quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Dangerous - Capítulo 13 - Prós e Contras. Sujos e Sórdidos.


Eu não precisava abrir os olhos, pra saber o estado lastimável que eu me encontrava, algumas coisas já me indicavam, tais como: eu acabara de esfregar os olhos, não me lembro de ter tirado a maquiagem devo estar parecendo uma panda nesse exato momento. Lindo. Meu corpo todo está doendo, inclusive entre minhas pernas, as dores também se expandiam para minha cabeça. Que se eu pudesse nesse exato momento a arrancaria e jogaria pela janela.
Esfreguei os extremos de minha testa, tentando de algum modo afastar aquela maldita dor. Com os olhos semicerrados puder ver, ainda que meio embaçado, o chão a minha frente e pude me levantar meio grogue e cambaleando, segui mesmo sem certeza para a porta que me parecia o meu banheiro. E sem demora joguei bastante água na minha cara, retirando toda minha maquiagem, estiquei um pouco as mão e peguei a toalha no suporte ao lado. Estranhamente a toalha tinha outro cheiro
Será que mamãe trocou o amaciante? Pensei, levantei o rosto encarando o espelho. Que não era meu.
Reparando melhor o banheiro não era meu, nada era meu, a onde eu estou? O que aconteceu ontem? Perguntas e mais perguntas sondavam minha mente, porém, nenhuma resposta eu tinha sobre tal.
Forcei, mesmo contra minha vontade, a fazer minha mente trabalhar em busca de imagens e lembranças da noite passada, e a última imagem que me veio foi Bill sussurrando Plano maligno perto da minha orelha. E em seguida me beijar. No mínimo eu deveria estar com um nível alto de embriagues para deixar isso acontecer. Num ato um tanto idiota e estúpido, bati minha mão contra a testa numa tentativa falha de tentar me lembrar de mais alguma coisa, o que só me rendeu uma tontura, que me fez cambalear e por pouco não cair, me fazendo grunhi de dor.
Por um lado esse ato estúpido valeu de alguma coisa, pois minha mente começou a entrar em estado de alerta, talvez pensando que se eu não lembrasse de nada – inconscientemente – iria me bater de novo.
Me agachei lentamente sobre as lajotas brancas com detalhes pretos no chão, encostando a cabeça na porta que estava entreaberta me fazendo ter uma visão de Bill debruçado sobre a cama, ocupando o espaço que antes me pertencia.
Fechei os olhos suspirando pausadamente, voltando á algumas horas atrás.


– Tá minha vez! – Disse após rir tanto de sua piada que fez minha barriga doer, estávamos em algum lugar da grande cidade que parecia não descansar, rindo das piadas sem graça que contávamos.
– Ok.
– Então – Comecei mais entusiasmada que o normal – O filho disse para o pai ''Pai que mãe tem entre as pernas?'' ''O paraíso meu filho'' respondeu o pai todo sacana, daí o filho voltou a perguntar ''E o que o senhor tem?'' ''A chave do paraíso!'' daí o filho disse pra sacanear o pai ''Então é melhor o senhor trocar, pois o vizinho tem uma copia!''
E caímos na risada, mesmo que a piada fosse sem graça.



– Hey – Bill me cutucou, sussurrando baixinho – Vamos roubar a bebida dele? – Sugeriu, apontando o pobre mendigo a nossa frente.
– Não sei não... – Balancei a cabeça, mirando o pobre coitado. – Coitado só deve ter essa bebida pra encher a cara e esquecer-se dos problemas... – Bill me olhou atônico e um tanto incrédulo – E nós vamos rouba - lá!
E no fim nem era bebida, era água, muito ruim por sinal.



– Para de ser frouxo homem! Nem está tão escuro – Menti. Estava muito escuro, eu nem sabia direito aonde eu pisava, mais mesmo assim seguia em frente, trazendo Bill junto. Porém, Bill apesar de bêbado parecia ter mais consciência do que fazia do que eu, mais me seguiu – Viu aqui não tem nada, sabe eu nunca notei esse lado mais escuro do parque, até que é leg- – Não pude concluir meu pensamento, pois caímos, não, rolamos em cima de varetas e folhas secas, deslizando rapidamente para um buraco que eu não tinha a mínima noção que existia. O meu baque sobre o chão só não foi maior, pois Bill amorteceu minha queda.
– Desgraçada...
E mesmo com o corpo todo dolorido, rimos da nossa própria desgraça.



