terça-feira, 2 de outubro de 2012

Call Of Destiny - Capítulo 24 - Direção hidráulica.


Eu vi o dia amanhecer na terça porque eu estava sem sono e não havia conseguido dormir direito a noite inteira. Então, seria hoje que eu iria me encontrar com o Nathan depois de tanto tempo.
Lizzie ainda não havia viajado com Georg, mas os dois estavam dormindo no quarto ao lado e provavelmente ninguém iria querer ser acordado só para fazer meu café da manhã. Me levantei, arrumando a cama e prendendo o cabelo e passeei de moletom pela casa, abrindo as janelas e procurando algo para pensar e ocupar minha cabeça. Preparei um café da manhã que por sorte, ficou bom, porque tudo que eu faço na cozinha queima. E lá estava eu, jogada na cadeira, tomando uma caneca de café, quando Lizzie apareceu, toda penteada e arrumada para um belo dia no sofá, assistindo TV, e me encarou dos pés à cabeça.
– Eu não sabia que eu dividia uma casa com um mendigo. – Ela riu. Pegou minha caneca de café e tomou – Essa coisa está sem açúcar e essas panquecas estão queimadas.
– Obrigada por acabar com a minha alegria de achar que estava tudo bom. – Abaixei a cabeça.
– Por que você está parecendo um saco de batatas? – Perguntou.
– Porque eu não dormi direito. – Ela continuou me encarando e esperando que eu continuasse – Porque hoje é terça.
– E por que seria um dia especial para você se são os Kaulitz que vão viajar? – Perguntou.
– Os Kaulitz vão viajar pra onde? – Perguntei, de repente, ficando interessada em conversar com alguém tão cedo.
– Para Alemanha. – Deu de ombros e me lançou um sorriso desafiador. – Mas você não precisa se importar, você vai estar saindo com o seu ex quando eles estiverem embarcando no avião. – E riu de uma forma sacana, esperando que eu perguntasse mais sobre o assunto e demonstrasse interesse.
– É! – Eu sorri falsamente – Eu vou sair. Quer ajudar a escolher minha roupa?
Lizzie colocou a caneca na mesa com força e se irritou.
– Olha aqui, Cloe, eu não estou acreditando que você vai mesmo nessa merda! Você ouviu o que eu acabei de falar? Bill e Tom vão VIAJAR para a ALEMANHA! Eles não vão voltar tão cedo! Eu não acredito que você vai ignorar esse fato.
– Não faz muita diferença na minha vida.
Eu posso ter dado de ombros novamente, mas por dentro eu imaginava se eu estava tomando algum caminho errado, fazendo besteira e sendo babaca.
– Faz sim! – Lizzie disse. Imagino que só não estávamos discutindo novamente (o que fizemos esses últimos três dias) porque Georg ainda estava dormindo, aquele preguiçoso. – Quer saber? Cloe, Tom está apaixonado por você.
– Eu não acredito nisso! – Retruquei, tentando não acreditar nela e proibindo que um sorriso aparecesse na minha cara.
– Ok, então, ele está LOUCO por você!
– Por que você insiste em defender ele? – Eu revirei os olhos. Ela continuou falando como se eu não tivesse interrompido.
– Georg ligou para o Bill ontem para saber como as coisas estavam, e o Bill respondeu que ele fica trancado no quarto, ouvindo Stereo Hearts o dia inteiro e só abre para perguntar quando o voo vai sair ou para comer alguma coisa. – Ela ficou em silêncio por segundos, me encarando, e eu fazia o mesmo, esperando que ela dissesse algo mais interessante. – Cloe, Stereo Hearts! É o cúmulo do clichê em versão rap! Sabe, aquela música “meu coração é um rádio, ele bate por você, então ouça atentamente, ouça meus pensamentos a cada nota”?
– Eu sei! – Me levantei da mesa da cozinha. - Ah, Liz, por favor, ele só pensa que está apaixonado por mim, quando menos perceber, não farei mais falta na vida dele. – Eu revirei os olhos como se fosse fácil falar aquelas coisas. – É a convivência.
– Estou impressionada com sua capacidade de ser idiota!
– Bom dia, meu amor, Cloe. – Georg passou pela cozinha e beijou os lábios da minha irmã, fazendo carinho no seu rosto.
De repente, senti vontade de ter um namorado. Mas essa vontade passou tão rápido como se fossem borboletas no estômago e logo o ácido produzido matasse-as. Triste.
– Bom dia Georg. – Eu disse, mais parecendo com um zumbi do que um ser humano. Atravessei a cozinha, dizendo que iria preparar minha roupa para o meu encontro mais tarde e depois, jogar um pouco de video game. Ouvi eles dizendo algo sobre mim depois que eu saí, como “ela ainda não desistiu?” e a Liz respondendo um “não” de saco cheio.

