domingo, 2 de outubro de 2011

Touched By An Angel - Capítulo 8 - Agora!


 Você tem mágica na ponta dos dedos
Isso está transpirando por toda a minha pele
Toda vez que eu me aproximo de você Você me torna tão frágil

 Tudo o que eu preciso é o seu toque...


Magic/Colbie Caillat

 
Quando olhei para o seu rosto, ele estava calmo.  Acariciei seu rosto calmamente, me aproximei de seu rosto lhe dando um selinho em seus lábios entre abertos e cantei uma última estrofe:

- Prendia o choro e aguava o bom do...

Ele se mexeu na cama e cantarolou quase em um sussurro:

-Amor...

 Não resisti e novamente me aproximei e o beijei. Dessa vez ele não se moveu...Havia pegado no sono profundo.
 
Permaneci ali sentada na cama, com a cabeça de Bill no meu colo. Não segurei a emoção e chorei e dessa forma adormeci ainda acariciando seus cabelos negros...

  No outro dia, fui acordada por mãos magras e um olhar questionador...

-Oi, Janice!   -Simone sorriu ao me ver super sem graça.

-Oie!   – Respondi sorrindo, não sabendo ao certo onde enfiar minha cara. – Por favor, ajude-me tirar Bill do meu colo, minhas pernas estão dormentes.

-Porque não pediu para ele dormir no travesseiro? – Ela disse colocando a cabeça de Bill no travesseiro com muito cuidado.

-Não! Não queria acorda-lo!  –Levantei e estiquei o meu corpo, que doía inteiro, mas o importante foi que a dor de Bill não voltou e ele dormiu a noite inteira.

-Como foi a noite?  – Simone perguntou arrumando a mala de Bill.

-Tirando que ele teve um pouco de dor. O resto foi tudo bem. –Ainda batia nas minhas pernas para acordá-las.

-O médico já deu alta. Vamos para casa. –Simone disse feliz.

-Que bom! Fico feliz!

- Hoje é aniversário da avó dele, ele é o xodó dela. Ela vai ficar feliz em vê-lo em casa!

- Todos ficam felizes em vê-lo. Nunca vi alguém ser tão radiante como Bill. Não existe “blackout” quando ele esta presente e sorrindo.

- É, Bill sempre foi assim. Bom, deixa eu acordar o belo adormecido para irmos embora.

-Eu vou embora. Tenho prova hoje e preciso estudar. –Dei um beijo em Simone e pedi.  –Dá um beijo nele por mim.

Peguei minha mala e quando eu estava saindo do quarto. Simone me chamou:

- Janice!

-Oie? -respondi me virando.

- Sábado faremos uma festa  na casa da minha mãe para comemorar  o aniversário dela. Se você quiser ir. Está convidadíssima!

- Ela não vai! Ela já tem um compromisso com o ficante dela.  -Ele disse em alto e bom som.

-Bill, que coisa feia escutando a  conversa alheia.  - Simone disse olhando-o.

- Ué, esta falando aqui perto de mim. Sou cego e não surdo!  -Ele disse sério.

- Não é isso que eu quis dizer, meu filho. Você deveria ter dito que estava acordado. -Simone disse sorrindo para o filho e lhe dando um beijo na bochecha.

-Eu não! Adoro ouvir conversa de mulher. São tão cheias de maldade. –Bill disse agora dando uma risinha de canto de boca.

-Bill? – Simone sorriu e bateu em seu braço de brincadeira.

- Eu vou indo! – Janice disse olhando para Bill. –Tchau Bill!

-Tchau! – Ele disse baixo.


- Janice mais uma vez eu agradeço, nem sei o que seria da mim ontem a noite sem você. -
Simone me abraçou e me deu um beijo na bochecha.

-  Não agradeça! Foi um prazer, nos divertimos tanto não é mesmo, Bill? Jogamos xadrez, truco e  batalha naval.

Bill sorriu e aquele sorriso me arrepiou e novamente me tranformei. Fui até ele, dei-lhe um beijo no rosto e baguncei o cabelo dele de leve. Coisa que nunca tinha feito.

-Se cuida, viu? Segunda nos vemos! –Eu disse virando as costas e saindo do quarto.


Sábado a noite


A noite estava quente, o céu estava cheio de estrelas  e a família toda estava na casa da avó de Bill. Ele estava na grande sala, sentado no sofá de couro preto,  sozinho!

- Bill, como vai? –Sua prima de vinte e dois anos chegou e beijou-lhe a testa carinhosamente.

-Oi, Nathalia!

- Você esta bem? Sua mãe disse dos seus exames hoje. Correu tudo bem?  –Sua prima perguntou e sentou ao seu lado no sofá.

- Os exames foram doídos, porém correu tudo bem e estou a espera dos resultados! E você, como esta? –Bill disse virando na direção da prima.

-Estou bem! – Ela disse forçando um sorriso.

Bill baixou a cabeça e insistiu:

-Esta bem mesmo?

-Sim! –A prima disse levando o copo com fanta a boca.


Bill colocou seu copo de coca na mesa de centro da enorme sala e cuidadosamente secou suas mãos em suas calças,  levou suas mãos no rosto da prima, passando os dedos de leve  em seus olhos, boca e nariz.

