domingo, 2 de outubro de 2011

Touched By An Angel - Capítulo 3 - Princípe ou sapo?



-E-eu não sabia, desculpe!

Só fiquei menos constrangida quando Bill sorriu de canto e o vi dizer em português com um sotaque terrivelmente mal falado...

-Você estendeu a mão para me cumprimentar e ficou feito tonta com a mão no ar,né? Todos fazem isso!Sinto muito!

Sorri sem graça ao ouvi-lo dizer:

- Sim, a tonta aqui ficou com a mão no ar!

Nós três sorrimos.

- Oi,Janice Tudo bem?

Ele disse num sotaque mal falado que quase não deu para entender.Agora sim ele levantou o seu braço. Eu estendi a minha de novo e nos cumprimentados.

- Como você esta? - Bill perguntou em alemão. Uma língua que eu adorava e falava melhor que o meu português.

- Estou bem. Será um prazer ensinar lhe a minha língua. - Eu disse para ele.

- Bom, já que se conheceram . Estou indo embora! Ah, Janice esqueci de dizer os seus dias de punição são as segundas e quartas , sempre a partir das 8da manhã ,ok?

-Tudo bem! – Disse fazendo uma cara de “Fazer o que,né?”

Doutor Jost olhou para nós e sorriu se afastando.  Bill se sentou e me sentei ao lado de Bill.

-Punição? Sou o seu castigo?

-É...Vamos dizer que sim!

Eu sorri o observando. Ele era muito bonito mesmo!

- E ai Janice. Você já foi para a Alemanha? - Bill disse ainda em alemão.

-Bill, podemos conversar em português.Vamos começar nossa aula agora.Pode ser?

-Claro! - ele sorriu - Você já conhece a Alemanha?

- Sim, Amo o seu país. Já fui para Berlin, Hamburgo, Munique e outras cidades. Conheço a Europa toda praticamente.


 Ficamos sentados conversando sobre muitas coisas. Bill mesmo com o sotaque ruim me deu várias dicas sobre o país dele. Até disse que o dia eu fosse para Alemanha  eu ficaria na casa dele.



-Oi,Bill como vai?

Paramos a conversa, me virei , o loirinho abraçou Bill e olhou para mim com um sorriso muito fofo.

-Gustav, essa é Janice minha nova professora de Português.- Bill disse levantando-se.

-Oi,Janice como vai,prazer em conhecê-la?

Gustav estendeu a mão e eu sem perder tempo apertei a sua muito devagar.

-Oi,Gustav o prazer é todo meu.

Até que aquela punição estava ficando interessante. Aquele loirinho era uma graça. Eu sempre tive tara por loiro.

-Bill, vim avisar que seus pais estão na recepção. Você esta liberado por hoje.

- Beleza Gus, obrigado – Ele virou para mim e disse sorrindo. – Janice, até mais, na quarta continuamos.

- Tudo bem, vou acompanhar vocês. Tenho duas aulas de reabilitação. Eu ainda não estou dispensada.

Despedi-me de Bill e de Gustav e fui para de reabilitação da fala. Depois de duas horas trabalhando com uma senhora que havia sofrido um acidente de automóvel e uma área importantíssima do cérebro dela tinha sido prejudicada .O sistema usado no hospital era o mai avançado.
A médica que me acompanhou na consulta disse que ela voltaria a falar normal sem problemas. Aquilo realmente mexeu comigo. Aquela mulher se esforçando, lutando e demorando quase cinco segundos para falar um simples: Obrigado! E o sorriso que ela abriu depois que conseguiu. Algo Inexplicável.Depois das minhas tarefas cumpridas fui embora para casa.

-Mãe cheguei!

-Oi, minha querida e como foi tudo?- Minha mãe perguntou beijando minha bochecha.

-Ah na verdade eu não queria estar lá.Mas, já que estou, vou fazer o meu melhor para ajudar essas pessoas. –Eu disse pegando uma bolacha trakinas. - Vou subir, vou dormir e pelo amor de Deus não me chame por nada nesse mundo. Não estou para ninguém!

Subi até meu quarto, tirei toda minha roupa e me joguei na minha cama. Dormi o sono dos justos. Tinha feito minha boa ação aquele dia.


Acordei as 18horas tomei um belo banho e fui para faculdade.

-E ai Janny como foi lá o seu castigo?

Philip debochou da minha cara.As vezes eu odiava aquele sarcasmo daquele francês branquelo.

