sábado, 9 de julho de 2011

Nós Dois - Capítulo 28



 Na escola, no dia seguinte. Eu estava encostada no cercado de plantas com minha mochila em um ombro só, esperando para entrar. Assim que Monica desceu do carro de seu pai na entrada, ela me avistou e veio falar comigo.
Monica: Carambra, da pra me dizer o que aconteceu ontem? Eu só vi você na primeira musica e depois você sumiu. Você e o Peter.
Mila: Eu não disse pra você quer ia dar merda levar o Peter?
Monica: Porque?
Mila: O Tom assim que me viu com ele mudou completamente. Ficou me provocando com uma garota la. Eu não queria ver aquilo, sai la pra fora, e ele foi atrás de mim. O Peter foi atrás depois e viu a gente encostado no carro, ele tinha me beijado e a gente tava quase abraçado. Eles começaram a brigar. Monica, o Peter ficou com a cara toda sangrando. Eu fiquei desesperada.
Monica: Meu Deus Mila.
Mila: Eu quase surtei de tanto chorar, Eles se jogaram no chão se estapendo.
Monica: Esse Tom é loco.
Mila: O Tom? Eu que fui, não devia ter levado o Peter la se eu sabia que o Tom poderia fazer isso. Ele se descontrolou outras vezes, teve aquele dia no posto e...
Monica: Haaaaa, escuta, por falar nisso. Saiu o vídeo do posto.
Mila: O QUE? Que video.
Monica: Da camera de segurança do posto.
Mila:Ha não, você ta brincando?
Monica: Mas relaxa, você não aparece. Haviam falado que ele estava com alguem, mas como no video não aparece nada, nem falaram mais nisso.
Mila: O que tem no vídeo? Fala.
Monica: Aparece ele entrando com o Audi no posto. Depois a menina perto da janela do carro, ele joga o cigarro no chão e cai perto dela. Ela pega e amassa no vidro. Ela se afasta, e ele sai do carro, vai em direção a ela e da um soco eu acho no rosto dela.
Mila: Ai meu Deus. Minha tia não pode ver isso. Ela não pode saber. Minha vida ja ta um caos.
Monica: Ela sabe que é dele?
Mila: Sabe Monica, o Bill não foi la em casa? Ela sabe quem ele é né, perguntou se era com ele que eu estava saindo, eu falei que não, que era com o irmão dele.
Monica: Ai cara, reza pra isso não dar merda.

Rezar não iria me deixar tranquila. O problema da minha tia saber que ele havia feito isso com aquela garota. Era que ela iria me fazer perguntas, iria ligar uma coisa a outra, descobriria que eu estava com ele no carro naquele dia, que eu menti dizendo estar em outro lugar. Vai lembrar de que eu cheguei em casa chorando, vai achar que ele me bateu tambem. Droga.

Quando voltei pra casa com minha tia de carro, na entrada enquanto eu sai do carro, Peter apareceu no portão.
Peter: Posso falar com você?
Eu olhei pra minha tia que já estava entrando e não disse nada. Eu então fui até ele ainda segurando minha mochila.
Peter: Já viu o vídeo?

