quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Dangerous - Capítulo 6 - Conversa l


Ele surgiu atrás do Tom, bebericando algo em um copo, seu semblante era calmo, era calmo até ele ver com quem seu irmão falava. Ele nem ao menos tentou disfarça o quão desprezível minha presença era pra ele. E como se fosse algum tipo se auto defesa, eu puxei a manga da minha camiseta xadrez, como se ela fosse se alarga. Ato que não passo despercebido por ele.
– Adquiriu mais cicatrizes pra sua coleção –Disse sarcástico.
Aline estava toda sorridente, olhando para os irmãos filha da puta, o que ela via neles que eu não via? Mais distante vinham dois rapazes, um loiro de óculos e outro de cabelos mais compridos na altura do ombro. O loirinho parecia indignado. Talvez eu os conhecia. Talvez.
– Não acredito! Eu não acredito – ele repetia – Como assim não tem biscoitinho para o baterista da banda mais famosa da Alemanha? – Disse indignado. Eu não pude deixar de sorrir. O de cabelo comprido revirou os olhos.
– Olha, fique calmo, a gente passa sei lá num mercadinho e você compra seus biscoitinhos – tentou reconforta o amigo.
O vendedor chegou balançando a chave na minha frente.
– Seu carro está logo ali – apontou. Sorri ao ver meu carro, até poderia sentir o cheirinho de carro novo daqui.
– O que? – Bill exclamou indignado – como assim aquele é o carro dela?
– Algum problema o retardado? – Disse sem paciência.
– Todos – passo a mão na nuca – Você – apontou para o vendedor – não disse que não tinha mais esse carro? – Disse arrogante. Senti o pobre vendedor tremer do meu lado.
– S-sim, mais é que no estoque esse era o ultimo – Disse gaguejando e todo sem jeito.
– Eeeee é meu, se fodeu – encurtei nosso espaço, chegando até ele e balançando a chave na sua frente. Ele aperto com tanta força o copo plástico que ele se quebro, jorrando todo o conteúdo pra fora. E eu ri na cara dele, muito satisfatório.
– Você é uma insuportável! – Gritou apontando o dedo na minha cara. Nós se olhávamos furiosamente.
– Bill é só um carro – Tom tentou acalmá-lo, mais ele estava irredutível.
– Rokety, você sabe com quem está brigando, abaixa bola e vamos embora – Aline me aconselhou, mais eu não ia coloca o rabinho entre as pernas e fugi.
– Filho da mãe! – Gritei.
– Escrota – Agora nós dois simplesmente ignorávamos as pessoas ao nosso redor e gritávamos alterados um com o outro.
– Masoquista!
– Maconheiro – Gritei me jogando pra cima dele, que caiu no chão com tudo, enquanto tentava desviar dos meus tapas
– Vadia sai de cima de mim – Gritou segurando meus pulsos, idiota, acabei dando uma joelhada no pinto do idiota.
– Tomaaaa imbecil – Gargalhei alto, vendo o idiota se contorce no chão de dor
–Vadia – Disse baixinho, enquanto eu ria mais, e Tom, e os outros dois rapazes riam abafado, e o vendedor se segurava, Aline não esboçava emoção.
– Já chega vão todos pra fora agora! – Disse, o que me parecia o gerente.

Aline me ajudou a me levantar e todos seguíamos pra fora do estabelecimento. Bill estava furioso, sua cara estava vermelha, e ainda por cima ele andava de ladinho, com a mão no pinto. Eu só me divertia.

– Vai dizer, meu carro não é lindo Aline? – Disse num tom em que todos pudessem ouvir.
– È
– Você pode ir com o carro do B.? – Perguntei, ela apenas assentiu. – Nos encontramos na casa do B. Ok? – ela já estava distante mais me ouviu.
Fomos em direção diferentes, eu caminhava alegremente em direção ao meu mais novo objeto de consumo.

– Como você é lindo – passei a mão no capo.
– Eu sei – Disse atrás de mim.
– Achei que você já tinha ido embora – resmunguei, sem encara – lo.
– Eu queria fala com você
– Está falando – me virei, o encarando.
– Não me diga! – Disse irônico – vamos pra um lugar mais calmo – sugeriu.

Pensei, o encarando, ir ou não ir?, se eu fosse eu correria o risco de voltar despedaçada, e ter que recorrer a minha saída de emergência. Se não fosse, iria ficar me corroendo de curiosidade, e me perguntando o que poderia ter acontencido.
È melhor se arrepender do que se faz. Conclui, ele ainda esperava pacientemente minha pequena guerra mental.

– Ok – Disse por fim – entra ai.

