quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Dangerous - Capítulo 10 - Promessa


Eu chorava, mais não como antes, tentava nesse meio tempo que ele estava lá, correndo,mentalizando que tudo ia ficar bem, nós íamos ficar de bem novamente. Tentava achar palavras, que o reconforta-se, que o fizesse me perdoa, mais era inútil, eu não achava.
Eu senti uma dor. Forte no meio do peito. Avassaladora.
De repente, os passos ficaram mais fortes em minha volta, levantei a cabeça e vi que as pessoas corriam em direção a pista, me levantei do meio fio, limpando meu rosto. E cada passo que eu dava meu coração se apertava num ritmo assustador, e quanto mais eu limpava as lágrimas, mais elas saiam.
Era como se eu soubesse. Porém quando a verdade é obvia demais é ai que você não enxerga, ou simplesmente ignora.
De longe eu vi, o carro estava todo retorcido, e virado no meio da pista. Instantaneamente eu parei,e inconscientemente levei a mão a minha boca, como que para conter o grito que se formava.
Se antes eu estava ruim, palavras agora não poderiam descrever. Mãos me tiraram dali, mais eu não sabia quem era, as imagens ainda eram vivas em minha mente, como se eu ainda estivesse lá, os soluços eram incontroláveis.
E tudo era culpa minha.
Eu estava mergulhada num mar de dor, e no nada eu voltei a superfície, rudemente tirei a mão da pessoa que insistia em me prende em sua volta, mais quando se está com raiva sua força se multiplica.
E eu corri.
O mais rápido que pude, mesmo não conseguindo conciliar a respiração com o meu choro descontrolado, eu não parei, e por mais que tentassem me barrar eu continuei. Parei do lado, aonde ele estava e passei delicadamente minhas mãos por seu rosto, tentando inutilmente reparar meu dano, ele respirava, mais com um esforço enorme.
– Rokety – Sussurrou baixinho
– S-sim
Eu mal conseguia falar.
– Está tudo bem – Tentou me reconforta. – você vai ser forte? – assenti, mesmo não acreditando que fosse possível – então está tudo bem. Me prometi uma coisa?
– Sim, você me promete algo também? – pedi.
– Sim,mais primeiro eu – forçou um sorriso. Sorri, ou tentei, também – Prometi que vai ser feliz? Que escuridão nenhuma vai apaga esse seu brilho?
– Prometo.
Mesmo não acreditando nas minhas próprias palavras eu prometi. Prometi no intuito de que aquela promessa fizesse meu irmão resisti, porque eu sentia, pior ainda eu via, via ele morrer pouco a pouco e seu sorriso se desmanchando aos poucos, e tudo ali na minha frente, e eu não podendo fazer nada, somente assistir.
Mas isso não me impediu de falar a minha parte, que naquele momento era inútil, mais eu tentei.
– O que eu tenho que prometer? – Perguntou num fio de voz quase inaudível, e com os olhos entreabertos.
– Só fique aqui – implorei – fique aqui comigo, n-não se vá – pedi chorando.
Ele sorriu de olhos fechados.
– Eu sempre vou estar com você, em qualquer lugar que você vá, vou estar nos seus pensamentos e estar vivo nas suas lembranças...
– Não – protestei revoltada, balançando a cabeça negativamente, mas no fundo eu não queria entender o significado das suas palavras – Quero você do meu lado!
– E quem disse que eu não vou estar ao seu lado? – Disse, agora me encarando – a única diferença é que você não vai me ver, porém eu vou estar ali te protegendo, te guiando, eu te amo demais, não vou precisar estar do seu lado pra você saber disso.

Essas foram suas ultimas palavras. E num instante ele estava ali, falando comigo, e no outro, sua voz seu sorriso, sua garra e sua alegria que tanto me faziam feliz não pertencia mais a mim, não pertencia mais ao mundo.
Depois disso não me lembro de muita coisa, mas eu me lembro que a dor no meu peito era inadiministravél, eu não sabia, mais eu me surpreendi ao perceber o quanto eu pude suportar. E de repente as mesma mãos que minutos atrás eu fugi, agora me recolhiam do chão me impedindo novamente de mergulhar na dor. Essa pessoa era o Bruno.
– Eu nunca vou te deixar cair, mais se isso acontece, eu vou estar aqui pronto pra te segurar. – Bruno disse.



