sábado, 3 de dezembro de 2011

Wenn Nichts Mehr Geht - Capítulo 44 - The Dark Side Of The Sun

Bill permaneceu ali, abraçado com Camila, não podia acreditar no que havia acontecido, ele a olhava incrédulo, como se esperando que em algum momento ela se levantasse e dissesse que o amava, ou então dar aquele sorrindo lindo como das vezes em que ele dizia uma besteira.
Enquanto recordações vinham a sua mente, alguém bate na porta, entrando em seguida;

– Desculpe pelo incômodo, mas o médico o aguarda para a doação de sangue.
– Eu já estou indo.

A enfermeira então fecha porta, deixando Bill novamente sozinho com Camila.

– Eu sei que tenho que ser forte, te prometo que vou tentar. Por você e pela nossa filha, eu juro que vou tentar. Como eu queria te ouvir dizendo “Vai dar tudo certo, amor”, como eu queria. Por favor, olhe por nossa filha, por favor... eu não vou agüentar perder vocês duas... por favor a proteja, meu amor...

Bill se despede de Camila, dando-lhe um beijo em sua mão. Então volta para a sala de espera, a mãe de Camila havia sido internada após ter entrado em estado de choque, na sala aguardavam apenas Tom e Giselle, que consolavam um ao outro.

– Eu vou doar sangue vocês não vem? – perguntou Bill.
– Todos nós já doamos, só falta você. – disse Giselle.

A enfermeira havia ido anteriormente pedir que Bill doasse seu sangue, porém foi impedida por Giselle que pediu que deixasse Bill um pouco mais tempo com Camila, e se abriu com a enfermeira, pediu sigilo médico sobre tudo o que estava lhe contando.
A enfermeira então atendeu ao seu pedido, e fez a coleta de sangue das outras pessoas presentes, para que logo em seguida chamasse Bill.

Giselle e Tom continuaram na sala de espera lamentando pelo ocorrido.
De repente Giselle se levanta indo em direção ao médico que havia dado a trágica noticia.

– Com licença, eu posso fazer uma pergunta ao doutor?
– Claro, pode fazer.
– Não tem possibilidade de a Camila acordar?
– Bom... hmm
– Giselle, desculpe não me apresentei.
– Giselle, muitas pessoas confundem coma com morte cerebral Os pacientes em coma mantêm algum nível de sinal cerebral que pode ser detectado em uma eletroencefalograma e pode variar muito de intensidade de acordo com o caso, porém ainda tem chances de se recuperar ainda que o quadro possa evoluir para morte cerebral. Já o paciente com morte cerebral não apresenta sinal algum e o quadro é irreversível.
– Obrigada. – disse Giselle, com tom de decepção.
– Sinto muito.
– Mas doutor.... e o bebê?
– Os testes de compatibilidade foram feitos, e encontramos um sangue compatível com o dele.
– De quem?
– Não podemos revelar isso, trata-se de ética profissional. Porém as outras doações ficarão disponíveis para que outras pessoas possam utilizar.
– Okay.

Enquanto isso na UTI neo-natal do hospital, Bill carinhosamente observava sua filha, através da incubadora. Era muito pequena, parecia tão frágil ali em meio a tantos aparelhos ligados a ela. Isso assustava Bill, sentia-se impotente por nada poder fazer diante daquela situação. No momento o que ele mais desejava era ter meios de salvar sua filha, mas sabia que agora isso já dependia apenas dela. Ela teria que ser forte o suficiente para lutar pela sua própria vida.
Bill gostaria de poder toca-la, a abraçar e dizer que seu pai estava ali ao seu lado,que iria a proteger, mas isso não era possível.
Mesmo com tanta dor e sofrimento, atitudes legais precisavam ser tomadas, como a permissão da doação dos órgãos de Camila, e o registro de sua filha.
Após concordar que um pouco da Camila permanecesse vivo em outras pessoas, Bill se dirigiu ao cartório localizado dentro do hospital.
Já era dia, o sol brilhava, Bill havia passado toda a madrugada e a manhã acordado, vagando pelo hospital, assim que o cartório foi aberto Bill foi registrar sua filha.

– Qual o nome da criança?
– Gerthe Fernades Kaulitz.
– Gerthe? É estrangeiro?
– Sim, Alemão.
– Nossa, o que significa?
– A vitoriosa.


