segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Dead Or Alive - Capítulo 4 - Não há Oasis

AVENGED SEVENFOLD - BAT COUNTRY
"Pego aqui em um fogo ardente, não vou perder minha vontade de ficar.
Eu tentei dirigir a noite toda
A batida quente do vento, esterilizando sinais vazios.
Não há oasis aqui pra ver, a areia está cantando palavras mortais para mim."
  

-         Senador Linderman! – Ellen, secretária do Senador Jonathan Linderman, o despertou pelo telefone.
-         Sim Ellen! – Sua voz rouca e cansada gritou com autoridade.
-         Sua esposa na linha dois senhor... Ela parece nervosa, está cho...
-         Entendi. Não importa quem me ligue, diga que estou em reunião, está me ouvindo?
-         Mas senhor...
-         Você é surda Ellen?! Eu não estou! – O dedo apertou o botão do telefone com tanta força que o quebrou.
Jonathan observou o telefone quebrado por alguns segundos, levou as mãos a cabeça e pesou o corpo todo na poltrona de couro.
Suas mãos tremiam, sua testa estava fria.
-         A culpa é minha. – Sussurrou abaixando a cabeça, se curvando sobre as pernas, encaixando a cabeça entre os joelhos, apertando a lateral da cabeça com a ponta dos dedos, sentia uma dor de cabeça infernal.
Levantou-se com dificuldade, e saiu da sala. Ellen, uma morena de estatura mediana e rosto típico de uma beldade dos anos 30 o olhou com olhos azuis penetrantes e assustados.
-         Traga-me uma aspirina daqui a cinco minutos. – Sua voz estava menos agressiva, recebendo um aceno positivo como resposta. Voltou para sua sala e ouviu uma música.



Somewhere over the rainbow
Way up high,
There's a land that I heard of
Once in a lullaby.


Sua garganta fechou. Aquele toque... Era o toque que tinha escolhido para as chamadas de Lara, sua filha mais nova. Sua filha que não voltou para o almoço no dia anterior. Suas mãos voltaram a tremer, sua cabeça dava pontadas fortes.
Caminhou lentamente até sua mesa, quando o celular finalmente parou. Ele ficou observando o visor do celular escrito: Chamada Perdida Lara. Ele voltou a  tocar e John levou um susto, pegando celular e atendendo com desespero.
-         Alô! Alô!! Lara? – Sua respiração ofegava e ouvia apenas uma respiração da outro lado.
-         Ela está bem, por enquanto John. Ligarei em breve. – Uma voz masculina e calma soprou do outro lado.


Os ombros de John caíram, ele passou a mão entre os cabelos ralos e grisalhos, encostando-se sobre a mesa. Voltou a olhar o celular e levou um susto quando Ellen entrou sem bater, trazendo em uma bandeja um copo d’água e dois comprimidos.


 ~***~

Tom, Bill e Lara cruzavam o deserto de Arizona. Bill estava dirigindo por 7 horas e Lara dormia no banco traseiro.
Tom despejava os farelos do salgadinho garganta abaixo quando Bill quebrou o silêncio:

-         O que aconteceu no banheiro do posto Tom? – A voz de Bill não estava ameaçadora como quando falava com Lara.
-         Ela ficou com vontade de ir ao banheiro, eu levei. – Tom deu de ombros sem olhar o irmão, amassando o saco do salgado e jogando pela janela.
-         Não é disso que estou falando. – Seus olhos buscaram os e Tom, que correspondeu, mas desviou ao encontrar um ponto de interrogação nos olhos felinos do irmão.
-         Você está me olhando com essa cara por quê? Queria que ela tivesse mijado no seu carro? Pra você ter motivo pra descarregar sua arma?! – Tom alterou a voz, Bill alternava a atenção da direção ao rosto de Tom.
-         Você estava tão preocupado com bem estar dessa vadia, comprou roupa, café da manhã e o caralho pra ela, agora está com essa cara de que comeu e não gostou. – Bill parou para pensar nas suas palavras e soltou em um berro. – Você comeu ela?!! – Bill franziu o cenho parando o carro que estava em alta velocidade, fazendo com que o cheiro de borracha queimada invadisse o interior do carro, junto com a cortina de areia.
Bill olhava Tom com fúria, Tom respondia com repreensão. Ouviram uma tosse vindo do banco traseiro e olharam ao mesmo tempo. Lara tentava se levantar no banco traseiro, os cabelos negros cobriam parte do rosto, sua face estava inchada e vermelha, seus olhos verdes profundos estavam arregalados. Bill fuzilou Lara com o olhar, imediatamente ela buscou o olhar de Tom que finalmente tinha lhe devolvido o olhar que ela conheceu, o olhar doce.
-         Você está bem? – Perguntou parecendo preocupado, sem obter resposta, Lara não entendia o que estava acontecendo.
-         É claro que ela está bem seu idiota, ela acha que você vai salvar ela! Anda, sai, quero falar com você! - Bill abriu a porta do carro, pegando a arma prateada e colocando-a na cintura.
Tom olhou Lara mais uma vez e saiu, batendo a porta.

