segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Dead Or Alive - Capítulo 5 - Scream

AVENGED SEVENFOLD – SCREAM 
  
  
Capturado nessa loucura, cego demais para ver 
Sentimentos animais despertaram em mim 
Levaram meu senso e eu perdi o controle 
Eu provarei do seu sangue esta noite. 
  
 
  
Lara

-TOOOOM!!!! - Gritei ao ver seu ombro sangrando. Bill se levantava assustado e eu tentava levantar, apoiando as mãos no pneu do carro, corri em direção ao corpo de Tom chorando como louca. – Tom! – Joguei-me perto de seu corpo, vendo seu peito estufar. – Ele esta vivo... Ele esta vivo. – Sussurrei ainda em desespero e sentindo meu corpo todo formigar. – O que você fez!? – Gritei ainda aos prantos, vendo Bill se afastar sem importar com minha pergunta, indo para o carro.




Acompanhei o olhar até que Bill entrasse no carro, senti meus joelhos queimarem com a areia quente e senti Tom tossindo. Meu coração acelerou quando o vi tentando levantar, queria poder tocá-lo e dizer que ele ficasse deitado, queria poder estancar o sangue que lavava sua camiseta branca de sangue.


-N-não se mexe. – Minha voz saiu trêmula, e ele não me obedeceu. Levantou-se, falando algo em alemão, provavelmente um palavrão. Começou a andar, cambaleando e caindo de novo. Engatinhei até ele, forçando a amarra, queria ajudá-lo, olhei para Bill que estava em choque, com a cabeça afundada no volante do carro. – E-eu...preciso me desamarrar! – comecei a esfregar as amarras, sentia a corda cortar meu pulso, me fazendo gemer de dor, e parei. Observei a minha volta, queria algo para poder cortar aquela corda, ou Tom morreria ali ensangüentado e não tinha coragem de chamar por Bill.


Vi um pequeno monte de pedras finas e me arrastei até elas com dificuldade, o Sol estava infernal, minha garganta arranhava, virei-me, pegando a pedra maior com as mãos, amarradas atrás das costas e comecei a esfregá-la com o máximo da minha força. Xingava todos os nomes, amaldiçoava a tudo e todos, meu desespero aumentou quando vi Tom ofegar na areia.


Quando senti uma fisgada seguida de um alívio, corri até Tom, soltando a pedra, a corda e tudo o que tinha frente. Debrucei-me perante Tom, tirei uma das blusinhas que vestia, ficando somente com um top por baixo e pressionei sobre a perfuração.


Ele arfou ao sentir a pressão sobre a ferida e pedi que ele levantasse. Com dificuldade o ajudei, ele era muito maior que eu e estava com o corpo pesado e molenga. Ele se sentou novamente e pediu meu ombro. Deixei que ele colocasse o braço em minha volta e o ajudei a andar até o carro. Bill estava ainda na mesma posição. Cabeça baixa e repetindo algo em alemão em um tom muito baixo.


-B- Bill? – Perguntei morta de medo, esperando que ele virasse com arma apontada pra mim e me matasse.


-E-eu... Tom. – Ele se recusou a olhar Tom.


-Você vai dirigir essa merda ou vai me deixar morrer aqui, droga!?  - Tom rugiu com dificuldade, ainda pendurado em meu ombro.

-Temos que te levar pra um hospital. – Falei num tom mais alto, recebendo uma resposta imediata.

-NÃO! - A resposta veio de Tom com um gemido de dor e abri a porta do carro do passageiro, ajudando-o a sentar.



Bill finalmente tirara a cabeça do volante e olhou para a camiseta de Tom que de branca estava vermelha. Seus olhos apertaram e ele socou o volante.


-Seu idiota! Olha o que você fez! Tudo por causa dessa vaca! - Bill me fuzilou com olhos. – E-eu não consigo...e-eu não vou conseguir dirigir... – Bill abriu a porta e saiu do carro e eu o olhei, pela primeira vez encarei Bill profundamente nos olhos.


-Dê-me a chave, eu dirijo! – Estiquei a mão para Bill que sorriu diabolicamente.


-Você acha que eu sou otário?! Voc...


