sábado, 9 de julho de 2011

Nós Dois - Capítulo 13

Usar, pode ter como consequencia ser usado tambem.

Quando cheguei em casa, me deu vontade de voltar correndo. Eu tive a sensação de que quando eu chegasse la, o carro estaria ainda parado no mesmo lugar. Mas foi melhor assim.
Em casa, agora que eu me dava ao luxo de parar e refletir sobre tudo isso, um certo desespero me invadia. Quando me lembrava das vezes que ficamos juntos, sempre existia aquela urgência em fazer tudo de uma vez. Quando lembrava do corpo dele, da boca, dos pelos curtos de sua nuca, das mãos e seus dedos finos me tocando, do olhar de quem sabia o que estava fazendo. Tudo que eu enxergava quando o via dentro da minha cabeça, era necessidade, dele inteiro.

No Sábado liguei para Monica e nós resolvemos nos encontrar para dar uma volta. Não sei se ele a essa hora já havia embarcado para o Estados Unidos, não nos falamos depois de ontem. Quando eu fechava o portão para sair, Peter veio com sua bicicleta falar comigo.

Peter: Vai só dar uma volta? Posso ir junto? - Eu sorri para ele.
Mila: Hoje pode!
Ele colocou o pé no pedal entusiasmado, eu fui andando na frente de patins enquanto ele me acompanhava com a bicicleta do meu lado.
Peter: Hey, Mila. posso te perguntar uma coisa?
Mila: Fala!
Peter: Você tem algum namorado? - Eu me virei pra ele ainda andando de patins estranhando a pergunta.
Mila: Porque ta me perguntando isso?
Peter: Sei la, você sempre sai sozinha, e quando eu me aproximo você meio que foge.
Mila: Não, eu não tenho namorado. E o que tem haver eu sair sempre sozinha? Eu saio porque eu gosto. Você anda me espionando Peter?
Peter: Não, não. Nunca. Eu só vi algumas vezes.
Eu sabia que ele as vezes me vigiava pela janela quando eu saia.
Mila: Ta bom Peter, eu acredito em você.
Peter: Eu perguntei isso porque...porque você nunca deixa eu me aproximar de você.
Mila: Não tem nada haver. Que tipo de de aproximação você quer ter comigo?
O olhei nos olhos o intimidando um pouco. Ele ficou sem graça e começou a gagejar.
Peter: Haaaam..eu...eu. Acho você bonita.
Mila: Você quer me beijar porque me acha bonita? É isso?
Ele deu um tranco com a bicicleta e quase caiu ao tentar parar.
Peter: Não, não é só isso. Eu posso te chamar pra sair?
Nós havíamos chegado na frente da casa de Monica, ela não estava na porta.
Mila: Depois você me pergunta isso, ok? Vamos chamar a Monica.

Peter deixou a bicicleta na calçada e eu fui de patins mesmo até a porta. Nós batemos e a mãe de Monica atendeu. perguntei por Monica e ela apontou la pra cima.

Ruth: Ela esta la em cima com a musica no volume máximo, podem subir, eu não vou conseguir gritar com essa musica alta.

Eu tirei meus patins e então eu e Peter subimos. Do corredor escutávamos Monica cantando no quarto, parecia musica lírica. A voz dela era suava, parecia de um anjo. Eu bati e logo depois entrei.
Mila: Meu Deus, era você cantando?
Ela me olhou sorrindo envergonhada e depois olhou para Peter curiosa. Depois de desligar o som correndo, jogou olhares de pergunta para Peter que me acompanhava.
Mila: Ha Monica, esse é o Peter, meu vizinho.
Eles se comprimentaram e logo disfarçando ela falou baixo no meu ouvido enquanto Peter se encostava na parede envergonhado.
Monica: Você é rápida hein!
Mila: Haha!

Nós descemos, e depois de Monica pegar sua bicicleta, fomos dar uma volta. Peter foi na frente enquanto nós duas conversávamos.
Monica: Te juro que a primeira vista, quando tu entrou no meu quarto, achei que você tava trazendo o Tom na minha casa.
Mila: Hahaha, ele viajou, esqueceu? Hoje!
Monica: Ha não, mas eu preferia o Bill, ele é mais educado, preferia que você trouxesse ele na minha casa. O Tom foi super grosso naquele dia no club.
Mila: Affe, esquece isso.
Monica: E você já ta de conversa com esse Peter?
Mila: O que tem Monica? É só um amigo.
Monica: Eu to dizendo que não tem nada. No sentido que se ele pode você tambem.
Mila: Não entendi.
Monica: Você pode ter os dois lados. Você é namorada do Tom?
Mila: Não!
Monica: Então, usar pode ter como consequencia se usado tambem.
Mila: Ta, você ta muito espertinha pro meu gosto.

