quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Dangerous - Capítulo 18 - Olá, Posso Ajudar?


Eu estava fazendo mais coisas do que o ideal pra uma pessoa como eu: descontrolada e impulsiva.
Nessas últimas semanas, eu tentava ao máximo me ocupar, então o trabalho era meu refúgio, todos a minha volta sabiam perfeitamente o que estava acontecendo comigo, mas fingiam não ver que eu estava me desgastando pouco a pouco, e isso doía, pois ninguém fazia nada pra me barrar e colocar um freio na minha falta controle emocional.
Se emocionalmente eu estava assim, fisicamente as coisas não estavam tão boas também, eu estava sem dormir, sem comer e triste há dias, o maior culpado por eu não dormir era o café, sem comer porque simplesmente tudo que eu comia voltava, fiquei com medo disso ser o inicio da minha bulimia, a volta dela, torci para que fosse somente uma virose e, triste porque ser assim era minha sina, não havia muita coisa a fazer com relação a minha incapacidade de mudar com certos costumes meus.
Daqui alguns dias completam dois meses da morte dele, impressionante como o tempo passou, pois as cenas daqueles dias passavam na minha mente como se tudo tivesse acontecido ontem.
Jeferson tentava se aproximar de mim, ele era um forte candidato a substituir meu amigo na minha vida, ele só não entendia que cada um era essencial na minha vida de uma forma especial, que ninguém poderia substituir, porque amigo é uma parte de você, mesmo que um dia ele se vá as lembranças e a presença dele permanecerá em você. As dele está cravada em mim.
Por alguns momentos eu simplesmente esquecia de tudo, isso acontecia quando eu bebia tanto que esquecia o próprio nome, mas era raras vezes que isso me acontecia não estava nem um pouco a fim de acabar com meu fígado. Mas havia aqueles momentos de nostalgia, aonde eu ainda era consumida pelo sentimento de culpa, e olhar nos olhos das pessoas era algo difícil de fazer
''Nada está tão ruim que não possa piorar'' e se existe uma frase mais verdadeira que essa bom, ainda não apresentaram. Bill e eu não nos falamos desde o ocorrido na virada no ano, logo após o fracasso que foi o Natal. Não que a virada, pelo menos pra mim, foi cheia de alegria, mas pelos meus pais e meus fiéis únicos amigos, busquei o que não estava tão guardado assim, minha capa, aonde nela continha o bom e velho sorriso de felicidade maquiando, sem deixar nenhum indicio de dor ou sofrimento, meu rosto. Não digo que foi difícil, porque quando você quer você consegue, ainda mais se você juntar a frase mágica: Ele não ia querer que eu ficasse assim na virada do ano! E bingo, ninguém desconfia.
O que havia acontecido era que Bill bebeu além da conta, e começou a falar mais do que devia, apesar deu desconfiar que ele estivesse mais sóbrio do que aparentava. Ai ele falo algo que não devia, e eu não respondi algo que ele devia saber, mas eu senti que devia guardar pra mim, eu senti o medo que ele sentiu em me dizer aquelas palavras, mas ainda assim eu recuei e fiquei atrás do meu escudo, ali eu estava protegida contra qualquer coisa. Isso era o que julgava ser verdade.
Estava cansada, com sono e com fome, péssima combinação.
Sai do carro querendo apenas tomar um banho e dormir, e se pudesse nunca mais acordar... Ajeitei minha bolsa em meu ombro dando pequenos acenos com a cabeça aos conhecidos, aquela ia ser uma das minhas ultimas noites na pousada, depois de muita conversa e suplicas de que tudo iria ficar bem, meus pais concordaram em me deixareu ir morar sozinha no apartamento dele. Subi as escadas de cor marfim e me deparei com uma imagem nada legal.
Ao fundo do salão Bill conversa com meus pais com o semblante sério e preocupado, o que me deixava num misto de raiva, indignação e preocupação, vindo dele eu podia esperar de tudo. Entrei e fui até ele em passos cautelosos, assim que minha presença foi sentida vi meus pais percorrem meu corpo com aflição procurando algo que nem eu mesma sabia o que me fez me olhar pra ver se realmente havia algo errado comigo, vendo que não os olhei confusa e parei do lado de Bill apertando, ainda que disfarçadamente, seu ombro dando um sorriso forçado a todos.
– Boa noite – Me referi aos meus pais – Bill que bom você por aqui, o que te trás a nossa humilde residência? – Debochei raivosa soltando um risinho nervoso em seguida, arqueando as sobrancelhas.
– Vim falar com seus pais – Tirou minha mão de seu ombro, parecia se divertir com meu pânico oculto no qual só ele via – Vim te ajudar.
Arregalei os olhos em total pavor. Meus pais, inocentes não sabendo que mexiam com a pior espécie de cobra alemã já existente, balançaram a cabeça apoiando ele.
– Posso conversar com você um minuto? – Sibilei baixinho em meio a um sorriso.
– Mais a conversa com seus pais está tão animada! – Sorriu sarcástico, não movendo um músculo para sair dali
– Gostaria de falar com você a sós, se não se importar – Pressionei.
Vendo que não tinha escapatória, se despediu rapidamente dos meus pais, não fiquei pra olhar, dei as costas e comecei a andar, logo senti sua sombra atrás de mim e assim que viramos o pequeno corredor eu girei o corpo e o encarei.
– Estou a mais ou menos umas duas horas aqui te esperando sabia? – Acusou parecendo irritado. Seus olhos eram frios.
– O que você quer, e o que faz aqui? – Soltei as perguntas num jato, afinal quem tem motivos para estar irritada aqui era eu.
– Não está óbvio? Vim te visitar, mas parece que você não gosta de visitas, mal Bruno morreu, e já foi tarde, e você já sai pras noitadas? – Disse com as palavras carregadas de sarcasmo, rindo e apreciando minha raiva. O encarei furiosa e perplexa, como ele ousava falar aquilo dele?
– O... O que?Como assim idiota? Você bebeu seu drogado?! – Tirei uma mexa de meu cabelo, e ergui as mãos pro alto o encarando irritada, pensando seriamente em avançar sobre ele.
– Não vim aqui brigar com você, vim contar tudo a seus pais, sabe te ajudar – Sorriu, dando de ombro. – Afinal todo mundo precisa de ajuda, ainda que seja você sua vadia.
– Hã? Como assim seu ridículo? – Perguntei totalmente confusa, não entendendo o que ele realmente queria dizer com aquilo, Bill adorava as evasivas.