Lara


Eu não entendia o que estava acontecendo, acordei quando senti um baque em meu corpo, sendo arremessada contra o banco. A poeira que invadiu o carro me fez tossir. Quando consegui me levantar os dois estavam parados me olhando. Bill disse algo na língua nativa para Tom, perguntou-me se estava bem, com os olhos doces como antes, o que me deu um alívio imediato, me impedindo de responder. Bill saiu furioso, pegando a arma, Tom saiu logo atrás e não conseguia ouvir. Estávamos no meio do nada, era deserto dos dois lados, e somente uma estrada de asfalto que parecia não ter fim.
Olhei para os dois, Tom estava com os braços cruzados na altura do tórax, parado como uma estátua, Bill apontava o dedo na cara do irmão, gritava como louco. Tom descruzou os braços e apontou em minha direção, dizendo algo, Bill tirou a arma da cintura e começou a caminhar em direção ao carro, me fuzilando com o olhar, apontou a arma em minha direção através do vidro.
Meu corpo paralisou, eu tentava tirar as amarras em vão, em desespero não sentia mais a dor dos hematomas. Tom correu atrás de Bill que abriu a porta do carro com força, me arrancando para fora, me jogando na areia quente. O Sol esquentou meu rosto, fechei os olhos devido a forte luz. Tremi ao sentir o gélido cano da arma cintilante de Bill em minha bochecha.

-         Então você tentou fugir, sua puta! – Abri os olhos, mas eles arderam com o reflexo da luz sobre a arma de Bill. – Tentou seduzir meu irmão para fugir? Vagabunda! – Me estapeou com as costas da mão livre.
-         Bill! – Tom gritou pegando o braço de Bill, o puxando para trás, recebendo a arma em sua direção.
-         Fica na sua! Você não pode ver uma maldita mulher com carinha de anjo que já cai! – Bill cuspia de tão furioso que estava, seus olhos estavam quase fechados, ela parecia estar possuído. – Chora vaca! Isso, meu irmão adora ver meninas indefesas assim como eu adoro mulheres sofrendo, isso é sinal de que querem receber em dobro. Você só se interessou por ele? – O olhar de Bill era maligno, estava encolhida sobre a roda do carro, quando vi abrindo o cinto da calça. – Aposto que você deve ter fantasiado isso, achou estranho não ter te comido quando você estava tomando banho? – Seus dentes formaram uma linha branca, um sorriso diabólico brotou em seu rosto angelical, estava voltando a sentir vertigens quando ele abaixou o zíper da calça, me pegando pelos cabelos, gritei de dor e desespero.
-         Bill! -  Tom voltou a segurar o braço do irmão. –Já chega! – Tom virou o corpo de Bill e não consegui ver, fechei os olhos.



Bill virou-se para Tom com o punho fechado, lhe dando um soco no nariz. Tom cambaleou para trás, colocando a mão no nariz e sentindo o sangue escorrer, olhou Bill inconformado, correu para cima dele, se chocando contra ele, ambos caíram na areia e começaram a se socar.
Brigavam como dois cachorros, Tom tentava tirar a arma da mão de Bill que se mantinha debaixo de Tom.



Tom virou o corpo de Bill e não consegui ver, fechei os olhos.

Só ouvia o barulho dos corpos se debatendo no chão, barulho de socos e gemidos de dor abafados, quando ouvi um barulho estridente ensurdecedor ecoar no meio do nada. Meu corpo e minhas pálpebras tremiam sem parar, o desespero aumentou, mas meus olhos pareciam grudados. Abri os olhos e os dois estavam estirados no chão. Um grito surgiu em minha garganta, mas não saiu.

Postado Por: Grasiele

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