sábado, 9 de julho de 2011

Nós Dois - Capítulo 22


 
Eu fui andando de patins mesmo pelo caminho de terra até chegar perto de Heiko. Quando eu cheguei perto, o chamei pelo nome ainda um pouco distante. Ele se virou com uma caixa na mão meio confuso.
Mila: Ééé, Heiko né? Lembra de mim? Eu vim outro dia aqui em uma gravação.
Heiko: Sim, eu me lembro de você.
Mila: Ha que bom. Escuta. O Tom esta por ai?
Heiko: Não, eles foram pra Miami.
Mila: Ham? Sério?
Isso me deixou abalada. Ele havia viajado novamente pro Estados Unidos e não me disse nada.
Heiko: Aham.
Mila: Eee..ééé. Você sabe quando eles voltam?
Heiko: Haaa..Quarta feira concerteza.
Mila: Ok, muito obrigada Heiko. - Eu me virei para ir embora.
Heiko: Hey, você não vai dizer isso pra ninguem né?
Mila: Ha não, pode deixar. Obrigada.

Eu voltei pra casa mais confusa ainda. E mais desesperada. Ele havia ficado tão chateado assim? Não é possível que uma frase no ouvido dele pudesse ter causado isso. Ou então era aquilo que eu imaginava, ele havia se cansado de mim. Sim era isso. Mas como? Eu ainda ardia por causa dele, ardia como a primeira vez que seus olhos olharam pra mim.
Até a possibilidade dele já saber o que eu tinha feito com Peter passou pela minha cabeça. Não sei, de repente Peter o procurou para contar. Não, não, ele não podia ter feito isso.

Eu esperei ansiosamente até Quarta, quando ele retornaria. Quando cheguei da escola corri para pegar meus patins e dar uma volta pelo bairro. Mas não vi seu carro em lugar algum. Voltei as 9 da noite pra casa e depois de dar uma boa desculpa para minha tia fui dormir.
Na Quinta feira, fiz a mesma coisa. Só que dessa vez fui até a casa de Monica. Ficamos no jardim dela conversando.

Monica: E você não esta se importando? Você gosta dele não é?
Mila: Eu não posso me importar. Ele deve ter preferido ficar com a tal Jessica. Isso não é problema meu.
Monica: Ai ai ai. ta bom, a Jéssica.
Mila: Sei la tambem, Jéssica ou qualquer outra, ele nem deve lembrar o nome dessas vadias todas.
Monica: Mas o seu ele lembra. Lembra do telefone, lembra onde você mora, até do Peter ele lembra..hahahahaha. Esse ai deixa ele soltando fogo pelas venta.
Mila: Isso não é ciumes, é competição.
Monica: Com o Peter? Ta bom. Seria competição se ele ficasse se esfregando com você na frente dele. Haaaam, então acho que não. Porque ele fica que nem um tomate de odio só de saber que você anda conversando com ele.
Mila: Affe idai! Isso não vai fazer ele me dizer "Mila meu amor, eu te amo.
Monica: Hahahaha, não mesmo, no maximo "Mila, você é muito gostosa".
Mila: Então né.Olha, eu vou voltar pra casa. Já ta tarde.

Me despedi de Monica e voltei para casa. Quando eu ainda atravessava a rua, de longe vi Peter no portão da casa dele. Ele estava esperando por mim. Me viu de longe.
Eu cheguei perto do meu portão e ele então veio andando até mim. Parei e esperei ele se aproximar.
Peter: Oi!
Mila: Oi!
Peter: Eu queria conversar!
Mila: Haam. Tudo bem.
Eu me sentei no meio fio da calçada e ele se sentou ao meu lado.
Peter: Ta chateada?
Mila: Um pouco.
Peter: Minha culpa?
Mila: Haha, não, não é sua culpa.
Peter: Ok, eu já imagino o que seja, mas não vou perguntar.
Mila: Peter. Por favor, ta bom.
Peter: Ele te faz sofrer. Porque você prefere a ele?
Mila: Peter, iss não é fácil de dizer, eu não tenho explicação por ter escolhido ele, só aconteceu, eu te escolhi tambem, mas como algo diferente.