– Eu sei seu segredinho Rokety – O tom de voz dele era cortante, um sorriso cruel brotou em seus lábios, senti que algo muito ruim iria acontecer – Eu falei pra você não brincar comigo, avisei, repeti e avisei de novo, e é como dizem, quem avisa amigo é – Quanto mais ele falava, mais eu ficava confusa e desesperada. – Agora aprecie o espetáculo, afinal você é a personagem principal. Só não vá se cortar, pois agora eles sabem.
– O que você disse a eles Bill? – A pontada de pânico em minha voz era inconfundível.
– Tudo.
– Não! – A negação foi tão alta que até ele pulou. Senti meu sangue disparar para meu rosto ao perceber o que tinha acontecido ao que ele havia contado, e ao que meus pais sabiam agora. – Não! Não, não, não! Como você pode?! Você não podia ter feito isso!
– Tanto posso como fiz – E gargalhando alto, Bill desapareceu das minhas vistas.
Segundos depois ouvi o canto de seus pneus, enquanto eu ficava parada estática ali, Eu estava tão furiosa que precisei de alguns segundos para poder voltar ao normal, assimilar tudo e colocar em ordem na minha cabeça. Não tinha coragem de olhar pra trás, o medo de encontrar dois pares de olhos com pena era muito grande, meus pensamentos vagavam longe, e uma lagrima escorreu por meu rosto, engoli em seco sentindo meu coração se apertar e a vergonha aumentar, mais eu não tinha escolha, nada poderia ser feito pra reverter àquela situação que ele me colocou, não mais.
Hesitante eu voltei pelo corredor que agora me parecia mais grande que o normal.

