domingo, 2 de outubro de 2011

Touched By An Angel - Capítulo 5 - Codinome: Beija-Flor


Pra que usar de tanta educação.
Pra destilar TERCEIRAS INTENÇÕES!

Em um codinome, Beija-Flor  -  Cazuza/Luiz Melodia


Saí da boate e o acompanhei até o seu carro, um Palio quatro portas. Conversamos mais um pouco ali do lado de fora; Gustav abriu a porta do palio e veio em minha direção para beijar-me mais uma vez.

-Estou desculpada pela minha infantilidade na quarta? – Brinquei com ele.

-Totalmente! Adorei a nossa noite!

-Eu também. Podemos repeti-la outras vezes. O que você acha?

-Eu acho delicioso!

Nos beijamos pela última vez e quando ele entrou no carro, disse:

-Tchau Janice, nos vemos segunda no hospital!

-Tá combinado!

Nossa senhora, agora sim aquele castigo tinha ficado com outro sabor...

Na segunda feira de manhã me levantei com a mesma dificuldade. Como era difícil para mim abrir os olhos antes das duas horas da tarde. Tomei o meu  banho e fui para o hospital. Cheguei e perguntei por Bill na recepção.

- Janice, ele esta por ai! Esse menino anda mais do que notícia ruim. – Lena me respondeu divertida.

Então, eu sorri para ela e fui procurá-lo na sala de Braile, onde não estava. Passei a procurar nas salas de fisioterapia e reabilitação. Aproximava-me da sala de musicoterapia, quando comecei a ouvir uma música vinda daquela direção.

Segui a música e quando identifiquei de onde vinha, abri a porta e encontrei Bill sentado no chão com muitas crianças ao seu redor completamente maravilhadas em ouvi-lo cantar e tocar violão. Entrei na sala e tentei não fazer barulho nenhum. Sentei no meio das crianças para assisti-lo também. A voz dele era encantadora, uma mistura de doçura e sensualidade. Bom, A sensualidade é por minha conta...

As crianças pareciam estar hipnotizadas. Olhei para algumas mães jovens presentes na sala e percebi que elas quase babavam. Juro que deu vontade de dar risada em vê-las com a mão no queixo suspirando por ele.

Bill tocou e cantou mais duas músicas antes do médico anunciar que a sessão tinha terminado. O coro de  “AHHHH, não”  foi o mais engraçado...Inclusive o das mães assanhadas. Percebi o sorriso charmoso que Bill abriu ao ouvir as crianças clamando pelo nome dele.

-Calma...calma  segunda-feira tem mais. Não fiquem tristes!

As crianças e as mães começaram a se retirar da sala. Bill levantou, pôs o violão na capa e o encaixou no suporte. Eu fiquei ali o observando; por um segundo eu tive certeza que ele enxergava. De repente ele sorriu e disse:

- Posso ajudar, Janice?

"Medo"! Essa foi à primeira palavra que veio em minha mente.

-Como soube que eu estava aqui? - Perguntei.

-Dolce & Gabbana!  Um dos meus perfumes favoritos no corpo de uma mulher.

Eu não soube explicar porque meus pêlos se arrepiaram quando ele fez tal afirmação. Tentei mudar de assunto rapidamente.

- Você fez um belo trabalho com as crianças!

- Assistiu a sessão inteira? – Ele perguntou.

- Sim, eu assisti ao show inteiro!

- Hum...Então pode pagar o meu cachê! - Sorrimos e mais uma vez percebi aquele sorriso.

-Ok! Vou pagar agora com aulas, trouxe meu rádio! Vamos estudar, mocinho!

Procurei uma tomada, liguei o pequeno aparelho, e então, começamos nossa aula.

Depois de muitas músicas eu disse a ele:


-Vou colocar só mais uma. Essa é a minha preferida entre todas. Ela me toca de uma maneira tão profunda...que às vezes tenho a impressão que meu coração bate na sintonia dela quando ele a ouve. O nome dela é “ Em um codinome,Beija-Flor “


Nós a ouvimos em silêncio. Depois que ouvimos, Bill virou-se para mim e disse:

- Você pode colocar essa música de novo, por favor?

-Sim! Lógico!

Coloco a música novamente e o vejo levantando. Ele estende a mão e pergunta:

- Dança comigo?

-Eu?

-É, você!

-Tá!

Peguei em sua mão, ele me ajudou a levantar, entrelaçou seus dedos finos nos meus, e me abraçou pela cintura. Deixamos uma distância entre os nossos corpos. Fechei os meus olhos e deixei a melodia entrar em minha alma. Mesmo adorando essa música e ouvindo-a constantemente, sempre me emocionava.

Deixei me envolver pela letra dela, pelos braços confortáveis de Bill e pelo seu perfume. Quando a música terminou percebi que estava com a minha cabeça deitada no peito dele. Aquele espaço que havia entre nós tinha desaparecido, estamos com os nossos corpos totalmente colados.

- Obrigado pela dança. – ele disse ainda com minha cabeça em seu peito.

Eu estava completamente envergonhada, levantei minha cabeça de seu tronco sem graça, e apenas respondi:

- De nada!

O olhei e ele sorriu para mim. Um sorriso que inexplicavelmente me arrepiou. Bill sorria de uma forma tão angelical que eu podia afirmar que nunca na minha vida inteira pude ver tal sorriso em lábios de nenhum ser humano.

-Bom, nos vemos na quarta, ok?!

Despeço-me de Bill e ele me acompanha até o jardim. Chegando lá, Bill foi envolvido por quatro crianças que diziam seu nome freneticamente e o abraçavam com carinho. Ele, lógico, ria como sempre. Nunca vi Bill com uma cara triste, zangada ou deprimida.  Naquele dia fui embora cedo, até por que não tinha reabilitação.


Entrei no meu carro e não dei a partida, eu o observa de longe. Aquelas crianças o rodeando e sorrindo com ele, no mínimo ele tinha dito algo engraçado como sempre. Era impossível ficar perto dele e não sorrir. Eu ali parada dentro do carro mesmo longe só de observar aquela linda cena, já sorria!


Dei partida  e fui para minha casa. Cheguei e como de costume , fui dormir e à noite fui para a faculdade.

-E aí Janny, como está o ceguinho?

-O nome dele é Bill, e não ceguinho!!

Disse com desdém para Philip e sai da lanchonete indo para a sala de aula.

-O que deu em você, Janny?

Eleonora chegou e sentou do meu lado.

-Nada!

Respondi sem muita paciência para conversa.

-Por que falou daquele jeito com Philip?

Sem saco, me virei para responder.

- O nome dele é Bill! Custa chamá-lo pelo nome?

- Janny você o chama de ceguinho. Quem deu esse apelido à ele foi você!

-Ain Ellie me deixa, por favor! - Disse sem paciência saindo da sala e indo para o pátio fumar um cigarro.

Ellie tinha razão eu dei esse apelido para ele, eu ria de sua deficiência , se existia alguém errada ali, esse alguém era eu! Um sentimento horrível tomou conta do meu coração.

Fumei meu cigarro e sem saco para a aula fui para casa.

Postado Por: Grasiele

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