quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Dangerous - Capítulo 19 - Tunel Do Tempo


As paredes haviam se fechado ao meu redor e, até o ato de respira estava difícil. Ao longo da sua vida você cai, levanta, erra, aprende te derrubam de novo, você levanta mais forte e mais fria, perde, ganha e, tudo que você faz você tem que dar o melhor de si mesmo que seja errando, pois se você pega um caminho errado e for até o final dele e ver que ele não te levou aonde você queria ir noutro dia irá pegar outro caminho, pois na vida você faz e no instante seguinte aquilo que você fez no segundo anterior já é passado e você não tem mais chance de voltar a trás pra concertar o que você fez.
Reviver o passado não é uma coisa simples, e contar a alguém é mais difícil ainda, pois é sua vida, sua historia e você irá apenas fazer em apenas alguns minutos o relato de uma vida toda. Eu só esperava que e o que eu confidenciasse a ela servisse de exemplo num futuro próximo, pois eu sei o que é criar um mar de expectativa e morrer afogada nele.
Com um suspiro longo e demorado Aline chamou minha atenção a ela, sua expressão se fazia entender que ela esperava eu continuar da aonde eu parei, mas eu não havia parado, eu nem tinha começado e nem sabia direito como dar inicio a tudo.
– Não sei por onde começar – Admiti por fim.
– Comece por sua família, pelo que eu saiba Lucy não é sua mãe verdadeira.
Pensando bem, tudo que aconteceu comigo naquela época era por causa da minha família, eles eram o ponto de partida.
– O que eu tinha não é o que podemos chamar de família, família é o que eu tenho hoje – Comecei – No começo, nós nos odiávamos, eu e o Bill, mas tudo se devia a nossa família, nossos pais. Eu tinha que ser a pessoa perfeita, sempre estar perfeita, só pra eles me exibirem aos seus amigos e na maioria sócios.
''Eu era o troféu, e depois de algum tempo minha mãe me apelidou de sua super estrela até um colar ela me deu, eu era obrigada a usa-ló, apesar de desde pequena ter sido seu fantoche, às vezes ela me surpreendia, eu era tudo o que ela não pode ser.''

''Meu pai no entanto não era tão exagerado igual minha mãe, ele me apresentava e demonstrava que me amava a todos, que eu era o orgulho dele, mas depois era frio comigo, já minha mãe essa ninguém segurava, não havia freio que a impedisse de fazer o que quisesse, quando quisesse, e com quem quisesse.''
''Pra ela eu estava sempre imperfeita, me lembro de quase sempre vomitar tudo que comia, ou as vezes nem comia, simplesmente pra entra em um vestido, por muitas vezes eu mal me agüentava em pé, tonta e com fome e tinha que estar lá, sorrindo e sendo gentil com todos aqueles amigos filhas da puta dela e do meu pai, e quando eu ousava comer algo da festa, ela me censurava dizendo que estava gorda e se eu comece nunca seria magra, eu sempre estava a um passo da perfeição, segundo ela, eu já achava que estava a um passo de ser um robô.''
– Artificial – Sussurrei pra mim mesma. Estávamos nós duas olhando meu reflexo no espelho, enquanto ela se maravilhava com o que via, eu me assustava, nunca foi e nunca será eu.
– Cala boca Rokety – Disse friamente – Você está linda, digna de uma princesa – Bateu palminhas como uma criança que acabava de ganhar um pirulito, toda animada enquanto colocava o colar de estrela foliado de diamantes do meu pescoço. – Minha super estrela está brilhando! Brilhando!
Eu estava indiscutivelmente irreconhecível. Até pra mim.
Eu odiava ser assim, esse manequim da Chanel, a Barbie perfeita, sem vida e sem sentimentos, que não fazia nada além de obedecer ordens.
– Eu nunca, jamais serei sua super estrela, eu não sou! – Disse de um modo sombrio, assim do nada, a raiva veio à tona, e saiu em formas de palavras de dentro de mim. Ela apenas soltou uma risada debochada, colocando suas impecáveis unhas pintadas de vermelho sangue em meu rosto coberto de maquiagem me encarando, agora mais seria e brava.