Não! Foi à primeira coisa que pensei, assim que voltei à realidade, é um pesadelo, voltei a afirmar pra mim mesma, como se isso fosse virar verdade. É um pesadelo, voltei a repetir, mesmo sabendo que não era.
Abri os olhos, e voltei a fechá-los, contando mentalmente até dez.
Trapaceei. Pulei do um para o dez, mais não tive coragem de abrir, mais eu tinha que os fazer, e encarar a merda que eu tinha feito ontem. Reergui-me e sai do banheiro dele, o vendo assim que pus os pés pra fora sua silhueta, ele já estava de outro jeito, agora sua boxe preta ficava a mostra, sua maquiagem estava borrada, tanto quanto a minha antes, e os cabelos levemente bagunçados.
Balancei a cabeça descrente com a minha falta de atenção, como não fui perceber que esse não era meu quarto? Olhei em volta, seu gosto não mudara, o quarto era todo organizado, revestido em branco e preto com uns tons em vermelho.
Busquei com os olhos minhas roupas, só encontrando minha calça, virada pelo avesso. Minha blusa estava praticamente – toda – rasgada, e meu sapato com muito esforço estava inteiro. Mesmo não querendo, tive que ir fuçar em seu closet atrás de uma peça que coubesse em mim, e confesso que uma pitada de inveja me invadiu, ele tinha mais roupas que eu, assim não ia sentir falta de uma, ou duas, ou três, estou gananciosa hoje.
Devidamente vestida, sai de seu closet, dando de cara com a cama vazia, e um quarto em total silencio, aonde ele tinha ido? Dirigi-me até o banheiro, mais não havia ninguém. Peguei minha bolsa, e sai do quarto, querendo ir embora sem dar de cara com Bill, mais nas escadas as vozes deles eram perceptíveis, mesmo sussurrando, e sem querer eu ouvi.
– Primeira página! – Pude distinguir a voz de Tom que apesar de baixa, era raivosa para que o Bill.
Inclinei para ouvir melhor, pois parecia que quantos mais eu me aproximava, mais eles falavam baixo.
– Eu sou cantor não vidente pra saber que tinha paparazzis lá! – Devolveu Bill, com o mesmo tom do Kaulitz mais velho.
– Não poderia comer ela em outro lugar? Tinha que dar uma de adolescente?! Tinha?!
Franzi a testa, sabendo perfeitamente do que eles estavam falando e de quem.
– Não sabe que ela é chave de cadeia?! Olha o problema que ela nos trouxe?! – Continuou, e Bill não falava nada. – Pra isso que existe prostituta.
– Eu não pago é free. – Respondeu Bill com um sorriso debochado na cara, e logo a cara de raiva de seu irmão se desmanchou.
Eu já tinha passado da época em que as palavras dele me magoavam.
– Pelo menos admite que ela não valha nada – Gargalharam juntos. E Tom se preparou pra sair da cozinha, respirei fundo deixando minha bolsa no chão sem fazer o mínimo barulho, fechando as mãos esperando ele passar por mim.
Assim que a sombra se aproximou mais da onde eu me encontrava, eu dei uma pequena inclinada, e no momento certo, sem falhas, e sem erros de calculo eu o acertei, fazendo um barulho audível da casa antes silenciosa. Ele cambaleou para o lado esbarrando na mesa ao lado do sofá.
Soltei uma longa gargalhada, vendo Bill entra na sala preocupado, olhando para mim e logo em seguida para Tom, indo rapidamente ajudá-lo. Eu não sabia qual dos dois me olhava com mais ódio, mais esse sentimento era recíproco, e muito.
– Ah sua vadia... – Tom começou, vindo em minha direção com os punhos cerrados, porém, antes de descontar sua raiva em mim foi barrado por Bill.
Não vale à pena – Murmurou em alemão pra ele, me olhando de soslaio.
Mas Bill! Olha o que ela fez! – Retrucou revoltado.
Enquanto eles discutiam sobre mim como se eu não estivesse ali, eu silenciosamente peguei minha bolsa, e sai de fininho, sorrindo satisfeita com o meu serviço, e meu ótimo começo de manhã.
