sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Provador - Capítulo 1 - Terapia Particular


Entrevistador: Qual foi o lugar mais inucitado onde você fez amor?

Bill: Hmm... Na cabine de um provador de roupas.
(Entrevista real)


“Me desculpe, a banda tem ensaio hoje.”

Ele que ficasse com aquele maldito ensaio. Pouco me importa o fato de meu namorado passar mais tempo com outros três garotos do que comigo.

Só queria ter trinta minutos do “precioso” tempo dele, só. Já seria o suficiente para, pelo menos, acalmar esse aperto no meu coração causado pela indesejável saudade.

Era inexplicável como ele me fazia falta. Tão inexplicável como a rotineira falta de tempo dele.

Aquela banda era tudo pra ele. Chegava a me causar ciúmes. Mas é um sonho dele sendo realizado, e isso me faz feliz. Ver ele feliz me traz total felicidade. Ver ele, principalmente.

Sentia falta do cheiro dele, do cabelo fora do comum, dos olhos castanhos nos meus, das palavras bonitas que ele me dizia, das manias irritantes, do seu jeito arrogante e um tanto egoísta... Sentia falta de Bill!

Mas não me restava alternativa a não ser me conformar com a ausência da pessoa mais importante do meu mundo. Meu mundo girava em torno dele, e agora tudo parecia tão monótono e parado.

Está bem, eu esperaria por Bill nem que isso durasse uma eternidade. Uma hora ele vai ter que matar o que está me matando. Saudade...

Entediada e melancólica, vesti um moletom e tênis velhos, cacei as chaves do carro, e sai, em busca da minha melhor terapia particular: compras!

Nada como sapatos e vestidos novos para levantar o astral de uma mulher.

Não precisei dirigir muito para chegar a meu destino final. O shopping mais próximo.

Desliguei o carro e comecei a fazer minha caminhada pelos corredores repletos de lojas famosas.

Uma loja em especial chamou minha atenção, mas entrar nela não foi uma boa escolha. Uma loja de CDs! Música com certeza não faria eu me sentir melhor.

Como eu disse, não fez.

Um pôster em uma das paredes da loja trazia estampado nele quatro meninos de estilo incomparável. O moreno mais alto, e, como era de se esperar, o que chamou mais minha atenção, apontava com uma das mãos para a outra que segurava um CD. Acima dos quatro, escrito em letras legíveis e acompanhado de um símbolo que eu bem conhecia, se lia: Tokio Hotel!

Ter um namorado famoso é deprimente às vezes.

Mas Bill não é qualquer famoso.

Sai cabisbaixa da loja, e me dirigi - sem prestar atenção em mais nada - a minha loja de vestidos favorita.

Uma das atendentes me deu o seu cartão e, enfim, me deixou livre para escolher os modelos de vestidos de minha escolha.

– Preto? – murmurei enquanto examinava um vestido – Preto me lembra a maquiagem que...

Interrompi meus próprios pensamentos, balancei a cabeça tentando voltá-los as compras.

Larguei o vestido preto e me voltei para outro.

– Marrom? - questionei a mim mesma segurando um belo vestido trapézio – Rá! Os olhos de...

Senti vontade de dar um tapa no meu próprio rosto. Mas me controlei. Normalidade, sempre! Pelo menos em publico...

– Vermelho? Essa cor me lembra aquela jaqueta que ele...

Tudo bem. Isso já está se tornando ridículo!

Sem paciência para minhas próprias frescuras, tomei os três vestidos – o preto, o marrom e o vermelho – e marchei pra dentro de um dos provadores de roupas vazio.

Já estava tirando o meu moletom, me encontrava apenas de lingerie, para provar um dos vestidos quando me dei conta de que não havia espelhos no provador. Provavelmente os espelhos ficavam do lado de fora, de modo que os acompanhantes das clientes também vissem o modelo experimentando. Mas esse não era o meu caso.

– Um provador sem espelho? – resmunguei – Mas que...

De repente, a porta do minúsculo provador foi aberta. Me preparei para gritar e me cobrir desesperadamente, mas os olhos castanhos conhecidos e o sorriso infantil e arteiro me tranqüilizaram como uma pílula calmante.

Ele fechou a porta atrás de si depois de se apertar no provador. Então me tomou nos braços, encostando de maneira maliciosa minha boca na dele, num beijo conturbado. Enterrei meus dedos no cabelo negro e desgrenhado, retribuindo o beijo com o mesmo desejo incontrolável.

Consegui dar um tempo no beijo para tomar o ar que já me faltava, ele não perdeu tempo e desceu os lábios avermelhados para meu pescoço.

– Bill! Aqui? Ficou louco? – o repreendi, tentando afastá-lo o máximo que pude, mas a cabine era minúscula demais.

– Se eu fiquei? – ele questionou, rindo irônico – Aqui, sim. Agora, sim!

– Seu ensaio? – perguntei, quase que cedendo.

– Larguei por você. Então te segui até aqui. – Bill respondeu me envolvendo em seus braços – Estou mais preocupado em ensai... Ou melhor, botar em prática, outra coisa no momento.

