sábado, 3 de dezembro de 2011

Wenn Nichts Mehr Geht - Capítulo 38 - O noivo pode beijar a noiva?

Talvez eu pudesse me arrepender depois, de ter ido falar com Tom, mas era melhor que ele me falasse o que queria, ali a sós do que na hora do casamento, na frente de todos.
Então muito apreensiva me posicionei a sua frente, o medo dominava o meu corpo, parecendo que era a única coisa que corria em minhas veias.

– Você está linda. – disse Tom se aproximando, e logo em seguida segurando minha mão.
– Não toque em mim! O que você quer?!
– Só vim pra te impedir de cometer a maior besteira da sua vida. Vim te salvar, te salvar de você mesma.
– Do que você está falando?
– Nós dois sabemos que você ainda me ama, que não me esqueceu, então pra quê magoar o Bill? Acaba logo com essa palhaçada.
– Palhaçada? É o meu casamento!
– Você não pode se casar! – disse Tom furiosamente.
– Se você queria apenas dizer isso, então eu vim até aqui à toa, porque eu vou me casar!
– Pára com isso Camila, pára! A quem você está querendo enganar?
– A quem VOCÊ está querendo enganar, Tom? Se for a mim, não irá adiantar.
– Camila não é possível que você tenha me esquecido!
– Foi você que procurou isso Tom.
– Você foi à minha casa, e me disse aquelas palavras duras... Você me fez perceber que eu estava errado... E pra quê? Pra você se casar com o meu irmão?
– Não foi...
– Só me escuta,por favor! Eu vim até aqui disposto a me abrir de um jeito que eu nunca havia feito pra mulher nenhuma, e eu vou fazer isso!
– Tom me deixa em paz! Porque você sempre tem que querer acabar com a minha vida?
– Eu sei que agi muito errado com você, mas é que... eu só não queria admitir que estava apaixonado. Eu tinha uma fama de “pegador” a zelar...
– “Tinha”? Não tem mais?
– Eu quero tentar mudar isso. Só quando eu percebi que poderia te perder,é que me dei conta da merda que eu estava fazendo!
– Pena que seja tarde demais, Tom. – disse enquanto me afastava.
– Camila, por favor... – disse Tom com lágrimas escorrendo de seus olhos fazendo ele com raiva as enxugar.
– Tom, suas lágrimas não me comovem. Se eu tinha alguma dúvida  se ainda te amava, ela acabou agora.
– Você me ama! Só não quer decepcionar o Bill!
– Não seja ridículo.
– Vem comigo... deixa que depois eu me viro com o Bill, ele vai entender.
– Não Tom! A única coisa que eu vou fazer é entrar por aquela porta e me casar!
– Você não o ama!
– Posso até não amar, mas também não te amo!
– Me dá uma chance...
– Eu estou dando uma chance a mim mesma, Tom.
– E esse filho?
– O que é que tem o meu filho? – perguntei assustada.
– É do Bill mesmo?
– Você não acha que é seu, né? Faça-me um favor. Só faltava essa.
– Do mesmo jeito que vocês transam, nós também transamos.
– Tom vai à merda!
– Você não entende? Eu fui o seu primeiro e serei o seu último!
– Eu acabo de perceber uma coisa. Você só gosta de quem te despreza, de quem não gosta de você.
– Não...
– Quando eu te amava, me atirava aos seus pés, você não me dava valor. Foi só eu te falar umas verdades e te desprezar, que agora você está aí, nesse estado deprimente.
– Não faça isso comigo... Se você realmente me amou do jeito que disse, vai me dar uma chance!
– Talvez o meu maior erro, foi ter amado você mais do que tudo, até mais do que a mim mesma.
– Camila você está dizendo isso porque ainda não me beijou,é isso! Você ainda não sentiu o meu cheiro, o meu toque... Lembra de como você ficava arrepiada quando eu chegava assim pertinho de você, lembra?
– Tom, deixa eu viver a minha vida em paz, vai ser melhor para todos nós. –disse o afastando.
– E como você pode ter tanta certeza do que é o melhor?
– A única certeza que eu tenho, é que você não é o melhor pra mim!