-Você não está em condições de dirigir, e se ficarmos aqui discutindo, seu irmão morre. Você pode me xingar e me matar depois, mas primeiro temos que cuidar dele ao menos que queira que ele seja comida de urubu nesse deserto maldito.  – falei rapidamente o cortando, não sei se o desespero me deu coragem, mas falei sem gaguejar e fixada nos olhos de Bill que saiu do lugar e entrou no banco de trás, deixando a chave no contato e pegando o telefone.


-Nós temos que levá-lo a um hospital! – Dei partida no carro, olhando para Tom que tremia no banco do passageiro. Ouvi um barulho de arma sendo engatilhada em minha direção.

- Pense duas vezes antes de ir para um hospital ou fazer qualquer merda, que eu faço seus miolos grudarem no vidro do carro, ta me ouvindo, sua puta?! Isso é tudo culpa sua. Dirige essa merda...dirige e fecha essa boca...fecha essa maldita boca...

Ele gritava e apontava a arma em minha direção, ele estava em transe e histérico.

- Tem um hotel a 2 quilômetros daqui. – Tom sussurrou com dificuldade. – Vamos pra lá.

- Mas Tom, você esta muito ferido. -Eu disse olhando pelo retrovisor.

- Dirige essa merda até lá!!! – Seu grito saiu com um gemido alto de dor e eu me calei, sentindo minhas mãos tremerem sobre o volante.


Bill não soltou uma palavra, o olhava pelo retrovisor algumas vezes, e eles estava fora de si, estava aéreo, ainda estava em estado de choque e não tinha trocado sequer um olhar com o irmão.

Um outdoor com uma pin-up loira desenhada e o nome Motel me fez segurar mais firme no volante. O sol ainda estava muito forte quando estacionamos no fundo do motel como Bill havia me pedido, quando o carro parou ele desceu do carro, pedindo que ficássemos no carro, sozinhos.

- Você ta ficando branco, a gente tem que cuid...

- Eu vou ficar bem. –Tom me cortou.

- Mas se não cuidar disso...

- Você é surda?! – Tom segurando a minha blusa sobre a ferida virou-se me olhando com raiva. – Você fala demais, pergunta demais, cala a boca que você está me deixando nervoso. – Tom se virou pro lado, olhando para fora, vendo Bill se aproximar.

- Quarto 23. – jogou a chave pela janela e deu a volta. – Anda! Preciso do carro. – Bill me pegou pelo braço com força e me arrancou do lado do motorista. – ajuda ele a sair e com descrição vai até o quarto.

- Onde você v... – Parei assim que os olhos assassinos de Bill grudaram nos meus.

Dei a volta e fui até Tom, que se recusou a receber minha ajuda. Bill olhou para os lados entrou pelo lado do motorista e abriu o porta luvas, pegando uma pequena maleta branca, saiu vindo em minha direção.


- Você está aqui ainda?! – fuzilou me com os olhos e comecei a andar em direção ao quarto, com as mãos tremendo e Tom com dificuldade e completamente pálido me acompanhando. O lugar estava deserto e imaginei como alguém teve coragem de construir um motel ali? No meio do nada? Quem iria se hospedar num motel macabro daquele? Claro! Seqüestradores com suas vítimas!

Abri a porta e Tom se jogou na cama soltando o ar doloroso e respirando ofegante. Bill apareceu logo em seguida, fechando a porta com o pé, com toda força colocando a maleta branca sobre a cabeceira.

- Limpe-o. – ordenou me empurrando em direção a Tom que começava a piscar sem parar. Ele estava perdendo muito sangue.

-Mas eu não sei...

-Limpe-o agora! –Ele fechou os olhos e disse mordendo os próprios lábios de raiva.


Peguei a maleta e quando a abri, era um kit de primeiro socorros, linha e agulha. Eu tinha pavor de agulha, mas a visão de Bill sentado numa poltrona com a arma na mão e Tom quase morrendo na cama era muito pior do que aquela agulha brilhante dentro da caixa.

Peguei algodão, gase, a linha e a agulha. Minha mão tremia demais, eu tinha que me concentrar, fechei os olhos para recuperar a razão e tentar lembrar do que eu tinha aprendido nas aulas de primeiro socorros, o que não incluía um criminoso baleado, mas teria que me virar. Abri os olhos olhando as mãos que tremiam menos, estava mais relaxada e minha mente estava focada em salvar Tom. Virei-me para Bill e pedi:

- Preciso de uma garrafa de vodka. – Bill me olhou incógnito, levantando a sobrancelha sem entender porque pedia aquilo. - Ou álcool, você tem aí? – Bill se levantou e saiu do quarto como raio.