Entramos silenciosamente no carro, no caminho todo, ficamos em silencio, acho que assim foi melhor, se começássemos a falar, os insultos, o orgulho e arrogância iam prevalece, e nada ia ter valido nosso esforço até aqui. De fato eu não sabia pra onde ir, pensei em um lugar em que ninguém pudesse ouvir nossa futura discussão, sim porque íamos brigar isso era certo, mais como íamos chega nesse ponto eu não sabia. Sendo assim me dirigi para o único lugar que talvez não teria muita gente, uma velha fabrica abandonada.

– Uma fabrica? – Bill disse assim que estacionei o carro.
– Tá achando ruim volta de a pé – respondi mal humorada.
– Obrigada – Disse no mesmo tom.
Sai do carro, porque seria estranho conversa dentro do mesmo, ele me acompanhou.
– Diga
– Porque está tão na defensiva comigo? – Perguntou irritado.
– Na defensiva? – repeti incrédula – e como você quer se tratado hein?
– Ah, também não sei, mais assim eu também não quero – se sentou no capo.
– Não te entendo – balancei a cabeça – Quer saber fala logo o que você quer, se não eu arranco daqui e te deixo no meio do nada! – Disse sem paciência.
– O que você faz aqui? – Perguntou sem me encara, estava afastado, de frente para rua de terra , parecia apreciar o barulho do vento que batia no nosso rosto, e levantava as folhas secas do chão,fazendo pequenos redemoinhos.
– Não te interessa. – Disse rude.
E sem me encara colocou o saquinho que segurava em mãos ao lado do seu corpo. Suspirei, ele estava se drogando, outra vez.

– Você só está cheirando isso, ou tem mais alguma coisa? – Perguntei calma,deixando todos os vestígios de raiva de lado, sentei me ao seu lado, Bill balançou a cabeça, a colocando entre os joelhos, o ouvi fungar .

– É só isso, e os cigarros claro. – Disse dando de ombros, com o olhar perdido ,senti minha respiração falhar, eu não conseguia raciocinar direito qualquer merda que ele estivesse dizendo. Eu estava mais ocupada, pensando o porque daquilo, o porque daquela conversa, que no final não ia leva a lugar nenhum, porque tanto interesse?

– E o ecstasy ?
–Nunca mais, depois daquele vez ... – Disse dando de ombros.
– Você se lembra de quando tínhamos 11 ou 12 anos, e você me beijou? E depois me pediu em namoro? – Perguntei o encarando, Bill soltou um riso sem humor, enquanto sua expressão parecia ficar vazia, e um tanto irônica. Eu não sabia se estava preparada pra sua resposta, mais segui em frente

– Como esquecer? Depois daquele dia eu jurei a mim mesmo que iria te odiar pela eternidade. – Respondeu frio, ainda sem me encarar, suspirei desviando meu olhar também, lembrando quando foi que eu e Bill nos desviamos de vez, quando tudo começou a dar errado, claro, desde criança sempre implicamos um com o outro, sempre estávamos brigando, mas apesar de tudo tínhamos uma amizade, estranha, mas mesmo assim uma amizade – Onde quer chegar com isso? – Perguntou visivelmente alterado, pelo visto a droga estava fazendo efeito.

– Droga! Eu não sei – eu realmente não sabia – Sei lá, você tem que para com isso, para de se droga Bill! – ele me encaro, mais branco que o normal, e que agora um filete de sangue descia por seu nariz.

– Não preciso da sua ajuda! Não sou uma pessoa problemática como você, uma vadia depressiva escrota e imprestável! – Berrou se levantando e apontando o dedo pra mim.
– Sim, eu tenho problemas,todo mundo tem problemas, mas não aja como se você também não tivesse! Porque isso?, porque se droga?, o que você busca que não tem ao seu redor? O que? me diz! – Perguntei inconformada, tentando encontrar uma lógica para aquela nossa conversa, mais eu acho que não tinha, e se tinha eu não conseguia ver
Bill me olhou com os olhos borbulhando de ódio, e assim que sentiu os sangue chegar a sua boca, passou as costas da mão o limpando.

– Pelo mesmo motivo que você! Porque você faz isso com você hein? – Perguntou me encarando irônico, meu corpo estremeceu enquanto eu tentava achar alguma resposta para a sua pergunta, mais todas que passava na minha cabeça, nenhuma de fato se encaixava, acho que na realidade não existia uma resposta, ou talvez a vergonha era tanta que não me deixava exerga-lá .

O silencio que se instalo chegava a ser constrangedor, levando o fato que geralmente, quando eu e o Bill estávamos no mesmo local, a gente se ''falava'',se xingando que fosse, mais nós falávamos, e agora nosso silencio gritava.

– Porque antes, as lágrimas não tinham cor e saiam dos meus olhos, hoje, hoje elas são vermelhas e saem de cortes do meu pulso. – Disse por fim, vendo a cara do Kaulitz se espantar pela minha revelação, é a verdade sempre choca as pessoas. Mas não dei bola afinal, ele estava sobre efeito da droga, isso amanha não passaria de um sonho, ou um pesadelo, ai já é ele que vai decidi.