Não conseguia encará-los, já estávamos há alguns minutos sem falar nada, me sentia com 17 anos novamente, sendo interrogada como se fosse uma criminosa, como se o que eu fizesse fosse algum tipo de crime e estivesse sendo punida pelos meus atos de redenção instantâneos. Ridículo. Mais cada ato tem sua conseqüência, Bill pagaria caro pelo seu.
Eles pareciam o psicólogo e eu a paciente problemática.
– Deixa me ver, por favor – Lucy suplicava, parecia que se ela não visse não poderia acreditar, dos dois ela era a mais afetada, ainda não havia caído a ficha pra ela. Será que isso teria acontecido se Bruno estivesse aqui? E se ele realmente estivesse aqui, digo do meu lado? Suspirei, não havia possibilidade de isso acontecer, eu deveria me acostumar com isso.
Encarei-a por alguns instantes, e depois de um longo suspiro de derrota por sua insistência, retirei minha munhequeira que encobria uma boa parte do meu pulso, passei a outra mão no meu braço, e devagarzinho estendi meu braço sobre a mesa.
Li as emoções que iam passando pelo rosto deles.
Choque. Incredulidade. Dor. Medo. Raiva. E mais dor.
Não me surpreendia com suas reações, parecia tudo muito surreal pra eles, puxei meu braço e o encobri de novo.
– Filha o que aconteceu com você? – Dessa vez era Erick que falava sua voz continha tanto amor e conforto que eu me perguntava se eu era merecedora desse amor.
– Bill lhe contou a verdade, não á mais o que dizer.
Erick bufou e virou-se para me olhar fixamente.
– Podia ter falado com a gente, menina. – Se sentia traído, como se ele não fosse de confiança – Podia ter contado com a gente. Podíamos ter dividido essa carga com você.
Mas eu nunca pedi cargas mais leves, e sim ombros mais fortes.
– Isso realmente teria tornado as coisas mais fáceis?
Não esperei sua resposta.
Levantei-me decidida a não dar continuidade aquela conversa, pois sabia que rodaríamos em circulo sem chegar a lugar nenhum, sai não por arrogância, e sim porque o que se encontrava ali não eram apenas cicatrizes de feridas não cicatrizadas pelo tempo, cada uma delas tinha uma historia diferente, da qual eu teria que voltar ao inicio de tudo, ao começo dos meus problemas, e hoje o dia foi o ruim o bastante pra eu desejar que ele acabasse o mais rápido possível.
– Rokety volta aqui, queremos te ajudar – Ouvi Lucy gritar de dentro da pousada enquanto eu me dirigia pro estacionamento com os nervos a flor da pele.
Te ajudar, te ajudar, será que não entendem que se eu quisesse ajuda eu simplesmente pediria?! Não quero, e nem preciso de ninguém me ajudando, estou bem assim obrigada, será que terei que tatuar na minha testa isso? Claro irei fazer isso depois de matar o vocalista alemão.
Olhei o velocímetro de o carro o vendo subir mais e mais, e só iria parar na frente daquela maldita mansão, ninguém iria me barrar.
– Droga – Bati no volante – Não, não, não, não... – Disse a mim mesma transtornada – Porque isso tinha que acontecer? – Minha vontade era de gritar todos os palavrões que eu conhecia, mais eu guardei a vontade pra gritar na cara de quem realmente merecia ouvi-los.
Parei o carro de qualquer jeito na frente de sua residência. Saindo transtornada e embolando os próprios pés na tentativa de chagar mais rápido ao interfone e gritar tudo que estava entalado na minha garganta.
– Kaulitz abra essa porta!
– O que houve Rokety? – Bill perguntou debochado no interfone, como se ele não soubesse.
– Filha da puta! Abre logo essa droga! – Berrei alto, queria que toda sua vizinhança ouvisse, rapidamente ele abriu o portão e eu saí em disparada pra dentro da imensa mansão, assim que cheguei à frente da sua porta pra abri-la o mesmo o fez, e além de tudo fez uma breve reverencia, bebericando uma bebida, provavelmente um Uisque que eu fiz questão de tirar de sua mão e jogar na sua cara.
– Você está louca?! – Passou a mão na cara me olhando furioso.
– Louca? – Indaguei com falso pesar – Você que está louco, como foi capaz de fazer aquilo? Porque fez tudo de novo Bill?! Porque você insiste em me assombrar? O que foi que eu te fiz? – Perguntas e mais perguntas que ele parecia disposto a não responder, só me encarar, enquanto eu sentia as lágrimas queimarem sobre a pele.
– Eles precisavam saber você... Você precisava de ajuda – Disse nervoso e sem jeito, gesticulando o quanto podia.
Neguei balançando a cabeça.
– Você está mentindo! – Gritei – Fez isso por vingança, queria-me ver ridicularizada na frente da minha família! Você quer me destruir mais não vai! Não via! – Andei de um lado pro outro, vendo que tínhamos como platéia Aline e Tom que nos olhavam assustados no topo da escada, não liguei. – Eu sempre esperei tudo de você Bill, a minha vida inteira eu sempre esperei exatamente tudo, indo do mais simples e inocente, até os mais cruéis e perversos, desde tapas, xingamentos e palavras que me machucasse a mim e meu coração, te conheço e não é de hoje, sei muito bem que você é muito vingativo quando quer, mas achei que o passado era uma lição da qual você já havia aprendido e decorado! Mais você insiste no erro, insiste em me machucar! Você tem noção de quão cruel você foi? E de novo? – Passei a mão pelo rosto tirando o vestígio da maquiagem borrada, Bill me olhava inerte, pra então olha nos meus olhos e voltar a falar, desejei no mesmo instante que não tivesse aberto a boca.
– Você merecia. – A frieza de suas palavras chegou congelar por alguns instantes meu rosto, tanto que nem piscar eu conseguia, em passos rápidos e precisos, pressionei fortemente minha mão contra sua cara.
Bill me olhou com ódio e segurou meus pulsos, de fato me machucando. Não me intimidei.
– E você sabe o que você merece? – Dei um sorriso sádico, já estava fora de mim – Merece que eu vá à Bild e abra a minha boca, grite pra todo mundo quem você é! Sabe por quê? – Ele não falou nada, e todos na sala aguardavam o que eu iria falar – Porque você merece, tanto merece que eu vou fazer isso amanhã! – Agora quem ria era eu, enquanto o olhava ficar translucido a minha frente, esperei seu ataque histérico, mais ele veio de Tom.
E depois do tsunami vem a tempestade.
– Não, não, não – Tom balançava a cabeça – Se você fizer isso vai acabar com a banda, pense bem, por favor...
