quinta-feira, 15 de março de 2012

A Megera Indomada - Capítulo 4 - A festa - Parte 02

Normalmente, eu já não gostava muito de ir à festas, justamente por causa das confusões. E eu sempre esperava até, pelo menos, meia-noite para ir embora. Só que hoje eu bati meu próprio recorde: Não eram nem nove meia e eu já estava doida para ir embora. Como eu sabia que a Scarlett ia demorar, resolvi afogar as mágoas, quase que literalmente. Um cara tinha "contrabandeado" ecstasy para a festa e, quando ele me ofereceu, não hesitei em pegar. E, como eu já estava mais para lá do que para cá, segurando uma garrafa de vodca, mandei ver mesmo. Uma das últimas coisas que eu tive consciência era de estar em cima de uma mesa, dançando e começando a tirar meu vestido, quando senti que alguém estava me pegando no colo e me tirando dali, à força.

– Me deixa em paz! - Gritei.

– Ah, tá... Se eu te deixar em paz, você fica pelada e... Aí vai vir um bando de urubus em cima de você... - Ouvi a voz do Bill me dizer, bem perto. Percebi que ele estava me carregando nos braços dele.

– Até que não seria má idéia deixar ela fazer um strip-tease... - Ouvi o Tom dizer, um pouco mais afastado.

– Ai, Tom... Não fala merda, não... - O Bill reclamou.

– Bill... Me põe no chão agora! - Eu exigi.

– Não vou não... - Ele respondeu. Senti uma coisa parecida com um solavanco e o Bill retrucou: - Você é pequenininha, mas pesa que é uma maravilha...

– Safado! - Disse, batendo no peito dele. Senti ele rindo e ele disse:

– É essa toda sua força? Achei que fosse mais forte... Que realmente fosse machucar alguém e não fazer cócegas...

– Ai, garoto! Pára de me provocar... Além do mais, eu estou bêbada e misturei ecstasy com vodca...

– Você é maluca... - Ele disse. De repente, percebi que ele estava me colocando dentro de um carro e, logo depois de me colocar no banco de trás, ele entrou e se sentou do meu lado. O Tom foi dirigindo. Ouvi o Tom perguntando:

– O que a gente faz com essa bebum aí? Vamos levar ela lá para a casa?

– Não... Eu tenho que ir para a minha casa, senão meu pai me mata! - Resmunguei.

– Acho que é mais fácil você ser morta por ele porque está nesse estado. E não porque você não foi para a casa... Tom... Vai lá para a casa.

Vi que não ia adiantar discutir, então, fiquei quieta. Assim que chegamos, o Bill me ajudou a sair do carro e me fez apoiar nele quando eu quis andar. O Tom entrou na frente e, enquanto ele foi procurar um colchonete para eu dormir, eu e o Bill ficamos sentados no sofá. Ele percebeu que eu estava caindo sobre o sofá e me segurou. Eu falei:

– Eu estou bem... Não precisa se preocupar...

– Ah, estou vendo o quanto você está bem. - Ele respondeu, me enlaçando pela cintura. - Por que você é sempre tão teimosa, hein?

– É um traço da minha personalidade. Não posso mudar. - Respondi. - Já tentei, mas, como deu para perceber, eu não tive sucesso.

– Por que você fez aquilo?

– Aquilo o quê?

– Tomou vodca com ecstasy?

– Me deu vontade.

Percebi o olhar dele e perguntei, irritada:
– O que foi? Até onde eu bem me lembro, você não é meu pai, irmão e, graças a Deus, não é meu namorado, para ficar com cobrança em cima de mim...

– É, mas, lembrou que eu sou seu colega e que eu posso me preocupar com você?

– Eu dispenso sua preocupação. - Falei, soltando o braço dele da minha cintura. Fui me levantar, mas, de tão bêbada, tropecei nos meus próprios pés e quase caí. E, de novo, senti que ele me segurou.

