quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Almost Unreal - Capítulo 2


Bem feito pra aquele conquistadorzinho barato. Ele era mesmo um playboy metido a besta. O que o sucesso e a fama não faz com um ser humano.
E parabéns pra mim. Eu havia mesmo feito o papel perfeito agindo como la femme fatale.
Sinto nojo de homens que usam mulheres como meros objetos de satisfação, e depois as descartam, com a mesma facilidade e rapidez com que as conquistam.
– Bonito e charmoso você pode até ser, Tom... – murmurei pra mim mesma enquanto me sentava em um sofá isolado no canto da boate – Só que pra mim isso não significa absolutamente nada!
– Você bebeu todas mesmo em, Rose? Tá até falando sozinha. – zombou Barbie se sentado ao meu lado numa situação pior que a minha.
– Olha quem fala. – eu disse dando risada – Aliás mocinha, onde você se meteu? Tô te procurando a um tempão.
– Estava no banheiro. Essa bebida toda não me vez nada bem.
– Sua cachaceira! – zombei.
– Mas e essa sua cara de vitória. O que você aprontou Rose? – ela perguntou num misto de curiosidade e receio.
– Eu? – me fiz de desentedia – Nada de mais. Só bati um “papinho” com Tom Kaulitz, “o magnífico”! – comecei a rir sem parar.
– Tom Kaulitz está aqui? – ela fez menção de gritar mais eu tapei sua boca antes.
– Pois fique sabendo que nosso papo foi muy caliente! – falei ainda dando risada.
– Oh! Ele falou mesmo com você? – ela disse abaixando o tom de voz – Eu queria tanto que tivesse sido comigo!
– Acredite minha amiga, eu também queria! – lamentei.
– Ai como você é mal agradecida. – ela fez um bico de desaprovação – Apesar de que, com uma ruiva dessas do meu lado... Você rouba o meu brilho Rose!
– E eu com uma loira igual a você do meu lado... Ainda consegui chamar a atenção de Tom Kaulitz!
Nós rimos juntas.
– Mas vamos ao que interessa. – ela sorriu maliciosamente – Como foi que ele chegou a você? E sobre o que falaram?
– Você conhece ele melhor do que eu, sabe o tarado que ele é. – sorri – Mas devo admitir que as cantadas dele não são nadas modernas. O que você acha de: “Eu não te conheço de algum outro lugar?”.
Barbie ficou boquiaberta com a revelação.
– Que triste! – ela riu.
– Se ele ficou triste, ou não, eu não sei. Mas que eu fiquei extremamente feliz com o que veio a seguir... Ah eu fiquei! – ri com cinismo e prazer me lembrando da cara de tonto dele antes de iniciar a narrativa sobre minha pequena diversão particular daquela noite.
As expressões que passaram pelo rosto de Barbie me fizeram rir, elas foram de “não acredito” até “você tá pronta pra camisa de força, garota”.
– Oh Rose - ela começou a falar, indignada após o fim da minha narrativa – Você endoidou de vez é? Onde já se viu dispensar um homem daqueles?
– Não sei de que homem está falando Barbie. – eu disse despreocupada – Porque o que eu vi ali foi um menininho mimado.
– Sei... Me engana que eu gamo. – ela disse desconfiada – Imagina se Tom, depois de descobrir sua farsa, tiver sede de vingança?
– Não viaja Barbie. – eu disse a estranhando – Nós nunca mais voltaremos a nos ver. Essas coisas são do tipo que só acontecem uma vez na vida.
– É. E você acaba de desperdiçar essa rara vez. – ela balançou a cabeça de um lado pro outro lamentando.
– Vamos embora agora, por favor? – eu implorei com medo de me deparar com os olhos castanhos esverdeados mais uma vez naquela boate.
– Tá bom, eu entendo que a presença dele aqui tenha mexido com você... – ela dizia enquanto nos dirigíamos até a recepção da boate.
– Cala a boca Barbie!
– Ai... – ela colocou a mão na boca como se fosse vomitar e saiu em disparada para o banheiro.
Sentei-me em um banco perto da saída da boate esperando ela sair do banheiro para irmos embora.
– Hm... Então a senhorita Shaw pensava em se livra de mim? – a voz te Tom fez-se ouvir me fazendo encará-lo com meus olhos verdes – Ou estou enganado, prinzessin de fogo? – perguntou se sentando ao meu lado.
– Não me faça rir. Eu nem me cha... – estava prestes a me entregar quando Barbie saiu do banheiro.
– Solta ela seu tarado! – ela disse olhando Tom com um olhar de assassina.
– Pelo jeito essa é amiga sua. – ele constatou como se quisesse insinuar alguma coisa – Minha querida...
– Shaw, Barbie Shaw. – ela falou num tom de “007”.
– Então vocês são parentes? – Tom perguntou sem se mostrar surpreso.
– Paren... O que? – Barbie ficou boquiaberta. Eu me esqueci de lhe contar que tive a ousadia de ousar o sobrenome dela, por isso percebi que era hora de intervir.
– Barbie, não se preocupe, ele não fez nada. – eu disse tentando acalmá-la.
– Ainda... – ele me olhou mexendo no piercing daquele modo malicioso e provocante.
Eu revirei os olhos tentando ignorá-lo.
– Sabe senhorita Shaw, eu só gostaria de saber o porquê dessa sua amiguinha, parente, ou sei lá o que, me colocar em uma situação nada agradável com minha namorada da noite.
Ele me olhou mostrando que as palavras ditas estavam sendo dirigidas a mim, e não a Barbie.
– Por que gente tosca me dá vertigem. – eu disse sem me preocupar – Você acha mesmo que pode conquistar uma mulher usando meia dúzia de palavras ensaiadas na frente do espelho?
– Funcionou até agora... – ele disse me olhando com interesse.
– Foi engraçado, não foi? – eu disse sorrindo irritada com o silencio que se seguiu – Ser assediado por alguém que só está pensando em se satisfazer sexualmente!
Ele cruzou os braços me olhando serio enquanto eu ria.
– Eu não achei graça nenhuma...
– A diversão dessa noite não foi feita pra você. Que peninha, não é mesmo? – declarei ficando seria também.
– É. O seu problema foi ter escolhido a mim como diversão dessa noite, mocinha! Eu não sou o idiota que você pensa que sou. – ele falou em tom de ameaça.
– Se liga Tom, ninguém aqui te considera um idiota... – Barbie começou a falar mais logo se calou percebendo que não havia verdade nenhum no que acabara de dizer.
– Claro, senhorita Shaw. – ele se mostrou irônico e logo o tom de ameaça voltou – Sua amiga vai ter o troco. Ouviu bem, minha prinzessin de fogo?
– Você acredita mesmo que eu tenho medo de você? – o desafiei.
– Pois se não tem, é melhor que comece a ter. – ele declarou.
Nós ficamos nos encarando como se estivéssemos num ringue.
– Oh! Acho que vou vomitar de novo! – Barbie exclamou tampando a boca com as mãos como da ultima vez.
– São duas atrizes então? – Tom falou rindo – Que jogo é este agora?
– Que mané jogo garoto! – eu garanti me levantando e amparando Barbie – Ela está mesmo mal essa noite.
– Certo, certo. – Tom murmurou com irritação enquanto fazia um sinal para um homem vestido de preto que não estava muito longe dele, a quem eu logo imaginei ser seu segurança – Field acompanhe essas duas até o banheiro, e fique na porta, para garantir que elas não sejam importunadas.
Então ele queria nos fazer de prisioneiras? Ora essa. Sei muito bem que aquilo tudo era para ter certeza de que não escaparíamos.