Ele até continuaria se Bill não tivesse se manifestado o interrompendo bruscamente chamando a atenção só pra ele.
– Se você fazer isso eu te mato – Por de trás do sorriso, o alerta era real.
– Rá, rá – Desdenhei – Como se eu realmente tivesse algum tipo de medo de você né? – Olhei diretamente para seus olhos castanhos, o desafiando.
Bill franziu os lábios por um longo tempo pra então vir à ruptura.
– Sabe eu te odeio! Te odeio! Eu disse que te amava, que amava! – Repetiu histérico erguendo as mãos pro alto.assim que solto meus pulsos, se culpando, em seguida as colocando na cabeça bagunçando seu cabelo – Mas o que você fez?! Hã? – Olhou-me com os olhos borbulhando de ódio – Você me humilhou! Essa foi à pior humilhação que eu já passei na minha vida! Ah, mais a senhora perfeição só olha os defeitos dos outros – Debochou soltando uma risada vazia, voltando a me prender em seu aperto de jibóia. – Só que você se esquece senhorita perfeição que você é fria demais, escrota demais, fútil demais, hipócrita demais, mentirosa demais e medrosa demais – Sussurrou maléfico, não sabendo que cada palavra sua estava cravado agora no meu peito, arfei e puxei meus pulsos que eram prendidos pelo seu aperto forte, soltei-me e o empurrei pra longe de mim, secando as lágrimas que surgiram pelo caminho, me sentei no sofá do lado, apertei minhas mãos contra minha orelha não querendo ouvir mais nenhuma palavra que saia de sua boca, da qual eu sentia medo que a qualquer momento um pouco do veneno que escorria pelos seus lábios espirasse sobre mim.
Ele se irritou com meu silêncio, me puxando com tudo do sofá gritando na minha cara.
– Vamos Rokety! Grite tudo que está engasgado na sua garganta, vamos fale na minha cara! – Me chocalhava como se eu fosse uma boneca de pano, facilmente manuseável – Você é sempre complicada, sempre evasiva, fica ai como uma vadia, nunca diz nada! Qual é o seu problema?! Hein?! – Chorei alto e o soluço saiu desesperado por minha garganta, de repente não chorava só pelo o que estava acontecendo aqui, chorava por tudo, chorava por mim mesma e por todo o tempo em que guardei os sentimentos dentro de mim e que agora explodiam pra fora de mim em forma de lágrimas. Ele me soltou e voltei a me encolher colocando minha cabeça por entre minhas pernas – Sabe eu posso ser tudo isso que você joga na minha cara – Falava baixo – Drogado, idiota, imbecil, escroto e todo qualquer nome, mas ao contrario de você eu não me importo com o que dizem sobre mim, porque eu sou mais do que essas palavras, sim eu sou mesmo tudo isso que eu falei, mais e daí? A vida é de quem? E sabe eu estou aqui, admitindo meus sentimentos! – Voltou a berrar – Então toma vergonha nessa cara e parar de bancar a insensível e a ''eu sou muito feliz assim'' porque eu sei que não é! Não somos! Porque assim como eu você também não toma partido?! Se eu errei, desculpas ainda não me ensinaram a ser perfeito. senhorita fachada perfeita – Debochou rindo logo em seguida enquanto buscava algo em seu bolso, que eu julgava ser a maldita droga que ele carregava pra cima e pra baixo, me levantei me sentindo ofendida, que eu saiba se fomos falar de fachada, Bill também deveria ser incluído.
– Fachada perfeita?! – Gritei erguendo meu dedo bem no meio de seu rosto, o vendo parar de procurar o isqueiro e me encarar com cara de poucos amigos. – O que você quer eu fale? Quer que eu diga o que eu sinto? Ô sim eu sinto muita coisa por você, uma delas é nojo! Nojo de pessoas sem coração igual a você me pergunto como é que você consegue escrever canções sobre o amor, uma sentimento do qual você acha que conhece mas não tem conhecimento algum, achar que sente não é sentir, isso que você senti aqui – Abaixei o dedo e apontei pro seu coração – É pura e total ilusão da sua mente, quem ama não faz nenhum décimo do que você faz! Mais uma coisinha, você é um estúpido que não aceita o fato de que o mundo não gira em torno desse seu umbigo, e se você quer continuar sendo um grande e belo filha da puta de sempre, tudo bem, não sou eu que vou te impedir afinal a vida é sua e você faz o que você quiser, cada cabeça é seu guia, só quero que você faça um favor a mim e a você, finja que nunca nos conhecemos e que o que passamos não passou de um pesadelo! E bom você não quer ouvir as palavrinhas mágicas? Pois bem, eu te amo te amo e te amo, só que eu sou crescida o bastante pra amar e seguir em frente com minha vida, só espero que você também seja. – Finalizei completamente histérica.
– Gente, gente, por favor, sem brigas – Aline tentava apaziguar a situação, ela foi pro meu lado e Tom pro lado do irmão, ambos tentando evitar uma carnificina. Revirei os olhos, um ato despercebido por todos e sussurrei para Alice:
– Ainda acha que temos algo?
Ela me encarou confusa, mas depois vi vestígios em seu rosto de que ela se lembrara do que me disse há alguns dias atrás.
''Bill e você têm algo, profundo, tão forte quanto tão fraco. Vocês têm algo, uma ligação e sabem muito bem disso. Você nessa sua pose de durona acha que não precisa dele e que ele é insignificante na sua vida. Bill com aquele nariz empinado e toda aquela arrogância acha que é auto-suficiente e que você é irrelevante na vida dele, mas no fundo os dois sabem que não é bem assim, por isso usam e abusam um do outro, e como se isso não fosse suficiente ainda se denominam inimigos com benefícios, brigam, se xingam, mas isso não importa pois no final do dia estarão juntos. Já percebeu esse ciclo de vocês? Já se perguntaram quem vocês são, e o que sentem um pelo outro?''
Sim, eu sabia o que eu sentia por ele: raiva, ódio, desprezo, nojo a lista era imensa e infinita.
Não querendo mais continuar com aquilo, dei um beijo na testa de Alice, e me preparei para sair, como se estivéssemos em um jantar de casais que infelizmente acabara de chegar ao fim, e agora eu me despedia.
– Eu te odeio. – Murmurei e cheguei à sua frente o empurrando forte e sai correndo dali, sentindo o vento gelado da noite bater no meu rosto,segurei o choro correndo mais rápido.
E antes que eu pudesse chegar ao meu carro, ouvi sua voz perto de mim.

