quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Dangerous - Capítulo 5 - Um pouco de tudo


Eu já tinha feito o curativo, meu pulso somente latejava, eu tinha passado um pouco dos limites, tinha feitos cortes um pouco profundos, nada grave. Revirei meus acessórios, procurando o objeto, o único, que me ajuda nessas horas, minha munhequera, eu só usava ela quando fazia isso, quando a peguei, no meio daquele monte de roupa, a foto caiu.
Era antiga, e lá estava eu e ele, estávamos sorrindo, esse foi um dos únicos momentos naquela época da minha vida, em que o sorriso saiu espontâneo, não forçado. Ele estava lindo como sempre,eu o invejava um pouco, pois ele sempre estava feliz, mesmo quando acontecia uma desgraça, ele tentava ver o lado bom.
Ele era Gabriel, meu irmão mais velho, por algum motivo, ele era mais bem tratado que eu pelos nossos pais, mais eu nunca disse isso a ninguém. Ele era do tipo de pessoas que nos fazem bem sem dizer uma única palavra, que me fazia sentir segura sem ao menos estar por perto, sua voz já reconfortava, que me fazia sorrir sem fazer nenhum misero gesto. Que me amparava quando em noites chuvosas, eu chorava com medos dos trovões, já que era raro nossos pais estarem em casa.
E ele fazia falta.
Esse foi um ponto da minha vida em que eu tive que ser forte, eu me julgava fraca, por causa das mutilações. E ali diante de um caixão, diante da única pessoa que realmente se importava comigo, meu mundo desmoronou. Você nunca sabe a força que tem, até que sua única alternativa é ser forte, eu fui, ou pelo menos tentei. Algumas pessoas dizem “eu não consigo viver sem você”, mas no final elas sempre acabam aprendendo. E eu aprendi da pior forma. Mais aprendi.

As vezes um recomeço é obrigatório, mesmo você não querendo recomeçar.
Assim como eu imaginava, minha vida só se fez piora. Tentei seguir em frente, mas o difícil mesmo não foi seguir frente, o difícil mesmo foi deixar pra trás tudo aquilo que eu queria trazer junto. Queria trazer Gabriel comigo, mas não dava. Agora ele era somente uma lembrança viva na minha mente.
Enxuguei a lágrima solitária que tinha escorrido pela minha bochecha e se curvado no meu pescoço. Coloquei meu pijama, crente que amanhã seria um dia melhor.



Ele estava de pé na minha sacada,bebendo um pouco de Uísque e fumando, tínhamos acabo de transar, depois de termos tido uma pequena discussão, e nossas discussões sempre nos levavam pra o mesmo lugar: a cama.
Ele mirou meu pulso, aonde eu tinha um curativo, recém adquirido horas atrás, quando briguei com minha mãe.

– Vai embora kaulitz! – Disse irritada, porque ele ainda encarava meu corte.


– Esquentadinha você hein? – Falou se encaminhando e se sentando na beirada da cama.

– É porque eu tenho problemas, não sou um maconheiro que nem você – Perdi a paciência, e disse sem pensar. Ele estava com a veia saltando no meio da sua testa, e eu preste a levar uma bofetada.




– Acorda, ô bela adormecida! – Alguém gritava, perto do meu ouvido.


Levantei a cabeça lentamente, encarando com surpresa, a pessoas que me acordava. Com a mão na cintura, ela me encarava com aqueles olhos verdes, e o seu cabelo loiro dando um ar mais angelical ao seu rosto.

– Aline! – Exclamei, cambaleando até sua direção, lhe dando um abraço demorado. Como eu sentia falta dela.

– Isso tudo é saudade? – Disse em um tom de deboche.

– Desculpa não ter te ligado – Me desculpei, me desvencilhando de seus braços.

Ela respirou fundo e me respondeu:

– Tudo bem mais da próxima vez ... – Deu um sorriso sapeca – Mais e ai como vão as coisas, esse tempo fora deve ter te servido pra muita coisa, aprendeu alguma coisa? – Uma característica que eu admirava na Aline, é sua forma de ser direta, sem rodeios.

