terça-feira, 12 de julho de 2011

Nós Dois - Capítulo 55



 Faltando dois dias para eu voltar, eu já arrumava minhas coisas. Já tinha a passagem de volta, que minha tia havia comprado, sexta a noite eu embarcava. Me lembrei da ultima vez que estive aqui arrumando minhas malas, indo para a Alemanha, sem a mínima vontade ir, morrendo de ódio, agora era totalmente diferente.
Minha mãe entrou no quarto enquanto eu fechava minha mala.
Cristina: Já arrumou tudo?
Mila: Quase, ainda tem coisa pra colocar.
Cristina: Não quer mesmo ficar? - Ela falou se sentando na cama.
Mila: Mãããe!
Cristina: Ok, não falo mais nisso. Escuta...eu fiquei mesmo feliz em saber que você gostou de la, quando falei que ficava feliz, eu disse de verdade.
Mila: Que bom, bom pra você, pelo menos agora você consegue ser sincera.
Cristina: Você ainda esta muito chateada comigo não é?
Mila: Eu estou sendo cautelosa, porque conheço você muito bem, e tambem sei que as pessoas não mudam tão fácil assim o que é da sua natureza.
Cristina: Nossa Mila, você fala como se eu fosse um monstro.
Mila: Não é isso, só digo que pra quem machuca é muito fácil esquecer e pedir desculpas, mas pra quem é machucado não é tão simples assim. Consegue entender?
Cristina: Ok minha filha, só espero que você me perdoe um dia.
Mila: Eu não tenho que perdoar nada, eu tenho é que esquecer, crescer e amadurecer. Talvez eu entenda algumas atitudes sua e comece ver as coisas por outro lado.

Ela ficou em silêncio concordando com o que eu falava, acho que a conversa não precisava continuar, e apesar de ter sido dura com ela todo esse tempo, era o que eu precisava para mostrar a ela que não era tão simples assim, e que eu não podia mais ser afetada pelas besteiras dela. Mas ela estava tentando me agradar, eu estava gostando disso e buscando no fundo do meu coração o carinho que eu tinha por ela, mas eu ainda não precisava demonstrar.

Cristina: Posso te dar um abraço? - Ela falou se levantando da cama.
Mila: Claro mãe!
Ela me abraçou com cuidado, eu retribui ao abraço, ela então começou a chorar.
Mila: Ha mãe para com isso, ta chorando porque?
Cristina: Eu fiz tanta besteira, eu só queria que você voltasse para la sem ódio de mim.
Mila: Eu não tenho ódio de você mãe, só magoa, eu não odeio você.
Cristina: Você esta certa em querer ficar longe, com sua vida com namorado, se casar longe de mim.
Mila: Ham?
Se eu tivesse um pedaço de pizza na boca agora ele voaria pela janela.
Mila: Não mãe, eu não vou me casar, eu só quero viver minha vida la
Cristina: Ok, você ta certa, só me liga e me visita mais vezes.
Mila: Nas férias eu posso voltar mãe, sem problemas.

Eu poderia dizer agora que me sentia mais feliz em estar com ela, ela parecia tentar mudar, eu não poderia dizer ainda que ela havia mudado, mas como eu não ficaria tempo suficiente para ver, eu saberia se era mesmo verdadeiro depois que eu me afastasse.

No dia da minha volta, depois de um mês e uma semana longe da Alemanha, e minha mãe recuperada, eu podia respirar aliviada. Meu padrasto foi com ela me levar até o aeroporto. Ele era uma pessoa bacana, apesar de ser meio ausente em casa, ele sempre havia sido legal comigo, nunca se intrometeu nas minhas coisas e nem na minha relação com a minha mãe.

Eu liguei para minha tia e Monica ontem a noite dizendo que deveria chegar Sábado pela manha, passei o horário para ela e para minha tia, as duas combinaram de me pegar no aeroporto.
Na hora de me despedir dei um abraço no meu padrasto e em minha mãe, abraços sinceros, eu torcia para que ficasse tudo bem com eles, e que não restasse mais ressentimentos por nada.
Depois de me despedir e ao passar pelo portão de embarque eu a admirava mais, agora eu acreditava que ela realmente queria o melhor para mim.
Eu olhei para trás e lhe joguei um beijo, ela sorriu e pegou no ar. Me virei novamente e me preparei para subir no avião.

A viagem foi longa, porque eu não consegui dormir no avião, fiquei olhando pela janela imaginando mil coisas. Que ele pudesse ter ficado louco atrás de mim ou não ter dado a mínima por eu ter me afastado. Fiquei imaginando ele indo atrás de alguma garota para saciar seus desejos. Eu não tinha duvida disso, ele não ficaria um mês inteiro sem alguem.