– Rokety! – Gritou segurando meu braço, me fazendo parar de correr e encará-lo, ficamos alguns segundos arfando para depois começarmos a falar novamente. Ele veio cheio de boas intenções indo limpar meu rosto, mas eu me esquivei rapidamente.
– Não me toca – Disse entre dentes.
– Rokety me entenda não tinha intenção... Eu não queria... Você, eles precisavam saber – Nervoso e apressado Bill tentava se explicar gesticulando freneticamente com as mãos, mas eu não me lembrava de ter pedido explicação, certas coisas não tem explicação, arfando eu respondi.
– Bill para, nada do que você diga vai mudar o que você fez, e não fale que eles precisavam saber, esqueceu que eu te conheço? – Perguntei em uma voz calma – É muito tarde pra desculpas Bill, poupe seu remorso pra alguém que acredite nele.
Bill não disse nada, isso não me surpreendeu nem um pouco.

Vaguei por horas, e nem por um minuto eu parará de chorar, era incrível como eu via tudo que aconteceu hoje como um grande d'javú. Isso já aconteceu antes e Bill usou as mesmas palavras ''eles precisavam saber'', precisavam saber que eu era um fracasso como pessoa e que ele sempre seria melhor do que eu.
Apesar de não ser recomendável ir a cemitérios de madrugada, eu fui. A luz da lua me guiava entre os outros túmulos, para enfim chegar ao dele. Sentei e fiquei. De repente senti aquela brisa leve. Olhei pro céu.

