terça-feira, 2 de outubro de 2012

Call Of Destiny - Capítulo 22 - Não precisa se despedir!


– Vamos, vamos, vamos! – Ouvi David adentrando o camarim e batendo palmas para os meninos se apressarem. – Vocês estão atrasados! Meninas, adiantem com isso.
Olhei para meu “chefe” sugestivamente. Eu estava sendo a mais rápida e só quem atrasava agora era o cabelo e a maquiagem do Bill, vamos combinar, a parte mais complicada de todo o Tokio Hotel.
Como sempre, o primeiro a sair era o Kaulitz. Sua roupa era básica e quase não precisava fazer maquiagem. Ele parou em minha frente para que eu desse uma última ajeitada em seu visual. Fechei seu colete, ajeitei e passei a mão pelos ombros para tirar o possível pó. Sem olhá-lo.
– Você parece triste, pequena. – Parece que alguém percebeu o sorriso morto em meus lábios. Ele puxou meu queixo com a mão, fazendo-me olhar para seu rosto. – O que houve? – Perguntou olhando fundo em meus olhos.
– O que? Hã, nada. Vai, vai, você tem um show e Jost já está com formiga na bunda. – Sorri sem humor, passando a mão novamente pelos seus ombros. Ok, vamos concordar que já não tinha mais pó nenhum lá, mas eu simplesmente não conseguia ficar sem tocá-lo. – Vai lá, e mostra para as fãs o que você sabe. – O empurrei de leve.
– Você quer que eu fique nu e mostre para elas o que eu “sei fazer”? – Ele fez piada e riu, mas não teve muita graça.
– Aquela outra coisa que se chama tocar gui-tar-ra, Kaulitz. – Revirei os olhos e o empurrei novamente.
Estávamos na frente da escada, ele já tinha sua Gibson nas mãos. Quando foi subir no palco, deu meia volta e parou novamente na minha frente, abaixando o rosto e depositando um beijo estalo na minha boca que eu não tive forças para retribuir. Ele subiu no palco e eu quase fiquei surda.
Era hoje, o último show, o fim da turnê. Meu contrato acabaria e talvez eu não voltasse a ser contratada, pois era só para aquela vez. Amanhã nos despediríamos assim que chegássemos à Los Angeles, cada um iria para um canto, e provavelmente eu só continuaria vendo o Georg, já que ele e a minha irmã estão definitivamente namorando.
Todos estavam felizes, sorrindo e animados para o último show. Por que eu não estava assim? Por que eu não me permitia sorrir? Por que eu não conseguia sorrir?
No outro dia, na praia, eu não fazia ideia de como ficaria, eu pensei que ficaria bem, que tudo voltaria a ser como antes, ou até melhor, porque já não pensava mais naquele problema que mudou toda minha vida... O Nathan... Longa história, longa e dolorida história. Agora eu me via sem ter o que fazer. Eu nunca imaginei que doeria tanto pensar em ficar sem o Kaulitz. Sabe, é o Kaulitz! Repugnante, idiota, irritante acima de tudo! Eu só queria ficar longe dele no começo dessa turnê, porque ele realmente irritava. Mas agora eu me via com medo de sentir falta de que ele me irrite.
Agora, eu queria-o lá para me irritar.
E tudo que eu previa para o meu futuro era dias comprando roupas das vitrines, sem nenhum outro tombo magnífico que me levaria a dividir um edredom rosa com um garoto perfeito, mas sem nenhum adjetivo positivo. Ok, talvez ele só fosse bonito. Além de ser alto. E ele beija bem. E ele sabe ser romântico, e ele sabe (mesmo que da pior maneira) me fazer confiar nele, me faz desejar por ele, sonhar com ele, querer ficar cada vez mais perto dele...