– Não seja tola, você é. E agora que finalmente tomou vergonha na cara e parou de comer aqueles alimentos gordurentos e emagreceu está quase perfeita. Continue assim Rokety, mamãe está orgulhosa de você! Todos vão morrer de inveja de mim, eu tenho a filha perfeita. – Voltei a olhar meu reflexo no espelho, forcei um sorriso me segurando pra não fraquejar e cair. Estava muito fraca e a cada segundo sentia meu estomago revirar, implorando por comida, eu estava tão magra e fraca que mal conseguia andar. Mas se eu consigo fingir sorrisos, fingir que estou bem é moleza. O ruim disso tudo é que minha mãe nunca notava isso, só minhas imperfeições, pra ela eu nunca seria boa o suficiente. – Agora eu tenho que ir, daqui a alguns minutos você desce, e pro seu bem, faça tudo certinho, do contrario terá suas consequências.
E, cá estou eu, a ''super estrela'', a própria farsa estampada em uma garota de 17 anos que mal sabia quem ela realmente era. Talvez nunca soubesse.

''Mas eu sempre fazia de tudo pra ela me elogiar, ficava sem comer, vivia linda usava aquele maldito colar, estava magra, quase esquelética, eu juro que fazia tudo que ela queria sempre tentando atingir as expectativas que ela depositava em mim, mas não ela sempre com aquele olhar minucioso encontrava um defeito em mim''
''Mas veja eu nunca quis ser a mais bonita, ou a mais perfeita, ou um exemplo de garota. Eu só desejava uma vez na vida ser o que eu realmente era, fazer as pessoas me amarem ou me odiarem por aquilo que eu sou, só queria ser livre, mas essa era única coisa que eu nunca poderia ser.''

– Mas porque você tinha que ser perfeita? – Aline me interrompeu confusa.
Suspirei e continuei.
– Meus pais eram pessoas importantes na Alemanha, influentes e ricas, logo tinha que ter uma boa imagem, a mais usada era da família feliz e perfeita, os pais bem de vida e a filha não podia ser uma rebelde, tinha que ser o exemplo a ser seguido por todos e o orgulho dos pais. Mas pra eles eu estava mais para o desgosto que ainda iria matar eles algum dia.''
''E como se minha vida fosse uma novela aonde tem os gêmeo bom e o gêmeo ruim, aonde meu irmão era o bom e a ruim, meus pais tinham o maior orgulho do meu irmão Gabriel, ele era tudo pra eles, mesmo ele sendo todo errado. Gabriel era um ano mais velho que eu, havia reprovado de ano, tocava em alguns pubs e não estava nem ai pra vida, tinha tatuagens e percings e na maioria das vezes não ia às festas promovidas dos nossos pais. Cabia eu brilhar em dobro, afinal eu era ou não era super estrela?''
''O sonho do meu pai era que Gabriel herdasse os negócios da família, e quase sempre eles brigavam por causa desse assunto, enquanto eu tinha problemas com minha mãe Gabriel tinha com nosso pai. Gabriel não aceitava que seu destino fosse ele substituir Robert enquanto eu substituiria Patrícia. Desde pequenos Gabriel e eu aprendíamos que quem tem status tem tudo, e que assim pode passar por cima de todos, o por cima de tudo se referia ao fato de que mesmo meus pais estando separados andavam mais juntos que muitos casais por ai, o que juntava eles era o dinheiro.''
''Mesmo eles amando mais Gabriel do que eu, eu não sentia raiva dele nem ódio nem nada, eu o amava muito, pois ele era o melhor irmão do mundo, cuidava de mim, me protegia nos dias de chuva quando nossos pais não estavam, deixava suas namoradas de lado pra fica comigo, dizia sempre o quão linda eu estava, e perde o único afeto verdadeiro que eu tinha, não estava nos meus planos.''
– O que aconteceu? – Murmurou Aline, ainda em transe.
– Em conjunto com tudo isso que acontecia na minha vida, eu ainda tinha o Bill pra ajudar a piorar sempre que podia isso não ajudava em nada no problema que eu havia desenvolvido com o tempo: bulimia mais auto-mutilação. Quando eu não estava bem comigo mesma por não conseguir ficar sem comer ou quando ouvia algo do tipo ''você é gorda'', ou quando eu me sentia um nada, uma completa inútil por nunca consegui agradar minha mãe, e uma parte também meu pai, eu me cortava. Foi a única saída que eu achei, pelo menos no momento foi esse.''
''Mas se eu era tão bem de vida porque eu não procurei um tratamento psiquiátrico? Simples, o que minha mãe ia achar e pensar de mim? Ou melhor, vendo por ela, o que os outros iriam pensar? Que a família perfeita tinha uma filha problemática? E isso tudo afeto drasticamente nos meus estudos, na escola e, no meu comportamento. Assim comecei a trata as pessoas como meus pais me tratavam. E devo confessar que era muito prazeroso.''