Os últimos dias têm sido muito dificíeis para mim, ainda sinto Camila ao meu lado, às vezes penso ter ouvido sua voz, ainda posso sentir seu cheiro, sua presença.
Lembro-me com total clareza do dia do enterro de Camila, todos muito comovidos choravam diante de seu caixão, porém nenhuma dor parece ser maior que a minha, a que eu ainda sinto.
Nesse último mês os meus dias têm sido iguais, de manhã eu vou à lápide de Camila,e levo as flores brancas das quais ela tanto gostava, oro por sua alma e digo a ela o quanto a nossa é filha e linda e forte, que tem uma vontade enorme de viver, a cada dia que passa surpreende mais os médicos com sua força de vontade, na luta pela vida.
Depois que visito Camila, passo o dia no hospital, zelando por nossa filha.
Os médicos aconselham que eu saia um pouco do hospital, que tente levar a vida.
Porém eu não consigo pensar em outra coisa que não seja Camila. Ao olhar para o céu e ver uma estrela, eu lembro do brilho de seu olhar, e percebo que nunca mais o verei novamente, eu ando pelas ruas, mas sei que ela não está ao meu lado, e nunca mais estará.
Mesmo com o Sol que brilha lá fora, para mim os dias passam frios, e solitários. Nada é como antes, e não mais será.
Por vezes Tom e Giselle, vão até a minha casa, eles se preocupam, comigo, mas a vida deles continuou, porém a minha acabou no dia em que Camila morreu, no dia em que eu soube que nunca mais a veria, que nunca mais a teria em meus braços.


Em outro canto da cidade outra pessoa ainda sofre pela morte de Camila, porém sua preocupação é diferente. Giselle guardava um segredo que envolvia a vida de muitas pessoas, um segredo que ela não sabia se deveria ou não ser revelado.
Porém ela havia visto o sofrimento de Tom, pensava erroneamente que ele ainda amava Camila, então seria injusto esconder tal fato dele. Porém sabia que quem mais sofreria com a história seria Bill, e além do mais foram raras as vezes em que ela havia visto Tom e nessas poucas vezes haviam trocado poucas palavras, então decidiu que o melhor seria contar tudo primeiro ao Bill.
Antes disso precisava saber se Bill já estava preparado pra receber tal noticia, angustiada foi até sua casa.

– Está melhor?
– Na medida do possível, sim... Gerthe está se recuperando, isso é o que me faz acordar todos os dias.
– Eu oro muito por ela, e por você também.
– Obrigado, mas eu sei que a Camila esta olhando por nós dois.
– Você sabe o  quanto a Camila te amava, não sabe?
– Sei, não tenho duvidas quanto a isso.
– Mas Bill você precisa se alimentar, precisa dormir! Tem que estar forte pra encarar tudo isso.
– Sempre que eu durmo, acabo acordando com o mesmo pesadelo, lembro da imagem de Camila, ferida nos meus braços e eu sem poder fazer nada para ajudá-la. Lembro das suas últimas palavras...
– Bill.., – interrompeu Giselle  tentando fazer com que ele não começasse a se lembrar daquele dia tão triste.
– Giselle, nós só fomos para aquele lugar porque ela queria me contar uma coisa..
– Ela não te disse o que era?
– Não ela disse que tinha que ser comigo e com o Tom juntos... não sei o que era, e nunca vou saber.
– Bill, eu sei o que a Camila iria contar. – disse Giselle, receosa.
– Então me diz, conta logo!
– Eu não sei como te dizer isso...
– Conta logo Giselle.
– Bill o Tom é o pai da Gerthe, não você.
– O quê????
– Por favor, entenda a Camila, ela precisou esconder tudo isso..
– Sai da minha casa! Pare de me contar mentiras!
– Não é mentira!  Camila tinha medo que um dia você descobrisse! Ela iria te contar, mas acabou se apaixonando por você e ficou com medo de te perder!
– Não é possível... não pode ser... – dizia Bill atordoado.
– Pensa bem... porque você acha que ela nunca te levou para as consultas importantes, estava sempre inventando desculpas, você não lembra? O médico falou que ela estava grávida de 7 meses, 7 meses! Ou seja, antes de vocês se conhecerem...

Bill  começou a perceber que o que Giselle dizia fazia sentido, lembrou-se do pedido de perdão de Camila, então perguntou:

– Quem mais sabe disso?
– Só eu, e agora você.
– Por favor, mantenha isso em segredo.
– Mas e Tom?
– Você já não ficou calada por todo esse tempo? O que custa ficar um pouco mais?

Giselle então sai pela porta, sentia-se mais aliviada por saber que Camila já pretendia contar a verdade aos irmãos, a livrando da culpa de ter traído a amiga.
Assim que fechou a porta, Bill atirou-se sobre a cama e chorou compulsivamente.

Por que Camila, porque você não me contou a verdade? Por que me enganou esse tempo todo, por que meu amor? Por que você não confiou em mim?
Bill então tentou se por no lugar de Camila, lembrou de o quanto lhe era importante ter o respeito dos pais, de não decepciona-los.
Pensou que talvez o melhor fosse contar a todos sobre a verdadeira paternidade da criança. Mas será isso o que verdadeiramente Camila queria? Ele sabia que não, mesmo com a morte da filha, os pais de Camila, talvez não a compreendessem.
E Tom seria um bom pai? Não tanto quanto ele, disso ele tinha certeza.
Tom não aceitaria aquela criança de livre e espontânea vontade, e sim porque seria obrigado.
Desesperado foi ao cemitério onde Camila estava enterrada. Levando as flores de sempre sentou-se próximo a sua lápide.