– Aprendi sim – A deixei no quarto e fui pro banheiro – a primeira coisa foi: o tempo não apaga nada. A gente que finge que esqueceu. A segunda é que o mundo gira e bota sempre tudo no lugar. Na verdade não era aquelas respostas que eu queria dar pra ela, mais foi a única que eu consegui coloca pra fora.
– Err – ela parecia procura uma resposta, talvez pelo fato de não saber minha historia, e estar confusa – ok, se for pra mim te fazer perguntas, e você me responder com enigmas nem responde ok – ela estava na soleira da porta, pensativa. Dei um sorriso com a boca cheia de pasta de dente, ela dez uma careta. Eu ri mais.
Me arrumei enquanto conversava coisas aleatórias com Aline, ela estava super curiosa pra saber como fui de viagem e como foi os lugares que visitei, lhe mostrei meu álbum de fotos de todos lugares que tinha ido, contei os meus ''rolos'' com algumas pessoas. E ela ficava admirada a cada coisa contada por mim, como se aquilo fosse a coisa mais fantástica do mundo. Se ela soubesse o motivo,talvez não estaria tão maravilhada assim. Mas eu resolvi não estraga a felicidade dela.
– Preciso conversa com o B. – Comentei enquanto caminhávamos em direção em direção ao grande salão aonde era servido o café da manhã.
– O que? – se interessou.
– Err... trabalho – não era mentira, mas também não era verdade.
Ela apenas deu de ombros.
Logo que entrei no salão, pude avistar meus pais, recepcionando os hospedes, com delicadeza e sutiliza, e o enorme sorriso. Acenei pra eles e fui na direção em que eles estavam.
– Não é que a Aline conseguiu tirar ela da cama Erick? – Ela brincou. Dei um forte abraça em cada um, acho que ainda tinha vestígios de saudade.
– Vou tomar café lá na cozinha ok? – comuniquei, eles apenas concordaram. – vem Aline?

Fomos despreocupadamente até a cozinha, cheguei e reconheci alguns empregados, conversamos, e eu contei um pouco do que eu tinha contado a Aline. Tomamos nosso café tranquilamente. Eu gostava de estar na companhia de Aline, ela tão segura de si, sabia o que queria e como queria. Talvez isso porque ela era toda certinha, creio que ela fazia o biótipo ideal de todos os pais.
Depois do café, avisei meus pais que ia ver um carro pra mim, afinal andar de ônibus não fazia meu estilo. Aline prontamente se colocou ao meu lado oferecendo sua companhia, me senti até mal por não ter ligado avisando minha chegada, agora eu tinha que recompensa, lhe incomodando por tempo indeterminado. É.
Pegamos o carro do B. e automaticamente me lembrei que eu tinha assuntos inacabados com ele. Dirigi até uma famosa concessionária em L.A, eu não sabia que carro queria, pra mim carro é carro, não importa muito, mais o carro do B. eu gostei.
Fomos escutando algumas musicas legais mais que eu nunca tinha ouvido na minha vida, mais Aline sabia quase todas de cor. Estacionei o carro, e saímos, tinha um carro mais lindo que o outro.
– Isso aqui tá pior que loja de sapato – Disse Aline, observando os carros.

Depois de ser devidamente atendida, o vendedor me mostro vários carros, um catálogo, e toda aquela lábia de vendedor, que em especial eu ignorei. Até que eu achei um parecido com o que eu queria.
– Já posso sair dirigindo? – Perguntei, saltitando de felicidade.
– Sim
– hupy! – Me agarrei ao pescoço de Aline, que comemoro comigo, para isso que serve os amigos: compartilhas momentos ridículos como esse.
– Oba, uma festinha posso participar? – me virei, encontrando o dono da voz, que estava com um sorrisinho de canto e com uma expressão pervertida na cara
– Talvez, mais hoje ,em especial, não. – O cortei fazendo seu sorrisinho sumi.
– Ai – fez uma careta de desgosto – porque? – ele insistia em insistir.
– Porque o que Tom? – então sua voz grossa soou atrás de nós.

Los Angeles era uma cidade grande, mais agora parecia pequena demais pra nos dois.
Postado por: Grasiele

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