Tom estava consciente e eu me aproximei dele, prendendo o cabelo num nó, seus olhos imediatamente buscaram os meus. Retribuí preocupada, retirando a mão dele delicadamente e em seguida tirando minha blusa lavada do sangue dele.

Rasguei sua camiseta branca com força, vendo o furo da bala com o sangue já em um tom escurecido, senti-me tonta por alguns segundos e voltei a recuperar o fôlego, sua testa suava e coloquei minha mão nela, o suor era gelado e limpei com a palma da minha mão, seus olhos piscaram ao sentir meu toque. Nossos olhares desconectaram quando Bill entrou no quarto com uma garrafa de vodka e deixou sobre a cômoda. Sem pensar duas vezes abri a garrafa e olhei pra Tom.

- Isso vai doer...Muito! - Expliquei com a voz trêmula e joguei um pouco da vodka sobre a ferida, ouvindo um grito de Tom, suas mãos grudaram no colchão com força, seu rosto ficou corado devido à força que fazia para aguentar a dor e aquilo me deixou mais nervosa, não pensei duas vezes e tomei três longos goles da vodka que estava na minha mão e a coloquei perto da maleta. Sentindo um alivio imediato, já era o efeito da bebida peguei a agulha, limpei-a com a vodka, conseguindo ver a bala prateada presa em seus músculos.

Eu não fazia idéia de como tirar aquela bala dali, procurei uma colher ou qualquer outra coisa, mas não tinha jeito, respirei fundo e a tirei com a ponta dos dedos. Tom soltou diversas ofensas em alemão e assim que a tirei mostrei a ele, rapidamente peguei a agulha.

Ele me pediu a garrafa de vodka antes que o costurasse e tomou quase metade, fraco, soltou a garrafa e a peguei rapidamente antes que ela caísse. Consegui dar os pontos sem desmaiar e Tom encostou a cabeça nos travesseiros assim que terminei. Bill ficou o tempo todo me observando e quando terminei, ele levantou e saiu sem dizer uma palavra.

Voltou minutos depois com um saco de pão e pegando a chave do carro, saiu do quarto. Achei estranho ele não ter me amarrado antes de sair, pensei que talvez não tivesse me amarrado para que eu pudesse cuidar de Tom, ou simplesmente estava transtornado demais por ter quase matado o irmão que não parou para pensar em nada. Abri o saco e tinha alguns analgésicos e duas garrafas d'água. Tom ainda se contorcia na cama de dor e eu coloquei um copo cheio de água, peguei uma pílula e com cuidado encostei os lábios de Tom que abriu apenas um olho.

- Toma esse remédio, assim você não vai sentir tanta dor. - Ele abriu a boca e salivei na hora, lábios perfeitos e que estava louca para beijar naquele momento. Encostei o copo em sua boca perfeita e inclinei, o vendo beber com goles longos e calmos. Meus olhos desceram para sua garganta que se movimentava a cada gole, seu pescoço era forte, meus olhos continuaram descendo até seu peito nu e definido, a ferida no ombro direito me despertou e quando voltei a olhar seus olhos ele estava de olhos fechados novamente, tinha tomado toda água.

-Deus, como ele é lindo! - Pensei colocando o copo ao lado da cama e me levantando da beirada da cama para ligar a tv.

Senti uma mão segurar meu braço e me virei.

- Obrigado. - Sua voz saiu sonolenta e mais rouca que o normal.

- De nada. - senti sua mão soltar meu braço e seu rosto relaxar, entrando no sono.


O mais incrível era que eu poderia sair dali correndo, avisar a polícia sobre meu paradeiro naquele momento. Mas tudo o que fiz foi olhar para a tv e me sentar na poltrona ao lado da cama, olhando as imagens da televisão, mas sem prestar atenção em nada, minha mente estava totalmente focada em Tom, e o que eu faria se ele tivesse morrido.


x.x


Bill dirigia somente com uma mão no volante, a outra coçava os olhos que ardiam. Ele sentia uma vontade imensa de chorar. Quase matou Tom, e quando se lembrava do motivo, sentia vontade de voltar e descarregar a arma que repousava no banco do passageiro todo em Lara.