– Kate... Deixa de ser orgulhosa, pelo menos uma vez?

Justamente quando eu ia dar uma resposta bem mal-criada para ele, que o Tom apareceu, avisando que não tinha achado um colchão e ia abrir mão da cama dele para mim. E, quando eu perguntei onde ele ia dormir, a resposta foi simples:
– Aí no sofá. Não tem problema, porque ele é sofá-cama e já cansei de dormir aí... E eu acho melhor você dar um jeito nela, Bill... Se quiser, faço um café para ela...

– Faz isso, por favor. - O Bill disse. Ele me deu um puxão e começou a me guiar, falando: - Anda... Vamos lá para cima, para você trocar de roupa...

– Não trouxe meu pijama...

– Eu te empresto uma camiseta minha, não tem problema... - Ele respondeu. Vendo que eu não me mexia, ele me pegou no colo e, mesmo com meus protestos, não me pôs no chão. Pelo contrário. Só foi me soltar quando me enfiou dentro do box do banheiro e abriu o chuveiro. Quando senti a água gelada caindo nas minhas costas, comecei a xingá-lo e reclamar. Ele respondeu:

– Vai ficar aí, sim senhora! E pára de gritar que minha mãe e o meu padrasto estão dormindo!

Bufei, que nem um gato e só saí de lá quando ele voltou, com uma camiseta e um short dele. Em seguida, saiu do banheiro, me deixando sozinha, para me arrumar. Assim que estava pronta, fui para o quarto dele, que me deu uma xícara de café e mandou:

– Toma tudo.

A contragosto, tomei um gole e, quando senti o gosto amargo do café na minha boca, quase cuspi. Mas, vendo que eu ia ter de tomar o café, de um jeito ou de outro, bebi tudo o que tinha na xícara. De tão... Desorientada que eu estava, nem percebi que eu deitei na cama dele. E para piorar tudo, ele não falou nada.

Na manhã seguinte, quando acordei, vi que ele ainda estava dormindo, sem camisa e virado para mim. De repente, senti uma dor de cabeça muito forte e me xinguei, em pensamento, por ter me descontrolado daquele jeito na festa ontem. Quando eu resolvi levantar da cama, esta rangeu e o Bill acordou. Ele perguntou, se espreguiçando:  

– E aí? Como você está se sentindo?

– Melhor. - Respondi. - Mas a minha cabeça tá doendo e parece que tá rodando...

– Não mandei exagerar na bebida daquele jeito... - Ele resmungou, se levantando da cama. De repente, percebi uma coisa e perguntei:

– Essa cama... É sua ou do Tom?

– Do Tom.

– Ai meu Deus... - Respondi, me levantando de vez. Como minha pressão era baixa, sempre que eu me levantava depressa demais, me dava uma tontura. E como eu estava de ressaca, a tontura foi poderosa. O Bill levantou rapidinho e me segurou.

– Você está bem?

– Estou. Foi só... Uma tontura porque me levantei rápido demais... - Respondi. Senti que a tontura estava melhorando e pedi para que ele me soltasse. De repente, a mãe do Bill bateu na porta do quarto e perguntou:

– Bill? Você já acordou?

– Já, mãe... - Ele respondeu. - Já estou descendo...

– Ah sim... O café já está pronto. - A mãe dele avisou. Eu me desvencilhei dele, que perguntou:

– Tem certeza que você está bem?

– Estou. Só preciso trocar de roupa, me arrumar e principalmente: Um par de óculos de sol e remédio para dor de cabeça...

Ele sorriu. De algum jeito, essa "salvação" da festa, mexeu comigo. E noite passada, mesmo com a tontura por causa da bebida e do ecstasy, consegui sonhar. E o pior é que eu sonhei com ele e nós dois estávamos nos beijando, num palco de um teatro... Me deu até medo só de lembrar...

Postado por: Grasiele

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