Quando eu saia pelo portão de desembarque, antes de achar Monica e minha tia me esperando, eu escutei os gritos de Monica ao me ver primeiro. Logo as avistei do outro lado, Monica correu e me abraçou pelo pescoço e não me largava mais.
Mila: Calma, calma, eu vou morrer sufocada.
Monica: Você não sabe como é bom ver você de volta.
Mila: Imagino. - Falei rindo.
Angela: Viu só, você conseguiu voltar.
Mila: Pois é, achei que isso não fosse acontecer.
Monica: A gente tem muito pra conversar.
Eu olhei para ela desconfiada já imaginando sobre o que seria. Saindo do aeroporto fomos direto para casa da minha tia, no caminho passando pelas ruas do bairro ele vinha na minha cabeça me fazendo suspirar.
Monica foi almoçar comigo, minha tia foi preparar o almoço enquanto ela me ajudava a desfazer as malas.
Agora ela pode me contar melhor o que havia acontecido.
Monica: Quando ele veio atrás de mim a primeira vez, ele já veio me agarrando pelo braço com aquela mão pesada. Eu estava andando de volta pra casa quando vi o Audi dele se aproximar, eu fingi que não vi e continuei andando, ai ele parou e veio atrás de mim. E eu a com aquela cara de assustada sem saber o que dizer.
Mila: Mas você foi forte, não deu meu numero.
Monica: Ééé, mas eu disse que você voltaria no final do mês.
Mila: MONICAAA, não era pra você ter dito.
Mila: Desculpa, desculpa mesmo, mas ele ele praticamente me obrigou a dizer.
Mila: Obrigou, como?
Monica: Ha ele ficou me olhando daquele jeito "Não esconda nada de mim", ai eu falei.

Só agora eu me lembrava de trocar o chip do meu celular, o peguei na gaveta onde havia guardado. Quando o liguei, havia milhares de liagações perdidas dele, durante todo o mês, ele ligou quase todos os dias, e havia apenas uma mensagem.
Mila:WTF?

- Porque não me disse que estava indo embora? Era para me deixar pensando o que estou pensando agora? Diz alguma coisa.

Mila: Pensando no que?
Monica: Que você abandonou ele...hahaha! Pelo jeito que ele veio atrás de mim parecendo um cachorrinho abandonado.
Mila: Eu tenho que encontrar ele.
Monica: Será que ele ta no estúdio?
Mila: Não sei.
Monica: Liga pra ele, diz que você já voltou.
Mila: Espera um pouco.

Eu fui para o banheiro para ligar para ele, eu estava nervosa de morte por ouvir a voz dele novamente. Nervosa tambem porque não sei como ele reagiria.
Disquei o numero e esperei.

- Alo.
Mila: Oi, sou eu! - Ele respirou fundo no telefone.
- Fala.
Mila: Porque ta seco desse jeito?
- Como foi de viagem?
Ele falou ignorando o que eu havia dito, eu tambem ignorei.
Mila: Da pra gente se encontrar?
Ele fez uma pausa, eu escutava sua respiração no telefone, aumentando conforme meu coração acelerava.
- Eu não sei se... - Ele parecia querer resitir em me encontrar.
Mila: Por favor!
- Daqui 20 minutos eu to no estúdio.
Mila: Ok!

Falamos rapidamente ao telefone. Ele desligou sem dizer mais nada, e eu continuava sem saber o que pensar, nunca sabia se a frieza dele era indiferença ou porque estava com ódio de mim, porque gostava de mim.
Eu sai do banheiro e Monica me olhou.
Monica: E ai?
Mila: Ele ta indo para o estúdio. Fica aqui, eu vou até la, vou dizer a minha tia.
Desci e sem medo de dizer a verdade, como ela havia pedido, falei para onde estava indo. Eu estava ainda com minha roupa da viagem, calça jeans e uma blusa colada de manga.

Mila: Tia, eu vou até o estúdio aqui perto.
Angela: Aquele estúdio?
Mila: Sim, do Tom, eu preciso falar com ele.
Angela: Tudo bem, não precisa me pedir.

Eu fui andando calmamente até la, passei pela casa do Peter de cabeça baixa, ele não devia saber que eu havia chegado ainda.
Quando cheguei na rua, na entrada não havia nenhum carro ainda. Fui para os fundos do estúdio esperar, fiquei perto da porta sentada na grama esperando, não quis entrar.
Ele não demorou a chegar, escutei la de trás o ronco do motor do Audi, eu tive de rir, era tão Tom, essa coisa de motor rangendo, bem coisa de homem, a cara dele.
Quando ele desligou o carro eu me levantei e fiquei esperando ele entrar primeiro, meu coração já batia fora de controle fazendo minhas pernas tremerem como se eu estivesse morrendo de frio.

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