sábado, 3 de dezembro de 2011

Wenn Nichts Mehr Geht - Capítulo 31 - A dona de casa

Depois de comermos o que conseguimos “salvar” da pizza, ficamos por horas assistindo televisão. Bill assim como eu, adorava seriados, e como estávamos sem sono, conversamos sobre todos os que já havíamos visto e sobre os desenhos que adorávamos enquanto éramos crianças. Através da nossa longa conversa, percebi que tínhamos mais coisas em comum do que eu imaginava.
Ele era uma ótima companhia, capaz de levantar o astral de qualquer um. Enquanto o olhava  falar animadamente sobre os seus personagens favoritos, eu pensava na sorte que eu tinha de ter um homem daqueles ao meu lado, não seria nenhuma tortura eu me apaixonar por ele, muito pelo contrário, era uma das coisas mais fáceis e gratificantes  do mundo. O valor, o respeito e principalmente o amor que ele tinha por mim, aumentava minha auto-confiança, me fazia perceber que eu tinha que me valorizar. A liberdade e as mudanças que eu tanto procurava, foram alcançadas, porém quando Tom me magoou daquela forma, eu passei a me desvalorizar, ele havia me colocado tão pra baixo que eu já começava a pensar que não poderia mais sair do fundo do abismo em que me encontrava. Mas com Bill era diferente, cada momento que eu passava ao seu lado era inesquecível, não por acontecer algo de extraordinário a cada instante, mas porque Bill era especial e fazia com que todos a sua volta se sentissem assim também.

– Camila, você está dormindo de olhos abertos é?
– Oi?
– Você não escutou nada do que eu estava dizendo, não é mesmo?
– Desculpa, acho que estou ficando com sono – disse rindo, meio que sem jeito.
– Ta bom amor,boa noite. Eu vou continuar vendo TV, ok? – disse Bill me dando um beijo.

No dia seguinte acordei um pouco enjoada, Bill não queria que eu fosse trabalhar, mas agora mais do que nunca eu precisava daquele dinheiro, eu não poderia deixar de forma alguma que ele saísse da banda, caso isso acontecesse eu nunca me perdoaria. Eu via em seus olhos a felicidade que Bill tinha em cantar, em estar no palco, aquilo era a vida dele. E eu não poderia estragar tudo, eu não tinha esse direito.
Então me esforcei o máximo que pude para fingir estar bem diante dele, e fui ao banheiro me trocar. Ao procurar por alguma roupa na mochila que Bill trouxe de minha casa, notei que ele havia pegado minhas piores roupas.

– Bill! Como é que eu vou trabalhar? Você só trouxe casacos, e blusas velhas! – disse enquanto esvaziava a mochila.
– Ai Camila eu estava com tanta raiva que nem vi que roupas estava pegando, eu só fui enfiando tudo aí dentro.
– E agora?
– Bom eu posso te emprestar uma blusa minha. Eu acho que dá em você!
– Sério?!
– Dê graças a Deus por eu ter um bom gosto e esse corpo esbelto!
– Mas, por favor, nada de caveiras, senão a minha patroa vai ter um treco!
– Você cuida de uma velhinha, né?
– É,ainda bem que lá eu não me canso muito.
– Toma, veste essa. – disse Bill me dando uma blusa preta.
– Isso cabe em você? Parece tão pequena...
– Mas é claro que sim! Daqui a pouco não vai caber é em você Camila.
– Eu sei disso, mas eu não quero ir na casa dos meus pais buscar as minhas coisas.
– Ta com medo deles?
– Da minha mãe não, mas do meu pai...
– Quando eu voltar do ensaio eu passo lá.
– Mas Bill e se ele falar alguma coisa?
– Falar ele vai, só resta saber se eu vou ouvir.
– Bill... olha lá o que você vai me aprontar!
– Eu não vou fazer nada demais Camila. Só que desaforo eu também não aceito.
– Ai Bill, se cuida então. Eu vou trabalhar e depois vou passar no mercado.
– Ta amor, bom trabalho. Deixa o celular ligado, ta? E qualquer coisa me liga!

