quinta-feira, 15 de março de 2012

A Megera Indomada - Capítulo 1 - Os opostos realmente se atraem?

Meu nome é Catarina, mas pode me chamar de Kate ou K.T.. Tanto faz.Nasci em Roma, na Itália, mas, por causa do trabalho do meu pai, me mudei com ele e a minha irmã mais nova, Bianca, para Magdeburgo, na Alemanha há três anos. Porém, por mim, eu estaria bem longe, tipo... Na Austrália mesmo. Odeio a cidade, a minha casa, minha escola... Odeio a cidade porque é pequena e raramente tem alguma coisa realmente boa para se fazer aqui. A minha casa porque eu tenho que dividir um único banheiro com a minha irmã. Ela é do tipo que se arruma durante horas e, sendo assim, não posso nem tomar banho, pentear o cabelo e escovar os dentes, sem que eu me atrase uns quinze minutos por causa dela. E odeio a minha escola... Porque simplesmente é o pior lugar do mundo. Todo mundo na escola faz parte de um grupo: São eles os grupos dos atletas, dos populares, dos nerds, dos esquisitos, dos sem-grupos e os excluídos. Eu estou no grupo dos esquisitos excluídos. Lá na escola, todo mundo me chama de "Megera indomada" por causa do meu gênio e principalmente: Porque eu prefiro estar sozinha a ter namorado. Sim, sou feminista e acho que o mundo inteiro está errado, porque os homens são mais favorecidos do que as mulheres.

Porém, para minha sorte, tenho duas amigas que se parecem comigo: Scarlett e Bella. As duas têm as mesmas opiniões e ideais que eu. Talvez por isso que eu virei amiga das duas. Nós três sempre estamos envolvidas em protestos, manifestações, participamos de um clube do livro que sempre acontece nos porões de um bar, fazemos parte do clube de teatro da nossa escola e sempre estamos envolvidas com qualquer movimento que tenha alguma relação com a cultura.

E minha vida ficou pior do que já estava numa manhã de final de inverno, como outra qualquer. Esqueci de ativar o despertador e, por isso, acordei fora da hora. Me arrumei correndo, e, quando saí, já estava atrasada, porque fiquei procurando meu all star. Perdi o ônibus, cheguei na escola e a primeira aula, que era de física, já tinha começado há vinte minutos. Não bastasse tudo aquilo que estava me acontecendo, ainda levei esporro do professor, na frente da turma. Fui para o meu lugar e, no exato instante que sentei na cadeira, esta quebrou e eu caí de bunda no chão. Todo mundo começou a rir e tinha gente até chorando por isso. Depois de trocar minha cadeira, o professor continuou a dar aula. Na hora do intervalo, eu estava reclamando com a Scarlett e a Bella sobre tudo o que tinha me acontecido e perguntei:

– Não dá para ficar pior, dá?

– Na realidade... - A Bella começou a dizer, hesitando. - Dá.

Ela indicou alguém atrás de mim, com o queixo. Olhei para trás e, quando vi quem era, suspirei, impaciente.
– Eu queria te agradecer... - O garoto mais irritante daquela escola, Bill, me disse.

– Pelo o quê? - Perguntei.

– Por ter salvo a aula de física da chatice... Só tive pena foi da cadeira mesmo.

– É? Que bom. Fiz minha boa ação do dia... - Respondi. - Se vocês precisarem de alguém para animar as aulas de física... Se oferece para fazer o papel de palhaço... Aliás... Você nem precisa de treinamento, né?

– Não... Na realidade, eu não vou precisar me oferecer quando você é quem tem doutorado em palhaçadas. - Ele me disse. Se a Bella e a Scarlett não estivessem ali do meu lado, juro que ia voar no pescoço dele.

– Ah, pois é, né? - Respondi. - Mas eu não sou tão boa quanto você...

Ele ia responder quando o sinal tocou, avisando que era para a gente voltar para a sala. A próxima aula era de literatura. E a professora já estava sentada, bonitinha, no lugar dela, esperando o resto da turma entrar. Assim que estava todo mundo nos seus devidos lugares, ela disse:

– Bom dia, meus amores! Bom, hoje eu vou dividir a turma em duplas, porque eu vou passar dois trabalhos para vocês: Um para vocês fazerem aqui e agora e outro, para fazerem na casa do amiguinho. Não é ótimo?

A professora era tão feliz que até dava medo; Pior é que ela se parecia com a noiva do brinquedo assassino, só que sem a maquiagem carregada e a cara de má.

Ela foi dividindo a turma e, quando chegou no meu nome, ela disse, mordendo o lábio enquanto escolhia a minha dupla:

– OK... Kate e... Bill. Vocês dois vão fazer um trabalho em casa sobre... "A megera domada" de William Shakespeare. E aqui na sala... Quero que vocês dois ponham essas cabecinhas lindas para funcionar e façam um poema, ou até mesmo uma crônica, como se fossem a Catarina e o Petrucchio, falando um com o outro. Podem escolher qualquer cena.

