quinta-feira, 15 de março de 2012

A Megera Indomada - Capítulo 3 - A festa - Parte 01

Quando eu acordei, na manhã seguinte, fui lavar o meu rosto e fiquei observando o meu reflexo no espelho. Eu era uma menina comum, se for parar para pensar. Só minha aparência que era meio (Ou muito, segundo quem me olhava torto) estranha: Meus cabelos eram longos, meio ondulados e escuros, porém, tingi as pontas de vermelho. Os meus olhos eram castanho-esverdeados, amendoados e pequenos. Eu tinha um piercing no nariz (Uma argola) e outro na língua (Inclusive meu pai não sabia da existência dele e o meu piercing do umbigo.). Fiquei olhando para meu rosto; O nariz era pequeno e reto e a boca era levemente carnuda. Fiquei pensando no que a Bianca me disse um dia: Que, se eu tingisse as pontas do cabelo de preto, cortasse um pouco e trocasse a argola do nariz por um brilhantinho, além de fazer "Uma maquiagem mais natural", eu ia ficar ainda mais bonita. Fiquei pensando naquilo durante um bom tempo até que eu me decidi. Era sábado de manhã e meu pai estava em casa. Assim que o vi fazendo o café da manhã, perguntei:

– Você não vai para o hospital hoje?

– Não. Vou dar plantão a noite inteira. - Ele respondeu.

– Pai... - Comecei a dizer. - Eu... Queria te pedir uma coisa...
– O que é, Catarina? - Meu pai perguntou, curioso. Eu disse que não tinha roupas brancas e queria ir no salão, retocar as pontas do cabelo, além de cortar e fazer as unhas. Meu pai me deu o dinheiro e, quando eu liguei para a Scarlett, que era mais... Compreensiva que a Bella, perguntei para ela se ela queria ir ao shopping e no salão comigo. A Scarlett não pensou duas vezes e aceitou. Enquanto escolhíamos a minha roupa, meu celular tocou e eu, aproveitando que a Scarlett estava longe, perguntei para o Georg, que tinha me ligado para me perguntar uma coisa:

– Posso te pedir uma coisa na maior cara-de-pau?

– Pode. - Ele respondeu, num tom simpático.

– Posso levar a Scarlett comigo? - Perguntei. Eu sabia que ele tinha uma queda por ela e vice-versa.

– Scarlett? Não é aquela que tem o cabelo loiro e cacheado?

– Exatamente.

– Pode. - Ele respondeu, depois de um minuto. - Afinal, meninas sempre são bem-vindas nas minhas festas...

Eu ri e, por estar preocupado com a organização da festa, o Georg perguntou se eu realmente ia, falei que sim e ele se despediu de mim. Quando a Scarlett veio me mostrar um vestido branco, tomara-que-caia, com reflexo perolado, eu contei para ela que o Georg tinha deixado ela ir comigo e com o Tom e ela disse:

– Bom... Já que ele deixou eu ir... Vamos ver uma roupa para mim também?

Eu a ajudei a escolher um vestido de algodão com renda. Depois que a gente comprou os vestidos e os sapatos (A Scarlett escolheu uma sandália anabela de tirinhas brancas e eu comprei uma sapatilha branca, com um salto pequeno.), fomos até um salão de beleza. Passamos a tarde inteira lá e, quando chegamos em casa, eu dei graças a Deus que estava chovendo e, por isso, pude colocar o capuz do casaco. Assim que nos ouviu entrando, meu pai disse:

– Vocês demoraram...

– Oi, tio! - A Scarlett disse, rápido, enquanto eu a puxava para o meu quarto.

– Oi, Scarlett... - Ele respondeu. - Catarina!

Eu arrastei a Scarlett até o meu quarto, para que a gente pudesse se arrumar e, mesmo com meu pai insistindo para que abríssemos a porta, eu continuei me arrumando. Quando estávamos prontas, nós demos uma olhada no espelho e as duas garotas refletidas no espelho não se pareciam conosco: A Scarlett tinha tingido o cabelo de vermelho, o que deu mais destaque à pele branca dela (Como se eu não fosse tão branca quanto ela) e aos olhos verdes. Além de tingir, ela tinha feito uma franja, grossa e que cobria as sobrancelhas dela. E eu... Meus cabelos, que antes batiam na cintura, agora estavam um pouco abaixo do ombro e o cabelo estava tipo o da Blair Waldorf, de Gossip Girl. Eu tinha feito, com uma fita comum, um lacinho e ficou parecendo que eu estava usando um arco. A Scarlett disse:

– Sabia que você está a cara da Blair da Gossip Girl? Só te peço para não tramar nada contra mim, tá?  