Virei à quadra, distraída vasculhava procurando o meu celular, enquanto na minha cabeça passava varias coisas, uma delas era ligar para o B. e conseguir o número do doutor dele. Só que uma freada brusca de carro, tomou totalmente minha atenção, me fazendo parar e olhar em direção a pessoa que fazia isso.
Julguei que não era ninguém que eu conhecia até o momento em que Bill saiu de lá, com uma cara pior do que eu me lembrava de tê-lo deixado em sua casa. Bateu a porta de seu carro com mais força que o necessário, vindo em minha direção.
– Se era pra intimidar, volta e tenta de novo – Debochei e voltei à atenção ao que fazia antes de sua chegada triunfal. Mais hoje ele parecia decidido em estragar meu dia, pegou raivosamente minha bolsa de minhas mãos e jogou no chão.
Não disse nada, creio que minha cara e meu olhar diziam tudo sobre seu ato estúpido.
– Precisamos conversar não acha? – Sibilou com um sorriso diabólico no rosto.
– Não, não acho – Respondi, me debruçando e pegando minha bolsa do chão – Agora se me der licença...
– Que bom que aceitou – Me interrompeu, puxando meu braço fortemente, não me deixando escapatória.
E como se delicadeza fosse algum palavrão, ele não usava me jogou dentro do carro, e travou as portas, assim que viu que eu iria tentar abrir e sair. Senti minha respiração ficar um pouco irregular devido a minha raiva, fechei os olhos tentando se concentrar e não socar a cara de mais um Kaulitz hoje, mais estava muito difícil.
Ele se sentou do meu lado agitado de mais, dando partida, e eu nem se quer prestei atenção aonde ele me levava. Mais o pequeno passeio foi rápido, ele voltou pra sua casa, soube assim que o portão eletrônico rugiu.
Senti meu peito subir e voltar, eu estava com muita raiva, e incrédula, como assim ele me trouxe de volta pra cá?
– Você só pode estar de brincadeira! – Rosnei entre dentes.
– Pareço estar? – Me olhou cínico, arqueando sua sobrancelha.
Estacionou o carro de mau jeito na garagem, e saiu dando a volta no mesmo e abrindo minha porta, dei um ultimo suspiro e sai, ele andou na frente, pensando que eu iria o seguir, mais eu dei meia volta e fui em direção a saída da mansão.
– Sabe Rokety, se eu disse... – Pegou bruscamente meu braço – Que vamos conversar – Me arrastou, mesmo eu mandando ele me soltar aos berros, mais ele nem ouvia, ou fingia –... É porque – Abriu a porta de seu quarto e me jogou na cama que ainda estava bagunçada –Vamos conversar porra!
Concentrei-me em seu rosto que estava vermelho e injuriado, reparando melhor havia algo em seu nariz, e eu sabia o que era o que só me deixava mais brava.
– Antes que nós começarmos, e eu pular no seu pescoço e obviamente te mate – Suspirei, passando a mão no cabelo, pegando minha bolsa na cama, e levantando sendo seguida por seu olhar – Eu vou sair.
Ele deu um sorriso que eu não consegui identificar, mais não tinha nada de bom nele.
– Sabe, seu eu disse... – Pegou meu braço rudemente – Que vamos conversar é por que vamos conversar!
Senti meu rosto se envermelhar, não era constrangimento nem vergonha, era a raiva. Minhas mãos começaram a tremer e meu peito inflou mais que o normal.
– O que você quer conversar seu drogado – Cedi, dando um sorriso cínico.
– Primeiro: que merda foi aquela lá na sala?! – Perguntou enraivecido – Bebeu? Aquilo vai adiar os nossos planos de divulgação do Álbum!
– Quer merda foi aquela? – Repeti, e cheguei mais perto dele, passando a ponta do meu dedo em seu nariz, retirando o último vestígio da droga – Ah, eu explico, no meu país se chama soco. – Sentei na ponta da cama e cruzei as pernas. – Se drogo logo de manha por quê? Esses coquetéis matinais podem te fazer mal...