– E Bill? Aonde ele entra nisso?
– Ah, Bill morava do meu lado, éramos vizinhos desde sempre, nossos pais ansiavam pelo nosso anuncio de que estavamos namorando e em seguida, daqui mais uns anos, se casar. Mas isso nunca iria acontecer pois nós nos odiávamos, mas acredite Bill por muitas vezes me ajudava, não era uma ajuda boa, ele só mostrava, com os cortes, afinal ele sempre soube, e falava o que eu era: uma vadia depressiva, eu revidava com o : drogado inútil. Era sempre assim, ele podia falar de mim, mas eu não podia falar dele, pois afetava seus sentimentos. Eu sempre conheci o famoso Bill, que depois de famoso não mudou nada, só o cabelo e se aprimorou na arte de mentir.''
''O fato era que eu e o Bill aprontávamos um com o outro sempre, na escola,no refeitório, nas aulas. Éramos popular e a um espirro nosso, o colégio todo já sabia, nossas brigas então, nem me fale. Ainda assim eu tinha amigos, poucos mas tinha, quase todos queriam ser nossos amigos pra ser popular e temido como a gente. Em geral éramos todos iguais, frios, arrogantes, calculistas e irresponsáveis, mais afinal, quando somos adolescentes alguma vez pensamos nas conseqüências de nossos atos? Acho que não.''

O tempo passa muito rápido e quando você percebe, já é segunda feira. Um dia chato monótono e sem vida. Dia de ver todas aquelas caras que eu sou obrigada a olhar, até o final do ano. A maioria de inveja, obvio, todos querem ser a Rokety, mas só querem, pois querer ainda não é poder.
Dei um soco no despertador que insistia em berrar nos meus ouvidos, nem a musica do AC/DC melhorava meu humor, que cá entre nós, não era o melhor. O sujeito ao meu lado, roncava como se estivesse no ninho de rato que ele chama de quarto.
– Kaulitz! – Berrei, para logo rir da cara de susto dele – Vai embora seu idiota!
– Porra! Não sabe acorda as pessoas não sua escrota? – Murmurou irritado enquanto esfregava os olhos, sem sair da minha cama.
– Como você disse pessoas, não animais fantasiados de humano – Não precisei olhar pra ele, pra saber como sua expressão estava. Sentei na cama e espreguicei-me levantando as mãos pro alto indo logo em seguida recolher minhas roupas do chão, a noite havia sido agitada.
Desde pequenos eu e Bill sempre nos odiamos e vivíamos pra aprontar um com o outro. Crescemos mais um pouco e isso mudou, entramos no ensino médio, não éramos mais crianças e sabíamos muito bem o que estávamos fazendo, mudamos fisicamente e popularmente.
Nós dois junto aos nossos amigos era o grupo mais falsamente amado do colégio, porque eu sabia que ninguém gostava de mim, eu sempre fui superior a eles e não escondia isso, era arrogante e dura e Bill também, mas ele era um pouco mais rude e batia nos garotos junto com Tom. Mas as garotas os amavam os gêmeos mais cobiçados da cidade inteira, mas esse amor obsessivo delas acaba no momento em que eles transava com elas e no outro dia nem ao menos lembrava o nome das pobrezinhas que sonhavam com o impossível.
Eu sabia que eu e o Bill éramos uns grandes filhos da mãe, mas se nós que éramos assim não ligava quem se importaria? Nossos pais? Esses nunca tiveram tempo pra gente, e quando tinham nos obrigavam a ser perfeitos para eles esfregarem a nossa cara aos amiguinhos ricos e filhos da puta deles. Creio que isso desencadeou o que somos. Desde pequenos aprendíamos que quem tem dinheiro tem status e poder e quem não tem é vagabundo, assim eu fazia o que eu bem queria, afinal meus pais nunca ligaram e eu tinha dinheiro, status e poder.
Desse modo meu relacionamento com Bill deslanchou, nos dávamos bem pelo fato de sermos iguaizinhos e também não exigíamos fidelidade, amor, sinceridade, carinho, afeto, somente nosso ódio profundo que absorvíamos um do outro, e realmente não precisamos usar a popularidade um do outro.
Como toda boa batalha tem seu campo de concentração, e a nossa era a escola. Nossa rebeldia era infinita, nossas crueldades com os outros alunos não tinha fim, as vezes quem me parava era Bruno, mas quando a raiva era demais e eu não conseguia me controlar não havia ninguém que conseguia me barrar.