Me ocupei o resto do dia ora vendo algum filme no computador, ora dormindo. Quando você simplesmente não quer que algo aconteça, parece que a hora do dia passa voando e quando você olha para seu relógio, só falta quarenta minutos para estar pronta. Tomar um banho rápido foi fácil e escolher um vestido de renda preta também. Calcei um salto e andei até o guarda-roupa para pegar um casaco. Peguei minha bolsa, a chave do carro (que eu mal sabia dirigir) e corri até o hall de entrada. Logo atrás, era a sala, onde Georg e Liz estavam deitados em uma cama improvisada entre a televisão e o sofá, cheia de edredons. Olhei para trás e acenei.
– Tchau, gente.
– Cloe, espera! - Liz disse, levantando-se do seu colchão e correndo. Ela não falou aquilo como alguém que vá voltar a discutir comigo, falou como se quisesse avisar algo sem muita importancia, mas eu estava errada.
Coloquei a chave na porta, olhando para a cara dela e esperei que ela falasse.
– Eu sei que não adianta mais... - Ela disse, olhando para o relógio. Ah, claro, o voo dos meninos já deveria ter partido. Que ótimo.
Coloquei as mãos no bolso e senti algo dobrado. Algo como papel. Tirei lentamente o papel de lá e desdobrei, notando que se tratava do desenho que Lizzie havia feito, copiando a fotografia que tinha no plano de fundo do ecrã do meu celular. A foto que Tom tirou de nós dois no dia em que compramos. Levantei os olhos para Lizzie e vi que ela prestava atenção no que eu tinha em mãos.
Fui incapaz de dizer alguma coisa. Aquilo era algum tipo de misterioso sinal do destino, ou era só provocação mesmo?
– Vai, agora joga na cara. - Eu revirei os olhos.
– Quando ele foi se despedir de mim... - Ela começou, meio rindo, meio séria. - Ele disse bem baixo no meu ouvido "eu me apaixonei pela sua irmã de um modo que nem consigo explicar, e agora eu estou perdendo ela. Por que o nosso plano não deu certo?". - Ela deu de ombros após isso. - Infelizmente, eu não pude explicar o que aconteceu para ele. Acho que tivemos pouco tempo, ou talvez ele tenha ido me procurar muito tarde, tudo já estava acabando. - Ela pareceu falar consigo mesma. - Pensa, Cloe. Nathan não te conhece tão bem quanto Tom, nem tem tanto carinho por você como ele, nem te ama tanto como o Kaulitz.
Lizzie passou a mão no meu ombros e ajeitou minha roupa.
– Você tem que escolher quem vai fazer mais falta... E concordemos que, nós duas sabemos quem é. - Ela piscou e voltou para o colchão. - Boa noite para você.
Eu fiquei meio confusa. Obrigada, viu, Lizzie?
Kaulitz. Sykes. Eu apaixonada por um deles. Mas que merda eu consegui fazer com a minha vida? E toda aquela determinação de me mudar e não me deixar cair mais na tentação de algum cara? Foi para onde? Pro inferno? Pode ser! Fechei os olhos e respirei fundo até ouvir algumas risadas de fundo na sala. Abri os olhos novamente e encarei Georg e Liz, me assistindo e rindo de mim. É, eles sabem que fizeram uma confusão na minha cabeça.
Por mais que pareça estranho, sem sentido e meio babaca, Georg e Liz me fizeram sair correndo de casa com uma determinação que saiu não sei de onde, simplesmente porque me fizeram perceber, abraçados, que eu (e eles) ainda faziamos parte de algo que não existia em Nathan. Esse "algo" se chamava Tokio Hotel.
Entrei no carro e acelerei até o aeroporto, porque eu sabia que tinha pouco ou quase nenhum sobre tempo. Se Lizzie estivesse certa, eles poderiam já ter partido e minha chance também vai pro inferno assim como minha determinação em não me apaixonar.
Levei séculos para chegar no aeroporto, o que só me deixava mais nervosa e irritada, pois eu estava perdendo muito tempo. Quando finalmente cheguei, o que menos me importava era estacionar o carro, mas eu tinha que fazer isso. Vi uma vaga meio estreita ao lado de um carro cinza de um modelo conhecido. Sem pensar, virei todo o volante para a esquerda e ME ESQUECI COMPLETAMENTE QUE O CARRO TEM DIREÇÃO HIDRAULICA!
X da questão? Pela segunda vez no ano, eu bati meu carro em um carro PA-RA-DO! E sabe qual a parte mais cômica disso tudo? Que, pela segunda vez, eu bati em um Audi R8 cinza, com uma placa estranha escrito "T.K".
– Merda.

Postado por: Grasiele

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Arquivos do Blog