quinta-feira, 15 de março de 2012

A Megera Indomada - Capítulo 7 - Provocações

 Quando eu acordei, na segunda-feira, me sentia estranha. Mas era estranha mesmo. Comecei a sentir meu estômago embrulhando. De repente, eu me levantei da cama e saí correndo até o banheiro. Quando meu pai bateu na porta, depois de me ouvir, ele perguntou:

– Catarina? Está tudo bem, filha?

Lavei a minha boca, rapidamente, só com água e destranquei a porta do banheiro, para que eu pudesse conversar com o meu pai.

– Eu não estou bem. - Respondi. - Estou sentindo o meu estômago embrulhado e estou tonta...

– Kate... Ontem você não comeu absolutamente nada... É por isso que você está passando mal... Ficou de estômago vazio durante muito tempo...

– Eu sei, pai... - Respondi, voltando para a cama. Acabei ficando em casa e a Bianca foi para a escola.

          * * *

Contado por Bill

Eu sabia que a Kate não ia nem me olhar na segunda-feira. Mas, como eu disse à ela que estava disposto a lutar por ela, então, nem me importei com o tapa que ela me deu, depois que eu roubei um beijo dela. Porém, eu cheguei na sala de aula e vi que ela não estava lá. E normalmente, ela era uma das primeiras a chegar. Esperei a manhã inteira para que ela chegasse e, quando a última aula terminou, saí da sala e fui atrás da Bianca. Assim que a encontrei, perguntei:

– Bianca... Onde a Kate está?

– Em casa. Acordou indisposta e, por isso, não veio. - Ela respondeu; Fiquei olhando para a Bianca por alguns segundos; Ela nem parecia irmã da Kate. Se por um lado a mais velha tinha os cabelos escuros e os olhos castanho-esverdeados, a Bianca era loira e os olhos eram verde-acinzentados. Isso sem mencionar que o gênio das duas eram diferentes. A Kate era mais quieta, mais séria e vivia metida com livros e outras coisas ligadas à cultura, como teatro. Já a Bianca sempre estava sorrindo, falando à beça e brincando e a única preocupação dela eram roupas e shopping centers.

– Olha, eu não sei o que houve entre vocês, mas... Espera um tempinho e deixa a Kate vir até você. Eu conheço a minha irmã e sei que ela não vai demorar muito para vir conversar. - A Bianca respondeu. - Ela não consegue ficar com raiva de alguém por um longo tempo.

Concordei com a cabeça e fiquei observando a Bianca se afastar. Eu queria seguir o conselho dela, mas, não conseguia. E, como eu tinha feito algumas pesquisas a respeito da Kate, decidi tentar me arriscar.

        * * *

Contado pela Kate

No final das contas, meu pai descobriu que eu estava passando mal daquele jeito porque era de fundo emocional. Também... Se ele tivesse sigo agarrado do jeito que eu fui, garanto que ele estaria na mesma situração.

Quando eu estava inteiramente recuperada, a Scarlett e a Bella foram lá para a minha casa, para podermos ajudar a Bella a fazer um trabalho de História. Estávamos as três, escrevendo um resumo para o trabalho quando ouvimos uma coisa. Achamos que era algum vizinho com o rádio ligado, mas, não era. Passou cinco minutos desde que esse barulho começou e, de repente, a Scarlett, que era a mais curiosa das três, se levantou e foi ver o que era. A doida afastou a cortina e, quando viu o que estava acontecendo, me gritou. Eu fiquei curiosa, mas, era teimosa também, então, continuei a escrever o meu resumo. A Bella foi a segunda a ceder e, ela também me chamou para ir até a janela. De repente, um furacão chamado Bianca entrou no meu quarto e, me puxando da cadeira, falou:

– Kate... Vem ver quem está lá embaixo, fazendo uma serenata...

Não tive escapatória. Ainda mais que as três se juntaram e me puxaram. Estavam, em frente à minha casa, o Bill, o Tom, Georg e o Gustav, em tempo de serem atropelados. Isso sem mencionar que a cantoria do Bill tinha atraído os olhares curiosos dos vizinhos. Meu pai entrou no quarto também e eu falei:

– Eu já volto. Vou lá embaixo.

Todo mundo estava crente que eu ia até o Bill, agradecer a serenata e ainda, dar aquele beijo de língua cinematográfico.

