segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Notes Of A Heartbroken - Capítulo 16


— Responda! Que merda você está fazendo aqui, Thammy? – Ele gritou tirando o capuz e os óculos escuros.

Ele gritava, mas eu não conseguia responder. Meus olhos estavam fixos nele. Estava assustada com sua aparência. Seus cabelos estavam ressecados e desarrumados. Ele havia emagrecido, tinha olheiras e um pacotinho com um pó branco na mão. Pó branco? Era isso? Ele havia saído para comprar drogas! Bill estava de óculos escuros e capuz para não o reconhecerem. Mas eu acho que nem precisava de disfarce, já que sua aparência estava completamente diferente e acabada.

— Bill eu... – Não consegui completar a frase. Droga. Meus olhos não saiam do pacotinho que estava em sua mão. Ele percebeu e rapidamente o guardou o bolso de trás. Respirei fundo e tentei continuar. — Eu queria conversar com você.

Meu coração batia tão forte que chegava a doer. Eu não queria que ele usasse aquela porcaria. Ele ia acabar morrendo daquele jeito. Eu tinha que ajudá-lo.

— Mas eu não quero falar com você. – Ele disse rude, cuspindo as palavras na minha cara. — Vá embora daqui. – Gritou apontando para a porta.

Eu já estava querendo chorar. Ele não queria ao menos me ouvir.

— Por favor, Bill. – Funguei. — Eu quero fazer as pazes.

Eu usaria todo tipo de argumento possível. Ele precisava me ouvir.

— Mentira. – Ele ainda gritava, mas sua voz saiu embargada. — Você está feliz com sua bandinha e seu irmão-namorado. – Agora ele berrava e chorava ao mesmo tempo. — Você só veio por pena. Acha que eu sou um drogado, como todo mundo nessa casa acha. Eu não preciso de pena.

Me cortou o coração vê-lo naquele estado. Gritando feito um louco, com lágrimas escorrendo sem parar.

— Não é isso, Bill. – Disse me levantando e limpando minhas lágrimas. — Estou preocupada com você. E sinto sua falta. – Eu falei tentando me aproximar.

Eu andava devagar, enquanto mais lagrimas escorriam. O medo de ele me rejeitar era enorme, mas à vontade de abraçá-lo era maior.

— Eu quero que você me perdoe, Bill. – Disse, parando em sua frente. Eu estava preparada para sua rejeição, quando ele colocou sua mão em meu rosto.

— Eu sinto tanto sua falta, Thammy. – Ele passou seu dedão, limpando minhas lágrimas. — Penso em você toda hora.

Eu sorri e ameacei abraçá-lo. Fui com calma, afinal, ele ainda podia me rejeitar. Mas ele foi mais rápido que eu e me puxou para si. Coloquei minhas mãos em suas costas enquanto chorava como um bebê. Sabe aquele choro com barulho? Eu estava fazendo um escândalo e ainda molhando a blusa dele.
Mas pelo movimento de seu peito, Bill também chorava.

Enquanto eu o abraçava, lembrei do pacotinho no bolso da calça dele. Então, lentamente, eu comecei a puxar o plástico, que estava com uma ponta para fora e consegui pegá-lo. Até que minha mão leve teve alguma utilidade.

O plástico era pequeno, então o escondi na palma da mão e torci para que ele não percebesse.

Assim que nos separamos, abaixei a mão que estava com o pacote e a deixei um pouco atrás das costas, mas bem sutil. Nada muito na cara. Agora eu tinha que arrumar um jeito de fazê-lo sair do quarto ou de sair do quarto, para jogar aquilo fora.

— Olha sua cara de choro, Bill. – Dei uma risada. — Por quê você não toma um banho, enquanto eu peço pra Dona Lúcia fazer um lanche pra nós? – Foi a melhor coisa que eu pude pensar em tão pouco tempo.

— Você tem razão. – Ele disse enxugando as lágrimas e sorrindo.

Ele foi até o banheiro e fechou a porta. Rapidamente eu joguei todo o conteúdo do pacote pela janela e depois joguei o plástico também.

Eu estava com medo de que ele pudesse fazer algo comigo, mas isso era para o bem dele.

Respirei fundo, soltei o ar pela boca e fui em direção à cozinha.

— Dona Lúcia? – A chamei enquanto me encostava ao balcão.
— Sim, querida? – Ela respondeu.
— Você pode levar um lanche pra mim e para o Bill no quarto dele? – Perguntei sorrindo.
— Você vai fazer ele comer? Que ótimo, menina! Ele gosta muito de você mesmo, por quê todos nós tentamos fazer ele comer, mas é muito difícil. Vou fazer e daqui a pouco levo lá.
— Obrigada. – Sorri e saí da cozinha.

