domingo, 2 de outubro de 2011

Touched By An Angel - Capítulo 2 - Onde estou? Céu ou Inferno.


Porque anjos caem e nós estamos, e nós estamos
Apenas para amaldiçoar sua alma
Mas é o paraíso quando nos deitamos Na noite...

Down On You   - Tokio Hotel


- Mãe?

- Filha? Meu Deus! Graças a Deus você acordou!

- Onde estou? No céu ou inferno?– Meu corpo todo doía demais.

- Pare de idiotice,garota!Você pegou uma pedra no meio da marginal e como tinha bebido um pouco a mais não conseguiu controlar a direção do carro e bateu na traseira de um outro carro. Por sorte não machucou ninguém!

Ouvi meu pai dizer bravo.


- Hélio, isso são horas de dar bronca nela. Ela esta em uma cama de hospital. Será que dá para ser menos severo.


- Não estou sendo severo só quero que ela perceba que ela quase matou um casal por sua irresponsabilidade. Apenas isso!


Depois que ouvi meu pai dizer aquilo, minha mente apagou novamente e adormeci.

..


Fiquei cinco dias no hospital e quando cheguei em casa meu pai me esperava com mais dois senhores  na verdade eram dois policiais.

- Sente-se Janice esse dois senhores querem falar com você.

- Hélio tem que ser agora?

- Jackeline nem era para ela estar aqui em casa e você sabe muito bem disso... Eu pedi para Janice maneirar nessas saídas depois da faculdade. Eu pedi para ela não beber. Eu avisei que isso ia acontecer e aconteceu. Janice quase tirou a vida de um casal inocente e isso não pode ficar impune.

- Deixa mãe... Deixa eles falarem!

Sentei-me no sofá e olhei para os dois policias esperando o sermão.


- Janice, como seu pai já disse você quase tirou a vida de um casal inocente e como sabemos que você é uma boa moça. De boa família e sabemos que isso não vai voltar acontecer... O seu pai conversou com eles e os convenceu a não dar queixa. Só que o casal disse que só não daria queixa se você prestasse serviços sociais.

-Tive que gastar toda minha lábia com eles por que você sabe muito bem que não posso ver meu nome ou o nome de alguém da minha família envolvido nesse tipo de encrenca.

- Eles podem fazer isso? Obrigar-me a fazer isso?

-Não , mas ou você presta esse serviço ou eles dão queixa e ai pague pelas consequências. Ainda estão sendo legais com você.

Eu olhei para minha mãe e balancei a cabeça.

- Bom...Fazer o que,né? Eu não tenho outra saída!

- Srta. Janice a senhora a partir de segunda feira fará trabalhos comunitários em um hospital.

O policial me entregou um envelope com o endereço e quem eu devia procurar.


 - Na segunda feira a pessoa indicada te dirá o que você terá que fazer.

Os policiais acenaram para os meus pais e foram embora.

Meu pai me olhou e se virou para sair da sala.

-Pai, eu juro para você que eu não bebi foi uma distração, um segundo de...

- Um segundo que quase custou duas vidas.Duas vidas!!  E a partir de hoje mocinha você esta proibida de sair de semana depois da faculdade. Proibida e só não vou tirar o carro por que vou te dar mais uma chance. Por que se isso voltar acontecer eu deixo te prenderem e tem outra coisa, o concerto do carro metade quem vai pagar é a senhorita da sua mesada.

-Mas Pai?

-Sem Pai!  Você já tem 19 anos e já esta na hora de arrumar um emprego. Não é porque te dou tudo do bom e do melhor que você ficar uma mulher sem valores, mimada e fútil. Acabando esse serviço social. Você vai procurar um emprego e estamos conversado!


Não preciso dizer que na segunda feira eu estava lá naquele hospital na hora marcada às 8 horas da manhã. Meu humor estava daquele jeito pois eu não acordava cedo nunca . Sempre estudei a tarde e a minha faculdade era à noite. E como não trabalhava dormia até as duas da tarde todo santo dia. Até porque quase todo santo dia eu ia para a balada. Eu sei...Eu sou uma fútil!

