammy! – Me abraçou. — Oi Tom. – Sorriu debilmente para ele, que ainda estava ao meu lado.
— Eaí?! – Cumprimentou. — Nós vemos depois. – Se virou e foi em direção aos amigos dele. As vadias iam se oferencendo por aonde ele passava e ele dava um sorriso safado.
Tom é popular, ao contrário de mim.
— Ele é tão lindo. – Suspirou Alice, olhando para Tom.
— Limpa a baba aí. – Ri apontando para o canto da sua boca.
— Não acredito que vocês são gêmeos idênticos. Ele é um gostoso e você... Você é isso. – Jogou a cabeça para trás rindo.
— Idiota. – Ri. — O Tom não é tão bonito assim. Olha aqueles dreads. – Olhei na direção de Tom.
— É sexy. – Fez cara de tarada.
— É fedido. – Ri fazendo cara de nojo.

Eu realmente odiava os dreads do Tom. Tenho vontade de cortá-los enquanto ele dorme. Mas eu não quero morrer aos 17 anos.
— Ei. – Alice me chamou. — Olha quem está vindo aí. –

Olhei na direção que Alice estava olhando e tive a visão mais linda do universo. Bill Trümper.
Ele estava todo de preto com aquele cabelo arrepiado e perfeitamente maquiado.
Infelizmente ele não vinha na minha direção.
— Baba não. – Alice brincou me imitando.
— Ele é perfeito. – Suspirei.

O sinal toca avisando que deveriamos ir para nossas salas. Felizmente eu estudava com Alice.
Fomos para a sala pra assistir a aula mais terrível, Matemática.

Postado por: Grasiele

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