Encontrei com Tom na sala.

— Tá tudo bem? – Ele perguntou, visivelmente preocupado.
— Tá sim. – Respondi. — Ele me perdoou. – Disse com um sorriso enorme.
— Isso é bom. – Ele disse meio sarcástico, mas eu não ia me irritar com isso agora.
— Tenho que voltar, ele está me esperando. – Dei um beijo na sua bochecha e subi às escadas correndo.

— A Dona Lúcia disse que... – Falei chegando à porta do quarto, mas me assustei com a cena.

Bill estava revirando todo o quarto, provavelmente procurando a droga.

— Você pegou? – Ele berrou, se virando para mim. Eu não respondi. Estava apavorada demais para isso. — Responde sua piranha! Você pegou o pacote? – Ele me pegou pelo braço e me puxou mais para dentro do quarto.

Gemi pela força. Ia ficar marcado.

— Tá machucando, Bill. – Disse baixo enquanto fazia uma careta.
— Onde você colocou? – Não respondi. — Eu te perguntei onde você colocou! – Ele gritou de novo, me sacudindo.

Eu apenas o olhava assustada e já começava a chorar.

— Minha nossa, Bill! – Dona Lúcia chegou e deu um pulo ao ver ele me segurando.
— Vá embora daqui, Lúcia! – Ele gritou com ela também, ainda me segurando.

— Mas que porra tá... – Tom apareceu na porta e em menos de um segundo, puxou Bill pela gola da camisa. — Quem você pensa que é pra encostar nela, seu drogadinho?!

Então, Bill o empurrou com uma força incrível e Tom chocou as costas contra a parede. Mas logo desencostou e foi rapidamente em direção á Bill, e deu um soco.

Bill cambaleou para trás e estava com o nariz sangrando.

— TOM, PARA! – Eu gritei entrando na sua frente. Mas ele me colocou de lado e foi para cima de Bill novamente.

Eu, obviamente não conseguiria separá-los então, corri para a escada.

— Georg! Gustav! Bill e Tom estão brigando, ajudem! – Gritei do topo.

Então, sem demoras, os dois apareceram e subiram as escadas correndo. Georg na frente e Gustav atrás. Corri para o quarto e Georg já estava segurando Tom e Gustav o Bill.

— Vem, cara. – Georg puxou Tom e o levou para o quarto dele, eu fui junto.

— Por quê você bateu nele, Tom? Ele está doente. – Georg falava com Tom, que estava sentado na cama e tinha um corte na sobrancelha.
— Ele estava machucando a Thammy! Primeiro fica gritando o nome dela, depois a machuca. Qual é a dele?

Eu passei as mãos pelos cabelos. Era tudo culpa minha, os dois estavam machucados por minha culpa. Mas não me arrependo de ter jogado o pacote fora.

— Você está bem, Thammy? – Georg perguntou.
— Estou.
— Está nada, olha o seu braço. – Ele pegou meu braço e eu olhei também. Estava começando a ficar roxo.
— Que merda ele fez no seu braço? – Tom perguntou se levantando e vindo em nossa direção. Merda. Ele não precisava ver isso. — Filho da puta! – Ele gritou se virando para o quarto de Bill. — Eu devia matá-lo. – Ele ameaçou sair, mas Georg não deixou.
— Calma ae, cara. – Ele disse puxando Tom para trás.
— Calma? Ele a machucou, Georg! – Ele disse indignado.

Agora tudo tinha ficado pior. Os dois se odiando e vivendo na mesma casa. Isso não seria bom.

— Eu dei motivo para ele fazer isso. – Disse baixo e suspirei.
— O quê você fez? – Georg perguntou.
— Joguei o pacote de droga dele pela janela. – Olhei para ele. — Fiz mal?
— É claro que fez, Thammy! O quê você estava pensando? Ele podia te matar. – Georg me repreendeu.

Podiam falar o quê fosse, eu não me arrependia.

— Aquela merda vai matá-lo, eu não me arrependo. – Disse decidida.

Tom não disse nada, apenas se sentou novamente. Georg foi até o quarto de Bill, para ver se estava tudo bem.

Abri um armário em busca de uma mala de primeiros socorros. O peguei e fui cuidar do machucado de Tom. Fiz tudo sem dizer uma palavra, Tom também não se manifestou. Acho que foi melhor assim.

Assim que eu acabei, guardei a mala novamente e fui em direção à porta.

— Onde você vai? – Ele perguntou se erguendo um pouco.
— Vou ver o Bill.

Postado por: Grasiele

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Arquivos do Blog