Tom permaneceu parado, de pé, no meio da calçada, cabisbaixo, enquanto eu voltava para a porta do edifício.
Respirei fundo antes de adentrar no local, dando a última olhada em Tom, vi que ele ainda estava naquela posição. Uma cena de cortar o coração de qualquer um. Apesar de todas as palavras ditas por mim serem as mais sinceras, tive vontade de voltar e consola-lo, dizer para não ficar tão triste daquele jeito. Mas isso só pioraria as coisas. Então sem pensar duas vezes me apressei a encontrar o elevador para chegar até o andar do cartório.

Assim que chaguei ao cartório, vi Bill através da porta de vidro, mais lindo do que nunca, ele conversava e ria com os meus tios, minha irmã e a Giselle.
Eu apenas o admirava do outro lado da porta, sem entrar.
Bill havia pintado as mechas de seu cabelo, agora ele estava todo preto, as pontas mais repicadas e com uma longa franja colocada de lado, mas ainda sim, sem tirar o “arrepiado” de que ele tanto gostava.
Ele usava uma camisa social branca, sem muitos detalhes bem justa ao seu corpo, e uma calça preta, muito sóbria. Sua maquiagem estava um pouco mais suave, apenas com os olhos contornados pelo lápis de olho pretoe uma sombra da mesma cor,porémem uma quantidade menor daquela estava costumado a usar. Tão discreto, que nem parecia o mesmo Bill da primeira vez que eu havia o visto.
Minha tia notando que eu já estava ali, tratou de avisar Bill, que depressa e com um largo sorriso no rosto veio me abrir a porta.

– Você está linda! Muito, muito linda!
– E você então, nossa! Que chique!
– Gostou? Simples, né?
– Mas ta um charme! Só to sentindo falta de uma coisa....
– Do que?
– Das caveirinhas... Nenhuma caveira? Nem no cinto, no cordão... nada!
– Eu tenho umas sim... mas não posso mostrar aqui.
– É na cueca? – perguntei baixinho.
– Aham- disse Bill com um ar malicioso.
– Não diga! – disse baixinho, fazendo cara de espanto.
– Depois eu te mostro.
Bill então segurando em meu queixo me deu o seu beijo suave, e doce. Logo senti o seu cheirinho,perfumado. Eu poderia reconhecer aquele aroma em meio há um milhão de flores diferentes, era um cheiro único.
– Ta cheiroso... tomou banho?
– Pára de graça Camila!

Enquanto Bill passava as mãos em minha barriga, esquecemos da onde estávamos, das pessoas ao nossos redor, apenas nos olhávamos.
– Ei, os pombinhos vão ficar aí no canto e fingir que a gente aqui não existe é? – perguntou minha tia.
– Nos desculpe... É o amor. –respondeu Bill rindo docemente.
– Meus pais ainda não chegaram?
– Nem seus pais nem o Tom – respondeu Giselle.
– Olha eles aí! Não morrem tão cedo. – disse meu tio, ao ver meus pais entrarem na sala de recepção.
– Ufa! Chegamos a tempo! O trânsito estava horrível, gente! - disse minha mãe, enquanto me olhava em busca de alguma coisa que pudesse consertar em meu traje.
– Agora só falta o padrinho! – disse minha irmã.
– Vamos esperar , mais um pouco, ele também deve estar preso no trânsito. – disse meu pai.

Porquê Tom não havia subido ainda? O que ele estava pretendendo? Magoar Bill, devido a sua ausência? Fazer com que perdêssemos a hora que havíamos marcado no cartório? Já estávamos alguns minutos atrasados, não podíamos demorar mais.
Esperamos mais alguns minutos, até que um funcionário nos informa que não era possível, esperar mais, que havia outro casamento marcado, logo após o nosso.

