- Ele não me disse isso.
- E nem vai dizer!
Me deu vontade uma enorme vontade de chorar depois que ele virou a rua. Muita vontade de chorar, como uma criança. Eu fui correndo até em casa segurando o choro. Quando entrei em casa fui direto pra cozinha pegar um copo de agua. Já chorava de soluçar.
Me sentei na mesa ajeitando a saia, foi quando me lembrei que minha calcinha não estava comigo, havia ficado no carro.
Mila: Merda, merda. Sua idiota.
Minha tia desceu me chamando. Agora seria impossível esconder alguma coisa, ela veria minha cara de choro. Ela chegou na cozinha com uma expressão no rosto mas mudou completamente ao me ver de rosto inchado e olhos vermelhos.
Angela: Mila Mila. O que aconteceu? Meu bem, você ta chorando?
Mila: Não foi nada tia. Eu to bem. Mesmo.
Angela: Mila. O que ta acontecendo? O que é isso no seu pescoço?
Merda, eu não precisei olhar para saber o que era. A marca dos chupões que Tom deu e de suas mãos me apertando deveriam estar bem visíveis.
Mila: Eu me machuquei.
Angela: Por isso você esta chorando? Você foi assaltada?
Mila: Não tia, eu só me machuquei.
Angela: Você anda brigando na rua é?
Mila: Não, não tia. Eu só...só.
Eu não aguentei e comecei a chorar novamente. Ela me puxou e me abraçou.
Angela: É saudade de casa? Quer falar com sua mãe?
Mila: Não tia, mesmo, ta tudo bem. Pode ir dormir. Eu quero ficar um pouco sozinha.
Ela não queria sair de perto de mim de jeito nenhum, eu a olhei suplicando com o olhar, ela entendeu.
Mila: Por favor. Depois eu vou pra cama.
Angela:Tudo bem, mas depois vamos conversar sobre isso.
Ela subiu me deixando sozinha na cozinha. Eu apaguei a luz e voltei pra mesa. Com a cabeça baixa fiquei ali acabando com as ultimas lágrimas que restavam. Acabei apagando ali mesmo, e dormi.
De manha eu acordei assustada com minha tia me chamando. Eu esqueci onde estava. Havia dormido a noite toda sentada na cozinha com a cabeça na mesa.
Angela: Meu Deus Mila, você dormiu ai? Ande levante vai tomar um banho, eu vou fazer um café pra você.
Eu não conseguia me levantar da mesa, meu corpo estava todo dolorido. A companhia começou tocou e minha tia foi correndo abrir.
Angela:Ué, quem será?
Eu voltei a deitar minha cabeça na mesa, mas minha tia começou a me chamar.
Angela:Mila, Mila, vem ca.
Eu me levantei com dificuldade e fui até a sala. Fiquei paralisada ao ver quem estava na porta. Minha tia ainda estava na porta e me olhou sem saber o que dizer.
Mila: Bill?
Bill: Ola!
Minha tia me olhava assustada, sem saber o que estava acontecendo. Bill Kaulitz na minha porta as 9 da manha, era no mínimo estranho.
Angela: Ele quer falar com você Mila.
Mila: Haaaam..ééé. Entra. - Falei sem jeito.
Bill entrou tirando os óculos escuros e ficou de pé perto da porta até minha tia fechar.
Mila: Vamos até meu quarto?
Ele sorriu e me acompanhou. Chegando no quarto eu procurei em volta algum lugar que ele pudesse se sentar. Eu estava tão nervosa e tremendo por causa dele ali que nem imaginava que ele poderia estar aqui por causa do Tom ou qualquer outra coisa. Eu admito que Bill me intimidava bastante, esse porte altivo e cheio de atitude me davam medo.
Puxei minha cadeira da escrivaninha, ele se sentou, enquanto eu me sentava na cama. Fechei bem as pernas porque ainda nem havia mudado de roupa.
Ele respirou fundo e olhou pra mim.
Bill: Eu já sei o que aconteceu ontem. - Abaixei a cabeça envergonhada por isso.
Mila: Me desculpa.
Bill: Te desculpar?
Mila: Ele estava com raiva de mim. Ele queria bater em mim, não na garota.
Bill: Você não tem de pedir desculpas por isso. Ele não deveria bater nem na garota nem em você. Ele chegou ontem em casa chutando tudo, arrebentou a porta do armário.
Enquanto falava ele reparou nas marcas no meu pescoço, eu passei a mão tentando esconder.
Mila: Ele não me bateu.
