quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Dangerous - Capítulo 2 - De volta ao passado


Eu sabia que estava fazendo tudo errado. Mas que se dane era por uma boa causa. A minha causa. Chegava a ser criminoso, fazer o Bruno acorda a essa hora pra vim me busca aqui nessa muvuca de gente, sendo que eu poderia muito bem ir sozinha. Mas depois desse tempo todo eu estava morrendo de saudade daquela peste, e necessitava ter alguém comigo.
Mas pelo visto ele não conhece a palavra pontualidade. Já que ele está atrasado meia hora, e eu estou aqui esquentando banco.
Então meu celular toca, era ele.

– Bonito hein? – Solto assim que atendo – Aonde você está infeliz?
– Bom dia – Falou bocejando – estou aqui fora então.... – Ele não terminou eu desliguei na cara dele

Me levantei agitada por saber que meu amigo já estava me esperando, peguei o carrinho com minhas bagagens, e sai andando com um pouco de pressa.
No final de tudo, das loucuras que fiz, dos lugares que visitei, das pessoas que fiquei, tudo valeu a pena , eu precisava desse tempo pra mim, precisava fugir dos problemas que me assombravam e me impediam de seguir em frente, mais eu sei que essa escapadinha que eu dei, não vai fazer meus problemas desaparecerem, eles vão continua ali no mesmo lugar, que eu os deixei quando parti a quase dois anos atrás.
Agora eu me sinto renovada, pronta pra qualquer recepção que Los Angeles possa me dar. Não vou dizer que não senti falta deles, várias vezes, no quarto de hotel, sozinha, eu pensei em desisti, volta pra cá e dar um abraço apertado em todos eles, e pedir desculpa, pelo modo como parti, sem avisar a ninguém, sem deixar vestígios, só uma carta.
Mas de forma alguma eu me arrependo, o que eu fiz fico no passado ,eu não posso mudar, agora o jeito é seguir em frente, buscando sempre novos horizontes.
Com esses pensamentos em mente, eu parei na entrada do grande aeroporto de L.A, estava cheio de carros e pessoas, andando apressadas e eu ali, ocupando espaço. Andei mais um pouco parando na lateral de um telefone publico, pegando o telefone no meu bolso pra ligar pra ele.
Mas antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, o vidro de um carro, muito elegante, abaixa, mostrando um rapaz lindo, que faria qualquer mulher suspirar, com os cabelos levemente bagunçados, barba por fazer que o deixava mais lindo, e os olhos... que olhos, de um verde que você se perderia, com um sorriso galanteador estampado no rosto, aquele era meu amigo Bruno Coller, das boates Coller.
– E ai gata – Falou de um jeito sexy. Que eu tive que rir – aceita uma carona?
– Eu? – Me fiz de desentendida, olhando para os lados. Ele entrou na brincadeira assentindo com a cabeça – Tem certeza? Sua namorada pode ficar brava!
– Ah! – Suspirou – eu não tenho namorada – Falou baixinho, dando uma piscada.
– Sendo assim... – Abri a porta do carona – Eu aceito.

Ele logo deu a partida saindo daquele caos de pessoas, eu percebi que ele estava muito quieto, Bruno era de falar, ele passava a mão constantemente na nuca, e ele só fazia isso, quando estava nervoso. Mas eu não disse nada, como eu disse , ele era de falar, quando ele não agüentasse, ele ia dizer tudo, se embolando um pouco mais ia.
O silêncio duro dez minutos, eu vi que ele estava preste a explodir, então ele começo a falar.