   Durante o dia o meu enjôo foi passando, eu não queria contar assim tão cedo para minha patroa que eu estava grávida, talvez ela não gostasse. Porém ela acabou percebendo que havia algo diferente em mim o que me fez ter que lhe contar tudo, quase tudo.
Ao contrário do que eu imaginava, ela reagiu muito bem, prometeu até fazer algumas roupinhas para o enxoval do bebê.
No entanto uma pergunta mexeu comigo, ela gostaria de saber de quanto tempo eu estava grávida.
Eu não sabia ao certo o número de semanas da minha gravidez, mas uma coisa eu sabia, havia uma pequena diferença entre o período em que eu fiquei com o Tom desde a minha primeira transa com o Bill. Parei um pouco pra pensar tentando fazer as contas, cheguei a conclusão que a diferença era de aproximadamente um mês e meio.
No começo da gravidez esse tempo não faria muita diferença,mas e quando chegasse o parto, o que é que eu iria fazer?
Quando se passasse os nove meses, e o bebê estivesse completamente formado ele talvez fosse grande e não se parecesse com uma criança nascida antes da época. Além disso, os médicos poderiam dizer ao Bill a data exata da minha gravidez. Então a minha única salvação seria impedir que Bill fosse comigo às consultas médicas importantes, o que seria difícil pois ele era tão dedicado e atencioso.
Eu estava perdida, eu não fazia idéia de como solucionar aquele problema. Bill não poderia sequer desconfiar que aquele filho não era dele.
Passei o dia pensando em algo que pudesse salvar a mim e ao meu filho, foi quando lembrei de algo que pudesse me ajudar, os ensaios da banda.
Eu teria que marcar as consultas no mesmo dia e horário dos ensaios e shows da banda, também tinha o fato de que Bill, assim como a maioria das pessoas, odiava hospitais. Eu poderia usar isso como desculpa, e só aceitar a companhia dele nas consultas que eu tivesse certeza que não aconteceria nada demais, como por exemplo, as palestras chatas sobre amamentação, cuidados com o recém-nascido, etc.
Assim que sai do trabalho fui ao mercado. Era uma experiência nova para mim, eu não estava fazendo compras a pedido de minha mãe, e sim compras para a minha casa! Eu não me imaginava tão cedo fazendo aquilo.
Coração de alcatra e alcatra é a mesma coisa? Eu não sabia, tive que enfrentar a vergonha e como quem não quer nada perguntei a senhora ao meu lado, que me informou, que a primeira não tinha a carne muito macia que seria melhor eu comprar a outra que apesar de mais cara, era mais macia e saborosa.
Fiquei um pouco perdida naquele supermercado, afinal eu estava fazendo as compras do mês! Me senti um completa dona de casa, e lembrei que eu não dava tanto valor as coisas que minha mãe fazia, o que era um erro.
Após enfrentar uma fila imensa, e me atrapalhar toda para pôr as compras nas sacolas de plástico, peguei um táxi para voltar para o meu mais novo lar. Enquanto eu pensava nas dificuldades da minha nova vida e se Bill já teria ido á casa de meus pais, meu celular toca. Era Giselle.

– Alô.
– Camila, eu acabei de ligar pra sua casa e sua mãe me disse que você tinha se mudado! Menina me conta o que houve!
– Oi, tudo bem com você? – disse com sarcasmo.
– Ai, Camila, vem pra minha casa logo e me conta esse babado!
– Não vai dar não, to acabando de chegar na minha casa.
– Então me passa o endereço que eu vou correndo pra aí!

Dei o endereço para Giselle, e enquanto esperava sua chegada guardava as compras para que logo em seguida pudesse começar a arrumar a bagunça que estava aquela casa.

Ao chegar Giselle mal me cumprimentou, foi direto ao assunto.

– De quem é essa casa?
– Bill.
– Bill? Como assim?
– Eu disse aos meus pais que eu estava grávida, então meu pai me expulsou de casa.
– Já era de se esperar que o seu Paulo fizesse isso, mas porque você veio pra casa do Bill e não doTom?
– Porque eu disse ao Bill que o filho era dele.
– Você está maluca? Se esse cara descobrir, vai querer te matar!
– O Bill não é assim!
– Camila nenhum homem iria aceitar uma situação dessas! Escuta o que eu te digo, tira essa criança!
– Não!!!
– O aborto é a melhor saída, é a solução de todos os seus problemas, daí você pode dizer que foi espontâneo! Sua vida voltará a ser o que era antes! E se esse cara te der um pé na bunda?
– Eu não vou fazer isso! Eu vou ter esse bebê, custe o que custar! E o Bill, o pai do meu filho, está do meu lado!
– Você e eu sabemos que esse filho é do Tom!
– Tom nunca saberá disso, nunca! O pai do meu filho é o Bill e ponto final.
– Camila eu sei de um lugar que faz aborto e é barato! Aborta essa criança Camila! – gritou Giselle.

Nesse momento Bill entra pela porta, a tempo de ouvir as últimas palavras ditas por Giselle. Nossas faces perderam a cor, quando percebemos que ele havia chegado.
Bill no primeiro momento pareceu meio assustado, confuso, mas logo depois foi tomado pela fúria. Eu ainda não tinha visto Bill naquele estado.
Ele segurou forte o braço de Giselle, e com raiva gritou:

– O que você pensa que está fazendo? Como você manda ela abortar?
– Eu só dei a minha opinião! E pra mim essa é a melhor opção!
– Você sabe quais são os riscos desse ato tão monstruoso?
– Isso não vai acontecer com a Camila! A mulher me disse que até hoje não teve nenhum problema nos abortos que ela fez!
– Então quando você der cria, você aborta! Mas vê se não se mete com o meu filho!
– Eu só queria ajudar!
– Desse jeito você só atrapalha! Isso lá é conselho pra se dar a alguém?!
– Desculpa cara, desculpa....Agora vê se me larga!

Bill então soltou o braço de Giselle, que com raiva se despediu de mim.

– Tchau Camila, eu só queria te ajudar.
– Eu sei que você quer o melhor para mim, Gi. Tchau, depois a gente se fala.
– Mas pensa no que eu te disse, pensa...

Postado Por: Grasiele

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