quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Dangerous - Capítulo 17 - Com Amor E Carinho, Bruno Coller


– Não acredito! – Alguém gritou, e sua voz foi abafada pela cortina de água que havia sobre minha cabeça e invadia meus ouvidos.
Eu queria morrer, mas nem isso eu conseguia fazer com decência, era pedir demais pra me deixarem sozinha na minha própria bolha, na qual eu me desfazia em frangalhos pouco a pouco?
Senti-me ser puxada pra fora, e o ar que até poucos instantes fazia meus pulmões gritarem por clemência da minha parte, agora o preenchia o mesmo com uma urgência absurda. Foi por pouco.
– O que aconteceu? – Perguntou colocando a mão no meu queixo, levantando meu rosto pra olhá-lo, mordi meu lábio inferior enquanto envolvendo mais ainda minha cintura com meus braços, abraçando a mim mesma, tentando esconder meu segredo obscuro, do qual apenas eu e a pessoa ali a minha frente tinha conhecimento. Mais que eu sabia que a qualquer momento poderia usar isso pra me afetar, não medindo esforços pra me colocar pra baixo. E hoje ele poderia fazer de tudo, eu não ia ligar, nada mais hoje poderia me abalar. Nem ele.
Seus olhos foram direto pra meus braços ensangüentados e de relance para a água suja aonde eu ainda nem havia saído. Ele ergueu o braço, talvez pra me levantar não sei, fazendo instantaneamente com que eu apertasse mais ainda meus braços, como se fosse me defender de qualquer ato vindo dele. Eu até poderia fingir que era forte, mais eu sei que não sou forte o tempo inteiro, às vezes sou frágil, e estava frágil agora.
Bill fechou os olhos com pesar, como que se lamentasse o ocorrido, como se aquilo fosse culpa dele, como se dissesse apenas por olhar e silenciosamente ''a culpa é minha'' pra si mesmo, o encarei mais ainda, mas apenas desviei meus olhos dos seus, tirando devagar meus braços em volta de mim, percebendo que era inútil tentar esconder o obvio, que era inútil lutar contra algo que estava estampando e, marcado em mim, nítido. Mais era a realidade que apenas nos dois tínhamos conhecimento.
Devagarzinho, e com dificuldade, Bill retirou minha roupa, não havia motivos pra ter vergonha, éramos íntimos e não era de hoje, o que adiantaria eu ter vergonha de estar exposta a ele, quando não tinha o mínimo de dignidade e amor próprio comigo mesma quando me auto-mutilava?
Com água limpa, ele foi me banhando delicadamente, passou o sabonete por meu corpo, e por fim encarou meus cortes com um pouco de sangue em volta, engoliu em seco e colocou cuidadosamente a ponta de seus dedos gelados em minha pele ardente, me arrepiei, e logo senti seus dedos nos outros cortes, fechou seus olhos com força, como se aquilo fosse algum tipo de dor pra ele, como se os cortes feitos em mim tivessem seus efeitos expandidos, chegando até a ele. Delicadamente tirei sua mão dali, não valia a pena ele além de ver, sentir o meu sofrimento refletido na minha fraqueza.
Vesti um moletom qualquer dele e Bill seguia meus movimentos a risca, como se a qualquer momento pudesse pular e me segurar caso eu desmoronasse no chão. Virei-me e ele me encarava com ternura, não parecia em nada com aquele Bill que havia falado comigo no telefone, esse era diferente e parecia disposto a me ajudar. Fazendo um gesto com a cabeça, ele esperava que eu dissesse algo, alguma coisa que explicasse a minha decaída.
Abri e fechei a boca, balancei a cabeça sentindo meu corpo ficar mole, e nesse instante senti que palavra nenhuma descreveria a sensação de quando me joguei em seus braços, em um abraço forte, agarrando a gola da sua camisa e afundando meu rosto em seu pescoço em um pedido desesperado de ajuda, dizendo com aquele meu ato, que talvez continuar de pé poderia ser difícil se não tivesse alguém em quem me apoiar, que sair por ai fingindo ser forte não estava mais sendo possível, que a dor que estava no meu peito era grande demais, e eu tinha pouco espaço pra suporta tal dor, isso sem contar que eu nem sabia se um dia ela iria passar.
