terça-feira, 12 de julho de 2011

Nós Dois - Capítulo 54



 Fui dormir no meu quarto vazio determinada em ir embora na semana que vem. Mas ao mesmo tempo pensando que eu estava sendo tão insensível com ela, que havia acabado de sofrer um acidente. A ideia de passar o resto das minhas férias aqui não me agradava em nada.
Antes de dormir eu pensava que seria melhor para tentar esquece lo, para colocar as ideias no lugar.
Um mês seria suficiente para esquece lo? Enquanto eu pensava em tudo isso, minhas mãos me apertavam entre as pernas.
Amanha eu pensava nisso, já estava exausta de pensar no que fazer, era difícil tomar alguma decisão ainda.

Na manha seguinte decidi ligar para minha tia para avisar que provavelmente ficaria até o final das férias. Ela concordou que eu deveria ficar mesmo, para estar ao lado da minha mãe.
Mila: Eu sei tia, eu sei. Eu vou ficar, eu sei que eu não tenho escolha, não é tão ruim quanto eu pensei que fosse. Ela, por enquanto, não me colocou contra parede, mas pediu que eu ficasse.
- Se você não quiser, ela não vai te impedir, tenta conversar com ela, de repente vocês se entendem.
Mila: É quem sabe.
- Haaaa, o Peter perguntou de você, disse que ficou chateado por você não ter se despedido dele, e nem ter avisado que iria viajar. Eu expliquei que você não teve tempo, que foi um pouco de repente.
Mila: Não tia, não explica nada para o Peter, eu não estou falando com ele, não me despedi nem avisei nada de propósito.

No dia seguinte, eu tomava café com meu padrasto na mesa da cozinha, quando escutei meu celular do quarto tocando, quase derrubei a xícara ao me levantar correndo para atender. Peguei o celular que estava em cima da cama, era Monica ligando.

Mila: Alo.
- Oi Mila, deixa eu falar rápido.
Mila: Fala, fala.
- Caramba, e não sei o que fazer, o Tom veio atrás de mim ontem de novo, perguntando se eu ja tinha o seu numero, se eu já tinha falado com você.
Mila: O que você disse?
- Falei que ainda não tinha falado com você.
Mila: E ele?
- Não acreditou, claro. Olha, concerteza ele vai vir atrás de mim de novo, o que eu vou dizer? Eu fico com medo dele.
Mila: Olha, eu só vou voltar no final das férias. Se ele voltar a te procurar, diz que já falou comigo, mas EU disse que não queria que você desse meu numero. Não fala mais nada.
- Ai Mila.
Mila: Faz isso, ou então ele vai ficar atrás de você até você dar o numero.
- Ta, eu digo isso, mas ele vai querer sabe porque você não quis dar o numero pra ele.
Mila: Você diz que foi porque eu não quis ué, ele vai fazer o que? Nada, diz isso e pronto.

Eu ficava com pena de Monica, porque eu conhecia bem o jeito intimidador do Tom, com um olhar ele conseguia tirar a verdade da pessoa.
Eu poderia sim falar com ele, eu estava morrendo de vontade de ouvir sua voz, ouvir seu sorriso pelo telefone.
Alguma coisa havia mudado, desde a noite que eu passei na casa dele, ele mantia não somente meu corpo em chamas, mas tambem meu coração, meus pensamentos. Eu sentia que eu queria a proteção dele, o queria todo tempo perto de mim, começava a ficar sufocante. Mas eu me manteria firme, quando eu voltasse, talvez eu conseguiria entender ou definir para mim o que eu deveria fazer em relação ao que a gente vivia, eu diria a ele o acontecia comigo, o que eu sentia, e depois se nescessario, eu iria embora, para sempre.

Passei os últimos dias com minha mãe em casa, ajudando ela. Estávamos no momento bom da nossa relação. Meu padrasto saia cedo para trabalhar, eu então a ajudava enquanto ela tinha dificuldade para andar.
O tempo passava rápido, comigo tendo que fazer tudo me casa. No final da segunda semana Monica me ligou novamente. Eu estava na sala vendo malhação, minha mãe estava dormindo no quarto dela.

