quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Como - Capítulo 3


Ficar mais de um mês com a mesma pessoa, entregar-se depois de ter saído com o mesmo cara por mais de vinte vezes não é algo errado, é? Dizer eu te amo com plena certeza de seus sentimentos não é nada errado também. Ou será que é?
Não entendo! Será que eu fiz algo de errado? Talvez tenha sido o eu te amo, talvez ele tenha se assustado com isso... Não devia ter dito aquilo! Tom não é desse tipo, jamais ele diria algo assim para mim, afinal ele é... Ah, e por que ele não me procurou? Provavelmente ele não sente o mesmo, deve ser isso... Mas e se não for? E se ele apenas estiver confuso? E se... ? Ah, não sei o que pensar, não sei o que fazer!
Então, uma semana depois daquilo, decidi procurá-lo. Não porque estava morrendo de vontade de falar com ele (mentira), mas eu queria uma explicação daquilo, do porquê de ele ter sumido.
Fui a um show da banda, Tom tinha me dado ingressos vips antes de tudo aquilo e é claro que eu tinha guardado-os. Talvez ele imaginasse que eu não iria depois de ele ter sumido, mas ledo engano, Senhor Kaulitz. Quando cheguei ao local, os seguranças me reconheceram e me levaram até a porta do camarim deles que estava meio aberta, pude ouvir uma conversa que não deveria ter ouvido.
– Melhora essa cara, você ganhou, não está feliz? – ouvi a voz de Georg.
– Eu sei, e estou feliz, quero isso muito bem pago. – Tom respondeu meio amargurado.
– Haha, e terá, não se preocupe. Não é todo dia que alguém como você consegue levar uma garota que nem ela para a cama. – Georg riu.
– Tem razão, sou um vencedor. – Tom falou sem animação.
– É um babaca, isso sim. – pude ouvir a voz irritada de Bill.
– Ele não é um babaca. – Georg falou num tom irônico – Ele conseguiu levar Kylie para cama, ganhou a aposta. – o quê? O que Georg queria dizer com isso?
– Eu sei, mas acho que devia conversar com ela... – o canalha pareceu se levantar.
– Kylie ficará arrasada quando descobrir que tudo não passou de uma aposta. – Bill falou tristemente – E ela era tão legal, bem diferente das putas que você trazia antigamente.
Senti lágrimas escorrerem pelos meus olhos, então era isso? Eu não passava de uma aposta para ele? Canalha! Saí correndo de lá sem me importar em bater nas pessoas, queria ir pra fora daquele lugar, para fora de tudo aquilo que me ligava a ele. Peguei o primeiro táxi que vi pela frente e quando cheguei em casa, chorei, chorei muito mesmo. Não passei de mais uma aposta para Tom Kaulitz, mais uma conquista, mais uma garota que leva pra cama. É, para ele eu era apenas mais uma.


– Eu fiz tudo certo, mas... Kylie não foi só uma aposta, ela não foi só isso para mim. No início sim, mas depois... – Tom falou – Eu me apaixonei por ela.
– Você o quê? – Georg perguntou como se não acreditasse no que o outro falava.
– Eu me apaixonei por Kylie e quero apenas ficar com ela... Nenhuma garota está mais me importando, foi por isso que não consegui ficar com aquela ruiva na noite passada. – o de tranças respondeu passando as mãos pelo rosto.
– Eu não sabia, cara... Por que não me contou antes? Podíamos ter cancelado essa coisa toda, ninguém sairia perdendo... – Georg falou meio bravo.
– Eu não tinha certeza ainda, mas agora que passei um tempo longe dela eu percebi o quão necessária ela tinha se tornado para mim. Sinto-me um lixo por ter feito isso com ela... Kylie não merecia ter sido fruto de uma aposta, mas se não fosse isso... – o Kaulitz lamentou-se – Eu vou conversar com ela, ser sincero, vou contar tudo para ela, não posso deixar as coisas como estão. – ele falou decidido – Após o show vou procurá-la, vou contar-lhe tudo, mesmo que ela nunca me perdoe, ela precisa saber da verdade...
– Finalmente fará algo certo. – o outro gêmeo falou – Então vamos logo fazer esse show para que você possa resolver essa sua vida complicada.