Algumas pessoas acham que as pessoas que cortam os pulsos, são pessoas sem Deus no coração, ou somente pessoas desocupadas, mais pra mim, é somente excesso de problemas. Já ouvi pessoas dizendo: È besteira! É uma besteira sim, mais uma besteira que machuca pra caralho, porque mesmo que você esteja sangrando por fora,e vá ali na pia e se limpe, faça um curativo, por dentro sangra mais, só que a diferença é que não podemos limpar, passa um remedinho e fazer um curativo, a dor vai continua ali, a ferida ainda vai sangrar, e depois não vai ser como se a dor tivesse diminuído com o tempo, na verdade, é a gente que fica forte o bastante pra suportá-lá.
Automaticamente todas as lembranças, de todas as vezes em que eu me cortei invadiu minha mente, me fazendo ver os motivos daquilo,vendo que perfeição da mamãe estava mais pra imperfeição, ou uma boneca sem conserto. Eu me perguntava porque pessoas que nem o Bill tem o péssimo hábito de me fazer lembrar em 1 minuto, coisas que eu demorei 1 ano pra esquecer
E então Você tem quase certeza que seu passado está morto e enterrado, até que ele encontra um jeito de bater em sua porta e jogar na sua cara, todas as besteiras que você cometeu e não teve tempo de consertar.
A verdade é que dói menos um braço cortado do que um coração despedaçado.
– No que está pensando? – perguntou ele distraidamente, e mais calmo.
– Não há necessidade de falar para você o que se passa na minha mente – Respondi indiferente, querendo acaba logo com aquele lenga-lenga.
– Eu vim aqui te pedi desculpa, pelo o que aconteceu aquela vez – Disse tranquilamente, o que me deixou puta da vida, pois ele falava de algo sério, e no entanto o pedido saiu casual, normal.
– Pedir desculpas não muda o que aconteceu. – Disse, ríspida – E perdoar não evita que tudo possa acontecer de novo. – ele pareceu nota o quão furiosa eu estava.
– Se eu pudesse pediria perdão de joelhos pra ele, mais não dá! – Falou alterando um pouco a voz.
Se... são tantos 'se' Bill, no entanto, eles não valem nada, por acaso eles vão muda alguma coisa? – uma lágrima teimosa escorreu pelo meu rosto – não, não vai mudar, e você é culpado por tudo, se não por tudo, uma parte pelo menos – Acusei, limpando meu rosto, que agora não tinha uma lágrima e sim várias.
– Eu sei tá? – me olhou friamente – e você também tem uma grande parcela de culpa.
– Tenho sim – admiti – porém a minha com certeza é menor que a sua, porque se não me falha a memória, o problema era meu, e eu já tinha resolvido! – Gritei apontando o dedo na sua cara.
– De uma péssima maneira! – Disse irônico , revirando os olhos.
– Péssima, mais foi a única que eu encontrei, e não me arrependo – Disse por fim.
– Eu também não me arrependo – Deu de ombros.
Eu fiquei boquiaberta com que eu ouvi, ele não se arrependia de ter acabado com a minha vida? De ver que eu estava errada quando pensei que minha vida não pudesse piora, e ele a fez fica pior?. Eu pensei, em conta a verdade, e deixa- lo péssimo, assim talvez ele visse a burrada que fez, fala pra ele, e faze – lo me odiar mais e mais, a ponto talvez de bater. Mais eu não fiz, eu iria usar a carta que eu tinha na mangua, assim como ele fez comigo um dia, despeja a verdade na cara dele sem dó nem piedade, pra talvez ele senti um pouco do que eu senti um dia.
– Sabe, droga eu te amava Rokety, só que com o tempo, esse nosso amor virou ódio, nós ficamos tão frios e arrogantes, que fazer mal a um de nós, nos fazia bem, nos fazia ficar completo – ele media as palavras.
– Falar que ama, não é amar – lhe encarei.
– As coisas mudaram – ergueu a sobrancelha.
– No fim eu te agradeço, eu me achava forte, ou esperta, pronta pra tudo, e você me mostrou que eu era um nada, que minha vida era uma mentira, eu cai, me levantei, cai de novo, até que eu fiquei forte o suficiente, pra derruba também – Bill olhava atento a casa palavra minha – no final, eu só tenho que te agradece, quem disse que a dor não te faz crescer?
Sorri pra Bill, aliada por ter falado a metade do que perturbava,porém ainda tinha a outra metade, e essa eu tinha medo, porque essa tratava de coisas do coração, e com o coração não se brinca.

Postado por: Grasiele

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Arquivos do Blog