– Como foi de viagem? – Perguntou, sem muito interesse, já que ele sabia que eu dormia nas viagens, por causa do remédio que eu tomava.
– Bem – Respondi, dando de ombros.
– O que vai fazer agora? – Pergunto, meio distraido por estar olhando as mulheres na rua.
– Vou visitar meus pais e...
Ele me interrompeu.
– Visitar ou morar? – Voltou a olhar pra mim.
– Morar – Afirmei – acho que é o mínimo que eu posso fazer, depois de tudo – dei uma risadinha nervosa.
– Olha – Pegou minha mão – o que aconteceu não foi sua culpa,a gente te entende, eu no seu lugar tinha feito igual ou pior – sorriu tentando me reconforta. Mas nada do que ele me dissesse ia mudar ou amenizar o que eu fiz, virei as costas pras pessoas que mais me apoiaram, que me mostraram a luz, quando eu só via a escuridão. Eu não me perdoava. – que tal se você trabalhasse? – sugeriu animado – posso te colocar pra trabalha na boate.
Olhei pra ele meio indecisa, trabalha com meu amigo pode ser legal pensei.

– É – concordei
– E você já conhece todo mundo, você já foi lá várias vezes – Falou. Nós já estávamos na rua da minha casa, ou na pousada dos meus pais.
– Quando começo?
– Hoje... – Olhei pra ele espantada – pra você vê como é – acrescentou rapidamente.
– Hum – balancei a cabeça – é pode ser
– Ok, chegamos.

E lá estava ela, a pousada, que junto com meus novos pais, me receberam de braços abertos, mesmo que naquela época, eu fosse uma garota revoltada, arrogante, prepotente, eles me aceitaram, sorrindo como sempre. E me amaram.
De longe pude avistar minha mãe, Lucy, ela atendia um casal, sorrindo, sempre sorrindo. Eu agradeci mentalmente pelos vidro do carro serem escuros, assim eu poderia observar mais um pouco ela. Em seguida, quando o casal se foi, meu pai, Erick, apareceu por trás dela, lhe segurando pela cintura dando um beijo suave em seu pescoço, fazendo ela se encolhe, virando de frente pra ele, lhe dando um selinho demorado, e eles ficaram ali trocando caricias, enquanto só observava aquela cena, que se repetia todos os dias. Era incrível como o amor deles não diminuía com o tempo, ao contrario só aumentava, eu confesso que tinha uma invejinhas deles, mas é uma inveja boa, que se orgulhava.
Suspirei, aquela era hora, eu ia ter que encara eles, pedir desculpas, ouvir qualquer sermão ou bronca, e ficar calada, afinal eles tinham toda a razão. Bruno me olhou ,esperando uma atitude minha.
– E lá vamos nós

Desci do carro,coloquei o capuz e em passos lentos fui em direção deles, olhei pra cima, para os lados, e enfim atravessei a pequena porta de maneira, caminhei olhando para o chão, reparando nas flores que tinham ali, me aproximei deles, que estavam sorrindo, alegres, brincando igual duas crianças, assim que cheguei perto o suficiente, a linda voz da minha mãe adentrou meus ouvidos.
– Posso te ajuda?
Eu ainda estava de cabeça baixa, com o capuz, é agora ou nunca, levantei minha cabeça lentamente, e em seguida retirei o capuz, obvio que a reação deles foi de espanto e surpresa, minha mãe colocou a mão na boca e olhou pro meu pai que estava branco. Esperei pacientemente, eles voltarem as suas feições normais, e não demoro.
– Mas olha quem voltou a nossa filhinha Rokety – Ela encurto nosso espaço, me dando um abraço, e meu pai logo se juntou. – Como você está meu anjo? Porque não ligou? Mando carta?um e-mail... sei lá – ela já vinha com o interrogatório.
– È minha filha porque não deu noticias? – pergunto meu pai – ficamos preocupados, muito preocupados com você, não faça mais isso – passo carinhosamente a mão pelos meus cabelos – cabelos laranja hein?
– Fico linda como sempre – ela me abraço de lado – e vamos lá pra dentro, você deve estar com fome, olha como tá magrinha – me avaliou, e fez uma cara de reprovação – cadê suas malas, veio como?
Revirei os olhos, mães sempre mães
Bruno – respondi
– Você e esse Bruno, não sei não hein, o que você acha em Lucy – cutucou minha mãe.
– Eu não acho nada – eu ri da cara dele – e você também não deveria, agora meu amor vai lá chama ele vai – pediu ainda me abraçando.

