quinta-feira, 15 de março de 2012

A Megera Indomada - Capítulo 8 - Tatuagens e piercings

Era a hora do intervalo lá na escola e, como sempre, um grupo de meninos se juntava e eles iam jogar futebol. Eu, a Scarlett e a Bella sempre nos sentávamos em uma das arquibancadas, de frente para o campinho e assistíamos o jogo. Raramente, tinha alguma outra menina ali. Só que tinha chovido na noite anterior, então, aquelas "tábuas" ainda estavam molhadas. A gente tinha acabado de chegar da lanchonete, com copos cheios de sucos, além dos lanches mesmo. Eu estava na frente, procurando por um lugar seco quando vi que um dos times estava jogando com a camisa do uniforme e o outro, sem camisa. Eu estava olhando para os jogadores do time sem camisa quando vi o Tom entre os jogadores de camisa, indo até o outro lado do campo, indo conversar com alguém do time adversário. Na mesma hora que o Tom me indicou, o Bill se virou e, como eu não vi onde estava pisando, além de estar molhado, tomei aquele tombo. As meninas vieram correndo, me ajudar a levantar e, quando a Bella me perguntou:

– K.T.! Está tudo bem? Você se machucou?

Eu tive consciência de que eu tomei um tombo ridículo, por motivos ainda mais ridículos. Quando percebi isso, comecei a rir, que nem uma louca. E a Scarlett perguntou:

– Vem cá... Você bateu a cabeça, por um acaso?

– Não... Só que olha como e por que eu caí! Cara... Só eu mesmo!

Eu me levantei e, quando virei de costas para as duas, a Bella disse, tirando o próprio casaco e me entregando:

– Toma... Vai por mim... Você vai precisar dele...

– Está falando isso por causa da água? - Perguntei me virando de costas para o campinho. A Scarlett começou a me fazer uns gestos discretos, para que eu me virasse. Como eu não entendi, na hora que eu ia perguntar o que tinha acontecido, ouvi o Bill atrás de mim:

– Kate... Está tudo...

Me virei bem a tempo de ver que ele estava com o olhar baixo, evidentemente, olhando para minha bunda. Safado, eu pensei.

– Bem? Está. Foi só um tombo mesmo...

– Tem certeza? - Ele perguntou.

– Tenho. Pode ir se estapear com os meninos ali, por causa da bola... Vou sobreviver, para te atazanar...

Ele se afastou e a Scarlett se inclinou na minha frente e disse:

– Eu tentei te avisar, mas, sabe por que o Bill estava olhando para sua bunda?

– Por que ele é homem e pensa com a cabeça de baixo? - Perguntei.

– Não. Acontece que, com o tombo... O... Choque foi tão violento, mas, tão violento que todo mundo viu sua calcinha com estampa de sapinho...

– Ai, Scarlett, não brinca comigo! - Implorei. Ela e a Bella me olharam e, rapidamente, eu peguei o casaco da Bella e enrolei no meu quadril. Fomos até o vestiário feminino que tinha ali perto e, quando fui ver o tamanho do rasgo na minha calça, falei:

– Ai, merda! Olha aqui! Minha bunda está toda de fora!
– A gente tentou te avisar que sua calça estava rasgada, que o Bill estava vindo e, mesmo assim, você virou de costas e mostrou os sapinhos para ele... - A Bella disse.

– Nem falo se pode ficar pior, porque eu sei que pode... Na pior das hipóteses, se alguém tiver filmado esse meu... Tombo espetacular e colocar na internet... Vou começar a andar com um saco de papel na cabeça...

– Quer saber de uma coisa? - A Scarlett perguntou. Ela abriu a própria mochila, e tirou um short jeans de lá de dentro. Ela me estendeu o short e eu perguntei:

– Está frio lá fora...

– Ah, é verdade! - Ela respondeu. Logo, ela estava me estendendo uma meia-calça vermelha e grossa. A sorte é que eu sempre usava blusas com cores neutras. E o all star que eu estava usando hoje era preto, que nem a blusa. Quando terminei de me vestir, a Scarlett, que sabia costurar, fez uns arranjos na manga da minha blusa, com o meu consentimento. Quando saímos do vestiário, sentia que todos os olhares estavam sobre mim. Eu tinha me arrumado de um jeito diferente e isso, de um jeito ou de outro, estava atraindo olhares. Quando eu entrei na minha sala, o Bill já estava sentado lá. Eu fui andando até o meu lugar, normalmente e ele me perguntou:

– Kate... Você está bem?

– Estou. - Respondi. - Por quê?

– Você caiu, lembra?

– Ah... É verdade... - Respondi, olhando para ele. Enquanto estava me arrumando no vestiário, choveu. E ele estava com o cabelo molhado ainda. De repente, o pensamento que me surgiu foi "Meu Deus... Quem diria que as gotas de chuva deixariam alguém tão sexy?". Ele percebeu o meu olhar e, me dando conta que eu estava quase babando e de boca aberta, tratei de fechá-la e procurar o meu caderno.