Ha não, tudo que eu precisava agora era mais um escândalo do Peter.
Mila: Não sei do que você ta falando!
Peter: Do vídeo, do seu namoradinho batendo na garota.
Mila: Cala boca Peter, fala mais baixo.
Peter: Você tava com ele naquilo?
Mila: Como você sabe que eu estava com ele?
Peter: Eu vi falando na internet.
Mila: Nossa Peter, não sabia que você costuma frequentar sites e blogs do Tokio Hotel.
Peter: Todo mundo ta falando isso.
Mila: Não, não esta não, ninguem viu garota nenhuma com ele.
Peter: Sua tia já sabe disso?
Mila: O que você ta insinuando? Quer que ela saiba?
Peter: Não, mas ela não vai gostar disso. E seu namoradinho ta bastante encrencado.
Mila: Peter, o que você tem com isso? Ta parecendo uma vizinha fofoqueira que toma conta da vida dos outros. Eu não sou sua namorada, você não tem de se preocupar com quem eu saio ou não.
Peter: A gente transou naquele dia. Você queria, me beijou, você que me levou pro seu quarto.
Mila: Não devia ter feito aquilo!
Peter: Haaaaaaaaa, claro, foi por isso que ele me bateu não foi? Hahahaha, ele descobriu os galhos na cabeça dele, e veio tirar satisfação. Haaa mas eu não sabia disso, ou teria jogado ontem na cara dele.
Mila: Você iria jogar o que na cara dele? Que transou uma única vez comigo? Não seja ridículo Peter.
Peter: Ha claro, pra mim foi muito pouco, ele te come todo dia.

Enfurecida, eu lhe dei um tapa na cara deixando a marca dos meus dedos. Ele ficou quieto e voltando o rosto para me olhar, me encarou furioso. Não fiquei com pena, depois dele ter apanhado bastante ontem, esse tapa não foi mais que necessário.
Mila:Some daqui Peter.
Peter:Porque o que eu disse te magoou? Ele faz coisa pior que eu sei? E eu falei a verdade ta bom. Coisa que eu sei que ele não fala pra você.

Eu entrei e o deixei do lado de fora do portão falando sozinho. Merda, porque ele se metia tanto na minha vida? Eu nunca deveria ter deixado ele se aproximar tanto. Eu não queria que ele atrapalhasse minha relação com Tom, mas tambem não o queria longe. Eu precisava de Peter, não somente para machucar Tom, mas pra cuidar das feridas que ele me deixava sempre que ia embora.

La pelas 5 da tarde, acho que de manha ainda no Brasil, minha mãe ligou para casa da minha tia. O que não me importou muito, ele havia ligado poucas vezes pra mim durante todo esse tempo que eu já estou aqui. Incrível como, tudo, tudo que me preocupava ou me afetava havia ficado em segundo plano depois de Tom ter aparecido, ou reaparecido na minha vida.
Depois de trocar poucas palavras com minha tia, eu atendi ela do sofá da sala mesmo.
Primeiramente, ela fez aquelas mesas perguntas de sempre. Como eu estava, se eu já tinha me habituado, se eu estava gostando. As coisas começaram a complicar quando ela começou a falar das minhas férias de verão. Perguntou se eu não queria ir passar as férias no Brasil quando terminasse o ano letivo. Eu logo deixei bem claro que isso não iria acontecer.

Mila: O que? Porque eu iria agora pro Brasil? Eu já me habituei aqui. E eu sei muito bem que depois que eu for pra ir e você começar a se dar bem comigo, o que vai durar pouco tempo, vai querer que eu fiquei até você se cansar. Não isso não vai acontecer. Durante as férias eu vou estudar, as férias todas, porque se você não sabe, eu entrei na escola no meio do ano letivo aqui, que é em Janeiro. Eu tenho que rever toda a matéria. Por isso você não vai ver minha cara tão cedo por ai.

Minha tia ouvia toda conversa do meu lado do sofá bastante tensa. Mas era exatamente assim que eu precisava falar. Pra que ela entendesse que eu não era um joguete nas mãos dela. Ela não levava a sério nada do que eu fazia, por simplesmente não prestar atenção em mim. E o fato de eu estar gostado daqui ou estar me dando bem aqui não fazia a mínima diferença pra ela.
Desliguei o telefone mandando um beijo seco pra ela. Eu não era tão seca assim, claro que não, nem dura, eu amava a minha mãe, queria o bem dela, mas por enquanto ela longe de mim me fazia mais feliz. Eu nunca gostei de ficar perto de quem me machuca. Nenhum sofrimento até agora havia me feito ter prazer. E só existia uma pessoa capaz disso, por enquanto.

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