Me desvencilhei de seus carinhosos braços, e voltei pelo mesmo caminho que vim. Não pude deixar de sorrir, como eu fui boba, criei coisas na minha cabeça, e no final não aconteceu nada, nada do que eu esperava, aconteceu tudo diferente, eu tinha me esquecido de como eles eram diferentes dos meus outros pais, esses eram mais rígidos,não me compreendiam, viviam pra status, enquanto esses, semeiam o amor e alegria por onde passam, e tentam me entende apesar de tudo. Eu não os merecia e sabia disso.
Avistei ele encostado na lateral do carro, fumando descontraído.

– E ai como foi lá?
– Melhor do que eu esperava – Sorri abertamente, mas logo me lembrei do motivo de eu estar ali – Vamos minha mãe disse, que estou magrinha – fiz uma careta – e que preciso comer, e convido você. Vamos?
– Opa – Se desencosto do carro – comida, adoro.

E assim foi nossa tarde, com muitas brincadeiras, sorrisos,carinho e felicidade, só naquele momento, quando eu estava ali, com meus pais e o Bruno, eu vi como eu amava eles mais do que tudo, que saudade era uma palavra pequena, diante da imensa falta que eles faziam na minha vida, eu estava de volta ao meu lar, perto das pessoas que eu amava.
Um tempo depois Bruno foi embora, ele tinha que dormi, e eu me desculpei por ter tirado ele cama tão cedo, nós já tínhamos combinado tudo, minha mãe quando ficou sabendo não gostou muito, disse que eu não precisava, e eu realmente não precisava, mais eu gostava de trabalha, e se fosse com meu amigo melhor ainda. Logo em seguida fui vê aonde eu ia fica, era um quarto lindo, e bem grande, mas parecia que eu já o conhecia...
– Era seu antigo quarto – ela disse – demos uma pintada, mudamos os moveis, enfim ficou do seu gosto?
– Oh! Sim claro – abracei ela – tudo que é tocado pelas suas lindas mãos, fica lindo.
Ela saiu, deixando eu sozinha pra arruma minhas coisas, que eram bastante, mas com o tempo eu arrumaria, porque o tempo passa rápido e já era noite e eu tinha que ir, eu não me arrumei muito, só retoquei a maquiagem, troquei de blusa e sapato, coloquei um casaquinho e sai, dei thau para meus pais e peguei um taxi, eu voltaria com o Bruno e amanhã, veria um carro pra mim. Dei o endereço ao motorista, que já sabia aonde ficava a boate, e que não demoro muito, paguei o táxi e desci, indo direto na entrada , sendo barrada pelo segurança.
– Desculpe, casa cheia
– Sou amiga do Bruno – informei. Ele deu um sorrisinho debochado.
– Claro, eu também, a casa está cheia – repetiu. Perdi a paciência e liguei pro Bruno
– Oi – gritou, o barulho estava alto, não sei como ele ouviu o celular
– Estão me barrando – olhei para o segurança que prestava atenção na conversa.
– Passa o telefone pra ele – pediu,eles trocaram algumas palavras, e ele permitiu minha entrada.

O local estava cheio, o som estava alto, e eu gostei, adoro locais cheio de calor humano, fui em direção aonde sabia que Bruno estaria, ele estava falando com uns rapazes, então eu esperei no balcão.
– Olha que surpresa ver você aqui – Ela disse com aquela voz enjoativa.
– Pois é, mais pra mim, não e nenhuma surpresa te encontra atrás de um balcão, como sempre – O sorriso falso que ela sustentava no rosto, se foi, dando espaço a uma Jaqueline furiosa.
– Olha como você fala comigo – esbravejou
– Ui – eu me divertia com a situação – Já deu pro B. hoje? Vai que você consegue uma promoção – fingi um entusiasmo.
– Vaca
– Olha você como fala comigo – me irritei – é só eu sopra no ouvido do B, que você some daqui, então se coloca no seu lugar vadia, que bem – dei um sorrisinho cínico – é atrás de um balcão.
Ela até abriu a boca pra me retruca, mais B. apareceu, e eu voltei a minha face calma novamente.
– Algum problema aqui – B. pergunto desconfiado, olhando pra mim e de relance pra Jaqueline, que não se importo em mostra o quão puta ela estava.
– De boa – respondi sorrindo.
– Jaqueline?
– Estou bem Sr. Bruno – Disse estridentes, e logo saiu pra atende um cliente.
– Mulheres – B. balanço a cabeça – Queria falar com você.
– Sim
– Mas depois – revirei os olhos – aproveita ok?, Qualquer coisa você sabe aonde me encontrar.

