segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Sparks Fly - Capítulo 15 - Truce.

Ele é só um garoto, eu sou só uma garota
Posso tornar isso ainda mais óbvio?
Nós estamos apaixonados
Você não ouviu como nós abalamos o mundo um do outro?

(Contado pela Savannah)

Estava ansiosa pro final de semana chegar o mais rápido possivel. Queria reencontrar o meu pai, saber como tinha passado esses dias sem mim, ouvir suas loucuras, sentir aquele abraço apertado que só ele sabe dar... Mas ainda era terça-feira, e as horas pareciam não querer passar. Enquanto pensava na possibilidade de começar a roer as minhas unhas, o Tom ficava com seus pensamentos maquiavélicos contra mim. Como eu sabia que ele poderia aprontar qualquer coisa, a qualquer momento, já estava preparada.

Era hora do café da manhã, todos reunidos em torno da mesa - como de costume -, a conversa rolava solta, os meninos faziam palhaçada. Resumindo, estavam todos relaxados, ou melhor, largados. Eu estava sentada ao lado do Tom, que naquele dia me tratava da melhor maneira possivel. Ele está sendo bonzinho demais, pro meu gosto. Mas entrarei no seu jogo. Pensava, enquanto lhe passava aquele sorriso falso. A empregada estava de folga – finalmente -, então deveríamos nos virar para fazer qualquer coisa.

– Vou pegar mais suco de laranja na geladeira. – disse. – Alguém quer?
– Pode deixar que eu pego pra você. – diz Tom. Todos se entreolharam.
– Obrigada, mas posso fazer isso sozinha.
– Que nada. – ele se levanta – Eu já estava indo lá mesmo.

Tá legal. Já que está insistindo tanto, não é? Continuei sentada, e olhei pra Bella. Ela também tinha certeza que ele aprontaria. A campainha tocou, e o Georg se levantou todo feliz, e foi atender. Estranho, muito estranho. Desde quando esses meninos gostam de atender a porta? O Tom colocou dois copos de suco ali na mesa, o meu e o da Bella. Em seguida pôs o dele e o do Bill. E com a cara mais sínica que eu poderia ter, disse:

– Quer trocar os copos? – perguntei a ele.
– Por quê? – perguntou, desconfiado.
– To apaixonada por você, e acho isso romântico. – Bella, Bill e Gustav, começaram a rir.
– Está se declarando pra mim?
– Ah, já estava na hora, não acha? Nos conhecemos há tanto tempo, e passamos por tantas coisas juntos.
– Prefiro ficar com o meu copo.
– Não seja tão frio, e troque comigo. – fiz as trocas, contra sua vontade.

Georg aparece com uma garota ao seu lado, e aquele enorme sorriso que ia de orelha a orelha.

– Pessoal – diz ele. -, está é a Rebeca, minha namorada.
– Um minuto de silêncio pra essa alma que está perdida e não sabe em que enrascada está entrando, por namorar o Georg. – diz Gustav.
– Ah, não deve ser tão ruim assim. – diz Bella.

Obviamente nós fomos educados e a cumprimentamos. O Tom aproveitou o momento em que abracei a Rebeca, e destrocou os copos. Porque será que ele acha que eu não vi? Todos já estavam de volta à mesa, e agora com mais uma pra completar o “time”.

– Querido, porque destrocou nossos copos? – fui sínica novamente.
– Não fiz nada. – diz Tom.
– Achou mesmo que eu não vi? – emburrado, ele fez a troca. – Agora beba.
– O quê? – todos em silêncio, esperando algo.
– Tá surdo? – perguntei. – Beba o suco.
– Perdi a sede.
– Se você não beber, começarei a pensar que tem algo ai dentro.
– Não tem nada. – começava a ficar nervoso.
– Então beba e me dê essa prova.

Sua mão estava tremendo, mas ele bebeu tudo. No fundo, até que senti um pouco de pena. Que garoto mais burro! Precisava ser tão simpático comigo, antes de aprontar? Ele se levantou, e foi correndo pro banheiro. É mesmo necessário dizer o que tinha dentro do suco?

– Como sabia que ele colocaria algo dentro da sua bebida? – pergunta Gustav.
– Pra começar, o Tom estava sendo legal demais. E vocês são preguiçosos o suficiente pra eu saber que não se levantariam para pegar qualquer coisa. – respondi.
– Já disse que quero morrer sendo sua amiga? – diz Bella.
– O Tom foi muito burro. – disse Bill.
– Concordo. – diz Georg. – Ele não sabe fazer as coisas direito. Deveria pensar antes, e depois agir.

MAIS TARDE...
A namorada do Georg é muito engraçada, e um tanto maluca, mas é bem divertida e simples. Às vezes fico imaginando se ela sabe mesmo que o namorado é baixista de uma banda famosa. Ela age tão naturalmente, e tem cara de tarada. Mal começamos a conversar, e já parecíamos tipo... Amigas de infância. Acho que era disso que eu estava precisando. Alguém pra poder conversar.

Bella teve que sair pra visitar alguém, o Gustav se enfiou dentro do quarto, Bill ficou assistindo filme, Georg e Tom pegaram o carro e saíram juntos. Rebeca e eu fomos até área da piscina, e ficamos sentadas nas espreguiçadeiras.