Eu estava mostrando pra a pessoa que eu mais odeio que por dentro eu era completamente frágil e como estava sensível, como se fosse um cristal, que a qualquer momento pudesse quebrar, e isso seria fácil vendo que o cristal estava cheio de rachaduras.
Ou mais simples ainda, mostrar que eu só precisava de uma pessoa que só de olhar nos meus olhos, notaria quando eu estivesse mal. Que eu só precisava dele, porque suportar a solidão sozinha estava sendo muito difícil.
Como se aquilo pudesse me confortar de alguma forma. Eu não estava nem ai que a pessoal na minha frente era nada mais na da menos que Bill Kaulitz retribuindo fortemente meu abraço, a pessoa que passei mais tempo odiando do que amando na minha vida inteira, o homem que havia me humilhado com suas palavras rudes e frias, isso não importava, eu só queria alguém que me abraçasse naquele momento, que segurasse minha mão dizendo que tudo ia ficar bem, mesmo eu sabendo que não ia, mais por um segundo eu precisava de alguém me dizendo isso, eu precisava ter esperança de que algum dia tudo realmente ficasse bem, mesmo que meu mundo estivesse desmoronando.
Eu queria alguém que olhasse nos meus olhos e dissesse que aquilo havia sido só um pesadelo, alguém que me mostrasse à felicidade nas menores coisas, porém aquelas que talvez preenchessem o espaço vazio, que tinha agora moradia no meu peito.
– Sh... Calma vai ficar tudo bem, eu estou aqui, e sempre vou estar – Bill disse apertando seus braços contra meu corpo tomando cuidado pra não me machucar, porém, não menos caloroso, sorri e sem me importar com a dor me apertei mais contra ele. – Sabe que comprei? – Afastou nossos corpos, balancei a cabeça – Balas coloridas, eu sei que você adora! – Me deu um beijo na testa e saiu pelo quarto buscando algo, que não deu pra ver por causa da escuridão, soltei uma risada, ele ainda se lembrava dos meus gostos, deite-me na cama.
Logo ele voltou com um saco de jujubas coloridas, e se sentou a minha frente na cama. Foi então com a boca cheia que nos encaramos por um longo minuto, pra logo cair na risada, comemos e falamos besteiras sem o menor sentido, se nos fomos pensar nada estava fazendo sentido, nos mal nos reconhecíamos a cada ato e palavra.
Enquanto falávamos sobre alguma coisa qualquer, eu buscava entender o que se passava entre nós naquele momento, e por mais que eu pensasse e me questionasse, ainda assim era incompreensível, tentei deixar de pensar e aproveitar o momento raro entre nós, porque percebi que ele, apesar de algumas horas, havia se tornado meu ponto seguro, pois Bill não fez questionamentos e muito menos me julgou, creio que só queira me compreender e nada mais. Abraçou-me e me reconfortou dizendo que tudo estava bem, ele estava ali pra garantir meu bem estar.
Por algum tempo não éramos Rokety e Bill, e sim pessoas comuns, diferentes que buscava apoiar um ao outro, que se conheceriam e viveram intensamente, porém, apenas essa tarde, e assim que o sol morresse no horizonte iríamos morrer também, dando lugar ao que realmente éramos.
– Bill? – O Chamei o encarando de lado, estávamos deitados lado a lado na cama.
– O que foi? – Ele perguntou me lançando um sorriso fofo, suspirei colocando a mão no seu rosto.
– Va-vamos dormir? – De fato não era isso que eu iria dizer, mais foi mais sensato.
– Sim – Respondeu um confuso, me deu um beijo nos lábios e nos abraçamos – Boa noite Roro.
– Boa noite Billy.

– Kaulitz, acorda! – Não medi fôlego e berrei em seu ouvido, dando de quebra um belo tapa no seu rosto, não me importante que, contando que ele é branquíssimo, seu rosto iria ficar vermelho em instantes. Pisquei fazendo minha vista sair de embasada e logo voltar ao seu normal.