Ele olhou para baixo com lágrimas nos olhos. Eu não queria ser tão sincera com ele. Mas era a verdade, e ele tinha de saber disso. Porque agora eu conseguia assumir pra mim mesmo que o que eu tinha com Tom não era simplesmente desejo, era muito maior que isso. Era uma dependência interminável dele.

Peter: E como você acha que isso vai acabar? Você acha que ele vai ter pedir em casamento e vocês serão felizes para sempre.
Mila: Não seja ridículo Peter, eu não quero me casar, nem com ele nem com ninguem.
Peter: Você aceitaria se eu te pedisse em namoro?
Ele me segurou pelo rosto aproximando minha boca da dele.
Mila: Peter, não, por favor.
Peter: Você só queria brincar comigo não é? - Falou ainda perto da minha boca.
Mila: Me desculpa.
Ele fechou os olhos e tocou meus lábios sutilmente, eu retribui a principio, mas depois me afastei.
Mila: Não, eu não posso.
Me levantei correndo e entrei deixando Peter ainda sentado na calçada. Eu ainda só conseguia pensar no quanto eu estava magoada, no quanto sentia falta de Tom. Da sua boca me beijando, das suas mãos me tocando sem pudor algum.
E foi assim que eu dormi, pensando em cada detalhe do corpo dele, com seus olhos castanhos bem guardados na minha cabeça.
Na sexta, eu acordei com nenhuma vontade de ir para a escola. Minha cabeça doía tanto que preferi ficar deitada até minha tia vir bater na porta para me apressar. Eu não respondi, e ela então entrou.
Angela: Mila, Mila, o que aconteceu? Você já esta atrasada.
Mila: Tia, minha cabeça esta estourando, eu não quero sair da cama.
Angela: Huuum...Ok, tudo bem. Eu aviso na escola que você não estava se sentindo bem. Toma um cházinho querida. No meu banheiro tem vários analgésicos tambem, pode pegar la.
Mila: Ta bom tia.
Depois de fazer varias recomendações ela saiu para escola. Eu coloquei o travesseiro sobre minha cabeça e apertei, voltei a dormir e só fui acordar as 10 da manha. Fui andando de pijama ainda, até o banheiro de minha tia pegar algum remédio. Depois de tomar o café eu comecei a me sentir melhor, a dor já não me incomodava tanto. Passei o resto do dia largada no sofá.
Minha tia chegou em casa as 5 da tarde e me encontrou no sofá deitada. Ela me olhou preocupada.
Angela: Querida, tudo bem? Você esta melhor?
Mila: Ha sim, bem melhor. Só estou com um pouco de preguiça depois de passar o dia em casa.
Angela: Você comeu alguma coisa?
Mila: Sim tia, depois de comer e tomar o remédio me senti bem melhor. Eu vou subir e estudar um pouco, já que perdi a aula mesmo.

Da minha mesa eu ficava olhando a rua para ver se via algo, o carro dele ou qualquer outra coisa. Na minha mesa o celular continuava sem tocar.
Quando eu finamente consegui me concentrar nos livros, ele me ligou. Eu peguei correndo o celular que estava logo ao lado do meu cotovelo, quase deixando ele cair no chão.

Mila: Alo!

- Aonde você ta?

Mila: Em casa. - Meu coração batia fora de controle.

- Eu to no estudio, vem pra ca agora.

Mila:Agora? Eu..eu...

- Da um jeito. Até daqui a pouco.

Mila: Tom, eu não..

Ele desligou me deixando desesperada. Seu tom no telefone não parecia estar muito agradável, eu tinha de me preparar para algo? Mas que droga, eu não podia ir até la agora, e se fosse seria para deixar algumas coisas bem claras pra ele. Mas a verdade é que eu só tive vontade de sair correndo sem olhar para trás e ir ao encontro dele e dar o que ele queria. Mas minha tia não iria querer me deixar sair depois de ter passado mau o dia todo.

Mila: Merda!

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