– O que foi aquilo?
– Nada Bruno, que saco não posso nem respira que eu tenho que estar explicando? – Respondi irritada, a droga da garota havia me pego vomitando, tive que calar a boca dela antes que a mesma saísse cantarolando por ai.
Mesmo desconfiado ele foi pra carteira. A aula de biologia havia começado. Odeio biologia.
– Senhor Kaulitz por um acaso o senhor tem permissão pra entrar? – Rudemente perguntou o professor, fuzilando o mesmo com o olhar. Bill apenas riu, passando por ele e vindo se sentar ao meu lado.
– O dinheiro que meus pais pagam já é minha permissão, ou o senhor quer um extra? – Kaulitz devolveu com um sorriso cínico no rosto, e mesmo sem olhar ouvi o professor bufar e o ser do meu lado rir.
– Amorzin, sentiu minha falta? – Perguntou se virando pra mim, eu odiava que me chamasse assim, ele sabia, por isso fazia.
– Eu não, mas você sim sua blusa diz tudo – Sorri satisfeita enquanto encarava sua blusa toda amarrotada.
– Não se preocupe Trompson, tem pra você ainda. – Deu uma piscadela.
– Cala a boca e vamos trabalhar – Disse irritada colocando a luva, hoje seria aquela aula prática que todo mundo odeia. Ai como eu odiava aquele troço melequento. Argh. Nada melhor como começar o dia assim.
– Vocês dois ai atrás, fiquem quietos, menos papo mais trabalho! – O vagabundo do professor disse irritado, acabando com o nossa e o resto da baderna da sala. Eu odiava biologia, o professor, os alunos, a escola. E odiava aulas práticas, então empurrei aquela coisa pro Bill. Ele que se virasse sozinho.
– Atá mesmo, a senhorita vai mexe nesse treco aqui também!
– Achei que você fosse mais homem, bichinha, sempre desconfiei.
– Vai se ferrar sua idiota! – Falou todo revoltado, me mostrando seu dedo do meio, já irritada somente mostrei a língua.
– Vocês dois ai, podem parar? Que saco! E você Trompson tire logo essa pulseira não leu as regras não? – O professor me encarou, esperando que eu fizesse o que ele mandava, apenas fiquei parada – Vamos rápido! – Engoli em seco, e envolvi minha mão em torno do meu pulso por cima da pulseira.
– Nem pensar, não vou tirar! – Berrei um tanto histérica. Não podia sequer cogitar a possibilidade de alguém descobrir minhas cicatrizes de cortes no pulso. Seria um desastre. O que iam pensar?
– Vou repetir pela última vez Trompson, tire essa pulseira agora!
– Não! – Me levantei decidida, ficando frente a frente com o professor que me encarava puto da vida. Agora toda sala já havia parado pra ver o barraco.
– Senhorita Trompson, não vou dizer duas vezes, tire a pulseira logo! – Mas eu neguei com cabeça, lhe olhando desafiadoramente, Bill rudemente me puxou de volta pro acento,me fazendo sentar outra vez.
– Caralho Rokety tira essa merda logo! É só uma pulseira – Disse irritado, indo ir ele próprio fazer isso. Mas Bill pouco se importava, aliás, não seria ele que seria humilhado pela escola inteira, todo mundo já sabia como ele era. Não seria ele que todo mundo iria rir e apontar, pra era fácil.
– Eu não vou tirar porra nenhuma, e larga meu braço cecete! – Berrei o empurrando, o fazendo cambalear e quase cair da carteira.
– Ok, os dois vão perder nota – Com um sorriso cínico o professor se virou e foi pra sua mesa, pouco se importando com minha briga com o Bill.
– Ai garota dos infernos, como você é insuportável, por sua culpa eu vou perde nota, ah mais você vai tira essa merda e vai ser agora!
– Não vou tira seu idiota retardado! – Gritávamos um com o outro como se só estivesse nós dois e mais ninguém dentro da sala. Agora a briga era pessoal.
– Mimada, escrota!
– Filhinho de papai, inútil! – E, nisso avancei pra cima dele com tudo, enquanto ele tentava se desviar dos meus tapas.
– Sua retardada, para de bater! – Gritou, pegando meus pulsos, mas eu fui mais rápida e bati com minha cabeça na dele, doeu, mas eu estava fora de mim, e com muita raiva.
– Toma seu imbecil maquiado! – Gargalhei, enquanto ele gemia de dor e eu fingia não sentir nada.