Pisquei meigamente, até parecia que eu me importava com sua saúde.
– Porque eu quis! E isso não é da sua conta!
– Estressadinho – Resmunguei – Era só isso? Serio você pode ter dito isso lá mesmo!
Ele me olhou parecendo se lembrar, e isso me alegrou.
– É verdade que o que você disse ontem? – Suas orbitas estavam evasivas, mais ele se concentrou por um momento em mim, na minha resposta.
Mais eu não sabia ao que ele se referia.
– Depende... – Eu o enrolava na resposta, enquanto procurava o que de fato eu tinha dito.
– Eu sei que você se lembra, e eu já vou dizendo, sem chances, não se iluda, eu te odeio – Ele disse tudo com uma frieza que dava até arrepios, eu queria retrucar, mais eu não sabia como.
– Ainda acho que poderia ter dito isso lá mesmo – Dei de ombros, não tinha outra resposta.
Balançou a cabeça, e num ato rápido, ele se sobrepôs por cima de mim na cama, o que me deixou assustada, pois ele não estava em seu normal, ele estava com um olhar estranho, agindo forma mais estranha ainda.
– Não, eu tava pensando que a gente podia voltar às origens, fazer uma coisa diferente. – Ele percorreu meu corpo todo com o olhar.
– Origem – Me questionei, mais ele assentiu como se fosse pra ele – Como assim?
– Inimigos com benefícios, não é que nos denominamos?
Minha mente entrou em túnel do tempo, voltou aos meus dezesseis anos, quando eu vivia um besteirol americano, e de como eu não fazia nada pra muda essa situação. Voltou ao dia, em que fizemos esse acordo, não que precisássemos de um, sabíamos o que éramos e o que fazíamos, mais a necessidade de nos denominar e acariciar mais ainda nosso ego, falava mais alto.
– Sabe você não tem nada a perder – Continuou – Só a ganhar.
Só a ganhar.
Talvez ele estivesse certo, ficar brigando não era do meu feitio, eu queria e precisava de equilibro em minha vida. Bill a desequilibrava como podia. Soltei um longo suspiro, sendo que cada gesto meu era acompanhado por ele. Mirei seu olhar, eles, mesmo que vagos, transmitiam sinceridade. Eu não sabia o que fazer.
Mas porque não se aproveitar do que antes te fazia sofrer?
– Se você não soltar meus pulsos, não tem como eu selar o acordo – Falei, vendo sua expressão amistosa ser substituída por uma de pura vitoria, esboçou um pequeno sorriso de canto e disse ainda sem soltar-me:
– Apenas diga, eu aceito, Ok, tudo bem... Qualquer um serve Rock! – Tentou soar tranqüilo, porém, seu tom saiu um pouco impaciente.
Ri virando a cabeça de lado.
– Hm – Fiz uma expressão pensativa – Eu aceito, soa muito matrimor-
– Rokety! – Exclamou, forçando simultaneamente meus pulsos.
Mesmo sendo pressionada tanto fisicamente, como psicologicamente, eu insisti.
– Me solta, e eu respondo. – Propus, vendo-o balbuciar algo.
– Ok.
Me soltou, mais não saiu de cima de mim, com um pouco de dificuldade acariciei meus pulsos.
Eu aceito.
E no instante estávamos fazendo, o que sabíamos fazer de melhor.
– Como eu disse – Falou entre beijos sedentes – Vamos voltar as origens – Sem desviar seus olhos de mim, alcançou algo dentro da gaveta, inclinando seu corpo e me levando junto com ele, colocando uma perna de cada lado de sua cintura. Mostrou-me aquele pequeno objeto que brilhou, porém, não mais que nossos olhos. – Que tal?
E todo ato tem seus prós e contras.
Mais eu só sabia ver os prós, até o momento em que os contras me machucavam. Ou eu mesmo fazia. Como agora.

Postado por: Grasiele

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