Estava agarrada ao meu travesseiro. Não sei quanto tempo passou, não sei se ele ainda estava no show, se já era de manhã... Eu simplesmente estava no meu mundo depressivo. Fazia muito tempo que eu não chorava daquele jeito, muito tempo mesmo. Eu estava arrasada, despedaçada por dentro. Sabia que não podia confiar em homem algum, mas fui tola de confiar nele, no pior dos piores... Kylie, você é uma burra mesmo!
Uma batida na porta me fez parar com a minha batalha interna. Ergui meus olhos para a porta ainda fechada.
– Quem é? – perguntei me sentando na cama e esfregando os olhos.
– Sou eu, Kylie. É o Tom. – o que ele estava fazendo aqui? Já não bastava ter vencido a aposta, agora vinha esfregar isso na minha cara? Canalha! – Eu posso entrar? – perguntou.
– Não. – respondi assumindo uma pose séria.
Como eu sabia que ele não ia respeitar a minha vontade, puxei o primeiro livro que vi pela frente, ia fingir que estava lendo e que pouco me importava com ele ali. Tom abriu a porta e entrou no meu quarto fechando-a em seguida como eu imaginava que ele faria. Não ergui meus olhos para ele, não ia encarar aquela face nunca mais, só queria que ele me esquecesse, que me deixasse em paz.
– Nós precisamos conversar. – ele falou sentando-se na beirada da minha cama.
– Não temos nada para conversar, vá embora, Tom. – pedi sem desviar os olhos do livro.
– Kylie, eu preciso te contar uma coisa. – falou puxando o livro das minhas mãos.
– Não precisa me contar nada, eu já ouvi tudo. – encarei-o pela primeira vez desde que ele havia entrado no quarto.
– O que você quer dizer com isso? – perguntou-me temeroso.
– Sei que tudo que ouve entre a gente não passou de uma aposta. – respondi sorrindo sem humor – Não precisa se desculpar, nem me explicar nada, não guardo ressentimentos.
– Você não sabe de tudo. – desviou o olhar.
– Sei o bastante para não desejar mais você na minha vida. – falei fechando os olhos – Saia do meu quarto e não me procure mais.
– Não, Kylie, me deixa explicar... – começou.
– Eu não quero saber. Apenas saia, por favor, me deixa em paz. Não quero mais te ver, não quero mais você. – falei friamente puxando o livro das mãos dele.
– Kylie, eu...
– Saia daqui, agora! – alterei um pouco a minha voz.
– Eu vou, mas depois eu voltarei. – prometeu se levantando da minha cama e saindo do quarto.
Não disse mais nada, deixei que ele se fosse com a esperança de que não me procurasse nunca mais. Quando a porta se fechou, senti as lágrimas que eu segurava escorrerem pelo meu rosto e caírem no livro aberto. Olhei por um momento a marca que elas fizeram no papel antes de fechá-lo e jogá-lo com toda a minha força na porta por onde ele havia saído.
Levantei-me da cama e comecei a ter um acesso de raiva. Taquei as almofadas, meu travesseiro, meus outros livros, tudo que vi pela frente taquei no chão. Baguncei a cama e depois que havia feito a maior zona no meu quarto, escorreguei pela parede até me sentar ao chão e agarrei as minhas pernas. Chorei tanto que pensei que fosse desidratar.
Como ele pôde brincar com os meus sentimentos dessa forma? Como ele pôde fazer isso comigo? Como eu pude me apaixonar por alguém assim?
Eu te odeio, Tom Kaulitz. Odeio sentir isso que eu sinto por você!

A semana passou rapidamente e ele não me procurou mais. Mas no sábado, um Audi me seguiu pelo caminho que eu fazia de volta para casa após o trabalho. Lógico que não dei atenção, segui o meu caminho como se não tivesse o visto. Sabia que era o Tom, mas não ia parar por ele, nunca!
Quando fui atravessar a rua, o Audi parou na minha frente e ele abriu o vidro do passageiro para mim.
– Entra no carro. – pediu.
Comecei a contornar o carro sem dar atenção ao pedido dele, mas ele deu ré e não me deixou continuar.
– Entra no carro. – pediu novamente.
– Não vou entrar. Saia do meu caminho, me deixe ir para casa. – falei tentando dar a volta no carro novamente.
– Kylie, eu não vou te deixar em paz enquanto não conversar com você, será que dá para entender isso? – insistiu fazendo o carro derrapar na minha frente.
– Não temos nada para conversar. – falei lhe dando as costas e seguindo pelo caminho que eu viera.
Ia atrás de um táxi, ele não ia me impedir de chegar em casa. Mas bem que eu podia me esconder em alguma loja também... Entretanto, antes que eu pensasse em algum jeito bom de fugir dele, ouvi a porta do carro se fechando num banque e o barulho de um alarme ligado, ele estava vindo atrás de mim. Eu não ia correr dele, mas apressei meu passo. E quem disse que isso adiantou? Mesmo com aquelas roupas largas, ele me alcançou e me virou pelo braço para encará-lo.
– Deixe-me ir, Tom. Não quero falar com você. – tentei me soltar.
– Não, eu não vou deixar você ir. – ele falou me segurando pelos pulsos.
– Por quê? Deixe-me ir, Tom, facilite as coisas para ambos. – falei sentindo que ia começar a chorar.
– Não, eu não vou deixar você ir, nunca mais vou deixar você ir, sabe por quê? – perguntou-me, mas eu não dei atenção, desviei meus olhos dos dele – Porque eu amo você, então não vou deixar que você saia da minha vida. – falou sério.
– O quê? – olhei-o perplexa – Você está mentindo! Isso é outra aposta? – perguntei olhando-o incrédula e tentando me soltar.
– Não é, essa é a verdade. E quer saber outra verdade? Eu não me arrependo daquela aposta. Se não fosse ela, eu não teria me apaixonado por você. – disse me fazendo ficar mais perto dele – E mais uma coisa, você pode me odiar nesse momento, mas eu não vou desistir de você. Não mesmo.
Eu fiquei sem reação. Não sabia como reagir, não sabia se reagia contra ou a favor... Não sabia o que fazer. Minha cabeça estava uma confusão e eu não percebi ele se aproximar mais de mim, só percebi quando ele tomou os meus lábios num beijo urgente.
Droga, eu tinha sentindo muita falta daquilo, dos lábios dele sobre os meus, daquelas mãos junto à minha pele, mas... Eu era uma aposta e eu o amava...
Não reagi contra, eu o correspondi com urgência também. Tinha sentido tanta falta dele que pouco me importava aquela aposta e o que viria a seguir, eu apenas queria continuar com ele... E que se danasse o resto.
Fim.

Postado por: Grasiele | Fonte

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