segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Dead Or Alive - Capítulo 1 - Hysteria

Muse - Hysteria
"Isso está me aborrecendo
Me irrintando
E me torcendo todo
Sim, eu estou infinitamente
Desmoronando

E virando do avesso".


- Cala a boca sua vaca! Ou eu estouro os seus miolos agora. – Uma voz calma, assustadora, e sincera assoprava perto do meu ouvido.
- Não me mata, p-por favor! -  Implorei, vendo seu rosto se afastar do meu, e um sorriso largo brotar por trás da máscara negra de esqui.
- É impressão minha, ou você está implorando pela sua vidinha fácil?! – A risada se mantinha, mas o tom de voz se tornou debochado, diabolicamente divertido. – Se  fosse você eu começaria a disfarçar esse seu medo. Isso me excita demais.
Minha espinha estava congelada, o choro parou em minha garganta ao ouvi-lo dizer aquilo. O grito estava preso em minha garganta, mas se eu gritasse, ele provavelmente me mataria, ele não estava brincando, nem ele, muito menos o seu companheiro, que permanecia calado com uma submetralhadora apoiada na coxa esquerda, observando calado e totalmente inexpressivo sobre a máscara.


Estava em galpão de pesca, completamente vazio e fedido.
Voltava da faculdade sozinha de carro, como todos os dias. Mas naquele dia papai havia liberado Joshua para resolver problemas pessoais, e eu não me preocupei em ter outro guarda-costas, afinal a casa de meus pais ficava a poucos quilômetros da biblioteca onde ficara estudando.
Abri minha bolsa e peguei a chave do carro, sentei no banco e joguei minha bolsa no banco do passageiro.
Quando enfiei a chave no contato, o barulho de pneu me fez deixar cair a chave no assoalho, olhei para o lado, vi uma Escalade preta parada ao lado do meu carro, tudo foi rápido demais, minha porta foi aberta e fui arrancada de dentro dele por quatro mãos.
O capuz foi colocado na minha cabeça e a partir daí não vi e nem ouvi mais nada. O medo me dominou, sentia calafrios com aquele silêncio e uma retrospectiva da minha vida passou como um filme de dois segundos. E quando pensei estar dormindo, e aquilo não passava de um pesadelo, acordei e consegui colocar meus sentidos em ordem, eu ouvi muitas vozes em um idioma que eu não reconhecia. Na verdade eram vozes masculinas, isso eu consegui definir.



-Não nos decepcione, apostei com meu irmão que você se humilharia e choraria como uma patricinha ridícula. – Uma voz estridente me acordou d transe, me obrigando a olhar mais uma vez para o seu irmão, também encapuzado. Que agora me olhava, mesmo com os óculos escuros percebi que seus olhos estavam em mim. Ele baixou a cabeça ao receber o meu olhar.

-Por quê? O que eu te fiz? Olha... meu pai é rico. Pode ligar, ele vai pagar o quanto for preciso, quanto você pedir. – Gaguejava e tentava olhar nos olhos daquele que estava a minha frente, mas os óculos impediam um contato visual.
A risada do mais alto e mais agressivo ecoou sobre o lugar.
-Além de vadia, é burra! Sabemos muito bem quem é seu pai... e te digo, você deveria ter mais medo dele do que de mim.

-Então, meu pai fez algo de ruim para vocês? Por isso vocês querem descontar em mim, é isso?! – Meus lábios tremiam de pavor, a cadeira onde estava sentada rangia, de tanto que tremia.

-Você fala demais, pergunta demais. Eu não te mandei calar a porra da boca? – Ele ficou ereto, coçando a cabeça por cima do capuz, ajeitando o casaco preto e sem querer vi a arma prata e brilhante cintilando em sua cintura. Um frio percorreu minha espinha, meus olhos não conseguiam desgrudar da arma e fui desperta por sua voz aveludada e assustadora. – O que foi? – perguntou ao perceber que encarava sua arma. – Bonita, não? Gostou? Não se preocupe linda, você vai experimentar a bala dela em breve, mais breve ainda se você não calar esse seu maldito bico.

- M-mas.... o que meu pai fez? Porq... – Parei quando o vi se aproximando com a mão na cintura, pegando a arma brilhante e apontando para minha cabeça. No mesmo momento o irmão deu um passo pra frente, num impulso e estendeu a mão para que o agressivo parasse. – Merda! Mano, fique com essa vaca, porque se eu ficar aqui mais um segundo, juro que eu descarrego essa arma na cara dessa filha da puta irritante.
Ele saiu e bateu a porta, meus olhos o acompanharam e retornei para o irmão, mais uma vez ele me olhou e tirou os óculos, encaixando sobre a gola da camiseta larga e preta, voltando a me olhar só que dessa vez ele não baixou os olhos. Nossos olhares  se encontraram e eu tentei mais uma vez:
-Olha, meu pai tem muita grana ligue para ele e com certez....

-Vou te dar um conselho simples e de graça.- Aproximou-se a passos lentos, com o olhar fixo no meu. – Meça suas palavras com ele, pois além de impaciente, cumpre tudo o que ele fala. Se ele prometeu te matar se você não se calar, ele vai te matar... acredite.
Mesmo de máscara pude notar duas coisas diferentes nos irmãos, o que saiu era mais agressivo e a voz mais doce. Já esse tinha os olhos doces, mas sua voz era grossa e cortante. O engraçado é que desse, eu não tive medo.

O silêncio prevaleceu entre nós, e nossos olhares mantinham se um ao outro até que a porta foi aberta e um outro homem entrou no galpão, falando o sotaque estranho. O irmão do bad se levantou e foi de encontro a um homem baixo e forte.

Fiquei observando, tentando decifrar o que eles falavam. O doce se virou pra mim e mais uma vez me olhou.  Pegou o capuz das mãos do amigo e foi em minha direção e mesmo sob meus protestos, me encapuzou.
Pegando-me pelos braços e sem ser grosso me levantou e me guiou até a porta do galpão, o vento bateu e percebi que já estava do lado de fora do galpão. Meus braços foram apertados e percebi de imediato que não era mais o doce que me tocava e sim o bad... Pois fui quase arremessada para dentro do carro.

Eu não conseguia raciocinar, não sabia o motivo de tudo aquilo, e a certeza de que morreria naquele dia aumentava cada segundo.

Postado Por: Grasiele

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