Eu retribui o sorriso malicioso e senti o piercing da língua dele invadindo a minha boca com voracidade.

Retribui o beijo em quanto lhe arrancava a jaqueta de couro. Ah, essas roupas juntas do Bill são um tanto inconvenientes às vezes. Mas nada que uns puxões não resolvam.

As unhas cumpridas saíram do meio de minhas coxas para o fecho de meu sutiã.

– Senti sua falta... – ele sussurrou no meu ouvindo enquanto me tirava a peça indesejável de roupa intima.

– Igualmente! – sorri finalmente conseguindo lhe tirar a camisa.

Com uma risada infantil, Bill percorreu com os dedos longos o caminho do meio dos meus seios até a minha ultima peça de roupa, baixando-a devagar.

Segurei os ombros dele, o levantando de volta para meus lábios. Durante o beijo turbulento eu lhe desapertei o botão da calça. Deslizei minha mão para dentro da mesma sentindo a peça intima já úmida.

Bill olhou pra mim de um modo provocativo, a sobrancelha do piercing negro arqueada perfeitamente e unicamente.

Deixei que a calça caísse no chão enquanto eu descia sua peça intima de modo lento, o provocando como um castigo.

Deslizei a mão sobre o membro ereto e beijei com delicadeza a parte interna da coxa de Bill. Deliciei-me com os roucos sons que escapavam de sua garganta.

Voltei a beijá-lo, o fazendo sentir seu próprio gosto na minha boca.

Bill explorou meu colo nu com a boca, conseguindo me arrancar gemidos abafados.

Mordi a palma de minha própria mão para não começar a gritar descontroladamente. Mas não creio ter conseguido sucesso quanto a isso.

Ele mordeu com delicadeza aquela parte tão sensível do meu corpo, e cravou uma de suas unhas cumpridas em minhas costas, descendo-a devagar, deixando um arranhão avermelhado na região. Uma descarga elétrica percorreu minha espinha, me fazendo arquear o corpo.

Percebi, enquanto ele me apertava mais em seu corpo, que ambos já não estávamos nada pacientes para prolongar ainda mais aquilo.

Bill sempre foi impaciente, seja qual fosse o assunto.

Finalmente, senti ele me completar, me penetrando de vagar. O abracei, com os braços e as pernas beijando seu rosto.

Aos poucos o ato se intensificou, de acordo com o desejo de cada um de nos.

Era bom ser completada por ele. Eu sentia como se fossemos partes de um elo, que não se completa se faltar uma delas...

Bill me beijou, dessa vez calmo e cúmplice, cheio de amor e paixão.

A minúscula cabine pareceu ainda menor perto do que eu sentia por ele. A saudade perturbadora de antes, finalmente cessou, dando lugar a alegria de tê-lo tão perto.

Bill buscou pela minha mão, entrelaçando seus dedos longos nos meus, pousou os lábios no meu rosto delicadamente, a respiração de ambos descompassada.

Quando nossos corpos já clamavam por descanso imediato, batidas insistentes foram ouvidas do lado de fora da cabine – aparentemente, nossos gemidos contidos não foram tão discretos quanto nos pareceu – e então, nos chegamos ao ápice juntos.

Bill me abraçou com carinho e depois saiu de dentro de mim com cuidado. Nossos corpos suados pareceram protestar ao se separarem. Parecíamos estar grudados um no outro.

Nos sentamos um do lado do outro no chão frio - que mais pareceu ferver com o contado dos corpos quentes -, rindo das batidas e perguntas recheadas de preocupação vindas do lado de fora.

– Ich liebe dich... – ele sussurrou no meu ouvido antes de beijar minha testa e se levantar, começando a se vestir.

Bill se trocou de modo rápido, e se preparou para ir embora. Não antes de encontrar nossos lábios novamente.

– É melhor eu ir antes que derrubem essa porta. – ele falou abrindo a porta, comecei a me trocar também – Te espero lá fora.

Então ele saiu, fechando a porta novamente.

– O que o se... – pude ouvir a atendente começar a fazer a pergunta, espantada com a saída de Bill do compartimento.

– Olá. – ele respondeu sorrindo.

Fez-se silêncio novamente. Fiquei imaginando a cara de “abobalhada” da atendente enquanto o dono dos cabelos anormais sai, despreocupado da loja.

Voltaram a bater na porta, de modo ainda mais impaciente.

Terminei de me vestir e sai da cabine, o sorriso de satisfação estampado no rosto.

– A senhora está bem? Eu ouvi... – a atendente parecia mesmo preocupada, mas acredito que ela não era nenhuma tola.

Sua expressão de surpresa mudou para a de compreensão, provavelmente quando seus olhos viram o suor escorrer do meu rosto.

– Vai levar algum desses? – ela perguntou, o tom de voz voltando ao normal, apontando para os vestidos no chão da cabine.

Eu sorri descontraidamente, começando a me dirigir a porta de saída da loja.

– Acho que não. Já consegui o que queria.

Acho que estava enganada quanto à melhor terapia particular que alguém pode ter.

Postado por: Grasiele | Fonte

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