Quando a aula acabou, eu fui para o ponto de ônibus, com a minha sombrinha. Só que, no meio do caminho, a maldita virou com uma lufada do vento e fiquei tomando chuva. Por sorte ou azar, adivinha quem apareceu? Bill, lógico. E ele também estava tomando chuva. Perguntei para ele, quando nós dois ficamos alojados debaixo de um toldo:

– E o Tom?

– Ficou na escola, porque essa semana ele está tendo aulas extras...

– Ah... - Respondi. Como desgraça pouca é bobagem, a chuva aumentou, o toldo estava cheio e, com isso, não agüentou e arrebentou. Resultado: Um banho daqueles. O ônibus chegou em poucos minutos e, quando menos esperei, o Bill me obrigou a ir para a casa dele. Daí, quando a mãe dele chegasse em casa do trabalho, ela poderia me levar. Era abuso, mas, eu era tão amiga do Tom, que ela já tinha acostumado comigo, sempre era simpática comigo e, de vez em quando, tentava me aproximar do Bill. É incrível que mãe sempre sabe de tudo...

Quando chegamos na casa dele, não tinha um único centímetro do nosso corpo que estivesse seco. Ele trancou a porta, depois que eu passei e, depois de jogar a chave num cinzeiro que tinha num aparador do lado da porta, fomos para o andar de cima. Ele me emprestou uma camiseta e um short dele, de novo, e me deu uma toalha, para logo em seguida, me mandar ir tomar banho, literalmente. Eu tinha acabado de sair do banheiro e ele ainda estava tomando o banho dele. Fui para o quarto dele e do Tom e fiquei mexendo na minha mochila, vendo o que tinha se salvado. Eu estava tentando ver se meu celular ainda funcionava quando ele entrou no quarto, usando só uma toalha. Vi que ele tinha uma estrela tatuada mais ou menos, sobre aquele ossinho que tem no quadril, além de uma frase escrita na altura das costelas dele, do lado esquerdo. Quando ele virou de frente, para procurar uma coisa numa cômoda do meu lado, percebi que ele tinha um piercing no mamilo. Me deu um pouco de agonia, não nego. Quando ele achou o que ele estava procurando, fechou a gaveta e, como ele teve de esticar o braço, vi que ele tinha mais uma tatuagem, que era "liberdade 89" em alemão. Na hora que o olhar dele cruzou com o meu, fiquei roxa de vergonha, por estar fazendo aquele exame clínico, e desviei o olhar para o celular na minha mão. Ele saiu do quarto, sorrindo. "Besta", eu pensei. Quando ele reapareceu, estava vestido, com uma camiseta e uma calça, e sentou na cama dele, ficando de frente para mim. Ele me observou, em silêncio, tirar cada coisa que estava dentro da minha mochila, examinar e colocar de volta. Bom... As coisas que não tinham jeito de tirar, ficaram dentro da mochila, senão, eu ia ficar roxa de vergonha. É besteira minha, mas, era melhor assim. Quando eu fechei o zíper e joguei a bolsa (Sim, porque se você for parar para pensar, a mochila é tipo uma bolsa mesmo) no chão. Eu perguntei, quando percebi que ele ainda estava me olhando:

– Eu estou verde-limão, por um acaso?

Era óbvio que ele não entendeu a pergunta, aparentemente sem nexo.

– Não...

– Então... Tem alguma coisa de errado comigo? Alguma coisa que fez você me olhar fixamente nos últimos... Quinze minutos?

– Não. Você está normal...

– Ah... Então, me responde se é pedir muito para que você pare de me fixar desse jeito? Já está incomodando...

– Desculpa... Mas, eu estava pensando numa coisa...

Ai Deus... Eu mereço! - Pensei.

– O quê?

– Lembra de quando a gente teve que fazer aquele trabalho sobre a Megera Domada?

– Preferia não lembrar. Mas, infelizmente, lembro. O que tem ele?

– Você se lembra que a gente veio para cá, de ônibus, não é?

– Lembro... Bill, pára de rodeios e fala logo o que você quer!

– Eu vi a tatuagem que você tem na nuca. - Ele falou rápido.

– E... ? - Perguntei. - Olha só para você... Tem três piercings, não sei quantas tatuagens...

– É, mas, do jeito que você é, achei que você fosse contra tatuagens...

– Eu tenho piercings, também... - Respondi.

– É... Deu para sentir naquele dia, depois da peça...

Meu sangue começou a ferver, só de lembrar. Mas, consegui me manter calma.

– Você tem só essa tatuagem da nuca ou tem mais?

– Não te interessa. - Respondi, finalmente conseguindo ligar o meu telefone.

– Tem sempre que me tratar assim?

– Tenho. E não se faça de rogado, porque você sabe muito bem que eu não te suporto. Se eu aceitei vir para cá, é única e exclusivamente por causa da chuva. - Respondi. Eu podia sentir que ele estava olhando para mim. Mas, não ousei levantar a cabeça para olhá-lo. Foi, quando, do nada, ele fez uma coisa inesperada...

Postado por: Grasiele

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