-Não, você não esta bem. Você esta triste. O que aconteceu?  –Bill questionou-a.

- Bill, você é único!  –Ela fechou os olhos e tentou não chorar.   -Carlos e eu demos um tempo. Acho que ele tem outra!

-Jura? Que idiota trocar uma garota linda como você por qualquer outra. Definitivamente, ele não é para você. Nenhum homem em sã consciência faria tal burrice.

-Pois é, mas ele trocou! – A prima disse segurando as mãos magras e frias de  Bill entre as suas.

-É, existem coisas inexplicáveis nessa vida. E o amor é uma delas. É bom quando somos correspondidos, mas se torna tão ingrato quando apenas um lado esta focado no coração da pessoa  e o outro lado nem sabe que existimos.

- Oi, moça posso ajudar?  –Nathalia perguntou para a estranha que estava parada na porta da sala que eles estavam conversando.

- Oie! E-eu sou amiga do Bill? –Eu gaguezei, não sabendo ao certo o que dizer depois de ouvir aquela frase sobre AMOR da boca de Bill.

-Janice? – Bill se levantou do sofá sem acreditar que era ela que estava diante dele. - Você veio?


-Eu vim! Por que não era para eu vir? – Eu disse agora divertida, olhei para a prima de Bill que olhava para nós dois sem entender muita coisa.

-Bill, vou ver se alguém precisa da minha ajuda. Com licença, fique a vontade! – A prima se despediu e saiu da sala, acenando para mim.


- Você não tinha um encontro hoje? –Ele quebrou o silêncio.


-Falei com Gustav e cancelamos o nosso encontro. Preferi vir aqui no aniversario da sua avó. Já entreguei meu presente para ela. Ela é encantadora.

-Cancelou? – ele disse ignorando meu elogio para sua avó.  –Cancelou  um encontro com o seu ficante para vir na festa de um aniversário da avó de um amigo cego?

-E o que isso tem a ver? –Eu disse alterando minha voz. -Por que usa esse termo sempre para se definir?

-Por que é o que eu sou...Um Cego! –Ele disse dando de ombros. O que me irritou mais.

- Mas, porque insisti sempre em ficar me lembrando disso? –Eu me aproximei dele paraq ue as pessoas de fora da sala não ouvisse a nossa conversa,Pois a essa hora eu tinha certeza que existia umas dez pessoas nos observando fora da sala. Inclusive, Simone.

-Não fico lembrando, eu só...

-Fica sim,Bill! Usa o “eu sou cego” em frases e situações que não são necessárias. Como se usasse sempre para não se esquecer ou não deixar que as pessoas esquecam da sua deficiência. Pra que isso? Por que?  –Realmente eu queria saber. Mesmo!

Mas, não seria hoje que ele me responderia. Bill baixou a cabeça, então achei melhor finalizar a conversa e mudei totalmente o rumo daquela conversa:

-Como fez aquilo? Como conseguiu perceber que ela estava triste sem olhar para ela?

- Fazia muito tempo que estava ouvindo a nossa conversa? – Bill perguntou sério.

-Sim! – Preferi ser sincera.

- Por que não disse que estava ouvindo?Por que não disse que havia chegado na sala?
- Porque conversa de primos são sempre cheias de maldades. –Eu respondi para quebrar o gelo.


Sorrimos, Bill se aproximou, meu corpo reagiu imediatamente quando senti seu hálito quente em meu rosto. Ô vontade louca que me deu de beijá-lo...


- Siga-me! – Ele disse afastando-se de mim e atravessando a sala onde todos os convidados estavão. Não olhei para cima para encarar ninguém, pois tinha certeza que dezenas de olhos me observava com um belo ponto de interrogação no rosto.


Bill subiu as escadas, entrou em um corredor grande e abriu uma porta. Era o quarto dele na casa da avó. Depois fiquei sabendo que Tom também tinha um quarto exclusivo, na casa da avó. O de Bill era grande e muito lindo. Um tom de azul forte e a cama era enorme com jeito de macia e aconchegante. Juro, que a primeira coisa que me veio a cabeça foi a minha pessoa, nua e saciada, deitada nos braços dele. Um pensamento que veio forte em minha mente...Delícia!


- Tá agora me explica como você conseguiu aquilo lá embaixo. – Iniciei uma conversa rapidamente. Estava tão sem graça dentro daquele quarto e precisava puxar papo para não parecer uma tola.


- Eu não posso enxergar, mas sei muita coisa. Nós, deficientes visuais, usamos muito o toque. Sentimos muita coisa apenas pelo toque de nossas mãos.


Maldito arrepio na espinha. Sabe um botão no cóccix? Toda vez que Bill falava TOQUE, o botão era acionado e aquele arrepio subia do cóccix a nuca em menos de um segundo. Pior, toda vez que eu me arrepiava, minha vergonha ia embora e minha sem vergonhice aparecia de uma forma...digamos...proibida  para menores de dezoito anos!

- E como eu sou? –Eu disse me aproximando dele.

- Você deve ser bonita! – Bill disse apreensivo, pois tinha sentido minha aproximação.

Sem pensar em nenhuma consequencia, aproximei-me mais de Bill, segurei suas mãos e disse:

-Não Bill! Eu quero que você me toque. Eu quero que você me sinta...Agora!

Postado Por: Grasiele

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