quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Coração de Porcelana - Capítulo 8


You feel so lonely and ragged
You lay here broken and naked
My love is
Just waiting
To clothe you in crimson roses
Whispers In the Dark – Skillet


— Tom volte aqui! – Eu gritava enquanto o seguia.
Como ele conseguia andar tão rápido com aquelas roupas estilo Saco de Batatas e andando como um pinguim?
Enquanto eu corria feito uma doida, escorreguei e caí de bunda. Piso liso é o inimigo dos desastrados. Mas eu tenho um desconto porque estava correndo sobre um piso recém encerado.
O barulho que minha bunda fez se chocando com o chão foi tão alto que Tom parou de andar e olhou para trás.
Agora o desgraçado olha. Tô aqui gritando que nem uma doida, correndo mesmo estando machucada e ele não me escuta.
Levantei nervosa do chão. Ninguém gosta de cair, não é mesmo?
— Quer saber? Vai atrás daquela vadia então! Você não quer saber o que pode acontecer comigo se você for lá e arrumar confusão com ela. Você não pensa se ela vai encher a cabeça do Jörg e quem vai se foder somos nós. – Eu gritava sem me importar se ela ou meu pai estavam em casa. — Eu é que não vou correr atrás de você pra me machucar mais. – Tom me encarava sério. Dei as costas para ele, fui para o meu quarto e bati a porta.
Minha bunda tava doendo. Eu estava correndo a uns 300/km por hora. Sou a jato, tá pensando o que?
Quem eu estou querendo enganar? O motivo das minhas dores é que eu sou sensível demais. Tom sempre foi o gêmeo mais forte.
Me deitei na cama virada para a parede e me cobri até a cabeça. Eu estava pensando no que faria depois que Tom arrumasse confusão com a Nildete e meu pai ficasse sabendo. A merda vai feder.
Enquanto eu pensava em mil e uma maneiras de fugir da Alemanha para escapar da Nildete, senti alguém se deitar ao meu lado e ainda se cobrir.
Eu sei, vocês devem estar achando que é o Tom, não é?
Pois não é, quem estava deitando comigo era a Dona Rita a senhorinha que me chama de uma garota de 17 anos de Dona.
Mentira. Era o Tom mesmo.
— Me desculpe, Thammy. – Ele falou perto do meu ouvido enquanto me abraçava por trás.
Senti sua respiração no meu pescoço e me arrepiei.
— Você vai desistir de falar com ela? – Me virei e fiquei de frente para ele.
— Não. Só vou adiar. Mas não me responsabilizo se vê-la pela casa. – Passou as mãos pelos meus cabelos. Fechei os olhos manhosa. — Eu senti tanto a sua falta. Por favor, nunca mais fuja de mim. Não consigo viver sem você. – Me abraçou.
Como eu senti falta de ficar desse jeito com Tom. Eu me sentia protegida, era uma sensação ótima.
Ainda estávamos abraçados com Tom fazendo carinho na minha cabeça, quando batem na porta. Levantei e fui abri-la.
— Thammy. – Meu pai estava com os olhos arregalados. — É verdade que o Tom está aqui? – Ele parecia ansioso.
Meu pai sempre quis fazer as pazes com o Tom, só que ele não facilitava.
Apenas assenti com a cabeça e abri mais a porta deixando assim que meu pai o visse.
Tom quando o viu, deu um pulo da cama, ficando de pé e o encarando.
Murmurei um ‘pega leve’ para Tom e saí do quarto. Eles precisavam conversar.
Desci as escadas, pretendia ver TV até eles terminarem a conversa.
Sentei no sofá e liguei a TV, nem sei o que estava passando, minha cabeça estava lá em cima na conversa dos dois.
Fiquei uns bons minutos lá em baixo, até que ouço passos na escada. Meu pai vinha na frente com um sorriso no rosto e Tom vinha trás e sua expressão também parecia boa. Acho que eles tinham se entendido. Até que foi rápido. Tom pegou leve, isso é bom. Mas também, meu irmão teve uns bons anos para que a raiva passasse.

— Vou mostrar alguns carros que estão na garagem para o Tom. Quer vir também? – Pois é, meu pai e Tom compartilhavam o mesmo amor por automóveis.
— Quero não. Podem ir. – Dei um sorriso.
Tom passou por mim e deu um beijo no topo da minha cabeça e seguiu com Jörg para fora.
Voltei meu olhar para TV até que sinto meu braço ser puxado com violência. Me assustei quando vi Nildete me levando para uma sala, parecia ser um escritório e batendo a porta.
Esse escritório parecia não ficar muito longe da sala. Se eu gritasse poderiam me ouvir.
— Você chamou seu irmãozinho para vir te defender, não é? – Deu uma risada irônica. — Você é uma vergonha. Acha mesmo que ele vai me impedir de encher essa carinha de porcelana de tapas? – Chegou mais perto e pegou meu braço me sacudindo.
— ME SOLTA! – Eu gritei já com a intenção de que alguém ouvisse e viesse me ajudar.
— Cala a boca, sua desgraçada. – Deu um tapa estalado na minha cara.
Ela já estava com a mão erguida para dar outro, quando a porta é escancarada e Tom aparece.
Sem pensar duas vezes ele foi para cima dela, segurei seu braço. Eu não queria que ele batesse nela, se ele fizesse isso, perderíamos a razão.
Nildete encostou na parede com um olhar assustado. Tom a encarava furiosamente com o dedo indicador apontado em sua cara.
— Escute bem. – Seu tom de voz era assustador. — Se você encostar num fio de cabelo dela de novo. – Deu uma pausa enquanto olhava dentro dos olhos dela. — Eu acabo com você. – Encostou o dedo no rosto dela. — Filha da puta. – Continuou a encarando.
O puxei pelo braço e o arrastei até o meu quarto.
Me sentei na cama enquanto Tom estava andando de um lado para o outro no quarto.
— Obrigada. – Meus olhos já estavam marejados.
Assim que acabei de falar, Tom me deu um abraço tão apertado que acho que quebrei algumas costelas.
— Me desculpe. – Passou as mãos pelos meus cabelos. — Nunca mais vou te deixar sozinha. Eu prometo. – Ele puxava o ar o com força. — Já disse que amo seu cheiro? – Dei uma risada e nos separamos devagar, mas não totalmente.
Estávamos nos encarando com o rosto muito perto. Perigosamente perto. Tom encostou sua testa na minha e colocou sua mão na minha cintura acabando com a distância que nos separava.
Então, Tom encostou seus lábios nos meus. Não tentei resistir. Eu precisava disso. Precisava sentir sua boca na minha.
Logo nossas línguas já brigavam por espaço enquanto Tom me apertava mais contra ele.
— Mas olha só. – Nos separamos bruscamente com os olhos arregalados. Nildete tinha entrado no quarto e visto a cena. — Mas o amor fraternal é lindo, não é mesmo? – Entrou mais para o quarto e fechou a porta. Chegou mais perto do Tom e passou as mãos pelo rosto dele. Mas não por muito tempo já que ele deu um tapa na sua mão. — Ui. – Deu uma risada. — Incesto é crime, sabiam amores? – Se afastou de Tom e ficou de frente para nós dois.
Eu fiquei quieta, mas chorava feito um bebê.
— O que você quer? – Tom perguntou com desprezo.
Nildete sorriu maliciosamente antes de responder.
— Você.

Postado por: Grasiele

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