Nunca passou pela minha cabeça sentir a dor cortante que estou sentindo só de pensar que, em questão de horas, eu posso “não precisar” vê-lo mais.
– Tudo bem, Cloe? – Bill perguntou, parando na minha frente.
– Que? Sim, claro. – Dei um sorriso fraco e percebi que ele estava esperando que eu ajeitasse sua roupa. – Boa sorte, Bill.
– Ei, Cloe... – Ele começou. Eu olhei atentamente. – Sabe, você foi a única... – Bill parou de falar, olhando para alguma coisa atrás de mim. Ah, claro, não se pode esperar que Bill termine uma frase sem se distrair com uma mosca no meio tempo. – Olha, que duendes legais. Foi você quem desenhou, Liz?
– Sim, foi. – Disse Lizzie, parando ao meu lado e mostrando os desenhos.
– Ela desenhava dinossauros antes. – Eu informei.
– Posso ver? – Perguntou. Antes que minha irmã pudesse responder um “claro”, David Jost já tinha gritado um “NÃO” e mandando-o para o palco.
Assistimos ao show do Tokio – digo, as meninas assistiram, porque eu fiquei deitada em um sofá no camarim. Primeiramente, imaginando como seria tudo sem eles. E sem ele, principalmente. Logo depois eu devo ter tirado um cochilo.
Parece estranho e soa meio depressivo, mas eu tinha me ligado a ele de uma forma inexplicável e eu não queria me soltar. E essa possibilidade, que realmente iria acontecer, só me fazia querer chorar.
– Cloe, viu o show? – Perguntou Gustav, que era o primeiro a entrar com suas baquetas nas mãos, descendo as escadinhas do palco. Logo todos entraram no camarim.
– Nossa, o show foi incrível. – Bill disse sorrindo e pulando de alegria, dando abraços apertados em Nick o tempo todo. Como assim? Caramba, o show acabou mesmo.
– Nossas fãs são tão... Hum... Altas! – Georg disse rindo. – Teve aquela hora em que o Tom tirou o colete e nem as caixas de som ajudavam Bill a cantar mais alto que elas gritando.
– Impressionante. – Eu murmurei, tentando parecer feliz.
Naquele momento, nada e Tom Kaulitz era a mesma coisa. Quieto entrou no camarim e quieto permaneceu. Todos ali presentes demonstravam nem perceber isso, mas eu sei que eles tinham percebido, afinal, estamos falando de Tom Kaulitz quieto. Isso é quase o apocalipse para uma pessoa que costuma ficar o tempo INTEIRO zoando alguém ou falando de si mesmo.
– As fãs estão loucas e cercando toda a arena. Tem fila de fãs até na rua de trás. Vamos aprontar as coisas para os últimos autógrafos da noite. – Jost entrou no camarim parecendo muito feliz pelo show ter corrido bem, junto com mais uma equipe de empresários que estavam abraçando os garotos empolgados. – Bom... Como vocês sabem, esse foi o último da turnê Best Of. Chega pra lá, Cloe. – se sentou ao meu lado e eu fiquei no meio de Jost e Georg. – E como eu sei que vocês não veem a hora de chegar a Los Angeles, e depois partirem para verem suas famílias... – ele sorriu, fazendo suspense. – Adiantei o voo de vocês, e ele sai hoje mesmo, mais tarde.
Bill, Gustav, Georg, Lizzie, Jess e Nick comemoraram de verdade, levantando as mãos, sorrindo e falando alto. Eu arqueei as sobrancelhas, olhei para Tom, que logo voltou o olhar para mim, mas eu tornei a abaixar a cabeça.
– Oba! – o Kaulitz animou-se ironicamente, recebendo os olhares de interrogação de todos.
(...)