Abri meus olhos lentamente, piscando várias vezes, pois algumas lagrimas se acumulavam, e eu as forçava a entra pra dentro, mais de nada adianto, pois uma escorreu pelo meu rosto.
Levantei minha mão e quando ela chegou no meu campo de visão percebi que meu braço estava injeçado. Mas eu não sentia nenhuma dor. Não precisei nem de meio segundo pra saber aonde eu estava, esse lugar me era familiar de uma forma nada agradável.
Eu odiava hospitais. E na mesma velocidade que eu levantei eu deitei novamente.
– Fica quietinha ai – Ordenou.
Eu estranhei, pois quem estava ali, não era quem eu esperava que estivesse.
– Bruno?
– Ah – passou a mão no rosto, e se levantou da poltrona em que estava, vindo até a mim. – esse ai passou mal quando viu seu carro dando varias voltas de 360° graus.
Não consegui segurar a careta e Jeferson riu.
– Eu sei
– Que bom que sabe, pois ele está furioso, tiveram que sedar ele, pois ele estava quicando na maca, querendo ficar aqui com você.
Soltei o ar pesadamente.
– Queda de pressão? Desmaio? – perguntei.
– Desmaio – respondeu – aquela Fabi...Fabricia, Fernanda? – disse consigo mesmo – foda-se, só sei que ela ficou desesperada – revirou os olhos.
Não dei muita importância , eu queria mesmo era dar o pé daquele hospital.
– Bom – Disse me levantando – tudo certo né? – ele assentiu – então eu vou embora, e... – eu tinha perdido totalmente a noção de tempo – que horas são? – perguntei aflita, pois provavelmente meus pais tinham me ligado.
– Não se preocupe – me tranqüilizou, suspirei aliviada – eles te ligaram...
– E o que você disse? – soltei com uma ponta de histeria na voz.
– O Bruno disse – respondeu – ele falou que você tinha encontrado um amigo eu – aponto pra si próprio – o que não é mentira e disse que estava tudo bem, e que depois você ia ligar pra eles, porque você tinha ido ao banheiro.
Uma preocupação a menos, porque chegando em casa eu ia ter explica esse braço. Obviamente eu ia menti.
– Vamos – chamei – Depois você compra outro carro e me manda a conta ok
– Não precisa – disse – está tudo bem o importante é que você está viva, agradeça ao seu anjo da guarda – sorriu me dando um pequenos tapinhas nas costas.
– É – concordei.
Caminhamos pelos corredores brancos indo aonde ele estava, eu sabia que ele ia dar o maior sermão de ética e cidadania pro meu lado, falando que tinha me avisado e tudo mais. Eu ia ouvir, e explica a minha parte
Abri a porta do quarto, e uma enfermeira só dava umas ultimas recomendações. E assim que seus olhos bateram em mim ele sussurrou um '' Temos que conversa''.
– Vem cá – me puxou para um canto e me abraçou forte, mais tão forte que chegava a machucar, e eu retribui na mesma intensidade – eu achei que ia te perder – murmurou com a voz embargada – eu achei que ia te perder – repetiu.
Assim como as minhas suas lagrimas saiam e molhava nossas roupas, nosso abraço durou minutos, e palavras nenhuma poderia descrever o que eu sentia, só sei que reconfortava.
Nos separamos e ele olhou nos meus olhos.
– Não faça mais isso – pediu.
Levei minha mão boa até seu rosto limpando os últimos vestígios de choro.
– Não faço mais.
– Então vamos.