– Vamos logo Rose! – assim que a porta do banheiro se fechou atrás de mim e de Barbie, ela se livrou dos meus braços, e procurou encostar um banquinho de madeira junto ao imenso vitrô que havia no alto de uma das paredes.
– O que você está fazendo doida? – perguntei sem entender nada.
– Estou livrando você daquele Deus grego com sede de vingança, que a aguarda lá fora. – ela declarou – Venha logo, antes que ele perceba que estamos demorando de mais.
– Está pensando em fugir? – indaguei surpresa.
– Digamos que eu estou sugerindo que saiamos daqui o mais rápido possível, antes que nosso idolatrado Tom Kaulitz queira matá-la com as próprias mãos.
– Não seja exagerada. – eu disse erguendo a cabeça – Eu não vou fugir como um rato foge de um gatinho manhoso. Isso não é nada digno.
– Vai bancar a “digna” agora? Pelo amoré Rose! – ela me puxou me forçando a subir no banquinho – Vamos logo. Se você quiser se meter em encrenca, se meta sozinha! Hoje você está comigo, mocinha!
– Está bem. – eu disse enquanto pegava meu batom vermelho da bolsa – Mas antes, deixemos um bilhetinho para nosso querido Tom.
“Adeusinho, paixão. Quem sabe um dia, não voltemos a nos encontrar para matar as saudades.
De sua apaixonada,
Caroline Shaw.”
Escrevi com o batom no espelho do banheiro.
– Ele não vai gostar nada, nada disso Rose! – Barbie me alertou.
– Então eu terei alcançado meu objetivo. – eu disse sorrindo.
Nós fugimos, ou melhor, fomos embora sem despedidas pelo vitrô, encontrando lá fora um taxi e voltando para o apartamento onde morávamos juntas.

– Já pensou se Tom te encontrasse Rose? – Barbie falou enquanto assistíamos televisão dias depois do ocorrido na boate.
– Que nada! – eu disse sem me preocupar em pensar no que ele faria se me encontrasse – Ele não tem como me achar. Nem sabe meu nome.
– Oh é! Mais e se te encontrar estiver nos destinos de ambos? – agourou Barbie.
– Aff! Vira essa boca pra lá! – falei batendo na madeira da mesa de centro.

Semanas se passaram e – por mais que possa parecer estranho – o imbecil do Tom Kaulitz, não me saia da cabeça.
Naquela noite, Barbie havia me chamado para sair – como sempre fazíamos nas sextas-feiras – mas eu recusei, sabe-se lá por que.
Assim que ela saiu de nosso apartamento a campainha tocou.
– Aposto que ela esqueceu a chave. – resmunguei comigo mesma indo atender a porta.
Quando eu abri a porta Barbie me olhava, assustada.
– O que aconteceu Barbie? – indaguei estranhando a expressão de assombro dela.
– Rose, você não vai...
– Parece que sua amiguinha está passando mal, mais uma vez. – ironizou uma conhecida voz, conforme um garoto de dreads e boné surgia ao lado de Barbie.
Por um momento eu fiquei imóvel. Não conseguia tirar meus olhos verdes de Tom. E foi nesse mesmo momento que eu percebi que – de alguma forma – eu estava feliz em vê-lo.

Postado por: Grasiele

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