sábado, 24 de novembro de 2012

Taxi - Capítulo 7 - Vida Nova


Marianne Marchi

Eu havia perdido Bill naquele instante. Eu o vi me dar às costas assim como eu fiz com ele.
Nunca imaginei que eu tivesse o feito sofrer tanto. Quando o beijei naquela noite, tive medo de enganá-lo ainda mais, mais do que eu já havia enganado. Fiquei com medo de ter confundido todos os sentimentos presentes em mim. E minha única saída foi ter voltado com Alex.
Mas assim que o beijei, tive nojo de mim mesma, e eu percebi o quanto eu amava Bill. Mas percebi tarde demais. Eu deveria ter escutado a primeira mensagem e ter ido atrás dele, e não tê-lo ignorado.
Eu chorei tanto quando ele disse que nunca mais me ligaria. Tentei voltar a amar Alex, mas obviamente não consegui. O loiro era indiferente para mim, eu só queria Bill.
Mas agora eu não tenho nenhum dos dois. Nem o que eu odeio e nem o que eu amo com todo o meu coração.
Vi as portas se fecharem e peguei um táxi até meu apartamento.
Bill, obviamente, encontraria uma europeia melhor do que eu. Uma inglesa completamente elegante e gentil, que nunca o faria sofrer.
Ele merece ser o homem mais feliz do mundo, e por mais que eu esteja triste, nada vai importar, afinal, o homem que eu amo vai estar feliz.
Pelo menos era para ser dessa forma. Eu teria que ficar feliz por ele, mesmo querendo acabar com qualquer fulaninha que resolvesse se envolver com Bill.
Voltei para casa lamentando-me por ser completamente fraca e estúpida. Bati a porta forte e me odiei por nunca tê-lo beijado em minha sala de estar. Pelo menos eu teria boas lembranças.
Passei meu olhar mais uma vez pela sala vazia. Aquilo lá já não tinha graça sem ele.
Sequei minhas lágrimas e me deitei no sofá depois de apertar a secretária eletrônica.
– Você possui duas novas mensagens. Primeira nova mensagem: Oi, é a Marianne, certamente não estou em casa, então deixe seu recado, beijinhos... Mary, é a mamãe, quando você chegar me ligue, consegui aquela receita daquele bolo de chocolate que você queria. Até mais, amo você.” – o pip ecoou pela sala invadida pelo sol – Segunda nova mensagem: “Oi, é a Marianne, certamente não estou em casa, então deixe seu recado, beijinhos... Mary? – olhei para o telefone Mary, sou eu. - me sentei rápido no sofá não acreditando– Eu sinto muito. – arrepios passavam pela minha nuca, era ele. – Estou sentado na poltrona e eu nem consegui dizer que eu também te amo. – pausa – Você chegou tão de repente, eu nunca imaginei te ver outra vez. Eu não sabia o que fazer, e agora eu não paro de pensar em quantas coisas eu queria te falar. – sua voz está embargada - E eu sei que você faria valer a pena se eu continuasse aqui. – há um silêncio – Eu me sinto péssimo por não ter te dito que te desculpo, porque eu também errei quando não disse o que sentia por você. – coloco a mão na boca para os soluços não atrapalharem a mensagem – Eu sou apaixonado por você e queria poder sair desse avião agora pra sentir o seu cheiro. – ele respira fundo e eu também.
– Porque você não sai? – choro segurando o telefone nas mãos – Me perdoa...
O que eu estou fazendo?
Você precisa desligar, vamos dar início ao voo. – ouço alguém pedir atrás da voz de Bill.
Não! – ele fala abruptamente e não consigo escutar mais nada por algum tempo. Não?, penso com a respiração já ofegante – Eu preciso sair!
Fico ereta e meus olhos crescem.
– O que? – grito, histérica.
Você precisa sentar! – pede outra vez.
Eu quero sair, eu preciso sair desse avião!
Se sente, por favor!
Não! – grita.
Eu estava parada em pé com o telefone em mãos, sem reação.
Senhor, o avião vai decolar, se sente, por favor.
Não dá! – ele repetia sem parar.
Sente-se!
– Não! – gritei junto a Bill. – O deixe sair do avião!
Sente-se, por favor!
– Você não entende, eu preciso sair!
– O avião está prestes a decolar, é para sua segurança, sente-se!
Não! Deixe ele sair! Deixa o Bill sair!
– Eu amo alg...
Escuto o pip encerrando a ligação.
Nenhuma nova mensagem.
– O que? Como é? Não! – seguro firme o telefone com as duas mãos. Estava apavorada - Ele saiu do avião? – gritei para o telefone – Meu Deus, ele conseguiu sair? Ele saiu...?
– Eu saí do avião. – escutei uma voz atrás de mim e me virei rápido.
Lá estava ele com a cópia de minha chave nas mãos.
– Bill! – sorri e fui até o seu encontro – Eu te dou o céu, a lua, meu coração, eu te dou tudo!
Ele sorriu de canto e me olhou.
– Eu só quero você. – se aproximou e me envolveu no melhor beijo de minha vida.