Quando eu joguei água em cima do Bill, mais para espantar ele mesmo, pude ouvir os xingos das minhas amigas e do meu pai, por causa da água. A Bianca, então, decidiu deixar ele entrar. Quando eu percebi o que ela estava fazendo, saí correndo na direção da minha irmã e, no instante que ela ia pegar na maçaneta da porta da frente, dei um pulo enorme e consegui derrubá-la no chão. Meu pai veio correndo, por causa do barulho. Eu estava tentando imobilizar a Bianca, mas, meu pai, naquele tom alto e autoritário, interferiu:

– Catarina! Sai de cima da Bianca agora!

Já conhecendo o meu pai, saí de cima da Bianca e falei:

– Se ele entrar aqui, eu não saio do meu quarto!

– Não vai. - Meu pai disse. Cruzei os braços e me sentei no sofá. Meu pai abriu a porta e fez o Bill entrar. Meu pai disse:

– Desculpa, mas, você sabe que a Catarina tem um gênio não muito fácil...

– Tudo bem. - Ele respondeu. De repente, ele me olhou e fiz questão de fechar a cara para ele.

A Bianca já tinha se levantado e ido para o quarto dela. Meu pai ia buscar toalha e roupas secas para o Bill e, portanto, eu fiquei sozinha com ele, ali.

– Precisava fazer isso mesmo? - Ele me perguntou.

– Eu que te pergunto se precisava realmente vir me matar de vergonha, cantando debaixo da minha janela...

– Achei que você fosse gostar... Mas, pelo visto, você não é nem um pouco romântica...

– Pois é... Não sou. Algum problema?

– Eu te disse que não ia desistir de você...

– Tem certeza? Se eu fosse você, mudaria de idéia.

– Não vou mudar. Sou tão teimoso quanto você.

– OK... Se você prefere ser vencido pelo cansaço... - Respondi. - Agora, se você me dá licença, eu vou terminar o trabalho que eu estava fazendo...

Passei em frente à ele de propósito, só para provocá-lo (Ainda mais que eu estava com uma regata bem colada ao corpo e com um decote bem... Chamativo, além do short do meu pijama, que era curto.). Agora, pra quê eu fui passar na frente dele desse jeito, não sei. De repente, ele pegou o meu braço e me puxou para mais perto dele. Eu já conseguia sentir a respiração dele a poucos milímetros de mim e, se não aconteceu beijo, foi graças ao meu pai. Ele chegou exatamente na hora e o Bill me soltou. Eu subi as escadas e fui para o meu quarto. Agüentei o falatório da Scarlett e da Bella por, no mínimo meia hora até voltarmos a fazer o trabalho.

Algumas semanas se passaram, o Bill ficava me rondando que nem uma mosca ronda um sonho de padaria, eu sempre dava um jeito de afastá-lo (Fosse dando esporro mesmo ou então, quando a situação ficava crítica, apelando para atitudes extremas, como o balde de água), mas, nem assim, ele desistia. Ele bem que tentava, mas, não conseguia me beijar. Eu sempre era salva pelo gongo ou então, conseguia fugir, de alguma maneira. O pior dessa história toda era que quem estava se cansando e quase cedendo, era eu. Já estava ficando de saco cheio dessa história toda. E, para piorar, ele respondia às minhas provocações de um jeito que me deixava sem fala. É que nem no dia que estávamos na aula de química, o professor pediu que nos organizássemos em duplas e tentássemos fazer uma mistura. Eu peguei os tubos de ensaio e começava a misturar alguns elementos e o Bill ficou lá, me atazanando, até que eu perguntei, irritada:

– Vem cá... Você quer fazer essa experiência no meu lugar?

– Não. - Ele respondeu, num tom que eu não consegui entender qual era.

– Então fica quieto e pára de dar palpite errado, senão eu juro que dou um jeito de fazer uma fórmula que vai fazer com o seu amigo aí de baixo encolher...

– Você teria coragem?

– Continua me enchendo a paciência para você ver se eu não tenho...

– Acho meio difícil você conseguir fazer uma fórmula desse tipo...

Suspirei impaciente e, tentando manter a calma, respondi:

– Sabia que, nesse ponto, eu sou obrigada a concordar com você? Deve ser tão pequeno que, se encolher... Você vai ter de fazer xixi sentado...

– E quem te disse que é pequeno? - Ele perguntou, com a maior cara de tarado. Não consegui pensar em mais nada para responder e ele sorriu, de um jeito malicioso. Entendeu agora o que eu quis dizer sobre as provocações que me deixavam sem palavras? E o pior é que ele sempre tinha razão. Quando as provocações eram indiretas bem diretas, ele me fazia perceber que era verdade. E o pior é que eu estava me apaixonando por ele também...

Postado por: Grasiele

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