Eu fiz o que ele me pediu, me diverti, dancei, dei uns beijinhos, algumas vezes eu procurei ele, nós dançamos, ele me apresento pra alguns amigos e amigas, rimos muito, o pessoal dele era legal, conheci a Bianca, mais todo mundo chamava ela de Bia, nós conversamos, e ela era muito distraída e desastrada, ela também era muito sorridente, gostei também do irmão dela, Adam, mais não rolou nada, só conversa, quando deu umas três da manhã, os dois foram embora. Eu já estava cansada de ficar dentro da boate, meus ouvidos já estavam fazendo piii, pedi licença a todos e sai.
Na saída me deram uma pulseirinha, o vento aqui fora estava gelado, o tempo tinha mudado, parecia que ia chover. Ótimo fazia tempo que eu não tomava banho de chuva, andei mais um pouco, parando do lado de um Audi, parecia que não tinha ninguém, puxei a carteira de cigarro da bolsa e acendi um, fumando calmamente, vendo que apesar da hora ainda tinha muita movimentação na rua, o vento chicoteava minha cara, e minha jaqueta parecia não existir diante dos ventos, meu cabelo insistia em ficar na minha cara. Mais eu continue ali.
Continue até, um pigarro soar perto de mim, levantei a cabeça para ver da onde e de quem vinha o som, me deparei com um cara de cabelos pretos com um topete, com roupas um pouco justas, mais o que reparei mesmo foi que ele usava óculos? Quem em sã consciência usa óculos a essa hora?
Ele continuo me fitando por alguns segundos , até ele que tiro o óculos e minha cara foi no chão e volto, era ele. De repente um carro passo por nós refletindo a luz na minha cara, eu vi meu espanto nós olhos dele, os anos passam, as pessoas mudam, mais algumas coisas ficam com a gente pra sempre.
Ele deu aquele tipo sorrisinho cínico.

– Perseguição então? – ele se encostou do meu lado, retirando o cigarro da minha mão. Típico.
– Eu? Porque? Que eu saiba aqui é público, não tenho culpa alguma se você se prostitui aqui – disse ríspida.
– Desculpa, mais eu acho que quem precisa disso é você – disse prepotente, soprando a fumaça na minha cara
– Olha aqui seu filha da mãe, vai assopra fumaça na cara da sua mãe – dei um tapa na sua mão , e o cigarro caiu no chão.
– Te fode vadia – se desencosto do carro me encarando. Um sorriso malicioso passou por seu rosto – e com o tempo você só melhoro. – revirei os olhos, era bem dele dizer isso – quem diria que aquela menininha que se cor..
– Cala a boca – disse antes que ele completasse a frase. Mais eu sorri com a lembrança que me ocorreu – e quem diria que aquele garotinho que se drogava – assim que disse isso, seus olhos brilharam de fúria, mais eu continuei – ia se torna um astro de rock?
– Ninguém é fracassado como você, ninguém que eu conheça... – pego meus pulsos e levanto aonde batia um feixe de luz – se corta pra se sentir bem – passou a mão por minhas cicatrizes – ninguém.

Eu não sabia exatamente quantos minutos estávamos ali, mas sabia que eram minutos suficientes pra nos fazer brigar e voltar para o passado.

Postado por: Grasiele

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