Nós paramos de falar quando nos aproximamos de um parque cheio de árvores e bancos perto do vilarejo. Nos sentamos e ficamos um bom tempo por ali jogando conversa fora. A conversa estava bem divertida, mas Monica me perturbando pra me chegar mais em Peter já estava enchendo. Eu não sentia nada por ele, nem atração, nem vontade beija lo. Se eu o fizesse seria por pena. Porque ele gostava de mim.
Eu sempre que podia pulava o assunto namorados e falava de outra coisa, sobre o Brasil, ou sobre a escola, musica. Ops, Peter acabou falando em Tokio Hotel, claro, devia ser um assunto recorrente entre os jovens.

Peter: Mas agora esta bem pior. Desde que eles começaram a gravar esse Cd novo, vivem por aqui, trazendo um monte de fans malucas pro bairro. Elas ficam rodando de carro por ai, ou ficam la na porta daquele estudio.
Monica: Você não gosta mesmo de TH, né?
Peter: Eu não!
Eu olhei para o lado já cansada da conversa. O celular de Monica começou a tocar, e para meu azar era a mãe dela a chamando para ir para casa. Assim que ela se levantou, me levantei tambem para irmos juntas. Ela quase me jogou de volta no banco insistindo para eu ficar com Peter mais um pouco.
Monica: Não não, vocês podem ficar. Ta cedo ainda.
Eu não consegui dizer uma palavra, fiquei com tanto odio, que assim que tivesse oportunidade a pegaria pelo pescoço e apertaria.
Eu me ajeitei no banco ao lado Peter. Nós dois ficamos olhando Monica se afastar. Ela foi olhando pra tras a cada dois metros.
Peter: Éééé, então. Posso fazer aquela pergunta agora?
Mila: Hum? Que pergunta?
Peter: Posso te chamar pra sair?
Milhares de coisas passaram pela minha cabeça antes de responder isso. O Tom a primeira delas, ontem a tarde no carro dele. Aquele dia na casa da minha tia, aquela garota na boate dele, logo depois dessa ultima, pensei para onde eu poderia ir com Peter e que roupa usaria. Haha!
Mila: Pra onde você quer me levar? - Ela já pareceu se animar.
Peter: Huum, Cinema ou alguma boate.
Mila: Haaam cinema ta ótimo. Quando?
Peter: Quando você puder.
Mila: Hoje a noite?
Peter: Hoje? Claro, claro. Eu te ligo depois que ver alguma sessão.

Dei meu numero a ele e assim ficamos combinados. Em casa disse a minha tia que iria com Peter ao cinema. Ela se animou com a idea e quis me dar dinheiro para sairmos. Depois de dizer não mil vezes, aceitei. Ela tava feliz demais, melhor não contrariar.
Eu tinha acabado de sair do banho e Peter me ligou para falar da sessão. Ele passaria aqui as 7 da noite.
Vesti uma legging preta e um vestido de manguinhas azul marinho. Preferi usar sapatilhas em vez e saltos. Peguei meu casaco e sai. Antes das 7 ele já estava com o carro na frente do meu portão. Era um Renault Clio verde.
Quando o avistei esperando por mim, olhei para baixo e sorri. Ele me comprimentou com um beijo no rosto.
A situação estava um pouco estranha, eu estava odiando imaginar que aquilo era um encontro de namorados, me sentia fingindo todo tempo. Eu não sentia que era uma garota pra aquilo, me achava impura demais.
Já no cinema, ele estava mais relaxado, comprou pipoca e refrigerante pra mim, logo depois nós entramos para a sala. O filme, era uma comédia romântica, umas das tantas que estavam em cartaz.
O filme não passou de duas horas. Todo em alemão, deu pra entender, melhor do que imaginei que entenderia.
Peter se comportou durante o filme, na sala, rimos bastante, ele parecia ter esquecido de me "cortejar".
Na saida, ele queria muito me levar para comer uma pizza, mas já passava das dez da noite.

Mila: Não, sério. Eu não quero mesmo chegar tarde. Minha tia me deixou vir mas eu não quero abusar dela.
Peter: Ham, ok vai!
Quando finalmente chegamos, eu não quis estender muito a conversa dentro do carro.
Mila: Tchau Peter, adorei mesmo o cinema.
Peter: Espera. - Ele me segurou delicadamente pelo braço. - Posso te dar um beijo de despedida?
Eu não tirei os olhos dele até conseguir responder algo. Pensei em tantas coisas ao mesmo, tempo e já dava por certa a minha negação. Mas pensei "que importância tinha?". Não respondi a pergunta e deixei ele se aproximar. Com a mão ele se apoiou no meu banco e se aproximou para me beijar. Seus lábios finos tocaram o meu de forma tímida, só consegui corresponder depois da segunda vez que seus lábios se moveram nos meus.

Fiz força para beija lo com mais vontade. Me lembrei que eu precisava de ódio para isso. Não foi difícil me lembrar daquele dia na boate, Tom se esfregando naquela garota.
Eu enrosquei meus braços em volta do pescoço de Peter e correspondi o beijo que agora já não era tão tímido. Uma de suas mãos tentaram alcançar minha perna, foi quando me afastei.
Mila:Agora eu tenho mesmo que ir. - Sai do carro e andei com passadas firmes até em casa. Escutei assim que cheguei na porta o carro de Peter partir. Será que eu havia deixado esperanças pra ele? Definitivamente não era essa minha.

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