– Sua vadia depressiva – Sibilou baixinho, enquanto eu acompanhava turma que ria da cara.
– Acabo, parou! Os dois pra diretoria agora!
Revirei os olhos e ajudei o idiota achar o rumo da roça, e lá íamos nós mais uma vez visitar nossa querida diretora. Sinta a ironia.


''Nosso grupo era composto por mim, Bill, Tom, Bruno, Jeferson, Carol e Roberta e algumas vezes uns tal de G's doutro colégio aparecia na nossa área, todo mundo odiava a gente, mas todos queriam ser iguais a nós. Ninguém sabia menos Tom, mas Bill e eu nós catava após a escola, ou depois das nossas brigas, as vezes até na escola, eu tinha que admitir que Bill era igual a mim, isso facilitava as coisas, éramos inimigos com benefícios, eram abusar um pouco do outro, atingir o limite e ultrapassá-lo, também éramos masoquistas. Bill adorava adrenalina, então nós nos drogávamos e depois um cortava o outro, por algum motivos naquele instante nos sentíamos completos, completos idiotas, colocando nossa vida na ponta de uma gilete.''
''Gostava mais e mais de estar com Bill, mas sempre me perguntei o porquê dele ser revoltado com a vida e ainda se drogar, sua vida era perfeita, os pais dele o amava, ele fazia o que queria, tinha sua banda, tocava em barzinhos como meu irmão, ganhou alguns festivais, eu não sabia o que faltava a ele, até que ele confessou que sentia falta do pai,não que Gordon não fosse um ótimo pai, mas é que ele não admitia o fato do pai dele não querer nem saber dele, e mesmo o pai dele não amando ele, Bill o amava.''
''E com a proximidade, o amor guardado por tanto tempo camuflado por nossos atos e palavras enfim, explodiu em nossos peitos. Eu sabia que assim como eu, ele sentia aquele sentimento estranho invadi mais e mais nossas correntes sanguineas, os toques ficaram mais profundos e o sentimento mais intenso, e fizemos o que todos adolescentes apaixonados fazem: promessas. Prometemos mesmos sabendo que talvez nunca fôssemos poder cumprir, a euforia do momento não nos deixou ver isso. Ninguém sabia do nosso namoro, somente Tom e Bruno, nem pro Gabriel eu havia contado, ele tinha uma pequena aversão a Bill, e nós não tínhamos planos de contar as pessoas tão cedo, e ninguém iria desconfiar de nada, para todo mundo eu e ele nos odiávamos e não fazíamos questão nenhuma de esconder isso.''
''Meu namoro com o Bill foi o combustível pra eu poder agüentar a pressão exercida sobre mim dentro de casa, até sorrir espontaneamente eu conseguia. Bruno logicamente ficou muito feliz com isso, ele sabia de tudo e não havia nada que eu pudesse esconder dele, éramos invisíveis um para o outro, ele era meu porto seguro e só por que Bill havia ocupado um espaço no meu coração que isso ia mudar, eu só havia adquirido mais um porto seguro, mas Bill não entendia isso. O ciúme não o deixava ver um palmo diante dos seus olhos, tudo que eu fazia era uma insinuação a um garoto da escola ou a Bruno, esconder nosso namoro estava sendo difícil, e Gabriel já desconfiava de alguma coisa.''
''Nesse meio tempo Bill já fazia shows em outras cidades, e quando ia viajar me obrigava a ficar em casa, o ódio que antes virou amor, agora voltava a ser somente ódio. Brigávamos sempre, e acabávamos na cama, isso não queria dizer que havíamos esquecidos o que conversamos horas antes, somente dávamos uma pausa, para então brigar novamente. Na escola, as pessoas não me respeitavam como antes, o amor havia me mudava e eu estava tentando ser legal com as pessoas, e agora eu passava e elas cochichavam olhando pra mim, voltei ao que era antes, e se antes eu brigava com Bill, agora eu brigava com as garotas da escola que achavam que porque eu tinha dado um tempo, elas podiam dominar. Em casa minha mãe ficava louca com minhas brigas, e ficou mais furiosa quando eu vinha com algum hematoma, e nossa imagem?''