''Olha pra cima, viu? Não viu? Mais eu estou lá, longe, distante, lá em cima os ventos são fortes, mas eu estou lá olhando por você, então não se sinta sozinha, e quando do nada você sentir um calafrio, será eu do seu lado segurando sua mão, talvez não veja, mas irá sentir minha presença.''

– Bruno... – Gemi – Porque não está mais aqui? Sinto falta daqueles momentos que eu estava triste e você me contava piadas só pra me fazer sorrir. Precisava de uma piada agora. Sinto tanta sua falta – Funguei – Precisava de um abraço seu você está ai?
Senti um calafrio e, de repente me senti bem, não me sentia completa, mas parecia que nunca havia tido um vazio no meu peito, a calmaria se apoderou de mim.

Ele estava aqui.

Abri a porta sentindo-me mais aliviada, instantaneamente sorri, como era bom estar aqui, surpreendemente a porta do apartamento dele já estava aberta e antes que eu pudesse julgar que havia estado alguém ali, Aline apareceu na soleira da porta da cozinha com um café fresquinho.
– Demorou – Comentou vindo em minha direção me entregando o copo quente e com um cheiro tentador – Tome, vai te fazer bem.
– Se eu tomar café agora não vou dormi tão cedo – Adverti ela, e ainda assim tomei o café.
– Eu sei – A olhei desconfiada, ela logo acrescentou – Você não vai sair daqui enquanto não me explicar tudo. E quando eu digo tudo, isso vai desde seu nascimento até os dias de hoje, não vejo como te ajudar se não conseguir te entender.

Estava na hora de Aline saber umas coisinhas.
Peguei sua mão e levei até o sofá e, por mais que eu quisesse que o dia terminasse o mais rápido possível, hoje ele parecia não querer colaborar.
– Minha historia é longa e não tem nada de bom nela.

Postado por: Grasiele

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