- Vai se ferrar,Phil ! Não é um castigo. É uma troca de favores vamos dizer assim.

- O que você fez de bom lá, Janny?

- Vou ajudar um rapaz cego. Ele é alemão e fala o português pior que tua irmã de cinco anos Georg. – Eu não agüentei e gargalhei. - E depois  fui para a aula de reabilitação. Nada cansativo!

Eu explicava minhas atividades no hospital enquanto comia um lanche natural e um suco de laranja.

- Vem comigo na quarta,Eleonora. Diz que sim? O hospital é lindo. Porém, você olha aquilo tudo e se arrepia inteira. É cada história que ouvimos e presenciamos que a gente se sente um pouco egoísta em dizer, eu tenho PROBLEMAS.

- Janny, vou pensar eu tenho prova amanhã. Não prometo nada.

- Ellie, se eu fosse você eu viria. O carinha que eu ajudo é muito gatinho. Não faz o meu tipo. Agora tem um loirinho. – Janice fechou os olhos e lambeu os lábios. - Nossa é o meu número.
-Olha...Acho que mudei de idéia!

Eleonora brincou e subimos para a sala de aula. No fim da aula, o pessoal convidou-me para ir para a boate. Não pude ir já que estava de castigo por tempo indeterminado. Despedi-me de todos e fui para casa.

**

Quarta-Feira

-Janice, levanta que esta na hora!

Ouvi a voz do meu pai me chamando e tive vontade de chorar. Sério, eu odiava acordar cedo. Não funcionava nesse horário.

- Meu Deus, não acredito! Eu nem fechei os olhos e já tenho que acordar? Deixa eu dormir só mais  cinco minutinhos?

- Não, levanta agora! – Meu pai entrou no meu qaurto e puxou minha coberta. Se eu tivesse um porrete em mãos, eu saberia muito bem como usá-lo naquele momento.

- Afff que saco!

Fui até o banheiro fiz minha higiene pessoal e fui para o hospital.

- Oie, você sabe onde Bill Kaulitz se encontra?


A recepcionista sorriu e informou-me. Naquele lugar todos eram sempre bem humorados. Todos sempre sorrindo e muito cordiais. Tinha muito que aprender naquele lugar.


- Ele esta na sala de Braile. É segunda sala à esquerda.  – Ela me ensinou.

- Falou...Quer dizer muito obrigada! – Sorri e segui em direção do lugar indicado.

Chegando na sala de aprendizado. Eu bati na porta e entrei, tinha quatro pessoas sentadas com livros abertos e passavam os dedos nos livros. Isso era ler em braile! Isso eu sabia, eu tinha estudado no colegial sobre o sistema Braile. Jamais poderia imaginar que esse sistema ia fazer parte da minha vida.

-Oie!

- Oi – Ele me respondeu. Ele estava todo de preto e com óculos escuros. Parecia que ele estava mais bonito que segunda-feira. Sentei-me perto dele e perguntei:

- O que você esta lendo?

- Um amor para recordar!

- Um não conheço. – Lógico que não conhecia, não lia nada. Sempre que tinha que ler na escola ou faculdade pagava muito bem para alguém ler e fazer um mega resumo pra mim.  Uma vergonha eu sei ! Eu não tinha saco para ler nada!

- É muito bonito.Um romance! Não curto muito, mas como já li todos os livros de vampiros da biblioteca.Não me sobrou muita alternativa.

- Não curto muito romance!

- Por quê?

-Por que acho que esse lance de príncipe encantado não existe, esse monte de melação não existe! Como já dizia Cazuza:  “Quem sabe o príncipe virou um chato/Que vive dando no meu saco/Quem sabe a vida é não sonhar

Sorrimos e ele me surpreendeu.

-Lógico que existe,Janice. Cada príncipe tem seu jeito, suas manias e cada mulher têm que moldar o seu príncipe a sua maneira. O seu príncipe pode estar por ai!

-Nem...Mas, fácil eu procurar em um brejo...Um sapo!

Bill sorriu alto e não resisti ao vê-lo sorrir e também deu risada.

-Shiiiiiii! - Ouvimos de uma ruivinha baixinha que estava no fundo da sala.

- Desculpa!!

Eu disse para a ruivinha, E mal me desculpei meu celular toca. E olhei para a ruivinha que xingou algo e saiu da sala.

-Oie! Vou te buscar.

Quando desliguei o celular disse para Bill:

-Bill, você pode esperar um minuto.Eu já volto.