''No tempo que estava tudo bem com o Bill era rara as vezes que eu me cortava agora tudo havia voltado com mais intensidade, talvez para me punir do tempo que eu fiquei bem, sem precisar das minhas doses diárias de redenção pra me sentir perfeita. Então cegamos ao último estado de sobrevivência, chegamos ao que muitos chamam de fim, e eu chamo de um novo começo, para ambos. Havíamos feitos escolhas, acertamos tanto quanto erramos , vivemos intensamente. Mas tudo foi por água abaixo, as paredes que construímos não agüentou ao vento forte e caiu sobre nossas cabeças, talvez a mais tempo do pensávamos e só agora tínhamos dado conta disso. Eu sei que nunca fui boa o suficiente, e ele nunca foi perfeito; mas enquanto durou éramos feitos um para o outro. Não tinha porque se preocupar, eu era forte, ele era forte, íamos ficar bem.''
''Pelo menos eu achei que era forte, mas eu enganei muito bem todo mundo, menos Bruno, que ficou do meu lado, quanto o Gabriel em uma noite qualquer eu contei o que havia acontecido entre mim e Bill, e o que antes era nós, agora só existia o eu e você, separados, sem junção e muito menos algo que nos unisse. Enganei-me nessa parte também, assim como todo o resto, semanas depois descobri que estava grávida, o desespero foi tão grande que minha mente ficou branca e sem idéias, eu não podia contar a ele, Bill estava ficando cada dia mais famoso e mal ia a escola fazia os trabalhos e mandava por alguém ou via e-mail aos professores, que direito eu tinha de interferir em sua vida de um modo tão brusco? Estragar em segundos o que ele levou tempo pra conquistar resolvi ficar calada, era o melhor pra todos, menos pra mim ''
'' A ideia de ter que cuidar de uma criança não me agradou nem um pouco, se na vida de Bill ela iria fazer um estrago, na minha ela faria bem pior. Então eu abortei, não contei a ninguém e me senti melhor assim, mas isso não durou muito. Eu tinha que compartilhar com alguém ou eu iria explodir, contei a Bruno, e como minha sacada e de Bill eram praticamente grudadas e pulou e escutou tudo, eu nem sabia que ele estava na cidade, mas estava no dia errado e na hora errada, distorcendo minhas palavras.
'' Bill com ciúme possesso entendeu que o havia traído e dessa traição eu havia engravidado e abordado e não contei a ele pra o próprio não se magoar, nem por um segundo ele pensou que o filho era dele e que eu não contei pra prejudicá-lo. No dia seguinte todos me olhavam estranhos e perplexos, no meu armário estava escrito: vadia problemática. A partir desse dia todos souberam que a fodona da escola não era tão foda assim. Riram, debocharam, me xingaram e me julgaram, nenhum deles sabia o motivo de eu me cortar mais mesmo assim falavam. Mais Bill deixou o gran finale com meu irmão, contou tudo o que havia contado na escola só deu um grande destaque a minha gravidez e ao aborto ressaltando os perigos disso a minha saúde, como se ele realmente se importasse, mas de qualquer modo Gabriel iria saber a cidade não era tão pequena, mas a noticia corria, mas Bill fez as honras. ''
Quebrei tudo que vi pela frente, não tinha ninguém casa mesmo, eu estava um lixo e ainda por cima humilhada por todo mundo e traída pela única pessoa que eu achei que nunca iria fazer algo desse tipo por mim. Ai que você vê que você não conhece ninguém até o momento em que ela te prova ao contrario, Não sei aonde ele enviou as juras de amor dele, não sei por que dele me odiar tanto a ponto de fazer o que fez, mas eu nunca vou perdoa-lo. Pois ele foi injusto e não esperou pra ouvir minha versão da historia da qual ele entendeu tudo errado.
Bati a porta com toda força, pra em seguida escorrega e senta no chão e chorar alto, tentando expulsar tudo de ruim que estava dentro de mim. Como eu estava destruída, machucada e sem band aid pra colocar nas bordas do meu coração agora destruído.
Ouvi a movimentação do lado de fora, e me espreguicei-me pra ver, eu sabia que ele estaria ali alguma hora. Sai apressada da minha sacada encarando a sua de vidro fechado, mas ele me ouviria. Seria a hora da lavação de roupa suja.
– Está satisfeito? – Disse rouca, passando as costas da mão no rosto, era lágrima atrás de lágrima. – Contou a todos, tudo, tim por tim se sente melhor agora Bill?
Numa velocidade extrema Bill saiu de seu quarto atravessou sua sacada e pulou pra minha. Ficando a minha frente.
– E você achou que ia me enganar? – Soltou furioso.
– Enganar? – Repeti com desdém – Que eu saiba nós não tínhamos nada. Logo não tinha quem enganar, quem está se enganando aqui é você!