– O que é caralho?! – Resmungou visivelmente irritado e, bocejou esfregando os olhos para me encarar, e foi quando isso aconteceu que meu mundo parou, nossos olhares se encontraram e pude relembrar do momento fofo que tivemos ontem, que nunca mais iria se repetir. – A vadia me parece estar bem disposta! – Soltou a típica risada fria e irônica. Borbulhei de ódio no mesmo instante, não me lembro de ter pedido ajuda a ninguém, aliás sem ela eu nem estaria aqui ouvido isso, de um belo e grande filho-da-puta de topete.
– Vadia é sua mãe! – Devolvi seu comentário do jeito que ele não gostava, poderiam chingar ele de tudo, qualquer tipo de palavrão, e que isso não envolvesse sua mãe e nem seu irmão.
– Cala sua boca vadia desgraçada! – Gritou, vindo com todo impulso pra cima de mim, me prensando contra o colchão da cama colocando suas mãos no meu pescoço, me encurralando ali.
Gargalhei alto.
– Não me ignore sua tosca, olha que eu posso sair por ai contando seu segredinho pra todo mundo! – Disse bem próximo de mim, não parecia blefar.
– Você acha mesmo que eu tenho medo de você? Você é um drogado, um fraco... – Eu poderia continuar enumerando suas fraquezas, se eu não tivesse sentido seu aperto se intensificar em volta do meu pescoço.
– Cala a porra da boca! – Repetiu mais uma vez, entre dentes, mas eu apenas ri, é estava na hora de mostrar que nesse jogo dois podem jogar. Levantei meu joelho dando um chute na sua barriga, fazendo com que ele caísse no chão e, conseqüentemente se soltasse de mim.
E no minuto seguinte estávamos literalmente entre tapas e beijos, até que ele realmente usou sua força, a exercendo de forma injusta sobre meu corpo, e de um segundo pro outro nossos beijo se tornou selvagem, era como uma batalha, ambos dava o máximo de si pra mostrar quem agüentava mais e quem dava mais. O puxei pela gola da camisa, o trazendo pra mais junto de mim, para em seguida levantar os braços o ajudando a tirar a única peça que impedia de ficar do jeito que eu queria que ele ficasse daqui alguns instantes.
Suas mãos percorreram desde minhas coxas até minhas cicatrizes no braço, o que fez nos darmos uma pequena pausa, nos encaramos sem jeito, enquanto ele passava seus dedos pelas marcas permanentes em meu corpo.
Fechei os olhos e balancei a cabeça, estava disposta a não voltar no assunto de ontem e nem me lembra de nada por umas boas horas, era necessário pra mim.
– Você não gosta de mostrar que o bonzão? – Falei chamando sua atenção – Então me mostra o quão forte você poder ser – Demos um sorriso de pura malicia – Me mostra do que você é capaz super homem!
Seguindo a risca o que eu disse antes, Bill desceu seus beijos pelo meu pescoço e seios, dando fortes chupões, eu não ficava pra trás, enquanto isso eu arranhava suas costas, deixando provavelmente muitas marcas da nossa selvajaria, mais não nos importávamos, talvez depois quem saiba.
A desvantagem estava nítida, logo me pus a despi-lo, agarrando seus cabelos e puxando pra mais um beijo enquanto sentia-o mergulhar para dentro de mim. Arfei.

Devidamente vestidos, até porque ambos tínhamos mais coisas a fazer, eu pelo menos achava que tinha mais, minha vida não era fazer milhões de garotinha na época da puberdade arfar só com um sorriso e um aceno do topo de uma sacada de um quarto de hotel qualquer, eu vivia mais na realidade.
– E aí, não vai se mandar? – Perguntei já sem paciência assim que o silêncio ficou extremamente pesado e desconfortável. Ninguém ousava falar nada, gesticulei pra porta assim que seu olhar se dirigiu a mim.
– Eu saio da minha casa, venho até te fazer uma visita e assim que me trata vadia? – Disse sarcástico dando uma leve risada nervosa no final da frase.