- Oi amiga, to com saudades.
Mila: Eu tambem, quero voltar logo.
- Eu liguei pra te contar, ele voltou a me procurar. E olha, me surpreendi, ele veio perguntar claro se eu tinha falado com você.
Mila: Hum, e ai?
- Falei que sim, que tinha falado com você, mas que você não queria que eu desce o telefone.
Mila: E ele? - Perguntei entusiasmada.
- Ele falou "Porque? Porque?", assim mesmo duas vezes. Ai eu disse que você tinha os seus motivos. Ele ficou me olhando estranho, mas não disse mais nada. Se despediu e foi embora, ele tava com o Audi.
Mila: Ai caramba, o que será que ele ficou pensando. Cara, te juro, as vezes eu daria uma mão inteira para saber o que ele pensa, ele as vezes fica concentrado em umas coisas, parece que tem mil ideias passando pela cabeça dele, me deixa nervosa.
- Você acha que ele achou o que disso? Que você não quer mais saber dele?
Mila: Sei la, eu não faço ideia. Mas ele não suporta quando eu dou um gelo nele, diferente de quando eu fico com raiva, ele gosta de me ver esperneando de ódio, mas sendo fria com ele, é o fim, eu sei.
- Ai ai ai, olha eu queria conversar mais, mas minha mãe vai me matar se me pegar de novo no telefone ligando pro Brasil.

Um mês inteiro longe, tenho que admitir que aquele fogo, quando eu não pensava nele, me deixava quieta. Bom, distrações aqui não faltavam, eu tinha de fazer tudo em casa, porque minha mãe ainda estava de cama.
No final de semana, a tarde, meu padrasto me emprestou o notebook dele, fiquei na mesa da sala fuçando na internet. Eu odiava ficar olhando os sites da banda, mas dessa vez não resisti. Entrei em um blog somente para ver uma foto dele, haviam algumas, não muito recentes, porque a banda ainda estava reclusa na Alemanha, gravando o CD. Vi algumas noticias falando do atraso do CD, e pensei na minha possível culpa nisso.
Quando olhei para foto dele, fiquei imaginando tanta coisa, o que eu conhecia através daquela foto, daquele olhar, daquele sorriso. Deus eu era tão apaixonada por ele, que acho que qualquer um podia ver na minha testa, somente ele não conseguia ver, ou talvez, assim como eu, ele precisasse sempre de provas, de palavras, de tudo que mostrasse o quanto um era do outro.

Minhas férias passaram rápido, graças a Deus. Minha mãe não tocava no assunto de manter aqui com medo de discussões, eu estava achando muito estranho essa submissão dela em relação a mim, tudo que eu dizia ela na maioria concordava, se achava que ser boazinha me manteria aqui, estava muito enganada.
Em uma noite, em que ela já podia andar, nós jantamos todos na mesa da sala. Era aniversário do meu padrasto. Pedimos uma pizza, e um bolo de chocolate.

Cristina: Sabia que Mila arrumou um namorado, amor, la na Alemanha.
Eu quase engasguei com o pedaço de pizza, peguei meu copo de coca e tomei um gole tentando disfarçar.
Carlos: Mesmo? Ele é alemão mesmo?
Mila: Huuuum, é sim!
Cristina: Você não disse o nome dele.
Mila: Éééé...Tom. - Falei baixinho.
Cristina: Huuum, bonito nome, não é o mesmo nome daquele garoto daquela banda que você gosta?
Agora eu engasguei pra valer, o pedaço de pizza quase foi parar do outro lado da mesa, meu padrasto bateu nas minhas costas tentando me ajudar, eu fiquei vermelha de tanto tossir, novamente peguei meu copo de coca e o tomei inteiro.
Carlos: Ta melhor?
Mila: To..to sim.
Merda como ela lembrava disso? Eles voltaram a conversar esquecendo um pouco do assunto "namorado."
Eu fiquei pensando em ser bem chocante e despejar tudo logo, toda a história. "Ha sim mãe, não é somente o mesmo nome, é a mesma pessoa, a gente transa quase todas as noites no carro dele, sem camisinha, ele me engravidou tambem, bateu em uma fan por minha causa, a gente tem um relacionamento super aberto, ele trepa com quer e eu tambem, eu costumo chamar ele de desgraçado, e ele me chama de putinha, carinhoso né?

NÃO, melhor esquecer, e não entrar em detalhes sobre esse tal namoro, se não eu teria de inventar mais mentiras que politico em época de campanha.
Minha mãe estava mais leve, eu começava mesmo a ficar mais tranquila. Ela falava da Alemanha e me perguntava sobre o que fazia la, via o quanto eu gostava de la, e não colocava defeito em tudo que eu falava como antes.

Semana que vem eu estaria voltando para a Alemanha.

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