E eu também, completei em pensamento.
– Se aquilo era um nada – Usou o mesmo tom de desprezo que eu usei – Não sei o que pode ser um namoro.
A ultima palavra saiu carregada de tensão, porque mais que nós soubéssemos o que éramos, ainda assim não admitíamos, parecia estranho, surreal. Respirei fundo, e encarei o sol se pondo.
– Deixa pra lá, agora todo mundo já sabe aquilo que eu me empenhei tanto em esconder. Obrigado. – O encarei com os olhos inexpressivos, soltando uma risada fria no final.
– Vai lá, fiz tudo que você sabe sobre mim! – Incentivou, apontando o nada.
– Pra que? – Disse baixinho – Só estaria confirmando o que você disse.
– Mas eu não falei tudo – Disse lentamente, o encarei cautelosa – Tem uma coisa que ninguém precisa saber, só você e mais ninguém.
– O que? Nada mais me afeta, pode manda!
– Você não é filha dos seus pais. Não do seu pai pelo menos.
Suas palavras vieram em forma de tapa na cara. no primeiro segundo eu estava só absorvendo a informação, noutro eu ria descontroladamente, porque na real só podia ser mentira, ou piada de muito péssimo gosto e, por ultimo eu bati palma pra grande encenação dele, por mim o Oscar de melhor ator era dele.
– Eu quase acreditei Bill – Disse entre risos – Mas não faz mais isso, eu ainda estou com raiva de você, quer dizer muito ódio, então sem gracinhas ok?
Eu me preparava pra comenta sobre sua piada, mas ele me pegou pelos ombros e instantaneamente eu parei de rir.
– Não estou mentindo, você sabe que eu nunca menti pra você – E, me encarando, eu olhei dentro dos seus olhos e cai na real, na amarga e cruel realidade. Ela estava falando a verdade. A vida é uma merda, minha vida é uma merda.

'' Furioso meu irmão foi descontar a fúria nas corridas, os rachas, eu tentei impedi-lo pedi desculpas, chorei e ele chorou comigo, se sentia culpado e traído por eu não confiar nele, estava puto com nossos pais por serem os causadores disso tudo, mas minhas suplicas foram em vão. Ele correu, mas não chegou ao final da pista, bateu o carro antes disso e morreu. Daquele dia em diante descobri que a raiva e o ódio que eu sentia pelo Bill antes não era nada comparando o que sentia agora. Eu queria morrer, mas eu acordava cada dia mais viva e respirando. ''
'' Meus pais sutilmente me culpavam e diziam que eu nunca ia ser como o Gabriel, mas eu estava tão monótona que nem ligava, mais uma vez Bruno me ajudou, me puxou com toda sua força do poço que eu chamava de casa, me mostrou a luz quando eu só enxergava escuridão, por ele eu sorria e tentava me reerguer, mas eu só me reerguia para depois cair novamente. Decidir dar um fim a tudo, o momento era oportuno, meus estavam viajando e não voltariam tão cedo, quando a vida te dar um limão você faz um limonada, foi o que eu fiz. Tentei me matar, cutuquei meus pontos do aborto e cortei os pulsos, e tive uma hemorragia que quase me matou, Bruno me salvou me doando sangue, eu tinha perdido muito. ''
'' A maré de azar ainda não tinha acabado, e eu ia percebendo que talvez ela só estivesse no começo, ainda em recuperação recebia a noticia de que meus pais haviam morrido, melhor, assassinados, isso não me surpreenderá em nada, eles tinham muitos inimigos. Tentei me concentrar e não ficar pensando que eu estava sozinha, que agora eu tinha um patrimônio a cuidar que a vida havia me obrigado a ser adulta e nem ao menos tinha me dado um manual de instruções. ''
'' Eu já tinha quase dezoito anos, os professores foram solidários e me passaram de ano, aos poucos eu estava me ajeitando, pra mim estava tudo bem, pouco a pouco eu ia colocando os pingos nos is, e assim minha vida ia indo, atpe que um dia um homem chamado Erick acompanhado por sua mulher, Lucy, bateram na minha porta, e foi ai que eu me lembre das palavras de Bill naquele dia, mas eu não queria nem saber, eu não ia embora de jeito nenhum, nasci na Alemanha e aqui que eu iria morrer, eles até tentaram me convencer a ir morar com eles, eu não quis então ele usou de seu poder de pai e me levou embora. ''