– Se você está se referindo a aquele momento fofura nosso, esquece – Olhei dentro dos seus olhos, o fazendo entender que aquilo era só coisa do momento, aquilo sim era uma verdadeira decaída – Porque se bem nos conhecemos, aquilo é estúpido demais pra nós dois, não sou mal agradecida, valeu serio – Ouviu tudo atentamente – Mas já foi,e peço que nunca mais se repita falou?
Ele não me disse nada, apenas me olhou, deu de ombros e saiu, fazendo questão de se esbarrar propositalmente em meu ombro, sabia que havia o machucado com minhas palavras duras e frias, mas é sempre mais aconselhável cortar o mal antes que ele se alastre. E quando pensei que ele já havia ido, o ouvi parar na escada e dar uma risada sombria.
– Não se esqueça de me convidar pra missa de sétimo dia – Suas palavras frias era como estacas pontiagudas que passavam pela minha pele, atingindo em cheio o que restava do meu coração, que nesse instante diminuiu mais um pouco – Palmas pra você Rokety – Ouvi as palmas debochadas do andar de baixo – Consegue matar todos que ama, fico aliviado que me odeie – E em seguida a porta de fechou com tamanha força que me fez dar um pequeno pulo.
Ele me atingiu bem na cicatriz incurável, onde realmente doía, e nós dois sabíamos bem disso.

Perda: Uma sensação que eu não desejo nem pro meu pior inimigo.
Eu não tinha coragem, e agradeci a todos meus amigos de familiares por ter cuidado de tudo por mim. Mesmo tendo vários ombros aonde me apoiar, eu sabia que mesmo inconscientemente eu procurava um em especifico, e doía lembra que agora isso já não era possível.
Uma parte de mim estava sendo enterrada junto com ele, e eu ficava cada vez mais distante conforme a terra jogada em cima de seu caixão assumia uma camada mais grossa. Naquele instante eu me sentia sozinha, se antes eu já era um quebra-cabeça com peças incompletas, hoje eu perderá mais uma. Eu sempre soube que havia vindo com problemas de fabrica que nunca poderia ser concertados.
Não poderia ser egoísta a ponto de não ver as pessoas que estavam ao meu redor, provavelmente eles iriam me ajudar a cada pedido desesperado de ajuda vindo de mim, além de ter meus pais. Que agora me olhavam com aquela ternura de pais, se eu estava perdida, inerte, eles mais ainda, procuravam formas de me consolar, mas eu sabia que nesse momento nada poderia me deixar melhor.
O jeito era sofrer, chorar, se arrepender, assim tudo de uma vez, até que só reste saudade e boas lembranças, até que eu me acostume com a ausência.
Eu só me questionava incansavelmente sobre uma questão: E se eu tivesse trocado de lugar com ele? Teria valido a pena? Eu estaria por baixo dessa terra e ele aqui chorando por mim, tanto quanto estou chorando por ele? Ou tudo teria dado certo, e agora estaríamos todo dançando e bebendo comemorando nosso triunfo sobre Richard, ou melhor sobre a farsa de Fernadis que havia acabado?
Entretanto, não me arrependo de nada, dizem que a ordem dos fatores não altera o resultado, isso cabe a vida também?
O que antes era uma fina camada de chuvisco, de uma hora pra outra a chuva se intensificou, fazendo as grossas gotas me machucar assim que colidiam com minha pele. Percebi alguém me cobrir, e não questionei, mas preferia a chuva me molhando, assim ela poderia lavar meu rosto, que estava completamente borrado de maquiagem.
Observei tudo quieta, me sentindo agora culpado por ter desperdiçado um bom tempo da minha vida vivendo por ai, tentando fugir dos problemas, sabendo que quando voltasse eles estariam me esperando do mesmo jeito que os deixei, e ainda por cima recebendo um bônus adicional.
As pessoas começavam a se dispersar, isso era bem obvio, ninguém iria ficar olhando por horas seguidas um tumulo, no meio de uma chuva, o que elas poderiam fazer diante disso? Acabou o jeito era se conformar, estavam certas. As mais fragilizadas com minha dor, vinha e me davam os pêsames, outras mais simples, apenas tocavam meu ombro me lançando um olhar triste e um sinto muito.