– O Georg me contou que você é casada com o Bill. – diz ela. – Mas parecia tão distante dele.
– Esse casamento é uma mentira. – respondi. – Isso só está servindo pra eu conseguir meu visto de permanência.
– Então você não gosta do Bill?
– Não. – eu ri. – Ele é uma pessoa bem legal, e tem namorada.
– Se não tivesse, você assumiria gostar dele?
– Não! No momento não posso pensar em gostar de alguém. Tenho coisas mais importantes a me preocupar.

E eu realmente tinha mesmo, o meu pai era a principal delas. Pensar em qualquer tipo de relacionamento, me deixava com uma pontinha de culpa. Sei lá, acho que devo cuidar dele primeiro, e depois de mim. Só ficarei tranqüila, quando essa cirurgia acabar, e o médico dizer que foi um sucesso.

MINUTOS DEPOIS...

A casa estava silenciosa, e o Bill continuava assistindo filme. Rebeca e eu, nos juntamos a ele. Como havíamos pegado o filme pela metade, não entendi nada, e seria uma surpresa se tivesse entendido. O Georg chegou, e disse que o Tom estava lá fora, e queria falar comigo. Será que está aprontando de novo? Me levantei e fui. Ele estava encostado ao seu carro, e com um skate em mãos.

– Encontrei isso caído ali no portão de entrada. – diz ele. – Tomei a liberdade de abrir o cartãozinho, e é pra você.
– Você não fez isso?! – sorri.
– Foi sem querer.
– To falando do skate. – me aproximei.
– Ah, você falou que queria um.
– Você é doido ou o quê?
– Ou o quê. – nós rimos. – Conheço uma pista muito louca, tá a fim de ir?
– Um-hum.

Entramos no carro, e não demorou muito até chegarmos a tal pista. Havia vários skatistas, e todos eles eram realmente bons. Cada manobra me deixava de boca aberta. Vi até um garotinho que aparentava ter seis anos. Ele arrebentava.

– Disse que sabia andar, agora vai ter que provar. – disse Tom.
– E você?
– Prefiro ficar só olhando.

–--
(Contado pelo Tom)

E não é que ela sabia mesmo andar de skate? Fiquei surpreso, e o mais incrível, ela era a única garota no meio de tantos marmanjos. Aquele bando de homens praticamente babando em cada manobra que ela fazia. Tive que aplaudi-la, como muitos fizeram.

– Ah, não precisa ficar aplaudindo. – disse ela. – Sei que sou boa nisso.
– Modesta, hein? – nós rimos.

Um garotinho veio correndo até nós, em suas mãos havia papel e caneta.

– Me dá um autógrafo? – pergunta ele.
– Claro! – disse todo feliz, e pegando a caneta.
– Você não! – ele toma a caneta de minha mão. – Quero um autógrafo dela.

Foi a primeira vez que me senti “normal”. Ninguém ali daquela pista de skate sabia quem eu era. Deveria me sentir mal por isso, mas fiquei feliz. Savannah foi dar mais uma voltinha, enquanto eu ficava conversando com um rapaz que estava ali por perto. Tudo ia perfeitamente bem, até alguém cair. Olhei de relance pra pista, e notei que era ela. Meu primeiro instinto foi correr até lá, pra tentar socorrê-la. Na queda, a Savannah torceu o tornozelo. Sei que a dor deveria estar sendo terrível, pois seus olhos estavam marejados de lágrimas.

– Calma. – lhe disse. – Te levarei pro hospital.
– Com cuidado. – ela chorava um pouco. – Está doendo muito!

A peguei no colo, e a levei até meu carro. No meio daquele desespero, nem voltei pra pegar o skate. Só sei que dei partida, e tentei chegar o mais rápido possivel, no hospital mais próximo. Não era o melhor hospital, mas tinha um bom atendimento. E como a Savannah tinha apenas torcido o tornozelo, ela teria que ficar usando uma daquelas botas ortopédicas imobilizadoras, por mais ou menos uma semana. Se fosse preciso, usaria mais tempo.

Paguei a consulta e tudo necessário... Me senti um tanto mal, ao vê-la sair daquela sala, usando a bota e muletas. De certa forma, a culpa foi minha. Se eu não tivesse levado aquele skate, nada disso teria acontecido.

DENTRO DO CARRO, EM FRENTE AO HOSPITAL...

– Ficaremos aqui parados? – pergunta ela.
– Me desculpa. – disse, com a cabeça baixa e sem olhá-la.
– Pelo quê?
– Não deveria ter te dado aquele skate. – a olhei.
– Você não está se culpando, não é?
– Mas a culpa foi minha!
– Não, você não teve nada a ver com isso! O erro foi meu.
– Se eu não tivesse comprado aquele maldito skate, você não estaria assim agora. – ela sorriu.
– Se você não tivesse comprado, eu não teria me divertido tanto.

Ficamos em silêncio.

– O que acha que pararmos com essa nossa “guerrinha” infantil, e agirmos como adultos? – diz ela.
– Está pedindo trégua?
– Um-hum. – fez uma pausa. – Não gosto de ter que planejar coisas contra você, e muito menos vê-lo se dar mal sempre.
– Também não gosto de fazer isso com você.
– Então... Acabou?
– Sim. – dei um meio sorriso.

Girei a chave, e dei partida novamente. Fomos pra casa. 

Postado por: Grasiele

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