Bill Kaulitz

Depois de fazer o melhor sexo da história, Marianne pediu transferência de universidade e fomos morar juntos em Londres. Estou em um emprego ótimo em um dos jornais mais importantes da Europa, enquanto ela está terminando a faculdade de cinema.
Gustav, Tom e Georg vão vir no próximo fim de semana para nos visitar. Disseram que estão loucos para fazer uma daquelas reuniões que fazíamos antigamente, mas que dessa vez ia ser diferente já que o apartamento seria maior. Bem maior.
Estou terminando de me arrumar para encontrar Mary perto da Tower Clock. Hoje vamos comemorar o sucesso da minha nova coluna no jornal. Ela disse que precisava fazer algo antes de jantar comigo e pediu para só encontrá-la lá.
Junto à carteira de cigarros e meu celular da bancada, coloco-os no bolso e pego o carro rumo ao Big Ben. Quando chego, estaciono em uma das ruelas e disco seu número.
– Onde você está? – pergunto olhando para os lados e saindo do carro.
Já estou chegando, estou te vendo. Não se mova! – solta uma risada e desliga.
A rua está um caos. É sexta-feira e os restaurantes estão lotados, fiz reserva em um dos melhores da cidade. O que ela sempre passa em frente e diz que seria ótimo um dia nós dois irmos jantar lá.
Ligo o alarme do carro e passo os olhos pela rua. Um táxi amarelo pára do outro lado da calçada e eu forço os olhos.
Como se estivesse voltando ao passado: vejo Marianne sair de lá com um embrulho em mãos. Com a saia escura mostrando suas pernas e um sorriso lindo no rosto.
Entretanto, como em um jogo de ironia da vida, a mulher que caminha sedutoramente, como uma estátua do céu, pela rua, está vindo em minha direção e não irá desviar.
– Você está linda! – digo assim que ela me abraça.
– E você está fantástico! – sussurra depois de me dar um beijo – Te trouxe um presente!
Olho o embrulho em suas mãos e franzo a testa.
– O que é?
– Não encontrei as trufas do Phill’s por aqui. – ergue os ombros como lamentação – E nem queria, na verdade. Estive pensando: porque não renovar meus mimos para ele? – curva uma das sobrancelhas – E então encontrei os cup cakes da Stacy! – sorri animada e vitoriosa.
Solto uma risada pegando o embrulho de suas mãos. Olho-a e a envolvo em um abraço.
– Você é a mulher da minha vida. – falo ainda a olhando.
Mary joga a cabeça para um lado e depois me olha com um sorriso maroto no rosto.
– Eu sei disso. – pisca e me beija.
Quando a vida lhe dá oportunidade de enriquecê-la com um amor, não ignore. A oportunidade pode se tornar sua salvação, não para todos os seus problemas, mas para o seu coração.
Marianne se tornou minha salvação. De todos os jeitos.

Postado por: Grasiele | Fonte

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Arquivos do Blog