Fui até a recepção do hospital e encontrei-me com Eleonora. Fomos juntas para a sala de Braile.

-Bill, essa é minha amiga Ellie! Ellie esse é o Bill. – Fiz as honras da casa.

Eleonora esperou Bill estender a mão e carinhosamente lhe apertou a mão em comprimento.

-Poxa,Ellie pelo menos você mais esperta que eu. Eu fiquei meia hora com a mão estendida esperando o comprimento dele. Não sabia que ele era cego.Paguei o maior mico!

-Janny! - Fui repreendida por Ellie.

- Bill já terminou aqui? Podemos ir lá fora? Não sei como vocês conseguem ficar nessa sala. Ela é tão escura que chega a ser sombria. Vamos para o jardim que é bem iluminado.

Vi Ellie arregalar os olhos e me dar um tapa na testa.

-Ai...Por que você fez isso?

- Aguentamos essa sala escura e sombria talvez por que sejamos cegos e a luz acessa ou apagada não interfira em nada.Acho que é isso!

Gelei! Por que eu não ficava com a  minha boca fechada?  Diante da minha vergonha eu não consegui segurar uma mania muito feia que eu tinha. A gargalhada saiu de dentro de mim de uma forma constrangedora.

- Janny, pelo amor de Deus . Pára de rir! –Ellie tampou a minha boca.

- Desculpe...é..é ..que...  –  Eu não conseguia falar pois eu estava simplesmente chorando de rir.

- O que esta acontecendo aqui?

O loirinho,o bonitão apareceu na sala de braile muito bravo.

- Nada,Gustav!

Bill se apressou a responder. O loirinho me olhou com um olhar sério e saiu da sala.Que já estava vazia. Pois, na verdade eu tinha expulsado todos da sala com a minha gargalhada.

-Ellie, você pode ir com Bill para o jardim? Eu já venho!

Sai da sala de braile e fui atrás de Gustav . Vi naquela bronca uma maneira de me aproximar dele. Achei-o  na lanchonete do hospital.


-Bill, quero pedir desculpa pela Janice. Ela sempre da esse tipo de risada quando esta nervosa. Não faz por maldade...É tonta mesmo! Desculpa!

-Eu sei, Ellie!Eu sei que ela fez sem malícia.Mas, não precisa se desculpar!  Já estou tão acostumado. As pessoas fazem isso toda hora. Já cansei de ir no supermercado e perguntar para algum funcionário o preço de algum produto e receber como resposta um:  - O preço esta na gôndola! E eu perguntar: O que é uma gôndola? E o funcionário ainda com a cabeça baixa responder com a maior má vontade do mundo: É isso aqui!  E apontar para maldita gôndola! Ou sem querer esbarrar em alguém e ouvir um: Olha por onde anda,tá cego? E eu responder: – Pior que to cego! E constranger a pessoa ao ponto dela vir pedir desculpas! Então,eu optei em usar a bengala. Pelo menos ela me denunciaria e se um dia eu for no mercado e a pessoa dizer : O preço esta na gôndola! Eu dou com a bengalada na cabeça do infeliz ou a enfio no lugar no onde não bate sol!

Ellie não se conteve e da mesma maneira de Janice sorriu com vontade.

-Desculpe ,é que você contando parece tão engraçado...Desculpe..Você é muito engraçado!

Bill sorriu também e completou.

- Hoje eu dou risada também. Houve uma época que eu brigava e xingava. Mas, agora não mais! Faço como a Janice dou risada, até por que se cada preconceito que eu for sofrer eu vou chorar. Não vivo apenas, choro!

- Deve ser muito chato,né?Todos apontando para você!

-Você acaba se acostumando. Quando você é pequeno dói mais. Mas quando você cresce as pessoas ficam menos cruéis...Quer dizer, falam pelas suas costas e não na sua cara como uma criança.

- Entendi! Bom, você quer ajuda para ir até o Jardim?

-Não ,Obrigado!Pode deixar só prometa se eu cair você não vai rir.

- Lógico que não vou rir. Imagina, eu nunca faria uma coisa dessa.

Ellie disse séria. Bill sorriu e apenas disse.

-Eu sei estava apenas brincando.

Os dois riram e seguiram para o jardim . Estava um sol lindo, o céu estava maravilhoso e os dois sentaram se perto das árvores esperando por Janice que tinha ido investir em Gustav.

Postado Por: Grasiele

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