Maldita hora que resolver entrar nisso. Pensou em acabar com aquilo, mas tinha muito em jogo, muito dinheiro e um acordo com alguém que seria impossível voltar atrás. Pegou um celular vermelho do bolso, e procurou a palavra Pai nos contatos, quando finalmente achou discou, ouvindo uma voz preocupada do outro lado.


- Alô! Lara?


- Ela está bem, ainda. - Desligou o celular, em seguida pegando o seu celular, procurando o contato que queria e esperando alguns minutos antes de discar avistou pequenas luzes. Ótimo, um bar era tudo o que Bill precisava, bebida e sexo para descontar suas frustações, sua ira! Discou outro número que estava na memória do celular de Lara:

- Pronto, estou cumprindo minha parte no acordo, e espero que você esteja fazendo exatamente como combinamos. Não vai querer ver o noticiário de que a filha do senador foi morta, ou vai? Porque se você estiver pensando em fazer algo diferente do combinado, você sabe que ela morre. - Bill ouviu algumas palavras e voltou a falar. - Amanhã estarei no Sam's pegando os cartões e documentos, você já despistou a polícia? - Ouviu um sim como resposta. - Ótimo, não está fazendo nada além da sua obrigação. Não me ligue está me ouvindo? Ligo em dois dias. - Desligou o celular e o jogou no banco a lado da arma e estacionou em frente ao bar.



Era como um pequeno bairro deserto. Poucos estabelecimentos, um bar chamado HOLA com luminária parcialmente acesa, motos chopper parada em frente e um pouco mais afastado, outro motel.

Bill pegou o celular e a arma, colocando-a na cintura, se olhou no retrovisor e saiu.

Todos os olhos se voltaram a ele quando entrou no bar e ele fingiu não se incomodar, quando na verdade queria ter uma metralhadora e matar todos ali. Odiava ouvir buchichos ao seu respeito, e com seu visual exótico era difícil que não se tornasse o centro das atenções. Passeou o olhar para algumas mulheres em um palco, se esfregando ao som de um jazz antigo e foi diretamente para o bar. Aquele lugar fedia a álcool e sexo e era exatamente o que Bill precisava aquela noite.

-Uma garrafa de Whisky! –Ele pediu com cara de poucos amigos quando chegou no balcão.

A garçonete o olhou e depois de cinco minutos colocou a garrafa de whisky a sua frente, ele jogou 50 dólares em cima do balcão e disse sem olhá-la:

- Fique com o troco!

-Quer mais alguma coisa?-Ela perguntou insinuando se para ele.

-Quero que você me deixe em paz. -Ele abriu a garrafa e a tomou no gargalo mesmo.

A garçonete o olhou com desprezo e saiu, deixando Bill sozinho. Ele estava quase no fim da garrafa quando sentiu um cheiro forte de erva ao seu lado, então ele virou em direção a fumaça e a viu.

Ela sorria falsamente para os clientes da casa, estava com um vestido vermelho colado ao corpo, cabelos castanhos longos e uma bunda de levantar qualquer “coisa”.  Bill observou quando a garçonete se debruçou para conversar baixo com a morena sexy, as duas o olharam, a tal morena sexy com o cigarro na mão, olhou para ele sem rir, medindo-o do pé a cabeça, jogou o cigarro no cinzeiro, virou-se e caminhou até a saída do bar.


 Ele “matou” o resto da bebida rapidamente e saiu apressado do bar e estava indo em direção ao carro quando a viu parada no ponto de ônibus, sozinha. Olhou para os lados e não viu ninguém, inexplicavelmente, andou até ela, parou ao seu lado, cruzou os braços na altura do peito e ainda calado, passou os olhos devagar pelas curvas da garota.


-O que foi? Só para olhar são 20 dólares. Se não tem dinheiro, cai fora, esquisitão! -  A morena mascava chiclete freneticamente e o olhava com desprezo.

Ela deu as costas para ele. Ignorando-o. Bill então colocou a mão no bolso, pegou duas notas altas, as amassou fazendo uma bola e jogou nela.

A bola caiu no chão, na frente da moça, ela olhou o dinheiro no chão, agachou e pegou, desfazendo a bola, viu o valor das notas, virou para ele e falou baixo para Bill.

Postado Por: Grasiele

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