-Oi, Sou Janice Guttemberg e estou procurando o Doutor Jost.

Uma voz me chamou e eu me virei.

-Olá Janice sou o Doutor Jost estava a sua espera.

- Ola, doutor! Estou aqui para ser castigada pelos meus atos impensados.

Dei um sorrisinho amarelo e segui o doutor que adentrou no hospital. Aquele lugar era o  hospital mais conceituados do estado e talvez da América latina.

-Esse Hospital é especial para o Brasil. Aqui são tratados os pacientes com deficiência física. Fazemos tratamento de fisioterapia, audiologia, musicoterapia e equitação terapêutica.


- Sei tipo a APAE?

- Exato! Mas, aqui oferecemos mais infra estrutura pois aqui realizamos exames, existem leitos para internações e fazemos cirurgias. Aquele rapaz é um dos  pacientes  que você vai ajudar.Seu pai nos disse que você faz faculdade de Letras e um de seus  paciente não fala muito bem o português já que ele é alemão. Então, ficará por uma hora com ele ensinando o português. Ele é filho de uma pessoa que colabora financeiramente aqui para o Hospital.Então, estamos trocando favores. Você ficará com Bill por uma hora. Ele também é deficiente.

-Jura?

- É...nem todo o dinheiro do mundo pode reverter essa deficiência. Para você ver que o dinheiro não compra tudo nesse mundo.

Era pra mim essa indireta. Sim, a carapuça serviu,ok!

Paramos perto do jardim e o doutor continuou explicando.


- Depois  que você ficar uma hora com o Bill você ficará por duas horas reeducando crianças com dificuldades na fala. Não se preocupe sempre será monitora por uma pessoa gabaritada no assunto. Não estará sozinha.

Nessa hora dois jovens de cadeira de rodas passaram por nós e acenaram para o doutor.

-Acidente automobilístico. Os dois! As pessoas não percebem que o carro é uma arma e mata e aleija mais que armas de fogo. A polícia manda muitos infratores de trânsito para cá como punição até para terem contato com pessoas que ficaram tetra, paraplégica ou tiveram alguma lesão no cérebro devido aos acidentes de carros. Achamos que aqui é uma lição de vida. Que os voluntários saem com outra cabeça para sentar atrás de um volante. Tenho certeza que você vai aprenderá muita coisa aqui.  Vamos conhecer o seu aluno!

Sorri para o doutor e depois olhei para o meu “pupilo”. De longe não dava para ver muita coisa até por que ele estava sentado e de costas. Com certeza não tinha as duas pernas, coitado!

Aproximamo-nos do rapaz e Jost foi logo dizendo:

- Oi, Bill como vai? Trouxe a sua nova professora!

Ele levantou-se, virou-se e eu pude perceber que ele tinha as duas pernas, os dois braços e as duas mãos ... Na verdade era perfeito. E para falar muito mais a verdade era um GATO. Estava de óculos de sol até por que o sol que fazia em São Paulo era IN-SU-POR-TÁ-VEL .

- Janice esse é o rapaz que você vai ajudar. O nome dele é Bill.

Eu estendi meu braço para cumprimentá-lo e fiquei ali com a minha mão estendia por segundos. Ele não estendeu a mão. Será que na Alemanha eles não sabiam o significado da palavra: Educação.

Jost olhou para minha mão ali estendida no ar e voltou-se para Bill.

- Janice, Bill esta aqui no hospital para aprender algumas coisas para sua dependência cotidiana. Ele é deficiente visual...Ou seja Bill é cego!

Tá! Enfio minha cabeça aonde agora? Baixei meu braço e assumi meu mico, orangotango ou king Kong.

-E-eu não sabia, desculpe!

Só fiquei menos constrangida quando Bill sorriu de canto e o vi dizer em português com um sotaque terrivelmente mal falado...

Postado Por: Grasiele

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