'' Deixar meu amigo nunca foi uma opção, o deixando para trás metade de mim ficou na Alemanha, e mais uma vez eu tive que ser forte e definitivamente sozinha, eu fui tudo que você possa imaginar que uma adolescente possa ser, rebelde, respondona, malcriada, arrogante, pra mim uma hora aqueles estranhos iriam ceder e me deixariam voltar da onde eu nunca deveria ter saído, mas Erick e Lucy tinham um coração maior do que eu imaginava, enquanto eu os tratava super mal eles me tratavam bem, eu não entendia e até hoje não entendo. No meu aniversario de dezoito anos eu fugi, não deixei nada a eles achei que assim seria melhor. Voltei à Alemanha e fiquei uns dias com Bruno, foram os melhores não sentia bem assim há muito tempo, voltei pra depois partir não sabendo se um dia voltaria. ''
'' Deixei uma carta, não sabia se aquilo iria o reconfortar mais tinha que sair assim, uma despedida cara a cara eu não ia agüentar e ele não deixaria eu ir. Fiquei quase dois anos fora, pensei que esse tempo que eu tinha dado a mim me ajudaria, que na volta eu teria meus pais e Bruno me esperando, depois de algum tempo ele havia se mudado pra cá, por mim. Mas como você poder ver não é bem isso que está acontecendo. ''
Finalizei. Olhei a janela e essa já era invadida pelos grandes raios solares, havia amanhecido e eu nem ao menos me dei conta disso. Aline estava inexpressiva, com o semblante serio, e pensativa. Deixei ela volta ao normal sem pressa nenhuma.
– Você se corta?! – Me olhou arrorizada.
– Cortava, eu acho – Fiquei confusa, eu de vez em quando ainda fazia isso – O importante que agora você sabe. Acho que agora você entende meu ódio pelo Kaulitz né?
– E como. Mas como ele pode fazer aquilo? E ainda por cima olha pra sua cara?! – Levantou-se revoltada – Que cretino!
– Fala mais, por favor – Pedi sorrindo.
– Tenho muito orgulho de você amiga, você é uma guerreira que a gente não encontra em qualquer esquina, eu no seu lugar já tinha desistido há muito tempo. – Voltou e me deu um abraço caloroso, cheio de conforto, daqueles que só os amigos de verdade podem dar.
– Obrigada amiga. – Agradeci com olhos cheios d'água, me desvencilhando dela.
– O que você vai fazer agora?
– Vou apenas tomar banho.
E escrever um novo capítulo na minha historia.

Estava lotado como sempre. O aeroporto de L.A nunca parava, era pessoas e mais pessoas indo e vindo. Eu fiz tantas merdas na minha vida e hoje ia em direção de fazer mais uma. Eu caí tantas vezes, por vezes achei que meu joelho já não tinha espaço pra novas cicatrizes. Algumas quedas que eu acreditei que não conseguiria me reerguer e continuar em frente, e mesmo conseguindo eu ainda mentia pra mim mesma dizendo que não havia machucados, e sim lições pra aprender a não cometer de novo. Nunca fui uma garota de se apaixonar, de amar intensamente, planejar um futuro ou espera o príncipe encantado que fosse me acorda daquele pesadelo que eu vivi um dia. Mas acabei sendo o tipo de garota e, – mulher – que nunca desejei ser e foi exatamente o que eu me tornei.
Veja, hoje estou com vinte e poucos anos e não levo muitos momentos felizes e inesquecíveis dentro da mala, vivi um grande amor, mas ele me decepcionou assim como eu me decepcionei comigo mesma, tive um grande amigo, mas a vida me o levou pra longe de mim, não cultivei muitas amizades, daquelas que as pessoas juram que ser eternas, mas os que tenho, por algum motivo sempre estiveram do meu lado quando precisei. Hoje tenho uma família de verdade, mas não consegui demonstrar a eles que os amo e confio neles, apenas os trai da pior forma, e acima de tudo, nunca consegui enxerga o mundo por trás da minha parede.
Eu me enganei, acreditei que jogando os jogos que eles jogavam eu seria igual a eles, mas como era de se esperar eu perdi, pisei em falso e cai no precipício, mergulhando de cabeça naquele mundo de aparências. Mas as pessoas cansam de ser feitas de idiota, tudo mundo tempo inteiro, vivi boa parte da minha vida sendo apenas uma espectadora da minha própria vida, da minha própria historia. Mas hoje eu tenho uma chance de fazer diferente.
– Senhora uma passagem pra onde? – Perguntou simpaticamente a atendente.
– Alemanha, por favor.

Postado por: Grasiele

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