Não, não sentia, a dor era minha e só eu sabia o quando estava me machucando.
Pedi aos meus pais que me esperassem no carro, eles entenderam que eu precisava de um momento só meu. Pedi gentilmente que ficasse só eu, e lentamente eu me aproximei do túmulo. Puxei de meu casaco e retirei a flor-de-lótus, me lembrava perfeitamente dele dizer varias e varias vezes que a flor significava que a pessoa superou suas dificuldades e seguiu em frente,
Joguei a flor branca, e aquele foi minha deixa pra dizer adeus, que nunca pensei que iria dar, mas que era necessário.
Funguei, e reuni todas minhas forças pra dar as costas e seguir em frente.
A saudade é bonita só na poesia. Na vida real ela arde.

A semana passou rápido de mais para que eu pudesse acompanha - lá, e como sempre minha relação com o Kaulitz voltará a ser mais harmoniosa possível, se é que me entendem. O que me deixou mais feliz, apesar dos pesares, é que nenhum de nos voltou a comentar o que havia acontecido naquela maldita noite, em que ele me consolou e, que eu frágil me deixei consolar. Por vezes sentia que ele queria dizer algo, mais parecia repensar e deixar pra lá. Eu não entendia, depois de tanto tempo ele deveria já ter se acostumando com meus acessos de loucura, uma palavra mais bonita pra expressar o que realmente eu faço. Mais eu sempre o aconselhava a ignorar e voltar ao que éramos antes, frios, estúpidos, escrotos, masoquistas e inúteis.
Eu havia me superado, consegui assumir as rédeas dos negócios dele, assumi eu assumi, mais deixei tudo nas mãos de Jeferson, eu nem ao menos sabia como agradecê-lo por me ajudar, Aline quando deixava de respirar o mesmo ar que o Kaulitz mais velho, ficava ao meu lado, fazíamos coisas de meninas, salão, compras, fofocas, e às vezes eu a ajudava a sair da dieta. Mas tudo estava ficando monótono.
Mas já eu me acostumaria a minha nova rotina. De começo não hesitei em cogitar a ideia se fechar de vez aquele maldito cassino e ficar só com a boate, em termos legais eu compraria a parte B. e de acordo com a justiça em seu testamento Bruno havia pedido para que eu doasse metade de seus bens a ONGs e Instituições carentes.
Porém, Jeferson me fez uma oferta de vender o Cassino pra ele, que depois de algum tempo, faria com que a boate voltasse a ser única, e não complementar ao cassino, por enquanto os dois ainda ficariam interligados. Aceitei, e com o dinheiro fiz o que ele me pediu.
Entrei saltitando de pressa dentro do escritório que agora era mais de Jeff do que meu, eu havia esquecido as chaves, como pude?
Passei os olhos sobre a mesa e nada, por fim abri as gavetas, revirando os papeis até encontrar um envelope vermelho, muito chamativo que despertou minha atenção, ainda mais por estar endereçado ao meu nome.
Abri com cuidado, puxando uma carta, reconheceria aquela letra.
'' Como é que se começa uma carta mesmo? Quais são os requisitos? Existe uma regra de etiqueta pra isso? Nunca me ensinaram nada parecido com isso na escola, mas irei começar mesmo assim.
Comecei esta carta a partir do momento em que vi que não sobreviveria, sei que o que tenho vai me matar se não cuidar e eu não estou me cuidando, ou não estava, mais afinal eu não sabia que tudo isso iria acontecer tão rápido. Primeiro não me odeie afinal se fomos avaliar, quando você partiu,me deixou uma replica dessa, e se eu me lembro bem, pediu a mesma coisa.
O fim é inevitável para todos, Deus só adiantou minha ida pra seu lado, penso que é pra mim construir o nosso castelo para que quando você chegue só sorria e me abrace, seremos eternamente felizes.