– Só mais um minuto, por favor. – disse Bill ao funcionário.
– Liga pra ele! - eu disse.
– Na pressa esqueci, meu celular.
– Toma, liga do meu! O importante é que ele venha!

Tom então ao ver o meu nome no identificador de chamadas do celular, havia pensado que era, eu que estivesse  ligando.

– Camila? Eu sabia que você ia se arrepender, eu sabia! Onde eu te pego, onde?
– É o Bill. -disse com voz áspera
– Bill... eu não... não foi isso que você escutou...
– Já está na hora do casamento,não podemos esperar mais. Onde você está?  – disse Bill, friamente.
– Já estou no elevador. – disse Tom desligando o celular.

Bill tinha uma expressão de tristeza, decepção... que minutos depois foi substituída por uma raiva imensa, expressa no seu olhar e em seus punhos fechados.
– O que foi amor, ele não quer vir? – perguntei baixinho.
– Não... não é..
– Deixa pra lá então,Bill.. vamos nos casar sem ele mesmo...
– Agora mais do que nunca, ele precisa ver eu me casando com você, precisa presenciar a nossa união.
– O que houve? O que ele te disse?
– Nada que pelo visto, você não soubesse.

O olhar de Bill dizia tudo, ele sabia que eu havia conversado com Tom antes de entrar ali, e sabia que alguma coisa não muito boa o Tom havia me falado. Então a única coisa que eu pude responder, sem fazer com que mais ninguém entendesse o real significado, foi:

– Mas eu estou aqui, não estou?

Bill então voltou a sorrir, e me deu um beijo muito suave, que logo foi interrompido por uma proposital crise de tosse do meu pai.
Enquanto nossos lábios se afastavam, senti que a porta atrás de mim estava sendo aberta.
Tom entrou, estava com suas roupas largas e desleixadas de sempre, se destacava não por ser o mais bem vestido entre os presentes, e sim por ser o mais “diferente” e inadequado naquela ocasião  Parecia nunca ter tido a intenção de estar ali, e muito menos de assistir um casamento.
Enquanto todos o olham disfarçadamente, Bill se aproxima e fala em voz baixa, para que somente Tom pudesse escutar, porém eu sabiamente li seus lábios.

– Além de querer roubar minha noiva, minutos antes do meu casamento,você ainda me aparece com uns trapos desses?- disse ele seriamente.
– Eu disse que viria, mas não disse como. Se eu quisesse vir pelado pra essa droga de casamento o problema é meu.

Bill tomava impulso para dar um soco em seu irmão, mas antes que um escândalo pudesse acontecer, ali, diante de todos. Segurei em sua cintura, e da maneira que pude, tentei o impedir de cometer ato tão impulsivo.

– Não, Bill, não.... – sussurrei.

Ele então, tentando disfarçar o ocorrido, abriu um sorriso forçado e disse à todos.

– Vamos, gente... o juiz deve estar nos esperando!

Todos então entramos na sala em que o juiz nos esperava.
Meu coração batia forte, e minhas mãos suavam assim como as de Bill.
Nos posicionamos em frente à mesa do juiz de paz que calma e pausadamente lia o termo de casamento. Bill e eu então trocamos nossas alianças, as mesmas que ele havia feito o pedido, como ele disse, elas seriam as nossas alianças de noivado e casamento.
O juiz então oferece o livro para que nós o assinemos.Primeiro eu, depois Bill.
Assim que terminou de assinar Bill, contendo os seus famosos “pulinhos” e palmas, passou sorridente a caneta para que Giselle, pudesse assinar, afinal era a hora dos padrinhos o fazer.
Giselle rapidamente, terminou e então passou a caneta para Tom, que parecia estar hesitante, como se pensando se assinaria ou não. Segundos eternos se passaram, até que Bill não se controlando mais. Gritou:

– Assina logo Tom!

Tom, ainda expressando contrariedade deixou sua assinatura no livro, enquanto que rapidamente passava a mão sobre a face a fim de conter uma lágrima.

Postado Por: Grasiele

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