Bill: Eu sei disso, e não vou perguntar como ele fez isso. Imagino.
Mila: Ele sabe que você esta aqui?
Bill: Não, não, ele não sabe. Sai hoje de manha sem avisar. - Ele olhou no relógio. - Ele esta em casa dormindo ainda.
Mila: Eu deveria pedir desculpas sim. Porque eu o provoquei. Foi por minha culpa que ele bateu naquela garota. Mas eu não entendo seu irmão, Bill. Ele me quer longe mas perto ao mesmo tempo. Ele sai com outras garotas e acha normal, e quando eu fiz o mesmo ele perdeu o controle. Ele ficou descontrolado ontem no carro. Nós não somos namorados.
Eu abaixei a cabeça sem ter mais forças pra dizer algo.
Bill: Ele ta apaixonado Mila.
Eu levantei a cabeça surpresa com o que Bill me confidenciava agora. E isso, eu sabia, tinha um peso enorme, era como Tom me dizendo.
Mila: Ele não me disse isso.
Bill: E nem vai dizer. - Bill falou com certeza.
Mila: A gente não vai mais se ver. Eu disse isso a ele ontem, e ele concordou.
Bill: Mila, o Tom sempre foi uma pessoa..huuum, emocionalmente equilibrada, diferente de mim, ele sempre foi muito mais razão do que emoção. Desde que ele conheceu você isso tem mudado. E eu não sei se é de uma forma positiva ou negativa, porque ele não sabe lidar com isso. Ele não tem se concentrado em outras coisas. Muitas partes das gravações estão atrasadas e...
Mila: Por minha culpa? Não me diga isso. Eu peço desculpas. A gente não vai mais se ver.
Bill: Não, não Mila. Não é porque ele esta com você em vez de estar trabalhando. Você sabe que não é isso. Não é so só fisicamente que você mantém ele ocupado.
Mila: Me desculpa mesmo assim.
Ele riu pra mim, mas de uma forma simpática. Isso me deixava mais a vontade com ele. Até agora eu percebia que ele não havia vindo aqui para me julgar um problema na vida do irmão, mas somente entender o que acontecia. Deixar as coisas claras.
Bill: Escuta, tudo isso me preocupa. Muito. Mas eu não quero que você pense que eu vim aqui pra te ameaçar ou pedir pra que você se afaste dele. Eu nunca faria isso, eu jamais impediria o Tom de gostar de alguem. É a consciência dele.
Mila: Eu posso ter perguntar uma coisa?
Bill: Fala!
Mila: O que ele fala de mim?
Ele se ajeitou na cadeira sorrindo, mas logo notei que não arrancaria alguma informação interessante dele.
Bill: Huum...Ele me falou de você quando você bateu no carro dele.
Mila: Naquela primeira vez?
Bill: Sim.
Mila: E o que ele falou?
Bill: Mila..
Mila: Por favor, é importante pra mim.
Ele me olhou feio por causa da teimosia, mas sorriu em seguida.
Bill: Ele disse que você era abusada...eee que não parecia ser daqui. Digamos que ele "refletiu" um tempo sobre quem você era.
Mila: Hum. - Eu abaixei a cabeça.
Bill: E que era bonita. - Eu levantei a cabeça e sorri agradecendo por ele ter dito isso.
Mila: Obrigada.
Bill: Bom, eu já vou. E por favor, não fale que eu vim até aqui, ele iria me matar.
Mila: Tudo bem.
Eu levei Bill até la em baixo e abri a porta pra ele. Minha tia apareceu na sala vindo da cozinha e lhe deu tchau tambem. Ele saiu pela porta me deixando ainda mais confusa com tudo que havia dito. Como era possível arrancar alguma coisa do Tom? Ele poderia estar apaixonado por mim, mas isso nunca faria diferença, ele nunca me deixaria chegar mais perto.
Angela: É ele Mila?
Mila: O que?
Angela: O garoto com quem você esta saindo?
Mila: Não, não, tia. Claro que não. Éééé, o irmão dele.
Angela: Tom Kaulitz.
Eu olhei pra ela surpresa. Mas porque? Ela sabia bem quem eles eram. E eu havia sido pega agora.
Mila: Sim tia.
Angela: Foi por causa dele que você estava chorando ontem?
Mila: Sim tia. Mas eu não quero falar sobre isso. Sério, me incomoda.
Angela: Ok, eu não quero me meter na sua vida. Mas me preocupa o estado que você estava ontem.
Mila: Aquilo não vai acontecer de novo tia.
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