sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Maybe Tomorrow - Capítulo 14 - Rolling in the deep


Louise’s POV


–É melhor você voltar pro seu quarto, a Julia deve chegar.
–Ela ainda vai demorar. Eu posso te encontrar amanhã de novo aqui?
–E minha prima?
–Não vamos falar disso agora, vamos pensar em nós dois.
–Tudo bem. – ele me deu um último beijo antes de vestir sua roupa e sair do quarto.

Fui para o chuveiro e liguei a água bem quente, não deveria, pois faz mal a minha pele e eu preciso dela para trabalhar, mas o momento pedia. Pensei no que havia acabado de acontecer. Não sei o que me acontece no momento, parece que toda minha sanidade vai embora quando ele chega perto de mim. Eu não deveria ter feito de novo. Errar é humano, persistir no erro é burrice. Eu estava sendo o ser mais burro do planeta. Quem eu quero enganar? Eu sei que ele me usa, e não sei porquê insisto em pensar que ele realmente gosta de mim. Não me perdoei por ter caído nos braços dele novamente. Encostei-me na parede e fui perdendo as forças, fui escorregando até me sentar no chão e chorar. Chorar não é solução, mas espanta as mágoas. No meu caso não espantaria, mas eu precisava colocar aquilo tudo pra fora.

Saí do banho e me joguei na cama, não quis comer, não queria fazer nada, só queria continuar ali, semeando a minha dor. Até quando, meu Deus, até quando?
A porta se abriu e Julia estava ali sorridente com um prato de ‘Froot Loops’* e um pouco de leite.

–Trouxe pra você. Ah Lou, você tem me preocupado muito. Antes nós conversávamos e nos divertíamos como não tivesse amanhã. Se lembra quando a gente foi à um jogo de futebol do Klaus lá em Bingen mesmo e ficamos com um amigo dele no mesmo dia!?
–Aquele dia foi super engraçado, depois ele ficou todo puto. Sinto muitas saudades da minha mãe e do meu irmão.
–Por que você não vai lá e passa uma semana com eles?
–Não dá, depois desse contrato com a Ford, não faço mais nada da minha vida a não ser fotos e desfiles, eles estão querendo me mandar pra Paris para um concurso da Wella. Mas eu não quero ir. Não tenho mais vontade nenhuma de nada.
–Acho que você ta em depressão. Por que não conversa com Patty? Ela fala com seu pai e...
–Não Ju, não quero preocupar ninguém. – disse interrompendo Julia. – Aliás, a Patty ta cada dia mais louca e segundo os médicos, William vai nascer semana que vem, então não quero!
–Tudo bem, quando você se sentir melhor, me chame pra conversar, eu só não quero ver minha melhor amiga assim, você sabe que eu te amo e quero seu melhor. – Julia disse arrancando meu coração. Eu queria que ela me odiasse, mas nunca vai conseguir, tem um coração enorme.
–Eu também te amo. – e a abracei.


Julia’s POV



Três meses depois:


O clima nesta casa está estranho, parece carregado, isto tudo me preocupa. Bill parece sempre triste, cabisbaixo, claro, ainda fala alto, é agitado, um pouco egoísta mas isso é da personalidade dele, sempre vai ser assim, independente do humor. Já Tom é o mesmo de sempre, sempre jogando piadinhas, sarcástico, não tanto quanto eu, mais ainda sarcástico e gentil, muito gentil, isso acaba me irritando ás vezes, pois parece que ele anda aprontando, mas essa gentileza dele, essa facilidade de levar as pessoas na conversa dele, me cega e não consigo ver além. Eu sei que isso acontece, tenho consciência, mas o amor, é o sentimento mais idiota que existe, eu reconheço que depois que conheci Tom, fiquei muito mais boba. Qualquer gesto mínimo dele me deixa com ar de apaixonada. São pequenas coisas como: me pegar na faculdade e olhar feio para os meninos que conversam comigo; falar com as minhas amigas o quanto ele é sortudo por ter alguém como eu ao seu lado; escrever cartas e pedir pra eu não mostrar nunca para ninguém já que ele não quer deixar sua fama de durão; me entregar bombom na faculdade no dia dos namorados; mandar fazer pra mim um ornitorrinco de pelúcia no meu aniversário, já que este é meu animal favorito e nunca se encontra nada de pelúcia dele. Todas essas coisas me provam que ele gosta de mim, mesmo desconfiando um pouco dele.

Louise anda a mesma coisa, não fala com ninguém, chega em casa à noite depois do trabalho, passa o fim de semana fora e quando vai pra casa volta bêbada e dorme o dia seguinte inteiro, está mais magra que o normal e não conversa mais com Bill como antes. Eu os via todos os dias na beira da piscina e hoje em dia é raro eu os ver conversando até dentro de casa. Bill me disse que não aconteceu nada e só desconfia que Louise está em depressão.


Era uma terça feira à noite, eu estava me preparando pra dormir depois de uma cansativa aula de laboratório. Eu amava a faculdade, amava o que estudava, mas era tudo muito cansativo. Na noite anterior eu havia virado a noite estudando para a prova de biofísica e fazendo trabalho de artrópodes. Eu estava cansada e fui dormir cedo. Tom dormia no mesmo quarto que eu e dividíamos uma cama de casal. Patty no início foi contra, mas ela admitiu pra ela mesmo que já namorávamos há muito tempo e mesmo que ela nos impedisse faríamos ‘coisas de adulto’, como ela dizia, então ela liberou o quarto juntos. Tom adorou, no início ele achava que a vida era sexo, mas depois ele acabou se acostumando com a minha rotina de ter que estudar de madrugada, já que minha faculdade era integral.

Era umas três da manhã e eu jurava que nada me acordaria, meu sono foi sempre muito pesado, porém o choro de William desesperado por leite, mesmo sendo alimentado o dia todo, me acordou. Eu praguejei até a quinta geração de qualquer um mas depois me lembrei que Will tinha um pouco mais que dois meses, então aproveitei para beber água e finalmente o choro dele cessou.

Fui até o mini frezer que tinha no final do corredor e ouvi alguns gemidos, alguns agudos provavelmente vindo de Louise e outros mais graves, parecendo familiares. Não devia ser de Bill, mesmo ele sendo escandaloso, ele teria cautela, mas para me certificar, fui ao quarto dele, abri a porta devagar e vi o mesmo em sono profundo, voltei ao meu quarto e me dei conta de que Tom não estava dormindo. Quando acordo, fico meio lesada, logo demoro um pouco a raciocinar as coisas. Pensei em voltar a dormir, mas minha curiosidade falou mais alto. E se fosse Tom no quarto de Louise? Não era, claro que não. Louise nunca faria isso comigo. Ainda sou curiosa, preciso me certificar que isso é apenas um engano.

Voltei ao final do corredor e ouvi um gemido de Louise e o nome de Tom saindo da boca dela. Aquilo era apenas uma piadinha de mal gosto. Ou um pesadelo. Abri a porta de fininho, e por mais estranho que fosse, ela não estava trancada e vi o que mais temi naqueles últimos minutos: Tom estava beijando Louise, e não apenas beijando. Os dois estavam transando.

Postado por: Grasiele

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