– Ai, Scarlett... Nem vem... - Eu respondi. Nesse instante, a campainha tocou e eu peguei o meu celular, para ver a hora. A Scarlett disse:

– Conta até cento e vinte, no ritmo do ponteiro dos segundos.
Fiz o que ela falou. Era uma bobagem que a gente tinha. Sempre deixar os garotos esperando um pouco, enquanto a gente contava até um determinado número, junto com o tic-tac do ponteiro de segundos do relógio. Quando eu cheguei no cento e vinte, meu pai bateu na porta do meu quarto e disse:

– Catarina... Tem um rapaz, lá embaixo... Disse que se chama Tom e que veio te buscar para a festa...

– Tá, pai... Já estamos descendo. - Respondi.
Quando chegamos no primeiro andar, o Tom estava sentado no sofá, todo jogado, e, quando nos viu, se levantou e, quando ele me viu, ouvi ele dizendo um "Wow" baixo e eu perguntei:

– E aí? A gente vai ficar aqui a noite inteira ou nós vamos para a festa?

– Hã... Vamos. - Ele respondeu, fechando a boca, depois de perceber que o queixo dele tinha caído.

Quando chegamos à festa, a Scarlett disse, pegando no meu braço e falando no meu ouvido, para que ninguém pudesse ouvir:

– Cara... Olha só os pedaços de mau caminho que estão aqui! É hoje que eu saio daqui com um namorado!

Olhei para a Scarlett, surpresa. Ela era a mais... Anti-casamentos do grupo. Dizia que não ia se casar nunca, já que os homens não prestavam e só serviam para o sexo mesmo.

O Tom me puxava pela mão e passeava pela festa. Ele parou perto do bar e me perguntou:

– Quer alguma coisa?

– Não... Por enquanto não.

Olhei para trás, para perguntar se a Scarlett também queria, mas, a danada sumiu. Dei uma olhada geral na festa, para ver se achava a minha amiga, mas, não consegui. O Tom viu alguma coisa e me disse:

– Aqui... Eu vou ter de ir no banheiro rapidinho, mas, me espera perto da piscina que eu já estou indo lá, tá bom?

– Tá... - Respondi. Fui na direção que ele me indicou (Eu nunca estive na casa do Georg antes) e, quando vi as espreguiçadeiras, fui até elas e me sentei em uma. Não estava agüentando o salto do sapato. Ainda que fosse pequeno, estava me matando. Não demorou e o Bill apareceu. Ele me disse:

– Desculpa, mas tem alguém... Catarina?

Olhei para ele e percebi o quanto ele estava bonito. E ele também estava me olhando. Eu balancei a cabeça, negativamente, tentando afastar o meu pensamento sobre ele estar bonito e ele, encarando essa "balançada de cabeça negativa" como se eu estivesse dizendo que ele podia se sentar. Ele ficou do meu lado e, me observando, perguntou:

– Você está diferente... É impressão minha ou você cortou o cabelo?

Olhei para ele, surpresa; Sabia que, normalmente, homens nem reparavam quando as mulheres cortavam os cabelos. Principalmente ele, que fazia questão de me ignorar sempre que nós nos cruzávamos no corredor da escola ou então, até mesmo na sala de aula.

– Cortei. - Respondi. - Enjoei daquele cabelo comprido e das pontas vermelhas...

– Você ficou mais bonita assim... - Ele respondeu, ainda me olhando.

– Onde é que você está querendo chegar? Bill, nós dois não nos suportamos... E você sabe disso.

– Você sempre recebe elogios tão bem assim?

– Se fosse qualquer outra pessoa... Eu podia até agradecer. Mas, você sempre fica me provocando e me odeia, lembra?

– Eu não te odeio... Só... Gosto de te ver irritada. Você fica ainda mais linda quando fica brava...

Eu tive que rir.

– Tão clichê... - Respondi. - Olha, acho melhor para nós dois se a gente continuar do jeito que está... Tudo bem que nos aproximamos por causa do trabalho, mas, assim que entregarmos a peça para a professora, isso tudo acaba e nossas vidas voltam ao normal. E com licença que eu vou procurar a minha amiga...

Me levantei da espreguiçadeira e fui até a casa, procurar a Scarlett. Assim que eu achei o Tom, perguntei:

– Você viu a Scarlett?

– Vi. Ela estava com o Georg. Agora onde os dois se meteram é outra história... Por quê? Você quer ir embora já?

– Não... Só queria saber onde a Scarlett estava mesmo.

– Ah...

De repente, eu vi o Bill e fui tomada por um impulso. Peguei a mão do Tom e puxei ele para dançar comigo. Fiquei dançando com ele, provocando mesmo, só que o Tom se controlou e, quando eu estava colocando os meus braços ao redor do pescoço dele, o Tom pôs a mão na minha cintura e falou, no meu ouvido:

– Já vou te avisando que, se você está tentando fazer ciúmes no Bill... Não vai funcionar.

– Por que você acha isso?

– Porque ele sabe que eu gosto de você como minha amiga e eu não ia aceitar fazer parte desse seu plano...

Soltei o Tom e saí dali. De repente, uma raiva imensa tomou conta de mim e, quando percebi, estava até tremendo...

Postado por: Grasiele

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