– A Giselle me contou tudo, eu já sei que não sou o pai da Gerthe.
Sabe amor no inicio eu fiquei com raiva, mas eu não consigo sentir raiva de você. Não consigo, o meu amor é maior do que tudo.
Porque você não me contou a verdade desde o começo? Talvez eu entendesse.
Agora eu não sei o que fazer, não sei se mantenho o seu segredo.
Mas acho que você gostaria que eu fosse o verdadeiro pai da sua filha, não é mesmo? Caso contrário você teria ficado com o Tom, teria dito a ele que a filha que estava esperando era dele. Mas você não fez isso.
Sempre disse que eu era o pai, então eu vou fazer a sua vontade.
Só tenho medo de que um dia a Gerthe goste mais do Tom do que de mim, ou então não me considere seu pai, não sei...
Beijo amor, saudades...

Bill então se levanta e sai do cemitério, sabia exatamente aonde iria, seu destino era certo, a casa de Tom.

Quando Tom abriu a porta e notou que era seu irmão, ficou surpreso. Desde a morte de Camila, Bill não saia para nenhum lugar além do cemitério e do hospital, isso já o preocupava, Bill estava visivelmente abatido.

– Tom, eu preciso te contar uma coisa logo, antes que eu me arrependa.
– Contar o quê?
– Por mais que eu queira, não sou o pai da Gerthe. É você.
– O quê? – disse Tom, sentando-se no sofá de tamanha surpresa.
– A Camila ficou comigo já grávida de você. Ela teve medo de que você não a aceitasse, e vocês já não estavam mais juntos...
– Mas Bill...
– Eu só te peço uma coisa. Não, eu te imploro uma coisa.

Bill com os olhos marejados, senta-se ao lado do irmão e olhando-o nos lhos diz:

– Por favor, não tire a Gerthe de mim, por favor.... Ela é a única coisa que eu tenho, por favor...
– É tudo muito confuso...
– Por favor, Tom! É a única coisa que te peço, me deixa ser o pai da Gerthe!

Tom então, abaixa sua cabeça, ficando alguns minutos em silêncio. Refletia sobre tudo o que acabara de ouvir. Se lembrou dos momentos com Camila, não conseguia acreditar que aquela menina era filha dele, ele não conseguia a ver como sua filha.
Bill ao notar o silêncio do irmão, entra em desespero e chora descontroladamente, temendo que Tom reivindicasse a guarda da criança.

– Não se preocupe Bill, para todos os efeitos Gerthe é sua filha e da Camila. Eu não me vejo como um pai de 19 anos, não estou preparado, sei que você é o melhor para essa menina.
– Ninguém mais pode saber disso...
– Da minha parte, ninguém saberá.

Bill então abraça forte o irmão, e chorando, é consolado por ele.

E assim meses se passaram, Gerthe após ter sua saúde estabilizada recebeu alta do hospital, e agora mora com seu pai, Bill Kaulitz.
A banda Tokio Hotel, assinou contrato com a gravadora Universal Music, porém nenhum trabalho está sendo feito pois o vocalista e líder da banda, passa por problemas pessoais. Eles aguardam a volta do grupo, só não se sabe, até quando.
Os pais de Camila ainda não superaram a morte da filha, e nunca superarão. A dor é controlada ao verem sua neta, que apesar de ter a fisionomia de Bill, tem os olhos de Camila, olhos que trazem a esperança de que dias melhores virão.
Porém há coisas que nunca mudam, e talvez nunca mudarão....

Mesmo tendo se passado quatro meses após a morte de Camila, eu ainda a visito todos os dias, e conto-lhe sobre o meu dia. Porém exceto Gerthe, os meus dias são todos iguais.
O mundo já não é colorido como era antes, para mim tudo está  nublado, como uma tempestade que nunca tem fim.
O lugar que eu antes gostava de freqüentar, já não gosto mais, porque sei que um dia estive ali com Camila e agora não estou mais.
A minha música preferida, já não é mais, pois lembro que Camila não pode dançar ou cantá-la comigo.
Meu corpo não necessita mais de alimento ou de descanso, afinal, para que comer ou dormir, se a minha alma está vazia, se o meu coração está sangrando...
A única coisa de que preciso é do amor de Gerthe, sempre que a olho de alguma forma, sinto-me melhor, através de seus olhos eu vejo Camila, mas não é o bastante para aliviar minha saudade.
As horas que passo olhando nossas fotos de casamento, recordando nosso passado, me fazem lembrar de que um dia eu já fui feliz.
Se nada mais importa, a única alternativa que me resta é tentar continuar vivendo. Mas sem a Camila, já não há mais vida...

Postado Por: Grasiele | Fonte: x

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