Uma vez me perguntaram qual seria minha reação se uma amiga minha se declarasse pra mim, sorri e pensei em você, sempre foi você. Confesso que demorei um pouco pra processa a pergunta, mais a resposta era fácil, eu sorriria e perguntaria quando seria nosso casamento, porque você é perfeita pra mim, perfeita pra fica o tempo todo ao meu lado, ele não entendeu, ninguém entenderia, somos amizade incógnita pra a sociedade, mas eu amo você e me casaria só pelo fato de você cuidar de mim e me fazer feliz, e sinto lhe dizer, mas nos nunca vamos namorar, porque nossa amizade é um namoro, nós brigamos chingamos, fazemos declarações bobas, acho que nós servimos pra tudo, pra sermos amigos, namorados e noivos. Quer casar comigo?
Eu sei que você está triste, sei também que deve estar disfarçando essa tristeza como pode, eu sei. Olha pra cima, viu? Não viu? Mais eu estou lá, longe, distante, lá em cima os ventos são fortes, mas eu estou lá olhando por você, então não se sinta sozinha, e quando do nada você sentir um calafrio, será eu do seu lado segurando sua mão, talvez não veja, mas irá sentir minha presença.
Passamos a tarde conversando não? Fiz de tudo pra você não perceber que o fim se aproximava, dei o melhor de mim, sorri todas as vezes que você sorria. Hey, não chora, sorria pense que fui pra um lugar melhor, veja que você suporto quase dois anos sem a minha presença, e agora só terá que multiplicá-los, e assim vivera para o resto de sua vida.
Agora o jogo virou, terá que seguir sozinha, e só caberá você escolher se terá alguém do seu lado ou não. Devo deixar claro que Bill não é meu favorito, então abra os olhos e veja melhor, pode e há alguém melhor que ele.
Não tenha medo, você irá encontrar a pessoa certa pra você, embora não exista a pessoa certa, mas você vai encontrar e é isso que importa, só espero que ele cuide você, pelo menos tente, mas terá que estar ciente que você é minha, que não importa o quando ele te ame você ainda me pertencerá né? Sim estou roubando suas palavras certo? Lembra-se? Aquela vez que você fez uma carta pra minha namorada? E ela terminou comigo porque achou que nós tínhamos um caso? Poxa eu gostava dela!
Bons tempos que infelizmente não voltam mais, infelizmente.
Agora estou chegando ao fim, e essas são minhas ultimas palavras, se cuide, por você, por mim, e por todos que te amam, e para de fazer o que nós dois sabemos perfeitamente o que é. Te amo, e nunca cansarei de falar isso, só peço que não me substitua ou me esqueça.
Eu sei que dói, pequena. Mas aguenta firme aí. Não se desespere, talvez isso aconteceu porque foi preciso, lembre-se todo fim é uma chance de um novo recomeço.
Com amor e carinho, Bruno Coller.''

Respirei fundo, não chorei, apenas uma lagrima de emoção se desfarelou por minha face, havia chorado tanto esses últimos dias, que chegava a estar ressecada por dentro. Dobrei a carta no mesmo instante em que Jeferson entrou na sala.
– Você a encontrou? – Disse apontando a carta em minhas mãos.
– Não era? – Questionei pelo modo que ele falou, parecia que não era pra aquilo ter acontecido.
– Você está tão abatida, achei que não iria te fazer bem – Justificou- se dando de ombros, estava com pena de mim.
– Eu estou bem, e não estou abatida – Falei aborrecida – E deveria ter me dado essa carta assim que ele a fez! – Passei rapidamente por ele. Achando a chave que tanto procurava.
Desci a escada igual a um furacão, estava nervosa, aborrecida e triste novamente. Droga.
Assim que destravei o alarme do carro, Bill apareceu do nada ao meu lado.
– Vai se foder imbecil – Gritei colocando a mão no peito, sentindo toda minha raiva vir a tona.
– Olha só que coincidência, é exatamente isso que quero fazer com você – Bill me prensou no carro, colocou uma das suas mãos na minha coxa, apertando forte, me arrancando um gemido, e envolveu sua outra mão nos meus cabelos, puxando minha cabeça para frente e fazendo nossos lábios se chocarem em um beijo cheio de desejo.

Postado por: Grasiele

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