Ele pegou a mochila dele e veio se arrastando até a carteira do meu lado, que estava vazia, depois que viu que eu não ia me mexer um milímetro para ir até ele. Quando vi que ele não estava pegando o caderno dele, falei:

– Pode esquecer que eu não vou arrancar uma folha do meu caderno só para te dar... Então, se quiser ganhar o ponto mesmo, faz o favor de abrir essa... Coisa arregaçada que você chama de mochila e tirar aquele tijolão do seu caderno.

Suspirando de um jeito bem impaciente, ele fez o que eu falei. Ele me perguntou:
– Vai ser poesia mesmo?

– Pode ser. - Respondi. - Vai ficar uma porcaria mesmo, então... Tanto faz, desde que a gente ganhe o ponto... Ah, e se você não se importar, a gente podia fazer sobre aquela parte que ela conhece o Petrucchio.

Ele deu de ombros e começou a escrever. Enquanto eu escrevia uma das frases, percebi que ele estava olhando para mim. Fiquei quieta, senão ia arranjar briga. E, quando eu estava em processo de criação, odiava ter de discutir com alguém.

Como tínhamos os dois últimos horários de literatura, a professora aproveitou o primeiro para passar os trabalhos e o segundo seria para todo mundo ler o que escreveu. E nós fomos os terceiros:

– Odeio-te. Com todas as forças do meu ser, odeio-te. Tu me causas asco por ser tão ser tão cheio de si. Preferia mil vezes a morte a me casar contigo. Não vês que não suporto-te? És um grosseirão, teus modos são rústicos e tomar-te como meu esposo seria vergonhoso...

O Bill leu o que ele escreveu e todo mundo ficou quieto. De repente, eu percebi que o que ele tinha escrito era para mim e não para a outra Catarina, fiquei quieta. Parecia que a professora tinha percebido isso também. Tanto que ela não falou nada depois que ele terminou.

Quando o sinal tocou, perguntei para ele:

– E quanto ao outro trabalho?

– No dia que você quiser... Eu posso ir até a sua casa ou você vai para a minha... Você quem decide...

– Tá bom. - Respondi. - Amanhã, depois da aula, na sua casa, pode ser?

– Pode. - Ele respondeu. Não demorou e o irmão gêmeo do Bill, Tom, e mais dois amigos deles apareceram. O Tom, assim que me viu, perguntou:

– Graaaaaaande Catarina! Tudo bem com você?

– Tudo. - Respondi. O Tom era o único da escola inteira que não me tratava de maneira hostil, que nem todo mundo. Pelo contrário; Sempre me tratou muito bem e nós dois estávamos começando a ser amigos.

Os outros dois amigos do Bill e do Tom já tinham terminado a escola, mas, como eu sabia que o Bill já tinha feito o favor de fazer minha caveira com os dois e, em contraponto, o Tom falou muito bem de mim, os dois me cumprimentaram com um aceno de cabeça, cada um e ficaram mais perto do Bill que do Tom, que estava do meu lado. O Tom me perguntou:

– KT... Posso te fazer uma proposta?

– Depende... Qual é o grau de indecência?

– Eu diria que... Um e meio. No máximo dois.

– Proponha, então...

O Bill disse ao Tom que ele, o Georg e o Gustav iam andando e ele que os alcançasse depois. Quando os três estavam longe, o Tom me disse:

– Seguinte... No sábado agora... Mais conhecido como depois de amanhã, vai ter uma festa escabrosa na casa do Georg. Eu perguntei se estava tudo bem se eu te levasse e ele falou que sim, então... O que você me diz?

– Por mim tudo bem. - Respondi. Ele se inclinou na minha direção e deu um beijo na bochecha. Antes de ir atrás do irmão e dos amigos, ele me disse:

– A festa é às oito, não esquece...

– Tá bom. - Respondi. Ele acenou e saiu correndo.

– O que você estava falando com ele? - A Bianca perguntou, atrás de mim.

– Ai, criatura! Se eu morrer do coração, a culpa é sua! - Respondi.

– O que é que você estava falando com o Tom? - Ela insistiu.

– Nada da sua conta. - Respondi. - Anda... Vamos para a casa que eu tenho muita coisa para fazer ainda hoje e, se eu me atrasar, juro que rodo a minha baiana para o seu lado. E desta vez, não vai ter pai que me segure!

Eu, por incrível que pareça, estava com um bom pressentimento a respeito dessa festa. Não sabia porque, mas, sentia que algo bom ia acontecer... Dava até medo. Mas, como eu sou curiosa e dizem que quem não arrisca, não petisca... Comecei a pensar na minha roupa.

Postado por: Grasiele

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