Fomos todos silenciosamente, no estacionamento Jeferson estava com outro carro, nos desejou boa noite e melhoras pra mim, trocamos contatos e fomos pra casa. Meu carro foi levado pra casa do Bruno, e de lá eu ia pra minha. Fomos o trajeto todo quieto, palavras não eram necessárias, eu sabia exatamente como era estar no lugar do B. sabia exatamente a dor, a angustia, mais isso não é nada perto de uma perda.
– Ele me ligou – quebrei o silêncio
– Quem ligo?
– Bill – respondi um pouco hesitante.
– Como ele conseguiu seu numero? – Disse indignado desviando a atenção da rua.
Dei de ombros.
– Não sei – falei – gostaria de saber.
E quando olhei o rosto de Bruno novamente, sua cara se retorcia em uma mascara de ódio, fúria e raiva.
– Foi ele – Disse estridentes – filha da puta! – deu um soco no volante – Ah mais quando ele for lá na boate...
– Nada disso – interrompi – bater nele, não vai muda nada, você só vai arrumar sarna pra se coçar.
– Não interessa – descordou.
– Interessa e interessa sim – rebati, elevando um pouco a voz.
Ele nada disse somente presto mais atenção no trajeto, foi quando eu vi que ele estava no meu bairro.
– E meu carro?
– Depois você pega – Disse.
Estacionou o carro na frente da pousada e em seguida se virou pra mim.
– Se cuida – pediu.
– Pode deixar – eu sorri, pois sabia que o assunto estava encerrado – Você está bem? Soube que desmaio.
– Sim estou bem, queda de pressão – justificou.
– Então tá.
Dei um abraço apertado nele e um beijo no rosto. Peguei minha bolsa e abri a porta.
– Já sabe o que vai falar a seus pais? – perguntou.
– Não, mais na hora eu arrumo qualquer desculpa.
– Então ok beijos Rokety
– Beijos Bruno.
Fiquei ali na calçada até seu carro vira a esquina. E agora o que eu falaria aos meus pais?. Caminhei pelo tão conhecido caminho que me levava até a pousada. Entrei e as luzes ainda estavam acessas. Claro eles estariam me esperando.
– Rokety – meu pai me chamou assim que passei pela porta.
– Aqui – respondi.
Apesar de ser tarde da noite eles ainda me esperavam, e estava estampado na cara deles que eles estavam cansados.
– Oh minha filha – minha mãe disse assim que viu meu braço – mais o que aconteceu? Eu liguei pra você e me diserram...
– Eu sei , me avisaram – falei.
– Mais o que aconteceu – meu pai perguntou preocupado, examinando meu braço.
Suspirei.
– Quando eu ia sair do barzinho que a gente estava, eu acabei escorregando em uma poça que tinha no caminho, cai de mal jeito e quebrei – levantei o braço. – foi isso que aconteceu. – disse por fim.
– Coitada da minha filha – passou a mão pelo meu cabelo – está com fome? – ela perguntou
– Não.
– Quer um remédio minha princesa – meu pai perguntou meigamente.
– Não sinto dor, e por favor vão dormi – pedi.
– Sim, nós vamos, é que eu estava muito preocupada – passou a mão no peito – eu não sei, do nada eu senti uma dor, e logo seu nome veio na minha cabeça – ela riu balançando a cabeça – e nem foi nada, mais mãe é sempre mãe.
– É.
– Boa noite – Disseram juntos.
– Boa noite – respondi, dando um abraço desajeitado neles.
O caminho todo eu fui bocejando, estava muito cansada, porém eu estava muito inquieta e o motivo era como que o Bill conseguiu meu numero, mesmo ele sendo famoso, isso seria meio difícil, mais eu subestimei meu inimigo. Se é que posso chamar assim.
Abri a porta e me joguei na cama, fechei os olhos. Querendo me afundar nos meus próprios pensamentos. Mas meu celular apitou.
Uma mensagem.
''Do jeito que eu sou azarado, creio que pra minha infelicidade você não morreu''
Ri do seu humor negro. E como agora tinha identificador eu respondi.
''O que não me mata me deixa mais forte''
Depois desliguei o celular. Amanha eu mudaria o número.
Talvez fosse mais fácil se eu soubesse que no fim certas coisas não dariam certo. Teria me poupado de muita coisa. Porque a pior decepção é aquela que vem de quem você menos espera. De ver que a mesma pessoas que te faz sorrir, é a mesma que faz seu mundo desmoronar.
E com esses pensamentos perturbadores eu adormeci, pois o cansaço me dominava.


Abri os olhos bem devagar, absorvendo a claridade que se instalava dentro do meu quarto, me sentei na cama, sentindo meu braço reclamar, pelo jeito o efeito dos remédios tinham passado, e logo eu teria que ir a farmácia.
Me espreguicei com uma mão só, eu ainda estava com mesma roupa de ontem, como pude dormir com essa roupa fedendo a hospital? Desviei meus olhos para o meu relógio na escrivaninha, já era quase três horas da tarde.
– Dormi demais – Disse comigo mesma, mas fui respondida.
– Você precisava meu anjo – ele disse assim que abriu a porta, e atravessou o quarto em passos largos se sentando ao meu lado.
– O que faz aqui? – perguntei – Não deveria estar em casa? Dormindo – me levantei e fui ao banheiro – que horror! – me espantei quando olhei meu reflexo no espelho.
– Verdade – Concordo. Eu lhe lancei um olhar assassino – Quer dizer, nada que um banho não resolva – se corrigiu rapidamente,
– Não respondeu o que eu lhe perguntei – Disse o encarando pelo espelho, enquanto travava a terceira guerra mundial com a escova e a pasta de dente. Elas não colaboravam.
– Para isso – Tirou a escova de dente na minha boca, e pegou a pasta na pia, e em seguida me entregou – Pronto! – sorriu satisfeito.
– Obrigado – agradeci com a boca cheia de pasta dental.
Assim que terminei de escova os dentes, e os cabelos, com a participação de Bruno, fui procurar uma roupa, mas Aline entrou toda eufórica dentro do quarto, a euforia era tanta que ela chegava a balançar as mãos na altura do peito.
– O que foi? – perguntei curiosa.
– Ah – se jogou de braços abertos na minha cama – ontem eu sai com um verdadeiro Deus grego – Suspirou.
– Tirou a periquita do luto foi? – Bruno zoou, e nos caímos na risada.
Menos Aline.
– Quem foi o felizardo? – me recompus.
– Tom – Respondeu sorrindo.
– Que Tom? – Bruno perguntou com a voz mais firme e intimidadora.
– Tom Kaulitz.
E no mesmo instante eu e o Bruno nos entreolhamos. Pensávamos a mesma coisa.

Postado por: Grasiele

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Arquivos do Blog