Nunca fui boa em mostrar meus sentimentos, muito menos relatá-los, prefiro guardar tudo para mim. Vou acumulando e algum dia desconto em alguma coisa se estiver impossível de guardar mais. Mas hoje, estava impossível fingir que estava tudo ok. Eu jogava as peças de roupa na última mala sem me preocupar se iriam amassá-las ou não. Não precisava ser um Einstein para perceber que tudo iria acabar, e era só pensar dessa forma que eu ficava até com raiva. Fui catando as coisas em cima da cômoda e notei que o cubo mágico ainda estava lá. Eu arremessei o cubo com toda a minha força para a mala e machuquei o braço.
– Merda! – Gritei sozinha. Permiti que algumas lágrimas rolassem pelo meu rosto. Não, não era só por causa de Tom Kaulitz, apesar de grande parte de a dor ser sim por sua causa, mas não se tratava apenas dele, tratava-se de todos... Eu sentiria falta de todos.
Arrumei-me pela última vez e me sentei em cima da mala. Bateram na porta. Não era quem eu queria, porque o Kaulitz já chegava entrando (não se preocupava se eu estivesse de pijama ou até mesmo nua, para ele, seria até sorte me encontrar assim).
– Cloe, vamos? – Era Liz.
– Ah, sim, claro. – Dei um sorriso sem humor. – Não vejo a hora de chegar em casa. - Cara de pau, eu? Nem um pouco!
Descemos até o hall do hotel e todos foram se encontrando, segurando suas malas, juntos em uma roda e conversando. Principalmente rindo. Tom estava lindo. Ele usava um casaco jeans mais claro do que costumava usar, com as mãos no bolso e os dreads negros estavam presos.
– Vamos pessoal! – Disse Jost.
– Bom, acho melhor nos despedirmos agora, porque o aeroporto vai estar um tumulto e aí já sabem quem vai nos atacar. – Gus disse sorrindo fofamente.
– VOU SENTIR TANTA FALTA! – Disse Jess, se agarrando à todos.
Eu nem precisei sair do lugar para abraçar alguém. Estavam todos se apertando, então logo dois dos meninos do Tokio e as duas meninas vinham ao meu encontro. Não precisei me despedir de Georg, porque ele iria dormir no nosso apartamento em Los Angeles por um dia, e depois ele e Liz iriam para a casa dele na Alemanha.
É isso mesmo, vou ficar sozinha por sabe-se lá quanto tempo. Isso se chama sorte, e eu estou usando toda a minha ironia agora. Motivos? Eu não sei cozinhar, eu não sei dirigir, eu tenho vergonha de pedir pizza por telefone, eu não sei resolver problemas da casa – é, eu sou uma despreparada da vida.
Eles ainda falavam e se abraçavam quando eu notei que estava faltando um garoto do Tokio Hotel, e ele estava olhando para mim em um ponto afastado. Aproximei-me para dar-lhe pelo menos um abraço, ou sentir seu perfume outra vez.
– Não precisa se despedir de mim, se não quiser. – Ele disse, olhando para baixo.
– Não vamos nos ver. – Eu falei mais parecendo um zumbi do que um ser humano com vida.
– É. – Ele concordou. Ficamos em silêncio, mas bem no momento em que eu iria falar algo, ele também fez o mesmo e as palavras saíram emboladas, eu ri sem graça. – Primeiro você. – Ele disse.
– Olha Kaulitz, o que tivemos... – Até comecei, mas perdi a linha do pensamento.
–... Foi um rolo? – Ele supôs. – Passatempo? Diversão? Um erro?
– Começamos com o pé errado. – Eu disse antes que ele continuasse com suposições. – Principalmente porque eu apertei o acelerador ao invés do freio. – Ele riu.
– Certo... – Disse baixinho. – Então... Tchau? Vemo-nos algum dia?
– Nos vemos... – Eu iria completar, mas quando levantei a cabeça, Tom estava fazendo aquilo de novo. Aproximando e aproximando. Mas estávamos no lugar errado para isso. Os nossos amigos estavam ali atrás. Infelizmente (ou felizmente) não resisti. Aproveitei, louca por isso, a brecha e dei um salto até sua boca, estalando nossos lábios. Quando me afastei, olhei sugestiva para seu rosto, tentando achar sinais de que ele gostou ou não gostou daquilo. Eu não consegui achar, porque nesse meio tempo ele me abraçou, apertando minha cintura e eu me deliciei mais uma vez com seu perfume. Afastamo-nos. – Nos vemos algum dia. – Eu completei e me virei.
Todos estavam olhando.
(...)
Realmente, os voos foram separados. Não deu tempo para nos vermos, Georg foi o único que esteve ao lado da Liz, no mesmo voo que a gente.
Sai do aeroporto sozinha, apenas puxando minhas duas malas, e indo para fora, avistando o carro da Liz, que havia sido trago por um motorista do meu pai. Minha irmã já estava encostada no carro com Georg, apenas esperando por mim.
– Vamos? – Perguntei abrindo a porta de trás, e senti o olhar reprovador de Lizzie. – O que foi? – arqueei a sobrancelha.
– Nada! – ela deu a volta no carro, e se sentou no banco do passageiro. Georg iria dirigir.
Eu fui o caminho inteiro, calada, enquanto a Liz e o Ge conversavam animadamente sobre ela conhecer os pais dele.
Quando finalmente chegamos, sai do carro sem cerimônias, e o Georg já tinha aberto o porta-malas, para que eu pegasse minhas malas, e fosse para dentro. Assim o fiz.
Joguei minhas malas em um canto do quarto. O perfume do meu quarto continuava o mesmo. Eu queria me jogar na minha cama e esquecer que tudo havia acabado, como se tudo nunca tivesse começado. Olhei para o telefone fixo que estava no gancho e observei de olhos arregalados.
Haviam 70 chamadas perdidas de um número desconhecido! Setenta! Não deu nem três minutos, e esse número estava ligando novamente.
Algo me dizia que queria muito falar comigo, para estar tentando me ligar há dias e dias. Atendi.
– Alô? – Perguntei.
– Cloe? – Perguntaram do outro lado da linha.
– Sou eu sim, quem é? – Perguntei sem paciência.
– Pensei que reconheceria minha voz. Eu liguei várias vezes, mas você não atendeu. – Pareceu triste, e eu arqueei a sobrancelha, como se ele pudesse ver. – Sou eu... Nathan.
Ao ouvir aquele nome, meu coração parou, tal como a minha respiração.

Postado por: Grasiele

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